Thursday, January 2, 2014

Nação deprimida e sufocada é o “estado da nação”

Nação deprimida e sufocada é o “estado da nação”

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Por: Noé Nhantumbo
Dois mandatos exibindo arrogância e não escutando a voz dos governados coloca qualquer líder em rota de colisão com os mesmos.
Uma governação centrada na obliteração dos outros e na construção e consolidação de impérios privados na esfera económica e financeira, em que os colaboradores são impedidos de expressar pensamento próprio ou de surgirem no firmamento político como sombras para o chefe tem a sua carga de consequências.
Os bajuladores rodeando o PR acabarão por cumprir  um trabalho muito    mau como seria de esperar.
Quanto aos conselheiros ou assessores estrangeiros estes  terão delimitado ao papel   de lobistas para interesses corporativos internacionais.
Aquela esperança que era depositada numa equipa que se apresentava pujante e determinada a levar a cabo uma renovação na actividade governativa revelou-se um falhanço em toda a linha.
Afinal era uma equipa de “negociantes”. É complexo, difícil, impraticável ser-se ministro simultaneamente empresário.
O dia tem só 24 horas.
As manobras sensacionalistas, a música do combate  contra o “deixa-andar” e os  apóstolos da auto-estima funcionaram como paliativos face  à paralisia que se sentia mas  não foi capaz de travar a corrosão na confiança que os cidadãos depositam no governo.
Equipas “fortes” de comunicadores sociais arregimentados, colocados em todos os órgãos de comunicação social pública e progressivamente invadindo órgãos privados de comunicação social tiveram um papel determinante na formulação de uma maneira de estar e governar nesta II república.
A cultura da obediência servil atingiu níveis jamais vistos. O medo e o receio tornaram-se evidentes mesmo entre ministros. Sem diálogo, sem debate, sem abertura para que os cidadãos participassem ou opinassem governar tornou-se um exercício opaco, envolto em secretismos.
Uma história de comissariado político acabou por revelar-se inútil ao não trazer subsídios para a governação.
O empresário de sucesso está se revelando  um político sem sucesso.
Por mais que se procure atribuir ganhos e vitórias na frente de governação outra conclusão que se chega é o   governo embarcou em obras importantes em que se sacaram de uma maneira ou de outra vantagens privadas. Um ambiente de impunidade ao mais alto nível não ajudou a trazer normalidade, rigor e seriedade para uma esfera vital afectando milhões de pessoas.
Hoje é claro para os moçambicanos que fazer parte do governo é a forma mais rápida de se resolverem problemas materiais, económicos e financeiros privados.
Se uma maneira irrecusável governar está associado à corrupção na mente popular.
Não é o cronista ou jornalista que o dizem. Não é nenhum apóstolo da desgraça que assim se pronuncia. É convicção socialmente aceite que muitos dos governantes estão mergulhados em esquemas de enriquecimento ilícito.
“Não há fumo sem fogo”.
Com o acumular de factores promotores de crises tanto ao nível de acesso à economia nacional como no que se refere à coabitação política o     país descambou para conflitos abertos. Manifestações contra subidas de preço de produtos essenciais e transporte, greves abertas ou silenciosas, exonerações, demissões e nomeações chamuscadas, desentendimentos de grande porte entre os signatários do AGP  levarão ou trouxeram a derrapagem concreta e real ao país.
Os falcões da guerra se por algum tempo poderiam derrotar as forças militares da
Renamo o tempo se encarregou de lhes mostrar que a tarefa não era exequível com os meios e a capacidade das forças combinadas do exército nacional e da FIR. Sem uma declaração formal de guerra e sem reconhecimento oficial  do estado das hostilidades o país caminha para a guerra.
Se agora é morna e restrita a um corredor rodoviário, seus efeitos já se fazem sentir em todo o país. Corporações internacionais intervenientes em grandes projectos energéticos já tomam decisões em resposta aos confrontos que se registam quase todos os dias.
Sem vantagens comparativas fortes e sem incentivos que tornem operações económicas de vulto atractivas, Moçambique poderá deixar rapidamente de ser destino do investimento internacional pois o que aqui existe também se pode encontrar noutros países.
O real estado da nação difere de proclamações espampanantes proferidas pelo PR.
O país real não está bem quando cidadãos inocentes e vidas de jovens militares e polícias são diariamente ceifadas.
Quando o fosso entre a larga maioria pobre e indigente e o clube restrito de ricos aumenta a olhos vistos a situação exige uma leitura realista e consentânea com  os interesses nacionais. Possuir riquezas e ser pobre é um anacronismo perigoso.
Estamos perante uma governação que não vai deixar saudades. Isto é um sentimento
generalizado que nem os poetas e outros escribas ao serviço do regime não conseguirão contrariar   no entendimento popular.
Realismo não significa pessimismo nem espírito derrotista.
Certamente que o PR não que falhou ao centralizar em demasia o poder e não deixar espaço à massa crítica nacional se expressasse e contribuísse com suas ideias e saber para alterar um quadro deprimente.
Sem colaboração alargada de todos os segmentos sociais, políticos e económicos, governar será cada vez mais difícil para este executivo em fim de mandato.
E se as escolhas de sucessores ou candidatos à sucessão não forem entendidas como oportunidade para corrigir erros sensíveis, enveredando-se por uma rotura com procedimentos lesivos, o resultado imediato será o recrudescimento dos conflitos sociais, políticos e militares em Moçambique.
Convenhamos que dada a realidade actual e tendo em conta que a capacidade e vontade dos detentores do poder, o aconselhável seria preparar-se uma saída airosa de cena.
Veremos quais serão as decisões que tomarão aqueles que têm responsabilidades quanto à isso…
Canal de Moçambique – 24.12.2013
 

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