Thursday, January 9, 2014

Pela Paz

Elisio Macamo
Pela paz

Também sou pela paz. Mas não uma paz qualquer. Sou por uma paz que respeita a nossa ordem constitucional, uma paz hostil a todo o indivíduo (ou grupos de indivíduos) que desafiam essa ordem. Neste momento, quem desafia essa ordem são os indivíduos (ou grupos de indivíduos) contra os quais as nossas forças de defesa e segurança estão a empreender acções. São os que bloqueiam estradas e an...dam armados pelas matas em desafio aberto às autoridades legítimas. Concordo com o Presidente da República quando diz que não há guerra. Sim, não há guerra. Há quem põe em causa a paz e não respeita a Constituição. Só haverá paz efectiva em Moçambique se a Constituição for respeitada. Para que isso aconteça é necessário que aqueles a quem os mecanismos democráticos estabelecidos por essa Constituição conferiram a obrigação de a defender não cedam a chantagens de nenhuma espécie. Essa é a paz que quero para o meu País!

A crise que o País atravessa põe a descoberto alguns dos problemas estruturais e normativos que países nas nossas circunstâncias sempre terão com a democracia. O principal problema estrutural é o da vulnerabilidade em relação a qualquer grupo armado com um mínimo de organização. Em texto de há alguns meses questionei-me se o Presidente da República poderia realmente contar com o exército na sua opção militar. Tudo indica que o nosso exército esteja muito longe de ser o garante da nossa segurança, infelizmente. Mas é o exército que temos e ele precisa do apoio moral de todos nós. Esta vulnerabilidade agrava-se pela correlação que existe entre o controlo do aparelho de Estado e o enfraquecimento da oposição, o que produz um território político potencialmente injusto e minado de frustração e insatisfação. Este problema piora quando o funcionamento desse aparelho de Estado deixa muito a desejar, sobretudo quando os seus agentes creem estar ao serviço dum partido político. O principal problema normativo é o fraco compromisso da sociedade com a ordem constitucional e a extrema atracção exercida pela lógica dos fins que justificam os meios, provavelmente uma herança da cultura política do período imediatamente a seguir à independência. Há muita gente que ainda não entendeu que a estabilidade da nossa democracia depende deste compromisso. A melhor resposta à arrogância do governo, à fraude eleitoral e à partidarização do Estado não é o apoio, ainda que apenas tácito, à violência contra esse Estado e o benefício da dúvida a quem se mostra intransigente na negociação das suas reivendicações. A melhor resposta é a defesa da ordem constitucional através da insistência na sua qualidade de quadro e contexto dentro do qual todos os problemas devem ser resolvidos. Só isso nos pode dar autoridade moral para recriminarmos a má conduta de seja quem for.

Naquilo que, para mim, foi um dos seus melhores discursos sobre o Estado da Nação, Guebuza expôs em Dezembro de 2013 o que impede a resolução dos problemas com a Renamo. Paul Fauvet, o jornalista da AIM, mostra também numa análise bem conseguida porque a posição negocial da Renamo deixou de fazer sentido. Mais concessões do que aquelas que o Governo fez não são possíveis, a não ser que a Constituição deixe de ter o valor que ela devia ter. Só que este impasse revela um outro lado do problema que passou despercebido a muitos de nós, incluindo aos próprios governantes. O garante da paz no País nos últimos anos, por mais curioso que pareça, foi Afonso Dhlakama. Se ele não tivesse ido a Nampula e, depois, a Satunjira, teríamos muito provavelmente tido estas escaramuças muito mais cedo. Depois de ter, infelizmente, revelado muita inépcia política na organização do seu partido, inépcia essa que, em parte, adiou de forma sine die a satisfação das exigências materiais de alguns dos seus acólitos, ele entregou o seu corpo como resgate para uma paz que ficou refém da consagração do seu partido como entidade acima da ordem constitucional. Neste sentido, concordo cada vez menos com aqueles que dizem que Chissano – pelo diálogo com Dhlakama – assegurou melhor a paz do que Guebuza – pela recusa desse diálogo. Antes pelo contrário. Guebuza deu a Dhlakama o último argumento que ele precisava para continuar a manter a sua autoridade dentro da ala militar. É preciso recordar que Chissano nunca fez nenhuma concessão a Dhlakama, razão pela qual este último falava sempre, e amargamente, da ditadura da maioria e renovava constantemente as suas ameaças contra o País. Estas acções armadas podem, se calhar, ajudar a libertar o próprio Dhlakama das exigências e expectativas que o sequestraram.

Há algumas pessoas que preconizam uma solução angolana. A mera sugestão revela a distância que separa essas pessoas dos valores que a nossa ordem constitucional tenta incorporar e dá, indirectamente, razão e força aos protestos da Renamo. Mas há também um erro estratégico nesse cálculo. Não me parece prudente supor que Dhlakama tenha controlo sobre os homens armados. Tudo indica que ele perdeu esse controlo e que, finalmente, isto é, mais de 20 anos depois do fim da guerra dos 16 anos, o nosso exército vai lidar com verdadeiros bandidos armados. O governo deve proteger a ordem constitucional no respeito rígido das normas éticas que esse documento incorpora. Politicamente, contudo, devia abandonar a farsa das negociações com a Renamo e seguir as recomendações feitas por alguns académicos de abrir o diálogo para toda a sociedade. Não é de mediadores que o País agora precisa. É de interlocutores e esses não são só a Renamo e o Governo, mas sim todas as forças vivas e devidamente organizadas da sociedade. Há muito que o Governo devia ter convidado o MDM – como partido com assento na Assembleia da República – a fazer parte dessas “negociações”. Há muito que o Governo devia ter insistido num convênio nacional como a melhor plataforma de diálogo para corrigir o que está errado com a nossa ordem constitucional.

Só espero que o Presidente Guebuza não dê ouvidos aos seus falcões, tenha a coragem de dar este passo de convocar uma convenção nacional, a mesma coragem que ele demonstra ao resistir à chantagem de homens armados, e, pelo bem do País, contribua para uma paz pela qual vale a pena sacrificar a vida dos homens e mulheres que zelam pela nossa segurança. Joaquim Chissano, Mariano Matsinhe, Marcelino dos Santos, Máximo Dias, Raúl Domingos e todos os outros que se destacaram politicamente neste País, mas também todos aqueles que ganharam respeito e protagonismo pelas suas qualidades profissionais deviam vir a público apoiar a defesa da ordem constitucional – dizendo não à chantagem política – e apoiar a convocação dum convénio nacional, único instrumento capaz de libertar os interlocutores do diálogo surdo e mudo com o qual eles têm vindo a entreter a opinião pública.
