Friday, January 10, 2014

O vídeo game de Armando Guebuza



  Um dos grandes problemas dos que estão a governar o País é a sua obsessão pela disposição feudal. Nutrem um invulgar amor pelo feudalismo. Contrariamente às outras organizações democráticas, o partido Frelimo assaltou o Estado e transformou-o num sistema de exploradores e explorados.
Colocadas as coisas desta forma, é naturalmente estatutário que os exploradores achem-se donos de tudo e todos e com credenciais até para destruir o País. É igualmente normal que os exploradores assumam todo um povo como uma legião de pacóvios pouco dados ao raciocínio, porque também se assumem como fontes da divina sabedoria.
E no caso em concreto, convencionou-se que o cidadão Amando Guebuza é detentor de uma sabedoria equiparável a do Rei Salomão citado nas sagradas escrituras. Só que contrariamente ao Rei Salomão, e para a nossa desgraça, o Rei Guebuza é portador de uma invulgar sabedoria típica das castas com vocação para o paternalismo destrutivo.
A situação de guerra civil na qual o País está mergulhado é o resultado das doses dessa porção de sabedoria destrutiva. 21 anos depois somos obrigados a ficar indispostos com informações de mortos e de milhares de deslocados e desesperados por causa da guerra. Voltam agora os cidadãos a ficar apreensivos quando chega a hora dos telejornais e dos jornais para ficarem a saber por onde a tragédia se abateu. Da Gorongosa, agora é Homoíne onde as pessoas que já se tinham
esquecido dos horrores da guerra e estavam a organizar as suas vidas, são agora obrigadas a serem refugiados de guerra num País em que o “Sábio Rei” diz estar a caminhar imparavelmente rumo ao progresso.
É preciso lembrar que esta guerra começou com a perseguição e intolerância política, e veio agudizar-se com um desentendimento político por causa de uma proposta de composição igualitária dos órgãos eleitorais, no caso em concreto a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Aliás, a transparência nos processos eleitorais, não é reclamação exclusiva da Renamo. Todo o cidadão moçambicano de mediano sentido patriótico, gostaria de votar e que a sua vontade expressa nas urnas não fosse manipulada depois a favor de certas conveniências que partilham da mesma sopa com os órgãos eleitorais.
Quando a direcção do partido Frelimo prefere a guerra e a destruição no lugar da paridade é mesmo uma questão de falta de sentido de Estado e de recomendação psiquiátrica urgente. É uma doença que se finge que não ter. Quando alguém diz-se disposto a destruir o País só para garantir que lhe sejam manipulados votos a seu favor, este alguém só pode ter problemas de fórum psiquiátrico e é uma ameaça em potência para estabilidade do País e para a normalidade da sociedade, baseada na justiça.
No dia 19 de Dezembro de 2012 o chefe de Estado foi ao parlamento dizer que a paridade ora exigida pela Renamo é uma ilusão, justificando-se nos seguintes termos: “A sugestão de que todos os partidos devem ir em igualdade de circunstância às eleições significa que, no cumprimento deste conceito de "paridade", se tivermos cinco dezenas de partidos políticos em Moçambique, todos eles devem estar representados nos órgãos eleitorais. Não se vislumbra aqui a viabilidade de uma Comissão Nacional de Eleições com meia centena de partidos a decidir sobre matéria que precisa de tanta concentração e serenidade, como as eleições!”.
Ou seja, Guebuza não quer paridade porque no futuro haverá 50 partidos políticos e será inviável uma CNE com cinquenta membros. Ora esta justificação é por si muito ridícula e cai a qualquer teste de consistência. Por exemplo, quando tivermos 50 bancadas no parlamento como é que será composta a Comissão Permanente da Assembleia da República? Vamos extinguir o parlamento ou vamos rever o regimento da Assembleia da República? Como serão compostos, por exemplo, os conselhos superiores? Vamos extingui-los ou vamos rever os respectivos estatutos orgânicos, no que respeita a sua composição para ajusta-la a nova realidade?
