Sunday, January 12, 2014

Canal de Opinião A política de exclusão e apropriação do País por um grupo de pessoas (‪#‎canalmoz‬) Palavreado cheio de “penumbra” e contraproducente…

 
 
Beira... (Canalmoz) – Antes de se falar em “acarinhar” um líder seria de facto mais interessante e importante, incluir democraticamente todos os moçambicanos. Os falhanços de hoje são uma consequência directa de uma política de exclusão e apropriação do país por um grupo de pessoas. Durante muito tempo foi convicção posta em prática que era possível governar Moçambique conforme se fazia nos tempos do partido único. A solução na opinião de uns era, acomodar o líder, este por sua vez iria aplacar os seus e Moçambique continuaria sob controlo dos mesmos. Esta “cantiga” de acarinhar” surge das mesmas fontes que antes proclamavam em público que havia sido possível “fintar’ o líder da Renamo. Aquela coabitação que se considerava saudável nos tempos de Joaquim Chissano, na verdade não passava de um paliativo que foi rapidamente abandonado por Armando Emílio Guebuza. Num autêntico assalto em toda a linha, declarou-se a partidarização do aparelho do estado e a consequente desmobilização compulsiva dos guerrilheiros da Renamo integrados nas FADM como caminho a seguir na senda da consolidação do poder. Foi quando começaram a surgir pronunciamentos apostando e declarando a obliteração da Renamo e de toda a oposição como a próxima etapa. Supunham-se criadas a bases para que isso se tornasse realidade. Tudo um conjunto de considerações estratégicas concebidas e decididas ao mais alto nível. “Alto nível” é o encontro de sugerido pelo que alguns consideram de decano da diplomacia moçambicana. Com a situação no terreno completamente diferente das suposições da liderança da Frelimo e das contas dos estrategas militares do governo, Moçambique vive uma situação de instabilidade real com os focos de confrontação entre uma guerrilha que se mostra experiente e decidida e forças jovens pertencentes a um exército desmoralizado e incipiente. As FADM mostram todos os dias que de exército ainda só tem o nome. Aquela experiência que as ex-FPLM chegaram a ter esvaiu-se com o tempo e com a falta de continuidade na formação e treinamento. Uma posição de comodismo e pouco profissionalismo consentida levou a que até quartéis fossem desactivados. Uma batalha pelo património, numa réplica do que se verificava em outros sectores consubstanciou o que se denomina de “cabrito come onde está amarrado”. Face a uma realidade política e eleitoral desconfortante o regime avançou para a construção de vitórias baseadas na falsificação de dados, no enchimento vergonhoso e criminoso de urnas, na intimidação da oposição, no assalto e fogo posto em sedes de opositores, na fortificação da base económica e financeira do grupo dirigente pela distribuição de contratos e exploração e recursos naturais, na distribuição de acções nas empresas intervencionistas nesta altura privatizadas. Enfim a lista é muito mais extensa… O produto acabado da política de quem cedeu e assinou o AGP sob pressão tornou-se por demais evidente. Esta gente abomina a democracia real e não tem em mente aceitar que o jogo político seja limpo no país. Quem constituiu impérios empresariais não são unicamente os ministros-empresários de hoje. Já desde os tempos de JAC se viu ministros constituindo empresas farmacêuticas, mineiras, hoteleiras, agrárias, de transporte, pesqueiras e todo o tipo que trouxesse os desejados lucros. Com o acesso a créditos bancários politizados foi tremendamente fácil construir os chamados impérios empresariais. Agora o que se receia e o que os “ricos” de hoje não querem equacionar e a possibilidade de alteração das regras de jogo. Ninguém que tenha enriquecido através de esquemas de procurement estatal inquinado e corrupto vai querer que acabe o nepotismo promotor de seu estatuto de milionário. Mediatizar afirmações incongruentes de alguém que teve a oportunidade de fazer a diferença e encorajar uma prática honestidade e uma cultura de inclusão pode parecer importante embora seja de duvidar quanto ao seu efeito prático. É de duvidar que o executivo se dê tempo de escutar ditos de que até em prova ao contrário não comunga de sua visão. Estaremos no lançamento de mais uma campanha por parte de uma ala da Frelimo que jamais se sentiu “acarinhada”. Política é sobretudo pragmatismo, capacidade de interpretar os fenómenos políticos e sociais com abrangência e consequência, sempre na defesa dos mais altos interesses da nação. Governar não pode ser acarinhar ou acomodar interesses individuais pois isso não consegue alterar a situação abjecta em que vive a maioria dos moçambicanos. Uma liderança digna desse nome não pode subsistir coabitando com promiscuidade entre a causa privada e a causa pública. Neste país não há quem não saiba que a elite se está “marimbando” pelo que se passa com seus concidadãos. Tenhamos a sensatez de concluir que uma nova tentativa de acomodação do líder da Renamo, ensaiando encontros de agenda secreta e provavelmente acordando novos termos de engajamento político no país não terão os resultados pretendidos porque quase tudo o que se faz é feito sem boa-fé, sem honestidade nem abertura. Joga-se com batota o tempo todo numa perspectiva de “superioridade” “congénita”. O país só tem que agradecer a existência indisfarçável de alas na Frelimo pois é como que o “feitiço se virando para o feiticeiro”. Quem pretendia fazer desaparecer a oposição corre sérios riscos de desmembramento. Uma “Frelimo Renovada” é de equacionar no actual cenário. Na prática é o que as suas alas significam. Agora o que o país clama é por seriedade negocial e o abandono urgente de uma semântica enroladora, demagógica, que não coaduna com a vontade e necessidades da maioria dos moçambicanos. Que se traga claridade, transparência, justiça, a solução dos pendentes do AGP. Que JAC ajude o governo da Frelimo a concluir aquilo que ele nunca fez. Que JAC e AEG se sentem e se decidam que o único caminho viável neste país é acarinhar a democracia real, política e económica. O povo moçambicano não precisa de caridade nem de viver de esmolas materiais ou políticas. Tolerância, respeito pelos outros é básico… Não nos cansemos de repetir que Moçambique não é “quintal privado” de uma clique, de um clube. (Noé Nhantumbo)

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