See more
See translation
7Unlike · ·
  • Lawrence Francis Nao ha guerra? O sr so pode star a brincar, por acaso ja esteve nas zonas aonde o conflito esta a derramar sangue dia a pos dia? Ja falou com as populacoes que sentiram o horror da guerra dos 16 anos e que se veem na eminencia de voltar a dormir nas matas? Nao ha guerra? O sr sabe quantos militares dad FADM morrem por dia na zona centro do pais? Nao, claro que nao sabe...imagino que staja escrevendo esses textinhos pro-governo sentado na sua poltrona, no AC em frente a uma tela de sei la quantas polegadas e assistindo noticiario das televisoes pro governo e ouvindo analistas da sua geracao...a geracao dos lambibotas...nao ha guerra....que piada de mau gostoSee Translation
  • Elisio Macamo caro Lawrence Francis, não precisa de mostrar a toda a gente que não sabe ler. e tenha mais respeito, por favor.See Translation
  • Lucas Lendman Alguém perdeu uma soberana oportunidade de se manter no silencio. Esse extremismo discursivo a que se deve?? Oh caro LawrenceSee Translation
  • Bukamiana Ndomanuele Onde e que falhamos na educação dos nossos jovens…..See Translation
  • Zacarias T. Sumbana Apoiado Elisio. ... Texto bem conseguido.See Translation
  • Elisio Macamo concordo consigo Anselmo Matusse, mas neste momento há gente armada que causa distúrbios e, infelizmente, há também gente que acha possível dar o benefício de dúvida a quem se esconde por detrás dessa gente armada para reivindicar o que acha que está a ser negado. em nenhum momento do texto ponho em causa a legitimidade das reivindicações. mas nós temos que pôr termo a esta cultura de exigir de forma violenta. e a constituição é o quadro para isso. mesmo quando quem a devia respeitar não a respeita.See Translation
  • Felix Goia O Pais constroe-se com a Paz, diálogo e aceitação do quadro normativo legal, apesar das nossas diferenças ideológicas. Haja Paz, queremos ver os nossos filhos a crescerem sem traumas, basta o que muitos de nos passamosSee Translation
  • Natasha Jeremias Machel Caro Elisio Macamo o texto é excelente obrigado por me elucidarSee Translation
  • Anselmo Matusse Nao sera um procedimento "estetico"apenas olhar a "eliminacao" desses grupos armados, sem tocarmos no fundo dos problemas que estao acontecer no pais? Acredito que para que haja paz duradoira, este momento deve servir de reflexao profunda e consciente, sem paixoes, sem culpados e imculados, sobre o tipo do pais que queremos. Caso, contrario, este fenomeno deixara de ser episodico e passara a cronico. Ha muitas agendas no pais, e temos que ter em mente que a Agenda do Governo 'e uma delas, nao mais ou menos legitima que as outras; essas vozes precisam ser ouvidas, dialogo 'e isso tambem, a capacidade de escutar sen julgar! As armas, a violencia sao uma forma do poder, mas de longe sao a forma de poder mais eficaz, alguem ja disse isso. Isso serve tanto para o Governo como para os homens que estao agora a matar ou com armas ou com discursos! Faco fe, que a PAZ realmente seja um valor que tantos almejamos, nao como uma reaccao ao receio de guerra! AvanteSee Translation
  • Zenaida Machado Penso que qualquer processo que envolva a sociedade civil, deve começar por respeitar o que ela diz… Não faz sentido, reunirem-se académicos, políticos, nomes importantes, etc etc…em salas de seminários, quando aqueles que estão no terreno, a assistir e a viver o problema, se sentem marginalizados. Os homens armados chegaram a Homoine, na terça-feira da semana passada. Não atacaram ninguém…é verdade. Compravam cigarros… passeavam pela estradas… faziam compras… e falavam com as pessoas – isso, até eu, em Londres, sei. Falei com residentes. Operadores turísticos em Vilankulos, alertaram-me sobre o que se estava a passar... Quando a polícia foi alertada, respondeu a “mudo”. A população decidiu abandonar as áreas de risco e procurar segurança no centro da cidade. Resposta das autoridades: desconfiamos que sejam ladrões de gado. Em Moçambique, ladrões de gado andam em grupos de 100 com AK-47? Não me espanta este comportamento da polícia… É a mesma polícia de um país, onde o próprio presidente da Republica já apareceu em público a chamar as denúncias da população e da imprensa, de boatos… Onde é que ficou a regra de “onde há fumo, há fogo…” e a de “mais vale prevenir do que remediar”???? Foi assim com os raptos, com os engomadores…com o candidato da Frelimo em Nampula… com os ataques na N1…E agora em Homoine…
    Ontem --- uma semana depois, o Ministério da Defesa vem informar-nos que são efectivamente, homens da Renamo, os que estão a causar pânico em Homoine. E que as forças de segurança já estão no local para restaurar a ordem. Pelos relatos que estamos a receber da zona, tenho muitas dúvidas que as FADM consigam “restaurar a ordem”… e assim sendo, o foco do conflito deixou de ser Gorongosa apenas. Agora temos Gorongosa, e Homoine. Tenho medo do dia em que vamos acordar e ouvir dizer que há homens armados no centro da cidade de Maputo. Deus nos livre de tal sina.
    Infelizmente, é meu trabalho reportar conflitos… Não gosto de dizer isto… A maior parte dos conflitos armados que estão a decorrer actualmente, no continente, começaram assim mesmo: Não eram levados a sério, nem quando as pessoas estavam a fugir… Das duas, uma: Ou os tais “falcões” do presidente não aprenderam nada, em 4 décadas de história de Moçambique…e (tambem) não acompanham o que se está a passar pelo mundo a fora…ou estão a fazer o jogo do “Rei vai nu”...
    See Translation
  • Jr Chauque .."contribua para uma paz pela qual vale a pena sacrificar a vida dos homens e mulheres que zelam pela nossa segurança" desculpem-me pela minha ignorância mas não estou a perceber esta parte que reproduziSee Translation
  • Olivia Mondlane Eu acho que estamos ficando 'enquadrados' nos famosos homens armados da Renamo, acabamos esquecendo que este Pais esta cheio de gente desconte, que pode aproveitar se do discurso e fazerem das suas. Sabemos quem tem armas? Onde estao? Perfil dos mesmos? HaSee Translation
  • Alvaro Simao Cossa Concordo com o texto, amigo Elisio Macamo mas a unica coisa que quero deixar clara e' que si queremos uma reconciliacao real temos que deixar de enaltecer dotes de Guebuza em frente de Chissano e viceversa, porque ambos se complementam e recordar que este e' um dos problemas mais fulcrais que tem uma dimencao nao inferior para acabar a guerra, que o caso da Renamo. Ha problemas internos nao inferiores que os externos que ao meu ver travam este processo, evitemos aticar o fogo no momento da reconciliacao, o que queremos neste momento e' Paz incondicional, que e' constitucional, a opiniao publica e' esta todos sabemos. A paz. Um abraco.
  • Anselmo Matusse Zenaida Machado, nao devemos dormir sossegados so pelo facto de o conflicto estar em Gorongoza e comecarmos a nos preocupar quando ela esta em Homoine com a possibilidade de ela estar em Maputo Cidade. 'E trabalho do governo em todos os paises tranquilizar os cidadaos em momentos de crise e de intensa incertezas, o que podemos questionar 'e como cada governo faz isso. O governo esta agora num beco sem saida, e qualquer opcao parece-me que acabara em derramento de sangue, de quem? O tempo nos dira!See Translation
  • Luisa Ngano lawrence, é importante debater, e expor nossas ideias, contudo o espaço publico busca o entendimento mutuo, é dever no mesmo evitar linguagem obscena, podia muito ter dito oke ker k fosse sem baixar o nivelSee Translation
  • Zenaida Machado Mas Anselmo - foi isso que se fez. Nao se levou a serio o que se estava a passar em Gorongosa... quantas vezes, oficiais seniores do nosso governo, disseram em publico, que o assunto em Gorongosa estava sob controlo? E que Mocambique nao estava em guerra, este se trata de um conflito centralizado APENAS - em Gorongosa? Eu ate ouvi alguem dizer que durante Dezembro, o troco Save estava seguro e que a vida tinha regressado ao normal... Pois. Agora ate eu percebo o motivo: Os homens da Renamo estavam a fazer o caminho para sul... e isso, incluiu os ataques do ultimo final de semana do ano. Pergunta simples: Se estava controlado, como eh que 100 homens armados chegaram a Homoine? Sao bruxos - Aparecem assim do nada? A Radio Mocambique, a aTelevisao de Mocambique...nao conseguiram reportar isso? O que mais me deixa triste, eh quando comecamos ate, a procurar "maos externas" que estao a apoiar a REnamo. A REnamo nao precisa de apoio nenhum. Aqueles sao guerrilha... A unica coisa que sabem fazer na vida, eh esconder-se nas matas... manusear uma AK-47...assaltar pessoas sempre que estiverem com fome... Sejamos sensatos: As nossa FADM vao demorar muito tempo ate neutralizar todos eles. E isto...assumindo que eles nao estejam ja a recrutar jovens desempregados, descontentes que todos sabemos, ha aos montes em Mocambique...See Translation
  • Jorge Matine O teu texto Elisio ja vai tarde . Neste pais assistimos a uma constituicao que serve aos orgaos de estado de forma ambigua. Os que deviam garantir a ordem constitucional sao os mesmos que a banalizam e de forma sistematica. Nao acho que o PR vai convocar uma convencao, os que podiam dar um certo peso a essa iniciativa perderam a confianca na "iniciativa da paz" do PR. Neste sentido tudo caminha para uma mediacao externa, quer a RENAMO, quer o MDM querem internacionalizar as suas "lutas" politicas contra a frelimo ( que esta dividida sobre como dirigir este processo).See Translation
  • Anselmo Matusse Partilho a mesma insatisfacao em relacao a actuacao do governo Zenaida Machado; o que estamos a assistir 'e o tal efeito borboleta; o discurso de mao externa permite aos que o defendem construirem-se como imaculados e fugirem da responsabilidade. Governar Mocambique acredito que nao seja tarefafacil e nao 'e suposto ser. "Eliminar esses", que "sao guerilha" e "a unica coisa que sabem fazer 'e guerilha", nao me parece que va resolver os problemas que realmente fizeram com que esses homens que acredito que sao pais, filhos, amigos, irmaos, deixarem as suas vidas para pegar em armas. A insatisfacao em relacao a processos de governacao, desemprego, salarios baixos, enriquecimento absurdo de poucos, etc, 'e muito grande. Mas pergunta-se tambem o que faz as outras pessoas nao aderirem ao uso de armas? Qualquer solucao imprudente agora so levara a mais mortes e a qualquer omissao de resolver o conflicto levara a mais mortes, e o dialogoparece estar minado pois ha concessoes que ambos lados nao querem fazer! Se bem que nao cabia apenas a dois lados. O que fazer? E as pessoas, o povo, o que deve fazer?See Translation
  • Yussuf Adam A iniciativa pela paz no Mundo tem muitas organizacoes que trabalham nisso... Estao dispostas a participar oferecendo os seus servicos... Sao como a Cruz Vermelha, a Amnesty ...etc... Nao estao nada interessados em ganhar algo ou interferir... Querem que haja paz onde for necessario.. Mas conseguem pouco se os adversarios continuam a achar que o cano da espingarda vale mais que qualquer negociacao ou e os que consideram a negociacao, a conversacao, uma forma de continuar a guerra....See Translation
  • Joao Pedro Muianga Quero concordar plenamente com este grande subsidio a paz do ilustríssimo amigo Elísio Macamo. Em tempos de violência praticar a paz parece ser um sonho inalcançável. As palavras motivadoras para construirmos um mundo mais pacífico parecem ser usadas tão somente para minimizar a indignação que nos habita. Famílias incendiadas dentro dos seus carros, população espancada pela polícia, que deveria protegê-los e não submetê-los à violência, e por aí vai. A lista de eventos violentos que passeiam pela mídia todos os dias parece não ter fim. E aí nos perguntamos: como praticar a paz num mundo como esse? Adquirimos a sensação de que as pequenas acções não são minimamente suficientes para dar conta da violência que desfila diante de nossos olhos.
