Na Rússia saúdam a eleição do Papa Francisco: Voz da Rússia

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Milena Faustova

16.03.2013, 12:45, hora de Moscou

EPA

À noite de 14 de março, nas igrejas católicas da Rússia foram celebradas as missas em agradecimento à eleição do Papa Francisco. Em Moscou, a missa solene foi ministrada pelo arcebispo mitropolita da diocese católica metropolitana da Mãe de Deus, Dom Paolo Pezzi. O Papa Francisco foi eleito na quinta ronda de votação do conclave de cardeais, que se realizou na Capela Sistina de 12 a 13 de março.

Na catedral moscovita da Imaculada Concepção da Santíssima Virgem Maria reinava uma atmosfera quase cameral. Após cansativa jornada, não havia muitos fiéis. Os sacerdotes revestidos com ornamentos brancos em sinal de solenidade especial proferiram do altar-mor as primeiras palavras dirigidas ao rebanho: "Rezemos por nosso Papa Francisco!"

As pessoas ainda começam a habituar-se ao novo nome – Papa Francisco, mas o regozijo por obter o sumo pontífice se sente em tudo, compartilha conosco suas emoções Tatiana, uma das mais antigas freguesas desta catedral católica:

"Até agora me inundam fortes sentimentos. Eu seguia as eleições, mas, infelizmente, deixei escapar o momento quando apareceu a fumaça branca. Admirou-me a bênção do Papa. Emocionou-me muito forte. Gostei muito do Papa, é uma pessoa tão agradável, amena e muito simples. Estou muito contente e feliz, cheia de alegria desbordante, como se fosse uma menina".

Para maioria, a personalidade de Jorge Mario Bergoglio segue sendo um enigma. Mas muitos já o consideram como "nosso Papa", líder que é tão necessário hoje para a Igreja Católica Romana. "Estou certo que no seu pontificado a Igreja irá ser melhor", diz o freguês Artem:

"Antes não tinha ouvido falar nada dele, mas agora já consegui ler que é uma pessoa muito modesta e humilde, um padre deveras dedicado a sua causa e com chispa de conservadorismo saudável. Acho que ele é um modelo para toda nossa Igreja. E espero que o papa seja um bom timoneiro do barco que seguiria sem desviar o rumo de Deus".

"A decisão súbita de Bento XVI de se aposentar e abandonar a sede de São Pedro comocionou-me muito. Mas agora entendo que a Igreja católica voltou a ficar nas mãos seguras", diz uma moscovita de nome Ylona:

"Fico grata a Deus por não deixar sua Igreja dando-nos novo Papa. Minhas esperanças estão com o nome escolhido pelo papa. É que São Francisco de Assis, cujo nome o papa tomou, tinha criado a Ordem dos Franciscanos. Espero que o papa, que também pertence a uma das ordens católicas, possa influir nas congregações monásticas e ordens, sacudindo-as do certo letargo".

Estes dias, os católicos de todo o mundo, incluindo os da Rússia, estão olhado com especial atenção para o novo pontífice. Cada passo e cada palavra dele estão sendo comentados. E as impressões são, na verdade, os mais favoráveis, narra um sacerdote católico da Eslováquia, padre Peter:

"Ouvi falar dele antes. Sei que é muito natural, aberto ao povo, que vive na humildade e mesmo, pode-se dizer, pobreza. Mas é muito inteligente e erudito. Gostei dele já por essas primeiras impressões que vem causando. Por exemplo, após ser eleito como papa e dar a bênção papal ao mundo e aos fiéis que estavam naquele momento reunidos na Praça de São Pedro do Vaticano, ele recusou-se a usar o papamóvel, dizendo que voltaria para o hotel junto com os outros cardeais. Aí ele mesmo fez a mala, levou-a para baixo sem permitir que lhe ajudassem e pagou o quarto em que tinha sido alojado antes do conclave. Esses são os detalhes muito importantes, que desde já mostram que ele será um bom pontífice".

Nos círculos eclesiásticos católicos também estão certos de que o novo Papa Francisco irá manifestar as mesmas sinceridade e naturalidade na resolução dos complexos problemas de harmonia inter-confessional. As relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica irão ser mais cordiais, acredita o diretor do serviço de informação da arquidiocese católica romana da Mãe de Deus de Moscou, padre Kirill Gorbunov:

"O processo de aproximação de nossas Igrejas vai decorrendo independentemente das personalidades concretas. O relacionamento dos ortodoxos e católicos não se identifica com a questão de virtudes ou desvirtudes pessoais destes ou aqueles seus membros, por muito relevante que seja o papel do atual Pontífice Romano ou Patriarca de Moscou. Numa maior medida isso está associado aos destinos de nossa Igreja, a predestinação sua de buscar insistente e constantemente uma unidade alicerçada na confiança e fé em Deus. Porque tal é a vontade de Ele. No entanto, estou certo que o Papa Francisco irá dar passos ao encontro de nossa unidade".

O patriarca Kirill, primaz da Igreja Ortodoxa Russa, felicitou o cardeal Bergoglio pela eleição à sede de São Pedro. "Os ortodoxos e os católicos são convocados hoje para aunar os esforços a fim de defender os cristãos que necessitem de apoio e participação sofrendo opressão e perseguição em diferentes cantos do planeta. As obras mancomunadas são necessárias também para consolidar os valores morais tradicionais nas sociedades secularizadas da atualidade. Queira aceitar, Vossa Santidade, meus melhores votos de paz, muita fortaleza espiritual e física e ajuda generosa de Deus em seu iminente ministério de responsabilidade", lê-se na mensagem oficial.