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Friday at 11:27 · - TEXTO REMETIDO A ESTA PÁGINA POR Dilso J. dos Santos
Por que (não) ler Mia Couto?
>>>>>>>>>>por Dilso J. Dos Santos
Não saberia dizer ao certo o que seria a literatura feita por Mia Couto. Porque ela ainda não se fez, mas está a se realizar dentro de cada leitor no momento exato em que o sujeito se sujeitar, insistir em lê-lo e ler-se na “sujeitessência” de ser lido. Uma vez que ela se faz vida, itinerante e continua sempre a se “metamorfazer” no confronto com a África que achamos conhecer e a que tencionamos explorar a partir de um olhar de dentro, de um africano -moçambicano que refaz seus próprios mundos dentro de mundos imediatos.
Como ele mesmo diz, não há comparações entre literaturas, há sim uma produção, uma criação de universos muito particulares e únicos. Assim é com os leitores. Se Mia é um criador de mundos, somos cidadãos convidados para olhar para eles de maneira a colocar um pouco dos nossos. Não de forma a ultrapassar os seus, ou romper com as tramas miacoutianas, sim para reorganizá-las e fabricar novos fios de forma a tentar capturar nossas próprias moscas que insistem em zunzunar nas inquietudes mais íntimas de nossos âmagos de leitores “famintoaranhosos”.
Poderia falar aqui sobre a vida do autor. Sobre suas obras. Mas insisto em não comentar. Quero que o leiam. Que sejam levados, libertos pela prisão de palavras que desprendem e deságuam em outros rios. Na confusão que fazemos entre raças, cores, verdades que ele destoa assim: “Gosto de homens que não tem raça...”. Sim, pois “Cada homem é uma raça”, assim como um dia Deus já foi mulher e elas aprenderam a confessar-se no íntimo, nas “Confissões da leoa”, naquele “Rio chamado tempo, naquela casa chamada terra”.
Para encerar, pensemos: o silêncio é algo tão sutil que muitas vezes – se prestarmos bastante atenção – poderemos até nos ouvir nele. Não falo do barulho que vez por outra o mundo nos faz o favor de sossegar, mas dos concertos refestelados pela leitura silenciosa de boas obras e, consequentemente, de nossas próprias vozes sob a regência de seus autores/maestros: os “afina-dores” de silêncio.
A Saudade, por exemplo, é a irmã portuguesa do Silêncio e representa uma pequena fração da dor. Fernando Pessoa sabia disso, então "afinou" a Saudade como a um fino alfinete e cravou em si mesmo para finalmente vazar-se em seus poemas e, de forma eventual, respingar em todos nós, leitores. Já para Mia Couto (escritor luso-africano) “o silêncio está no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E todo o silêncio é música em estado de gravidez”. A Saudade, nesse caso, é a tia iminente de uma pequena canção. Talvez um Fado lusitano!
Dilso J. dos Santos
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