    É certo que fazer de nosso país um lugar de solidariedade, respeito e tolerância demanda uma ação política séria e inclusiva. Inclusiva? Sim, quanto mais inclusão houver em nossa sociedade menos violência teremos. Os estudos sobre o tema não se cansam de demonstrar isso, embora continuemos a ignorá-los. Diante de situações violentas, o medo que nos invade é tão grande que só queremos nos livrar daqueles indivíduos que julgamos - na grande maioria das vezes, pautados pelos nossos preconceitos - serem potencialmente perigosos. E ao invés de termos resultados satisfatórios na redução da violência, ela aumenta cada dia mais. Então, aí vai uma dica: o primeiro passo para praticar a paz e entender como ela se constrói e isso implica em compreender também que factores podem causar a violência.
    Compreender o par "paz-violência" já é uma forma de nós cidadãos fazermos algo por um mundo mais pacífico, pois quando entendemos mais sobre o assunto, vemos que ao contrário do que pensamos, somos directamente responsáveis pela realidade que nos rodeia e mudá-la, depende da vontade política, mas depende também de nossas acções, de nossas posições, de nosso comportamento ético. Gandhi dizia: "não há caminho para a paz, a paz é o caminho". Ou seja, não adianta ficarmos sonhando com o dia em que o mundo será mais pacífico, pois para que o mundo seja um lugar pacífico, temos que praticar a paz na sociedade em que vivemos.
    Mas será que para praticar a paz basta não fazermos o mal, basta não matarmos, não roubarmos, não brigarmos? Não, isso não basta para que vivamos tempos pacíficos. Para ampliar nosso rol de boas e eternas frases, Martin Luther King nos provoca quando disse: "Não é a violência de poucos que me assusta, mas o silêncio de muitos". Desta forma, não basta não fazer o mal, temos que fazer o bem! Ser omissos nos distancia da paz. E isso nos concerne, não só aos nossos representantes. Praticar a paz tem a ver com uma postura extremamente activa de não se omitir, de buscar situações democráticas, de militar contra a violência, seja ela de qualquer tipo: contra crianças, contra mulheres, contra animais, contra etnias, culturas, classes sociais. É ser exemplo na suas atitudes. É realmente contribuir para um mundo melhor.
    Para isso não é necessário ser político, podemos praticar a paz no nosso dia-a-dia, quando revemos nossos preconceitos, quando deixamos de nos omitir diante de uma situação de julgamos errada, quando nos esmeramos para minimizar os mal entendidos, quando não deixamos as brigas se prolongarem só para não ser o primeiro a dar o braço a torcer, quando esperamos a raiva passar para falar coisas que não nos arrependeremos mais tarde, quando buscamos o diálogo ao invés das brigas e da violência física.
    Praticar a paz inclui também buscar situações democráticas, combater a violência, seja ela contra crianças, mulheres, animais, etnias, culturas ou classes sociais. É ser exemplo em suas atitudes.
    E isso é fácil? De modo algum! Não somos santos e certamente continuaremos a ser humanos, com nossas fraquezas e deslizes. Nem sempre conseguiremos fazer todas as coisas que falamos até aqui, mas não podemos esquecer que isso é um ideal que devemos cultivar e adoptar como modelo. Desta forma, para praticar a paz é necessário que a vivenciemos todos os dias em pensamentos e acções, isso é o que nos faz humanos. A paz não é só um discurso e um percurso!
    See Translation
  • Yussuf Adam Negociar nao e pregar partidas para ganhar ao adversario..Negociar para a paz e criar consensos e nao tentar manter a hegemonia .....Basta..Temos que nos pormos serios. Exigir dos dirigentes ou dos eleitos que respeitem todas as regras internacionais, respeitem a constituicao.. O mesmo para os que nao estao de acordo e andam aos tiros de novo.. A guerra nao leva a nada..So a mortes, feridos, enriquece um pequeno grupo,See Translation
  • Yussuf Adam E para haver a paz e preciso haver a verdade... Viva a Geracao da Verdade.....See Translation
  • Elisio Macamo caro Anselmo Matusse, nao há nenhum procedimento estético no que escrevi no texto. não falo de "eliminação" de sejam quem for. falo da defesa da constituição pelas forças de defesa e segurança. falo também da necessidade dum quadro de discussão dos problemas de base que vá para além da renamo e do governo porque reconheço os problemas que existem. um acordo entre a renamo e a frelimo não vai constituir nenhuma solução. a minha questão aqui é a defesa da constituição, o único quadro que nos vai permitir resolver o que está mal. defendendo a importância deste documento estamos também a mostrar ao governo a base do apoio que damos ao que ela faz para pôr cobro a esta situação. eu tenho dificuldades em discutir fora deste quadro e essa foi a principal razão para colocar este texto. nesse sentido, Zenaida Machado, vejo os mesmos problemas que vê e deploro-os. mas a julgar pelo que Fernando Mazanga disse hoje na conferência de imprensa, esses homens estavam já lá, o que torna a questão mais grave ainda. não há democracia possível, nem respeito pela constituição enquanto houver partidos armados. tenho plena consciência das enormes dificuldades que o nosso exército apresenta, mas o meu compromisso moral com a constituição leva-me a depositar a minha confiança nele. neste momento. os outros problemas, que são importantes Jorge, terão que ser abordados. nas negociações que tem havido entre as duas partes a renamo apresentou 24 exigências, 16 das quais foram aceites pelo governo, seis apenas parcialmente e só duas é que foram rejeitadas, por sinal aquelas que iriam contribuir mais ainda para garantir maior profissionalismo na gestão eleitoral. eu sou optimista e, por isso, não acredito que este texto venha tarde. não espero que ele influencie os decisores políticos, mas ele estabelece para mim o pano de fundo a partir do qual interpelo hoje o governo e o farei amanhã e por aí fora. e o principal para mim é a defesa desta constituição que o próprio governo também pode violar. e eu vou repreender o governo nessa base mesmo, não na base de nenhuma moral belicista.See Translation
  • Zenaida Machado Tenho dificuldades em acreditar no que diz o Mazanga -- a populacao diz que eles nem falam as linguas locais.... falam Ndau. E pelo o que ouvi da conferencia de imprensa, em algum momento Mazanga diz que era preciso mostrar que a zona sul tambem tem probelmas... Se eu estivesse na conferencia de imprensa, teria colocado duas perguntas: 1) O conflito piorou em Outubro, so hoje eh que os desmobilizados de Homoine decidiram aparecer nas ruas e mercados? 2) A populacao local diz que a antiga base foi reactivada na semana passada...e os homens falam portugues, sena e ndau... Como ehe que isso eh possivel? Os desmobilizados da Renamo de Inhambane falam quantas linguas?See Translation
  • Elisio Macamo sim, Joao Pedro Muianga, a questão é essa. como garantir a paz quando a paz é violada? promovendo a paz. sim, mas como? a questão é essa. o nosso governo, apesar de todos os problemas que evidencia, não é ilegítimo, logo, só ele tem autoridade para fazer uso da violência. se fizer uso ilegítimo da violência temos a constituição para nos recordar dos limites. mas é essa constituição que está a ser posta em causa hoje. eu apoio todo o esforço do governo em garantir a ordem e segurança dentro dos limites éticos (e jurídicos) impostos pela constituição. caro Yussuf Adam, concordo com tudo quanto escreveu, sobretudo no que diz respeito à verdade. este conflito é em parte a manifestação duma dificuldade enorme que temos com a verdade na nossa história, dificuldade essa que promove a ideia de que todo o fim legitima os meios.See Translation