Esquece-se o Chefe de Estado que as Leis foram e são feitas para regular a convivência entre homens e por isso mesmo são dinâmicas em função das novas disposições da sociedade. As leis não são matemáticas. É estranho que o chefe de Estado olhe para os números e não esteja interessado em debater o que está em questão: a transparência. É estranho que um chefe de Estado se posicione da fraude; Que um chefe de Estado vá a um parlamento defender mecanismos de fraude. Logo fica claro que o chefe de Estado está comprometido com a má fé.
É esta mesma má fé que está a empurrar o País a um banho de sangue que só a mais refinada infantilidade pode explicar.
Aliás, dose de infantilidade é que não falta nestas coisas. Abordando a questão do conflito armado em si, Armando Guebuza disse o seguinte no parlamento: “A guerra deve ser assunto de ficção científica, de vídeo games e de produções literárias e cinematográficas”.
Não precisamos de qualquer instrumento para medir o grau de hipocrisia que repousa nestes ditos. Faz-nos confusão o facto de alguém que passou o ano a comprar armamentos e a fazer investimentos avultados em meios de repressão, venha agora dizer que a guerra é assunto de “ficção”. Para a nossa desgraça, estamos a ser assumidos como componentes de um vídeo game idealizado em África por um moçambicano “de gema”. Um vídeo game de alvos humanos que mata e destrói. Isso porque a guerra em Moçambique não só está nos vídeo games, como está em Sofala, com sérios riscos de se alastrar para todos os cantos e mergulhar o País num banho de sangue. No campo literário, a guerra em Moçambique está em cada discurso de intransigência e intolerância política proferido pelo chefe de Estado que prefere ir ao parlamento falar enormidades no lugar de trazer propostas de soluções que nos façam sair deste caos propositado. No campo do cinema, está neste filme que o povo moçambicano é dado a viver por quem se está nas tintas para a consequência dos seus actos. Este é o vídeo game idealizado por Armando Guebuza com um final que se advinha desastroso e por isso mesmo com poucas possibilidades de ser registado como propriedade intelectual válida, porque não entretêm: mata e destrói.
Está claramente a fracassar a estratégia da diabolização da Renamo, porque a sociedade moçambicana cresceu o suficiente para perceber o nível de intransigência e intolerância política da Frelimo. A sociedade percebe que o feudalismo acabou e que neste País, temos todos o constitucional direito de fazer parte da sua construção, independentemente das nossas opções políticas. Somos todos moçambicanos apesar uns insistirem em querer nos separar em “moçambicanos de gema” e os “não de gema”.
Mas isso não inocenta a própria Renamo que na luta pela sua sobrevivência política, encontrou nas armas a solução para responder a quem o ataca com armas. A Renamo até pode ter razão, mas perde legitimidade quando a sua luta custa a vida a inocentes.
É que neste infantil “dente por dente e olho por olho”, o mais sacrificado é quem não tem talento para armas nem a posse das próprias armas, no caso concreto o povo moçambicano. E o diálogo sério e honesto continua a ser a única saída. Um diálogo onde não haja donos de Moçambique nem enteados do País. Um diálogo onde não haja patrícios e plebeus. Um diálogo que não seja para mostrar a comunidade internacional uma alegada “abertura”. É preciso acima de tudo uma postura patriótica que olhe o País como terra de todos os moçambicanos e que olhe para cada moçambicano com o direito de participar e de usufruir do melhor que o País oferece.

