Apetece-me fazer de cardeal do diabo a propósito dos tumultos ocorridos durante o jogo entre o Gana e a Guiné Equatorial. Infelizmente, não vi o jogo. Li, contudo, sobre o que aconteceu, principalmente a partir de vários “posts” aqui no Facebook. Os adeptos da equipa anfitriã reagiram mal à eminente derrota e comportaram-se de forma pouco desportiva. Ao que parece, contestaram muito o penálti que foi dado ao Gana. Alguns comentadores chegaram mesmo a culpar, de novo, a “África” (nós os africanos…) por este mau comportamento que só ajuda a denegrir ainda mais a imagem do continente.
Confesso que fiquei boquiaberto quando vi esse tipo de comentários. Seguindo a lógica do debate político em Moçambique não percebo porque os adeptos da Guiné Equatorial não podem reagir assim à injustiça que lhes está a ser feita. Estão no seu direito, diz-nos a lógica do discurso moçambicano. Não importa se o penálti foi correcto ou não; não importa se se pode fazer recurso ou não. Quem sabe, se calhar os adeptos têm toda a uma história de injustiça às mãos da CAF, porque vão acreditar agora na sua boa vontade? De resto, quem não sabe que há muita corrupção no futebol africano? Quanto é que depositaram na cama do quarto de hotel desse árbitro? Como ter fé num sistema corrupto que só está para servir os interesses duma organização de carácter mafioso?
Eu acho que há um grande problema de coerência argumentativa no nosso seio. É um problema, não há meio-termo para isso. Um problema de integridade intelectual.
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