O presidente do conselho de administração da Sonae (dona do PÚBLICO), Belmiro de Azevedo, considerou nesta segunda-feira que as manifestações têm sido um “Carnaval mais ou menos permanente”, mas que a situação seria mais grave caso não houvesse essa possibilidade. Falando sobre a economia do país, defendeu que "sem mão-de-obra barata não há emprego".
Numa sessão no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, que começou com a retirada da sala de um dos espectadores, Belmiro de Azevedo disse que “a época de hoje está muito longe de ser uma época de grande desastre do ponto de vista de vivência actual”, pelo menos para as pessoas da sua idade, 75 anos, lembrando casos como as guerras ocorridas no século passado.
“Temos sido engenhosos para fazer essas manifestações, que é quase um Carnaval, mais ou menos, permanente e não tem havido grandes desastres”, declarou o empresário, sobre os protestos ocorridos nos últimos tempos em Portugal, acrescentando: “Enquanto o povo se manifesta, a gente pode dormir mais descansada. O pior é quando não se manifesta”.
No fim da sessão, questionado sobre as manifestações, Belmiro de Azevedo disse que preferia se o Governo "não jogasse o jogo dos protestantes", uma vez que estes "têm palco permanentemente", um "espectáculo" prolongado por cada aparição de um ministro.
Mão-de-obra barata
Durante a sua intervenção, Belmiro de Azevedo disse também não perceber por que motivo se diz que a economia não deve ser baseada em trabalho de custo reduzido. “Diz-se que não se devem ter economias baseadas em mão-de-obra barata. Não sei por que não. Porque se não for a mão-de-obra barata, não há emprego para ninguém”, declarou.
Durante a sua intervenção, Belmiro de Azevedo disse também não perceber por que motivo se diz que a economia não deve ser baseada em trabalho de custo reduzido. “Diz-se que não se devem ter economias baseadas em mão-de-obra barata. Não sei por que não. Porque se não for a mão-de-obra barata, não há emprego para ninguém”, declarou.
“A economia só pode pagar salários que tenham uma certa ligação com a produtividade”, considerou o empresário do Marco de Canavezes, dando como exemplo o sector agrícola. “Há muitas actividades, nomeadamente no sector primário, em que a mão-de-obra, que Portugal tem muita e em excesso, é indispensável para que possam continuar”, afirmou. Este sector tem ainda outra vantagem: o clima, algo que "é de borla".
Belmiro de Azevedo, que fez 75 anos recentemente, reconheceu estar “cada vez mais inconformado”, mas ressalvou: “Estar conformado é capaz de ser pior”.
O empresário reagiu também à situação em Chipre dizendo que o Estado não devia poder confiscar e sugerindo alternativas como um maior controlo sobre os bancos. Questionado sobre o assunto, Belmiro de Azevedo ressalvou não estar por dentro do tema, mas disse que “numa sociedade democrática, o Estado não devia ter o direito de confiscar”.
“O Estado podia era criar outro tipo de situações e não deixar que nenhum banco ultrapassasse a sua capacidade de garantir os repagamentos”, acrescentou, recebendo o aplauso da plateia.
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