  • Elisio Macamo só uma pequena correcção. escrevi que o governo aceitou completamente 16, parcialmente 6 e rejeitou 2 exigências da renamo. a rejeição do governo protege justamente a profissionalização dos orgãos eleitorais, algo com o qual o mdm também está de acordo a julgar pelo voto que deu ao pacote eleitoral. Zenaida Machado, tanto pior para a renamo. não me parece sério que um deputado fale linguagem de guerra contra uma ordem constitucional que lhe garante a liberdade de falar. é isto que me parece errado na atitude da renamo, com todo o respeito que é devido às suas preocupações.See Translation
  • Muzila Wagner Nhatsave Forte.foste ao âmago.ha muito que digo que este problema nao se ocunscreve somente a estas forças politicas.devia toda a sociedade se levantar e resolver esta questão.chega.triste ver gente que se alegra com esta situaçãoSee Translation
  • Rogério Sitoe Caro elisio. Vou começar no que concordo contigo e que me parece consensual. A violação da ordem constitucional, o banditismo e a simpatia por estas acções que para muitos erradamente castigam o governo e o presidente que não gostam por avariadas razões. Mas o que me parece problemático e a tal convenção, não pela sua não importância, mas para o que me parece ser a vontade interna do diálogo. O que eu quero dizer com isso? Em termos práticos, sem ser formal essa convenção existe. A quantidade de propostas, sugestões , ideias públicas , como subsídios ao governo e enorme. Infelizmente cria-se um fechamento tal que apontar caminhos diferentes do que o status-quão defende coloca as pessoas como simpatizantes da desordem constitucional. Explico-me: concordando com os pressupostos que enumeraste que são a defesa justa e legítima do governo, divirjo por exemplo na solução. Sempre disse e defendi que o problema dos homens armados da Renato transcendiam a capacidade de DHL e seja que fosse dentro da Renamo de o resolver. Que a solução passava por uma solução de Estado, de integração. Na altura em que esçrivi vários textos sobre o assunto, confessava me limitado a encontrar o caminho para a tal integração , mas achava que esse era o real desafio dos moçambicanos. Entendia e continuo a entender que o estado em parceria com a liderança da Renamo e outros ao assumir o caminho da integração, seja de que maneira for era mais barato para o pais, eventualmente mais efectivo que uma acção militar.See Translation
  • Olivia Mondlane Compartilho da opiniao do Dr Sitoe. Ha muitas coisas intencionalmente esquecidas e nao ha vontade politica em resgata las. Sabemos de antemao que a exclusao social e as desigualdades contribuem para geracao de conflito que pode desembocar em violencia.See Translation
  • Egidio G. Vaz Raposo O texto do Professor Elisio Macamo apesar de lógico e coerente defende posições radicais e muito problemáticas. E eu não concordo com cada parágrafo que compõe a ideia geral do texto muito menos as soluções draconianas nelas inferidas pelas seguintes razões:
    Se for a resumir a ideia do Professor, diria que:
    • O Professor é defensor acérrimo da Paz dentro de uma ordem constitucional e de valores éticos. Porém, tal como o próprio Professor ilimitadamente reconhece em suas reflexões, Moçambique não é um país normal, e isto o Professor tratou de o dizer de forma nítida nos parágrafos 2 e 3 deste texto.
    • E porque o Professor não defende uma “paz qualquer”, então defende de forma cristalina a continuação da resposta armada do governo e para tal julga VALER A PENA a morte dos militares das FADM. Ora, isto contrasta com a posição do Governo de Moçambique que é resoluto na preservação da PAZ através do diálogo, daí que está presente todas as segundas-feiras no Centro de Conferencias Joaquim Chissano a espera da Renamo o que seria de encorajar. Isto significa que o governo entendeu o chamamento do seu Povo mas peca pela metodologia e pelo atraso em dar passos firmes e consentâneos com o espírito do DIÁLOGO. Aqui, desculpe-me Professor, FALCÃO é o Professor Macamo que empurra o governo a tomar medidas impopulares que a cada dia torna o conflito mais complexo e difícil de resolver.
    • O Professor julga que uma convenção nacional inclusiva seja a alternativa certa para reflexão exitosa sobre o conflito. Uma convenção “capaz de libertar os interlocutores do diálogo surdo e mudo com o qual eles têm vindo a entreter a opinião pública”.
    • Pois bem, quem está a fazer a guerra é o governo e a Renamo. Esta convenção é para discutir esta mesma guerra? A experiencia dos 16 anos e do processo de paz não é suficiente para demove-lo da sua crença em soluções militares?
    Ora, tendo dito isso, não quero discordar consigo no todo. O Professor foi exímio como sempre em diagnosticar as moléstias mas politicamente incorrecto em sugerir caminhos para a solução de problemas políticos complexos, muitas vezes que não cabem nos cânones da racionalidade científica.
    A decisão do governo em dialogar com a Renamo legitimou o conflito. Pior, ao ter concordado em mais de 70% das reivindicações da Renamo, chamando-os até de PERTINENTES, POUNTUAIS E URGENTES, o governo mostrou que está do lado do consenso alargado e partilhado pelos moçambicanos sobre a a urgência para a solução deste mesmo conflito por via negocial. Ora, a intervenção de kamikazes e falcões entornou o caldo, como sempre.
    Para a sua informação, vou mencionar apenas duas oportunidades perdidas e tantas outras em banho-maria por causa do trabalho dos falcões e assessores do mal.
    • O ataque a Santunjira foi obra ignóbil de quem quis estragar o encontro já marcado para o dia 21 entre Dhlakama e Guebuza
    • As equipas de peritos de defesa e segurança de ambas as partes já tinham sido formadas para discutir assuntos relacionados com os homens armados da Renamo. Conselhos como os do pelo senhor foram responsáveis em inviabilizar isto, incluindo o ataque a Santunjira.
    • Lourenço do Rosário e Dom Dinis Sengulane já tinham conseguido avançar em relação a necessidade de a Renamo abandonar a exigência da paridade numérica na CNE entre Renamo e Frelimo.
    • Neste momento decorrem negociações ultra-secretas em hotéis da praça para avançar acordos que ponham termo ao conflito e faça ressurgir Dhlakama de onde estiver para um frente-a-frente.
    A questão agora não é a razão. A questão agora é garantir a Paz e a tranquilidade duradoiras para todos. A constituição não está assim, acima do povo moçambicano, não está acima da paz. A constituição é um documento que exprime a determinação de um povo em se organizar em torno de determinados normas e valores. Porém, há muito que estes valores e normas estão sendo atropelados por todos como bem documentou no seu texto. Nesta ordem de ideias, a constituição não deve ser usada para perseguir fins ignóbeis, bélicos ou egoístas como os avançados nesta sua reflexão. A constituição deve ser usada para perseguir fins nobres, da Paz e do progresso custe isto o EGO de alguns ou não. A maioria das vidas que se perdem tanto do lado das FADM como da Renamo e de milhares de cidadãos são muito MAIS NOBRES QUE a razão ou o ego da constituição da república de Moçambique.
