O advogado bem-falante foi levado em ombros à presidência do Benfica antes ser apanhado pela malha da justiça
- 18 Novembro 2012
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João Vale e Azevedo não teme confrontos. A 3 de Janeiro de 1999 assistiu ao dérbi Sporting-Benfica na cadeira 102 da bancada superior norte do Estádio José Alvalade. Pagou 3500 escudos (17,5 euros). De relações cortadas com a direcção sportinguista, o 31º presidente do Sport Lisboa e Benfica - eleito a 31 de Outubro de 1997 - juntou-se aos adeptos.
E fê-lo sem a protecção das claques nesta vitória benfiquista (por 2-1). "A presidência dele nunca chegou ao auge. Era o presidente que tínhamos, era o que havia" - conta à Domingo Emanuel Lameira, o então líder dos Diabos Vermelhos.
Dois ex-amigos descrevem-no, no entanto, como "um génio do mal" - diz José Manuel Capristano, que esteve a seu lado como vice-presidente do Benfica - e "um predador que usa de todos os meios para atingir os fins que ambiciona" - julga Pedro Dantas da Cunha, burlado na venda de um imóvel em Lisboa.
REGRESSO À PRISÃO
Na semana passada, chegou a Portugal após extradição de Londres - para onde fugiu à Justiça portuguesa em 2007, vivendo uma vida digna de lorde, numa mansão no bairro do magnata russo dono do Chelsea, Roman Abramovich, e passeando-se num Bentley Arnage T de 380 mil euros. Vale e Azevedo permaneceu três dias no Estabelecimento Prisional de Lisboa. E indignou-se com a cela: teria de se lavar com recurso a baldes - acusação desmentida pelos serviços prisionais. Foi transferido para a prisão da Carregueira, Sintra. Ainda tem cinco anos e meio de prisão para cumprir - o Tribunal da Boa Hora condenou-o a onze anos e meio de cadeia, em cúmulo jurídico, por quatro processos, e deve 22,1 milhões de euros mais juros (ver caixa).
Parte da pena foi cumprida entre Agosto de 2001 e Fevereiro de 2004. "Cada dia na prisão é uma terrível violência", disse Vale e Azevedo à ‘Visão', em Janeiro de 2003. Ao fim de três anos de presidência do Benfica - numa lógica de "eu quero, posso e mando", diz José Manuel Capristano -, Vale e Azevedo perdeu para Manuel Vilarinho. Quinze dias depois, a 14 de Novembro de 2000, arranca a investigação do crime de peculato no caso do guarda-redes russo Ovchinnikov. Será preso no ano seguinte.
A 19 de Fevereiro de 2004, é posto em liberdade por apenas 14 segundos. Esperavam-no à porta do estabelecimento prisional anexo à PJ a mulher, Filipa, e o irmão, Álvaro, juntamente com o motorista. As malas e a televisão já estavam no interior do Mercedes classe S quando o ex-dirigente do Benfica foi abordado por dois agentes da PJ com um novo mandado de detenção. Mais tarde, Vale e Azevedo viria a confessar que esteve quase a suicidar-se. "Foi o momento mais difícil em toda a minha vida. Tive de ter muita força para não pôr termo à vida", disse à Lusa.
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