(Matias Guente, Canalmoz)
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  • Muzila Wagner Nhatsave Matias meu amigo, você esquece que não é possivel haver 50 partidos na assembleia, ha criterios percentuais para se conseguirem assentos e ate formar se bancads logo esse seu argumento cai por terra. onde ja se viu uma CNE com todos partidos a representados, sim todos, porque nas eleições todos partem em pé de igualdade e tem o direito tambem de ter elementos seus lá e não somente os com assento parlamentar. não sei porque ainda se insiste nessa estupidez de paridade. o correcto é uma CNE profissional.mas infelizmente o cenário é este.sugeri uma formula 5+3+2 onde a oposição e a frelimo estariam em pé de igualdade se o problema é esse. A renamo acha mesmo que fazendo mo que esta a fazer terá votos?sabem muito bem que não,a paridade é bandeira, o que estes querem r confé dinheiro e recuperar com chantagem o protagonismo politico que perderam por causa de um lider burro e confuso.nem com paridade ganham eleições estes tipos, o MDM levou lhe a maioria da base de apoio. Concordo quando diz que o dialogo serio é necessario. Mas responda me Guente se é justo um partido exigir ganhos e partilha de recursos para si e seus membros? quem lhes deu esse direito? as armas que tem para intimidar as pessoas.não estou a procura de culpados aqui mas sim de sensatez. alguém aqui ja se dignou a valiar a racionalidade das exigencias da renamo ou cinicamente fingem se de cegos? Guebuza disse que aceitou quase todas as exigencias da renamo, as outras nao cabiam o executivo decidir, mas sim o parlamento.mas essa renamo acustumada a lei do chefe e não a normas que regem um pais, sem cultura de Estado insiste que deve ser o governo a determinar coisas que estão fora da sua competência. que democratas são esses que chutam a lei quando lhes apetece, que pai da democracia é esse que não respeita o primado da lei. tiveram a chance de encostar a frelimo em sede de parlamento na extraordinaria que se realizou, mas pautaram pela ausencia.grada burrice. e agora estão ai a chantagear um pais todo. nao estou a ilibar guebuza e o seu governo de alguma responsabilidade, mas ha coisas que nao são negociaveis. e se esquecem voc~es que o que esta em jogo não é a quisilha entre RENAMO e FRELIMO, mas sim a soberania do ESTADO, ESTADO esse que somos nós todos. ao se aceitar tudo que a RENAMO exige seremos todos nós cumplices de um sequestro as responsabilidades do Estado,estaremos a perpetuar uma paz podre que todos concordamos ter vivido.por favor analisem a situação de forma holistica e não circuscrita apenas a RENAMO e FRELIMO.estes não são donos do País e se estão onde estão fomos nós que com o nosso voto os pusemos lÁ. A PARIDADE JUSTIFICA SANGUE? é isso que queres dizer GUENTE?VALE TUDO para se conseguir isso? o resto quanto dizes deixem o povo dar cartao vermelho ou amarelo a frelimo.ele é suberano para decidir quem o governa. por mais se que insistam e continuem coma guerra,só em sede de parlamento sera mudada a legislação e nao no CCJC. agora vamos parar de nos mentirmos que é por paridade que se ta a morrer,é por ganancia, arrogancia e chantagem apenas que se esta arrastar um pais para o caos.
  • Jeremias Luis Chauque CNE profissional e sem os partidos politicos seria uma solucao boa e razoavel. Alias, em muitos dos paises Africanos onde as eleicoes quase que nunca se contestam as comissoes eleitorais nao envolvem os partidos politicos.
  • Rui Cabral CNE profissional queremos todos, isto nao é nada de novo, mas a questão da partidarizacao permanece! Andamos sempre aqui em circulos e as pessoas a morrem cada vez mais! Como resolvemos a questão da partidarizacao? No mínimo avancem com um critério de seleção desses membros para a tal CNE professionalizada.
  • Muzila Wagner Nhatsave Rui Cabral concordo plenamente.ha que termos termos de referência claros sobre o perfil que esses membros deverão ter.esta na altura de crescermos
  • Jeremias Luis Chauque Rui Cabral os criterios existem e sao varios. Alguem dizia neste espaco que por vezes eh preciso copiar o que outros fazem de bom noutros paises, com a finalidade de melhorarmos as nossas instituicoes ca dentro. Em Africa ha dois paises que as comissoes eleitorais tidas como as mais isentas: Gana e Botswana. Neste ultimo, os membros da comissao eleitoral sao eleitos por uma conferencia nacional, envolvendo todos partidos politicos, incluindo os que nao tem acento parlamentar, envolve-se a sociedade civil e outros actores interessados.
  • Muzila Wagner Nhatsave Jeremias a zambia e namibia são exemplos
  • Rui Cabral Jeremias Luis Chauque e Muzila Wagner Nhatsave eu nao conheço esses critérios poderiam avançar com eles faz favor?
  • Muzila Wagner Nhatsave eu nao conheço,dai que sugeri haver TOR´s sobre o perfil

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