    Obrigado
    See Translation
  • Elisio Macamo pôxa, era preciso um assunto de estado para tirar o Rogério do silêncio! ya, há assuntos e assuntos! mas, seriamente, concordo com a leitura que fazes, mesmo nos pontos onde pareces não concordar comigo. mais uma vez, a sugestão duma convenção nacional tem apenas a função de dar dicas políticas a quem de direito. sem vontade de dialogar e fazer concessões nem isso vai ajudar a resolver seja o que for. mas é pelo menos um caminho que aponta para uma solução que esteja no espírito do respeito da cosntituição. acho importante neste momento que a sociedade mande um sinal claro ao governo de que a defesa da constituição é importante, mas que há problemas que precisam de ser abordados. quanto aos homens da renamo, bom, esse assunto pode ser demasiado complicado para a discussão aqui. concordo contigo que uma solução do estado para esses homens poderia ter contribuído muito para aliviar a situação, mas não estou certo se pela forma como o líder da renamo dirigiu os destinos do seu partido desde a assinatura dos acordos de paz teria sido possível encontrar uma solução satisfatória para esse problema. penso que é aqui onde entram questões estruturais que mencionei no meu texto e que precisariam dum espaço maior de discussão para além desses dois partidos.See Translation
  • Elisio Macamo obrigado Egidio G. Vaz Raposo pela sua valiosa contribuição. espero que compreenda que eu não me dê à maçada de lhe responder. teria que começar por corrigir tudo o que tentou disvirtuar no seu "resumo" e, francamente, não tenho paciência para isso. espero que haja outras pessoas interessadas em continuar a discutir comigo na base do que eu escrevi, não na base das palavras que metem na minha boca. abraços
  • Jorge Matine Eliso, dos 16 pontos nao conheco a ordem da lista apresentada pela renamo e no debate do mesmo qual foi o criterio quanto ao que parecia mais prioritario e mais estrutural. Digo que vem tarde porque o ponto principal das negociacoes nao foi regressar ou recuperar a ordem constitucional. concordo contigo que as negociacoes deviam ter esse objectivo, repor a ordem constitucional. Dos 24 pontos que a renamo apresentou quais foram os que o governo apresentou? e porque nao apresentou pontos "politicos" e constitucionais que devem ser resolvidos com o maior partido da oposicao ( e armado)?See Translation
  • Elisio Macamo Jorge, quem tinha preocupações a apresentar ao governo era a renamo. não te posso dizer quais eram os pontos do governo, mas suponho que a sua posição negocial do governo tivesse omo base a ordem constitucional. a renamo insiste na questão da paridade, este é o ponto fulcral e é neste ponto onde havia, em minha opinião, maior potencial para garantir resposta aos problemas que a nossa administração eleitoral tem, nomeadamente ao nível da sua profissionalização.See Translation
  • Guilherme Mussane Caro Elísio: Sublinho boa parte do sua reflexão de hoje a volta da Paz em Moçambique. Todavia, gostaria de recordar a todos os interessados neste assunto que a vida é, e não é o devia ser como muitas vezes pretendemos ou forçamos que ela seja. O Acordo de Roma teve duas fazes, o Armistício que foi a ocasião na qual as partes envolvidas no conflito armado concordaram com o fim definitivo da guerra. E foi o instante anterior ao tratado de paz ( Acordo de Paz). A palavra Armistício deriva do latim: arma (arma) e stitium (parar). Foi nesta fase em que o Dlhakama ficou famoso por ter conseguido mandar parar todas as manifestações de guerra a nível nacional. Depois disto, seguiu-se a assinatura do Acordo de Paz, propriamente dito. Entre estas duas fases cimentou-se um cancro que hoje está a dar os seus reflexos em Sofala e em Inhambane, ao se permitir a permenência de uma parte da RENAMO armada, com a desculpa de poder vir a ser a guarda dos seus chefes: esta foi uma das condições que Afonso Dlhakama impôs para assinar o famoso Acordo de Roma, em 1992. Volto a lembrar que a vida é e não o devia ser como gostariamos que fosse. O que é, na realidade, hoje em Moçambique, é que a Renamo esta armada e as armas são o seu principal argumento para forçar a realização dos seus desejos. Quer queiramos quer não, isto é o que é. O País está a caminhar , lentamente, mas dolororosamente para uma guerra. Que fazer? Esgrimir argumentos constitucionais para mostrar que a Renamo não deve fazer a guerra? Sim, mas isso resolve algum problema? Deixar que as pessoas continuem a sofrer: abandonando o pouco que conseguiram ou conaseguem, assistam impavidas e serenas a morte dos seus filhos, até que a Renamo perceba os preceitos constitucionais? Sim, e depois, o que é que isso resolva na prática? O Elísio diz que não é de mediadores que o País agora precisa. Isso é verdade e até é muito bonito. Mas a Renamo está a matar as pessoas, está a destruir infra-estruturas está a fazer o País regredir e diz que só vai parar de o fazer se se incluir observadores nacionais e internacionais nas negociações com o Governo. Na sua opinião qual é a solução menos onerosa: continuar a negar os tais mediadores e manter a matança e a destruição ou aceitá-los, discutir e parar com a matança? Quanto mais tempo se levar a dar tiros mais complexa se tornará a solução deste conflito e mais vidas humanas pereder-se-ão. Que fazer?
  • Egidio G. Vaz Raposo Professro Elisio Macamo, “Também sou pela paz. Mas não uma paz qualquer. Sou por uma paz que respeita a nossa ordem constitucional, uma paz hostil a todo o indivíduo (ou grupos de indivíduos) que desafiam essa ordem. “A melhor resposta é a defesa da ordem constitucional através da insistência na sua qualidade de quadro e contexto dentro do qual todos os problemas devem ser resolvidos. Só isso nos pode dar autoridade moral para recriminarmos a má conduta de seja quem for”. “Só espero que o Presidente Guebuza não dê ouvidos aos seus falcões, tenha a coragem de dar este passo de convocar uma convenção nacional, a mesma coragem que ele demonstra ao resistir à chantagem de homens armados, e, pelo bem do País, contribua para uma paz pela qual vale a pena sacrificar a vida dos homens e mulheres que zelam pela nossa segurança”

    PERGUNTO: Como é que o Professor quer que eu entenda? Que está a favor da Paz ou da continuidade da guerra em defesa da PAZ CONSTITUCIONAL? É possível nas condições em que estamos HOJE lograrmos a Paz sem (1) negociar com a Renamo ou (2) extermina-los em combate? E para já, os 16 anos de guerra conseguiram exterminar um movimento de guerrilha?

    “Politicamente, contudo, devia abandonar a farsa das negociações com a Renamo e seguir as recomendações feitas por alguns académicos de abrir o diálogo para toda a sociedade. Não é de mediadores que o País agora precisa. É de interlocutores e esses não são só a Renamo e o Governo, mas sim todas as forças vivas e devidamente organizadas da sociedade. Há muito que o Governo devia ter convidado o MDM – como partido com assento na Assembleia da República – a fazer parte dessas “negociações”. Há muito que o Governo devia ter insistido num convénio nacional como a melhor plataforma de diálogo para corrigir o que está errado com a nossa ordem constitucional.”

    PERGUNTO: Este convénio é para se chegar a Paz ou denunciar os ataques da Renamo?
    Quer dizer, fiquei mais confuso pelo facto de o senhor ter afirmado categoricamente que não entendi e não estou interessado em debater. Os pontos por si levantados são claros e resumem-se a isto mesmo.
    1- Que a guerra continue até resumir os bandidos armados a sua insignificância pois assim procedendo estaríamos a preservar a ordem constitucional
    2- O Governo devia abandonar as “farsa das negociações” para convocar o convénio. A este propósito, há ano passado alguns poucos académicos reuniram em Maputo e emitiram um comunicado em que chamavam atenção aos vários males urgentes por corrigir. Fica ainda por ver os progressos feitos pelo governo a este propósito
    3- Nós Moçambicanos temos muitos problemas “estruturais e normativos” que nos impede de ver as coisas do lado certo. Entre estes problemas está a “o fraco compromisso da sociedade com a ordem constitucional e a extrema atracção exercida pela lógica dos fins que justificam os meios”. E por causa disto, “há muita gente que ainda não entendeu que a estabilidade da nossa democracia depende deste compromisso”.

    Pois bem, em relação ao número 3 pergunto: ESTES “muita gente que ainda não entendeu que a estabilidade da nossa democracia depende deste compromisso” também inclui membros do governo, assessores e ministros, falcões e caudilhos de guerra, académicos moçambicanos, líderes religiosos, jornalistas, camponesas e desempregados?

    Perdao pela insistencia.
    See Translation
  • Elisio Macamo caro Egidio G. Vaz Raposo, obrigado pela insistência. peço-lhe para continuar mais um bocado e vai conseguir resumir melhor a minha reflexão e nessa altura vai perceber que certas preocupações que levanta já estão respondidas no texto e nalguns comentários e que outras continuam ainda a pecar por me querer obrigar a discutir a interpretação que faz da minha intervenção. já há muito que perdi a paciência por discussões que não me levam a sítio nenhum e aque propõe não me leva mesmo. espero que entenda, mas pode continuar a tentar que quando eu ficar satisfeito que me interpelou de forma útil vou lhe dar resposta como estou a dar a todos os outros. Guilherme, eu concordo, no espírito, com o que escreves. mas receio que a forma como expões o problema nos coloque perante o dilema de aceitar a chantagem política ou deixar que as pessoas continuem a morrer. a questão da chantagem política não se resume apenas ao que sobrou dos acordos gerais de paz. o problema da renamo não é só esse. é também o mdm que cada vez maior protagonismo ganha e ameaça, por respeitar o jogo político legítimo, relegar a renamo a uma posição mais difícil ainda. é preciso não esquecer que quando a renamo ainda fazia o jogo político conseguiu êxitos palpáveis no contexto da referência à constituição. impugnou várias decisões do governo com sucesso. a sua fraca gestão dos recursos intelectuais que a ela afluíram acabou contribuindo para que ela ficasse mais vulnerável ainda aos problemas estruturais do nosso país. quanto à morte das pessoas, bom, esta não é realmente a opção. a opção é a defesa da ordem e da segurança. quem te garante que satisfeitas as exigências feitas hoje não surjam outras amanhã para camuflar problemas mais básicos de falta de respeito pela ordem constitucional? eu já não posso mais ouvir as pessoas que dizem que só querem a paz, sem dizerem que tipo de paz. este texto é sobre o tipo de paz que eu quero para moçambique. uma paz que respeite a constituição e que seja hostil a todos os indivíduos que fazem exigências na base de armas. a áfrica só vai evoluir se deixar para trás a romantização da violência como forma de forçar uma agenda política. e, repito, isto não significa que está tudo bem connosco, nem que não seja legítimo fazer reivindicações. abraçosSee Translation
  • Livre Pensador Foi exactamente esse perfil de PAZ que defende que nos trouxe ao conflito que temos hoje. Pois, no lugar de se estabelecer as pontes para o alargamento da ordem constitucional ao demais, defendeu-se uma ordem constitucional cuja preocupacao cimeira e separar os BONS dos MAUS. Sendo, por incompetente reconhecimento de serem os defensores da ordem constitucional incapazes de nos trazer saidas politicas, senao citacoes de leis, penso que e tempo de APELARMOS a accoes mais visiveis fora do pais. UMA PETICAO A ONU solicitando uma resolucao sobre a corrente situacao em Mocambique. E depois, partir para medidas correctivas com mandato internacional. O que nao podemos aqui e eternizar uma situacao, descrita com muita sabedoria pelo Professor Carlos Serra, em duas pecas magistrais que eu transcrevo aqui: "... I - A tese da descerebralização
    No País das Opiniões sem Pesquisa, é frequente a tese de que o partido Z ganha votos unicamente porque há quem esteja descontente com o Partido X e tenha, além do mais, abandonado o partido Y. Por outras palavras: o partido X é suposto ser um mero produto dos problemas dos outros partidos, não tem voz própria, não tem independência suficiente para ser ele-próprio. É simples mata-borrão.
    Esta tese da descerebralização tem outras veredas. Por exemplo, quando há um protesto popular imediatamente há quem defenda que o protesto tem o dedo de uma mão externa. Por outras palavras: o povo do País das Opiniões Sem Pesquisa não pensa nem sente por ele-próprio, é mera marioneta nas mãos dos maus.
    Já agora, uma vereda antiga: quando da luta de libertação nacional nesse país, os colonialistas disseram e repetiram até ao fim que os libertadores eram meras marionetas nas mãos de tenebrosas mãos externas.
    "Hegel observa algures que todos os grandes eventos e personagens históricos repetem-se por assim dizer duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. " - passagem de um livro de Marx escrito no século XIX a propósito da história francesa, mas que, acredito, tem um valor universal - Marx, Karl, Le 18 Brumaire de Louis Bonaparte. Paris: Éditions Sociales, 1969, p. 15. e II - O duplo constrangimento governamental
    Apanhado por uma tempestade de neve quando dormia na sua cabana, o herói de um filme de Charlie Chaplin foi arrastado para a borda de um precipício dentro da cabana. Ao acordar, quis sair. Mas se avançasse para o lado do precipício, a cabana tombava; se recuasse e pretendesse sair, a tempestade aguardava-o. O herói de Chaplin não podia nem habitar a cabana nem deixá-la. Eis um duplo constrangimento.
    Acontece que surgem regularmente notícias de acções militares no centro do país regra geral dadas a conhecer por este ou aquele jornal digital, esta ou daquela agência noticiosa estrangeira, por este ou aquele gestor de uma página numa dada rede social digital. Raramente há confirmação ou desmentido oficial.
    Se o governo não dá conta com prontidão e regularidade do que verdadeiramente se passa no centro do país em termos da guerrilha que ali opera, dá azo ao diz-que-diz, ao bula-bula digital, ao boato. Consequências que, certamente, o governo não deseja.
    Se o governo dá regularmente conta com prontidão e regularidade do que verdadeiramente se passa no centro do país em termos da guerrilha que ali opera, permite que se conclua haver efectivamente uma "guerra civil". Consequência que, certamente, o governo também não deseja.
    Tenho por hipótese que este é mais um duplo constrangimento. Duplo, dramático e real..." E no fundo, este post vem a confirmar que ainda nao ha respostas para isto nos THINK-TANKS mocambicanos, pelo menos, a boca grande.
  • Elisio Macamo caro Livre Pensador, obrigado por esta intervenção que me parece oportuna. permita-me discordar em dois aspectos. nem toda a opinião com pesquisa é abalizada, sobretudo quando tivermos em conta os desafios metodológicos implicados em qualquer pesquisa. inversamente, nem toda a opinião não baseada na pesquisa perde valor só porque não tem o selo da pesquisa. se a emissão de opinião dependesse apenas de pesquisa não haveria discussão, nem, receio, seria mesmo possível fazer pesquisa... segunda objecção: percebo as razões que levanta para sugerir uma solução externa, mas não acho isso necessário, nem creio que isso possa garantir a paz e estabilidade. ao contrário de muitos, acredito que este país tem potencial de mudança interna pela via pacífica apesar de todos os problemas. conforme referi no comentário anterior a renamo estava a ter sucessos (poucos, mas mesmo assim sucessos) respeitando a via legal. o mdm mostra que é possível avançar. penso que a aposta deve ser essa. só algo que nasce de dentro pode nos levar lá.See Translation
  • Emilio Meque Concordo plenamente meu...See Translation
  • Livre Pensador Penso que e visivel no terreno o resultado desse potencial de mudanca interna. Alem de termos um pais socialmente mais instavel, em Burnout, temos uma escalada do conflito armado para niveis anteriores a 1992. Nao vejo como possamos avaliar com distincao, a boca grande, esse potencial. A boca pequena, prefiro admitir que as negociacoes prosseguem, ainda que informalmente. E por ultimo, se a factura da PAZ nos custou 20 anos de todo tipo de imposicoes internas e externas para preserva-la. O que vira a ser agora? Penso que devemos agir com prontidao chamando aqueles que ja mostraram competencias no assunto. Um pais nao pode ficar estatico a merce de interesses localizados. O Mundo nao para e nem espera por Mocambique.
  • Elvino Dias Dr. Elisio Macamo, obrigado pelas reflexoes, estejam correctas ou nao, o importante eh que elas, directa ou indirectamente podem salvar o nosso Pais do marasmo que esta atravessando, na medida em que suscitam debates. Vejo que o seu texto centrou-se essencialmente na necessidade de o Governo manter integra a ordem constitucional do Estado seja a que preco for, desde que nao permita que individuos estranhos e hostis ao mesmo perturbem-na. Ate aqui concordo consigo, porque a propria constituicao impoe no art. 38 o dever de todos os cidadaos respeitarem a ordem por ela implantada. Por mim, atento ao desenrolar dos acontecimentos, com incidencia aos que geraram o presente conflito armado, vejo que as reivindicacoes da Renamo coincidem na sua maioria com as do Povo. O Povo nao qer uma Paz qualquer, mas sim aquela em que os vencedores das eleicoes sao os verdadeiros vencedores. Enquanto a CNE/STAE funcionarem nos moldes que funcionaram nas eleicoes autarqicas, em que varios individuos citados pela imprensa foram encontrados com votos, preenchidos previamente a favor de um certo partido politico concorrente, votos esses vindos sei la de onde, ainda qe as armas calem, nao estaremos em Paz connosco mesmos. Varias foram as vezes qe populares sentindo-se injusticados por esses comportamentos anti-democraticos levavam tais pessoas as autoridades, mas qe horas depois eram vistas nas ruas porque foram ilibadas. Eh essa Paz, eh essa Ordem Constitucional que o Dr. Elisio Macamo pretende, em que as armas estao caladas mas as pessoas qe vioalam os procedimentos eleitorais ficam impunes? A questao da paridade, que no meu entender eh a causa deste conflito, tem por finalidade garantir transparencia nas eleicoes e vencer quem realmente merece. Ela nao viola de modo algum a constituicao da republica, tal como alguns analistas dizem.See Translation
  • Livre Pensador O Estado (inclusive o PR) violam a constituicao muitas vezes, no entanto, que peso isso tem na afericao dos factos? Este escrutinio politico da situacao faz-me lembrar o sistema tributario de alguns paises. Forte para os que nao se podem defender. Fraco para os que se sabem defender. Por exemplo, "...O Governo, violou a Constituição da República (CR) na exoneração e nomeação, a 17 de Dezembro último, dos Presidentes dos Conselhos de Administração (PCAS) das formalmente públicas Televisão de Moçambique (TVM) e Rádio Moçambique (RM), uma vez não ter obedecido o que a lei fundamental preconiza como mandatário nesse tipo de expediente.
    É que, nos termos da norma contida no número 3 do artigo 50 da CR, o Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) deve ser envolvido tanto na exoneração como na indicação dos gestores de topo dos órgãos de comunicação social do chamado sector público, sem o envolvimento do CSCS está-se em face de uma nítida violação ao estatuto jurídico do Estado moçambicano.
    O presidente do CSCS, o Catedrático Armindo Ngunga, confirmou ontem em declarações a esta publicação este mais recente atropelo à CR, com o que a validade do próprio acto é juridicamente duvidosa. A uma pergunta sobre se o órgão por si dirigido tinha sido envolvido, nos termos em que estabelece a lei suprema, Ngunga foi claro e directo: “O CSCS não foi consultado”. Nao me venham a dizer agora que os competentes assessores juridicos de Guebuza o desconheciam.
  • Egidio G. Vaz Raposo Professor Elisio Macamo o meu objectivo nesta interpelação não era concordar consigo mas sim emprestar uma outra visão sobre os caminhos para a solução do conflito. Eu lamento que os Professor julgue que (a) não o entendi melhor ou pelo não da forma como quer que lhe entenda, (b) interpreto-lhe mal e por isso não sou merecedor da resposta e (c) está cansado deste tipo de interpelações. Há 15 anos que o leio e não me parece que não seja capaz de o entender nos apelos das suas reflexões. Aqui, é preciso dizer que o Professor não está interessado pelo facto de eu ter discordado da sua tese geral em toda sua extensão. Nos divergimos neste texto específico em tudo: na forma como analisamos o conflito, na forma como propomos as soluções e na forma como entendemos as leis e o seu espírito. E tentei ser claro no que não concordo consigo. Não concordo com a continuidade da guerra que o Professor entende como forma de DEFENDER A ORDEM E O COMPROMISSO COSN TITUCIONAL. Não concordo com a proposta do CONVENIO como forma urgente de resolver a crise político-militar e livrar os beligerantes do diálogo surdo e mudo e não concordo quando diz que em Moçambique não há guerra. Professor, em Moçambique há guerra. Guerra mesmo, de matar de desalojar pessoas. A diferença entre o Presidente Guebuza que insiste em dizer que em Moçambique não há guerra e o Professor é muito grande: enquanto o PR o faz ao nível de discurso para emprestar um clima de controlo do Estado sobre o território, o Professor Macamo o faz para descredibilizar todos os que advogam o diálogo franco e aberto e frutífero entre o Governo da Frelimo e a Renamo capaz de devolver aos moçambicanos a PAZ que tanto anseiam. Para o Professor, a PAZ é alcançável através da defesa da constituição. Como se faz isso? Mobilizando as forcas de DEFESA e segurança. Eu não concordo com esta abordagem. Ora, a boa novidade é que eu respeito a sua opinião.See Translation
  • Alcídes André de Amaral Concordo! E é uma exigência para ontem. Mas nunca é tarde. Na verdade venho me perguntando sobre os intelectuais da RENAMO... será que uma ideologia partidária, por mais infantil que seja, é tão forte assim em relação ao espírito intelectual? Há benefícios para ambas as partes envolvidas no conflito porque senão não teríamos rondas negociais cansativas e, como fez menção, falsa. Só da paz, sem antes ter vivido uma guerra, porque os meus pais já o tiveram e li a respeito. Há muito que a sociedade civil teria que fazer parte, há muito que os partidos políticos com assentos no parlamento (ai incluindo MDM) teriam que fazer parte. Há muito que o que se discutia e durante o processo da discussão teria que ser do conhecimento da população... Não uma mera informação, mesma sempre, nos telejornais a noite. Mas outra coisa concordo consigo no que disse num outro texto: o problema dos ataques entre a RENAMO e o Governo deixou há muito de ser problema destas instituições políticas. O problema que ilustra esse conflito é de que tipo de sociedade queremos ter. Uma sociedade refém de dois partidos políticos? Ou mais largamente, será que queremos uma sociedade refém aos partidos políticos, qualquer que seja esse ele? Teremos que gerir o AGP ou gerir simplesmente a Paz? (é possível gerir a paz sem gerir o AGP?). Infelizmente é o Estado que temos, frágil e incapaz. Creio que ainda teremos uma sociedade desejada, íntegra e que tem os valores e princípios constitucionais no centro das ações do cidadão seja eu, tu, Guebuza, Dhlakama, Daviz, Raúl e todos. Morrer gente para ter paz... É estupidez! Pior quando morrem civis!See Translation
  • Eliha Bukeni A edicao desta semana do semanario Canal de Mocambique, destaca em noticia de capa que " a guerra de Guebuza". Defende o jornal que o pais resvalou de novo para a guerra por vontade de AEG. Infelizmente, sou tentado a apoiar a esta tese. Senao vejamos, Joaquim Chissano sempre obteve vitorias eleitorais tangencias sobre DHL, havendo quem jure que em 1999 DHL chegou a vencer nas urnas. Apesar das crises pos- eleitoras havidas a situacao nunca resvalou a confrontacao armada, gracas a lucidez de JC, que sempre manteve no seu intimo o espirito do AGP. JC discutia regularmente os assuntos do pais com DHL e sobretudo ajudava a resolver algumas dificildades que o seu parceiro enfrentava na gestao da Renamo, pois a lucidez de JC, permitia perceber que a instabilidade da Renamo nao constituia vantagem para a Frelimo.
    Debalde, chegou ao poder, AEG que a coberto das vitorias eleitorais esmagadoras (favorecidas por altos niveis de abstencao), entendeu que lhe davam carta branca para prosseguir uma estratrategia de aniquilamento da Renamo.
    Por favor srs Doutores, nao nos venham com constitucionalismos, pois a constituicao nao avalizava tanto assalto ao bem comum que este pais assiste. Por outro lado, os homens armados sempre estiveram nas matas a aguardar pacientemente que fossem integrados nos termos do AGP durante 21 anos.
    A postura de AEG face a Renamo e exactamente a mesma que esta a prosseguir relativamente ao dossier da sua sucessao, nao abre espaco discussao alargada no seio do partido, escolheu ele o candidato e impoe-no aos restantes.militantes!
  • Elisio Macamo desculpem-me o silêncio. também tenho que trabalhar... caros Elvino Dias e Eliha Bukeni penso que há um grande equívoco nas vossas intervenções. é o de pensar que a defesa da constituição implica patuar com o que está mal. o único que estou a defender no meu texto é que devemos abandonar a ideia de que problemas de ordem política resolvem-se cancelando uma constituição que, pelo menos teoricamente, garante que todos os problemas sejam resolvidos no respeito dos seus próprios princípios. vocês têm o direito de defender a opinião segundo a qual o recurso às armas como forma de exigir direitos seja válida. não concordo com essa opinião, nem mesmo numa situação em que o governo viola a constituição. esse é o ponto. é a mesma opinião que apresento ao Livre Pensador em resposta às suas interpelações. a nossa democracia tem potencial e isso observa-se todos os dias. não é de hoje para amanhã que as imperfeições vão ser sanadas. o recurso a armas é a pior resposta às imperfeições quando esse recurso é feito por gente que não foi legitimada pela constituição. mas, insisto, isto não dá carta branca ao governo para violar a constituição. é o ponto de partida e chegada para a discussão dos problemas políticos, incluíndo do que o governo faz mal. caro Egidio G. Vaz Raposo, vai insistindo, por favor, que é divertido e instrutivo. todas as respostas que dei aqui foi a pessoas que me interpelaram criticamente e que não concordam comigo. tomo nota dos comentários que me secundam, mas não me detenho sobre eles a não ser quando acho que me levam para um campo onde não quero ir. concentro-me nos comentários críticos porque, no final de todas as contas, são esses que me ajudam a melhorar o argumento ou a abandoná-lo. sou demasiado fraco intelectualmente para perceber as suas profundas intervenções e para apreciar devidamente os pontos em que não concorda comigo. mas acho bom que elabore um argumento diferente do meu e que o coloque aqui, como já o vez insistentemente, para proveito dos demais. isso também é útil, creio.See Translation
  • Elisio Macamo e Eliha Bukeni, não é verdade, em minha opinião, que chissano preservou melhor a paz do que guebuza. do ponto de vista da ausência de hostilidades esse é um facto. mas a diferença entre diálogo com dhlakama e ausência de diálogo com dhlkama não reside aí. as únicas concessões que chissano fez a dhlakama fê-las no período entre 1992-1994. depois disso não mais nenhuma fez e, por essa razão, eram recorrentes as ameaças e os boicotes. o reforço do partido frelimo por guebuza torna mais evidentes os problemas organizacionais da renamo e, acrescidos a eles, a afirmação cada vez mais forte do mdm na arena política nacional e a reacção mal avisada da renamo de não participar em pleitos eleitorais desferiu golpes duros à sua capacidade como partido. há, portanto, vários outros aspectos que precisam de ser equacionados antes de setenciar peremptoriamente que a culpa é de guebuza. mas repito: seja de quem for a culpa (se da renamo ou da frelimo ou simplesmente do autoritarismo de guebuza) o único que o país tem para resolver os seus problemas é a constituição. e como todas as constituições o documento não é perfeito (eu tenho criticado, por exemplo, os poderes que ela confere ao chefe de estado assim como a infindável lista de direitos que ela define). o que nos define é essa constituição e é dentro dela que devemos mudar o que não nos agrada. as forças de defesa e segurança têm o meu apoio total para defenderem esta constituição.
  • Livre Pensador O sr. professor sabe que tempo e dinheiro. Mocambique nao tem mais tempo para testar sua democracia com polvora. Aqui precisamos de pessoas resolutas dispostas a tomar iniciativa e nao a jogar no erro do adversario. Ja vimos que nao estao disponiveis, logo passemos a ONU.
  • Elisio Macamo caro Livre Pensador, permita-me que lhe responda amanhã. estou de saída para compromissos profissionais. tenho reservas em relação ao que sugere.See Translation
  • Livre Pensador Bom trabalho e ate amanha.
  • Alcídes André de Amaral Professor, entendo o seu posicionamento de querer ser, creio, livre da moral comum. Digo a respeito da última parte da sua resposta a Eliha Bukeni. Tem gente morrendo... enquanto não houver consenso entre as partes, haverá, creio, sempre mortes inclusivé de civis! É preciso acelerar as negociações, tornando-a mais abrangente, e diminuir o uso constante das FADM. Numa relação.de violência quando se confronta com a resistência não incorpora, destroi. E quando isso acontece são vidas humanas nas matas e nas estradas que se vão, enquanto os mandantes sentam-se a mesa nos seus casarões, com um duplo de whisky na mão! Não pode!See Translation
  • Brazao Catopola Eu julgo que o Prof Elisio Macamo, se esta a prender muito na estrutura funcional da CRM se esquecendo que foi e é exatamente por aqui onde o problema criou o seu ponto de difusão. há tempos eu tinha escrito sobre a necessidade de uma sociedade refletir permanentemente sobre si de modo a ser mais libertadora e integrante. A nossa CRM está por detrás do problema isto desde 2004 na sua ultima revisão. A constituição da CNE e por via disso a paridade nunca refletiu o pensar de um moçambique justo, mas o pensar de um moçambique com beneficios para alguns. Ora, como vamo-nos prender a um papel quando há necessidade de flexibilizar o social, o político? o Prof defende uma paz, sem chantagem que também a defendo, porém a defendo se as condições para paz forem justas. Não concordaria com negociações se as permissas para elas fossem justas. Nós estamos preocupados com o lugar onde saiu o furúnculo, mas não com as causas deste fenômeno. 2. Chissano vs guebuza na gestão da paz, o Prof diz que Guebuza foi e é melhor por permitir que de alguma forma Djakama se liberte das suas amaras. è interessante esta abordagem, somente não vejo como podemos falar numa melhor gestão de paz se num contexto os acessos a liberdade e integração eram mais abrangentes e no outro é menos. Prof sabe que hoje na sociedade moçambicana as pessoas cada vez mais se sentem afastadas dos acessos à condições dignas. claro que guebuza trouxe o partido mais à base, reestruturou-o, etc. Qual foi o preço disso para o partido? qual é a relação entre a presença forte do partido e o facto de em Todos os municipios, excepcionalmente os novos a frelimo perdeu assentos, julga isso um acidente? O problema não está em Djakama, Renamo, MDM, PDD o problema esta nas condições de integração e inserção. Aqui sim, podemos debater a paz. é preciso nunca esquecer que a paz é o equilibrio entre as forças e se necessariamente alguém quer desiquilibrar a balança a todo custo esta terá resultados que não seja a paz. tal é o caso da nossa constituição que tenta, em relação a CNE beneficiar a alguns. ja agora, porquê julga que nunca se aceitou a observação de outros partidários?See Translation
  • Brazao Catopola E mais ainda, eu não falaria nem defenderia nunca da legalidade da acção da RENAMO, mas poderia defender esse grito da sociedade que pede igualdade, justiça, garantias de direito, defenderia e defendo a legitimidade de grito da sociedade em geral que de alguma forma se faz ouvir pela RENAMO.See Translation
  • João Machungo Sobre os conflitos decorridos nas décadas de 60, em África chamam da guerra de libertação, na Europa chamam da guerra colonial. Quanto à situação actual, alguns apelidam de guerra, outros de tensão política e militar. Procuro com esta anteposição cristalizar que seja qual for a designação denuncia a irrelevância deste acontecimento para Moçambique e moçambicanos. Fiz uma grelha de leitura dos comentários acima e nota-se em alguns comentaristas (merecedores da minha apreciação e respeito), uma elevação de alguns conceitos usados pelo Elísio, cujos motivos podem estar relacionados com a má percepção do que este escreveu, por outra, não me parece coerente condensar atenção no particular (alguns parágrafos), ignorando o global (conteúdo do texto). Na verdade Moçambique vai celebrar 39 anos de independência, idade suficiente para o ser humano merecer a patente de adulto. Ser adulto é um termo com significados alados, incluindo o respeito pela ordem constitucional, o que se exige a TODOS, bem como a colocação dos interesses da Nação acima dos individuais (alguns países europeus apesar de ideias contrapostas o discurso militar já não faz parte do quotidiano). A questão que se pode levantar é a seguinte: será que é decente para Moçambique a opção pela guerra; ainda pergunto: Não seria correcto procurar ultrapassar as diferenças entre as 4 paredes de Joaquim Chissano? Parece-me que as mesmas foram preparadas pelas partes para não se alcançar o consenso. Apesar do meu défice analógico e argumentativo ofereço-me a colocar algumas questões: Os dirigentes máximos dos partidos em braço estão em condições de avaliar a guerra/tensão e suas questões conexas; que Moçambique teremos após a situação que se vive ? Não será a reedição do que se assiste/assistiu no Congo-Kishansa, Sudão do Sul e Serra-Leoa: e POR QUE ACEITAMOS QUE ÁFRICA, SEJA SEMPRE UM CAMPO DE BATALHA? Para mim a retórica usada pelas partes envolvidas na guerra/tensão torna-se insustentável de forma que é necessário assumir outra alternativa. Deixemos de focalizar nossas atenções aos detalhes egocêntricos dos adversários políticos, incluindo os que actuam de forma subterrânea e procuremos evitar que Moçambique observe mais uma paragem, consequência de conflitos desnecessário. E, volto de novo ao meu cantinho.See Translation
  • Livre Pensador Uma gota de petroleo num bidao de agua torna-a nao potavel. Por isso, ha detalhes que viabilizam o curso de uma argumentacao. Como tudo na vida.
  • Guilherme Mussane Caros compatriotas: Esta maldita insegurança, sangra, sangra e não estanca. Lamento dizer-vos que este não é tempo para filosofar. A Renamo está a estender o conflito para novas e mais regiões do país. Enquanto vocês se refastelam e teclam para o FB, há pessoas que estão a morrer e sem esperança de presente nem futuro. . Quem pode estancar o sangramento desta maldita insegurança? Tragam soluções para parar a guerra e, em paz, estarão melhor, ou seja, livres para filosofar. Se a política não está a resolver os problemas da coletividade, hoje, em Moçambique, por que se deve falar da política como plataforma de solução dos problemas dos povos?
  • Joaquim Salvador O problema - para além das constitucionalidades (que não foram chamadas ao caso, aquando das conversações de Roma) - para mim é que, naquela altura, ninguém percebeu exactamente como as coisas começaram mas, um milhão de mortos depois, sentaram-se à mesa para lhe pôr fim; hoje, com contornos indefinidos ainda de como tudo (re)começou e como vai progredir, a questão que se deverá colocar é se vai ser preciso mais um milhão de mortos para - inevitavelmente - se sentarem à mesa para porem um fim ao problema ou se se vai evitar o morticínio. E eu acho-me insuspeito para defender esta posição já que não sou da área nem do "diabo", nem do "filho do diabo"...See Translation
  • Ibraim Carimo Qual seria a solução possível? Onde e ate onde eh que o Governo poderia/deviria ceder? Isto eh que mais me interessa pra trazer de novo o gato a mesa e devolver-lhe os tralheres e quica ver-mo-lo tocar de novo o piano.See Translation

No comments: