"Notícia de primeira página do jornal a Província de
Angola de 28 de Janeiro de 1975. O dr. Jonas Malheiro Savimbi "leader" da UNITA,
chegou esta manhã à capital de Huambo. Mais de meio milhão de pessoas, no maior
espectáculo que jamais nos foi dado ver, acolheu o "muata" Savimbi. Recepção
entusiástica e colorida, caridosa, extremamente significativa, não apenas pelo
número de pessoas que envolveu, como até pelos cartazes e pelas frases escritas
por toda a parte onde houvesse um centímetro de parede branca.
Chegada de Savimbi a Huambo (foto Prv. Ang, 28/01/75)
O "leader" da UNITA, acompanhado do secretário-geral do
movimento, Miguel Nzau Puna, bem como doutros elementos ligados à UNITA, chegou
ao aeroporto de Nova Lisboa cerca das 10.30 horas. Os jornalistas, que chegaram
mais tarde, devido a não terem conseguido avião noutra oportunidade, depararam
logo após a sua chegada (uma hora mais tarde) com um espectáculo altamente
elucidativo da "força" que aquele movimento tem por toda esta zona do planalto
central. Toda a zona do aeroporto estava apinhada de gente que, entretanto, qual
rio caudaloso, se escoava por toda a parte nos quase três quilómetros que o
separam da cidade propriamente dita.
Aos jornalistas foi difícil apurar o número das pessoas
presentes. No consenso comum, a multidão foi computada em mais de 500.000.
Cartazes e bandeiras: "Savimbi, o "leader" do povo". "Com a UNITA, venceremos".
As frases, falavam por tudo quanto ali estava; as frases representava; afinal o
sentir de toda aquela mole imensa de gente desde manhãzinha acorrera ao
local.
Chegada de Savimbi a Huambo (foto Prv. Ang, 28/01/75)
Não se descreve quanto ali se passou. Não havia um
simples local em aberto. As pessoas desmaiadas, de apertos de calor, como é
evidente, segundo me disseram.(...) A LIMA e a JURA viam-se por toda a parte,
bem representadas. A UNITA parece efectivamente estar bem enraizada no coração
do povo do Huambo. Parece identificar-se no Huambo com a maioria das pessoas,
que, de resto, vieram de toda a parte, do Luso ao Cuanza Sul e do Lobito e
Teixeira de Sousa. A recepção ao dr. Jonas Savimbi fica, efectivamente, a
inscrever-se como uma das mais expressivas páginas de História angolana de
hoje.
Savimbi (foto Prv. Ang. 1/7/1975)
Naturalmente que por toda a parte havia forças de
segurança, quer da PSP e do exército, quer das FALA, da UNITA. De qualquer modo,
o povo rompeu todos os cordões. E ainda que ordeiramente, saltou por toda a
parte para ver o "leader" da UNITA. Depois foi o comício. Altifalantes
espalhados praticamente por toda a avenida que liga o aeroporto à cidade, faziam
chegar a voz do dr. Savimbi. De resto, a transmissão directa estava assegurada,
pelo menos pelos rádio-clubes do Huambo, do Lobito e de Benguela. Comício que
teve efectivamente momentos altos, o maior dos quais, porém, e como é natural,
foi a ajuda em que o dr. Savimbe usou da palavra. Depois, continuaram as
homenagens, os vivas, os cânticos revolucionário, em coro, o que chegou a ser
impressionante, para nós, em toda a Angola. O povo do Huambo a vibrar
verdadeiramente com a presença do dr. Jonas Savimbi".(...)".
NETO VOLTOU
Entusiasmo Indescritível no regresso a Luanda
"Primeira página de a Província de Angola de 6 de
Fevereiro de 1975. 4 de Fevereiro de 1961. O jornalista sai de casa, manhã cedo,
a caminho do trabalho. Alguém o informa: - Começou hoje a Revolução. Estava
latente. Tão latente que Luanda regurgitava de jornalistas estrangeiros à cata
do "sensacional". As prisões estavam repletas de políticos e constava que os
mesmos iriam ser transferidos para as prisões de Cabo Verde. Também circulava o
boato de que o "Santa Maria", com os homens de Henrique Galvão, estava de rumo a
Luanda.
Chegada de Agostinho Neto a Luanda (foto Prv. Angola, 6/2/1975)
O clima era tenso. Os nacionalistas aproveitaram-no
para o golpe que iria detonar a sangrenta guerrilha que, durante catorze anos,
operou contra o "rapidamente e em força" da teimosia colonialista. Enquanto um
comando que saiu indemne, se atirou, quase desarmado contra as grades da prisão
da PIDE, ali em São Paulo, e outro, que, também sem baixas, desapareceu no
"mato", investiu contra a administração do segundo bairro e atacou a emissora
oficial, há um que tem a seu cargo a libertação dos presos da Casa de
Reclusão.
Conseguem algumas armas assaltando um carro da polícia
móvel, atraindo ao musseque por uma desordem simulada. O resto são
catanas, facas, armas improvisadas, que tornariam o ataque numa acção heróica
mas completamente desesperada. Por cerca da uma hora da madrugada, acercam-se da
fortaleza do Penedo. Atacam-na. A pequena resistência provoca a morte do furriel
que comandava a guarda. No terraço da sua residência, o comandante, em pijama,
está completamente desorientado. Alguns dos presos chegam a vir para a rua,
antes que cheguem os reforços e comece, pelas barrocas, a caça aos
assaltantes.
Chegada de Agostinho Neto a Luanda (foto Prv.Angola, 6/2/1975)
- Começou hoje a Revolução. O jornalista dirige-se para
as barrocas, onde hoje circula a via rápida e onde àquela hora da manhã, ainda
se caçam os nacionalistas refugiados em canos de esgoto e furnas naturais. No
alto, ao pé do "Miramar" há grupos de brancos a gritar do seu protesto: -
Assassinos! E o genocídio começou."
Este artigo, pela sua redacção e estilo foi certamente
escrito por um camarada do MPLA que deturpou completamente os
acontecimentos à boa maneira dos comunistas. Já descrevemos isto e voltamos a
repeti-lo para comparação:
"Na madrugada de 3 para 4 de Fevereiro de 1961 ouvi
tiros que me pareceriam ter vindo da LAL que ficava quase em frente à minha
casa. Pareceu-me estranho mas não liguei.
No dia seguinte soubemos que sete agentes da autoridade
foram cobardemente assassinados, traiçoeiramente, sem poderem esboçar um gesto
de defesa, quando cumpriam o seu serviço de rotina. Caíram numa cilada,
acorrendo a um chamamento de socorro, a uma fictícia desordem, em plena
madrugada. Mortos com requinte de selvajaria, cortados à catanada, foram estes
os primeiros mártires da causa portuguesa, as primeiras vitimas da horda
assassina a soldo de potências estranhas de intenções conhecidas. Na manhã do
dia 4 a notícia espalhou-se por toda a cidade como um relâmpago.
A surpresa foi tão grande que, a princípio, era difícil
acreditar que fosse verdade. Mas lá estavam os cadáveres, sete corpos que horas
antes ainda fervilhavam de vida, a atestar a notícia, tão cruel como revoltante.
Começavam-se então a conhecer-se pormenores. Houvera ainda uma tentativa de
assalto à Casa de Reclusão militar, onde fora morto um cabo do exército. Havia
ainda alguns agentes da autoridade hospitalizados gravemente feridos. Houvera um
soldado negro que fora um verdadeiro herói. Debaixo do fogo e das catanas dos
invasores, conseguira meter-se no "jeep"e chegar, embora ferido, ao quartel onde
dera o alarme.
De manhã, toda a zona das "barrocas" estava a ser
motivo de aturada rusga por parte da Polícia. Luanda inteira já sabia dos
acontecimentos e assistia excitada e revoltada ao desenrolar das coisas. Mas
ainda não passava pela cabeça de ninguém, naquela altura, que aquilo seria o
prenúncio de dias terríveis, dias que ficariam para sempre marcados na história
de um país, dias que deixariam a terra de Angola (Norte 1961) regada com sangue
dos seus habitantes, colhidos de surpresa por bandos de assassinos narcotizados
e completamente enlouquecidos por promessas enganosas e impossíveis
(...)."
Angola 1960/1965, Manuel Graça.
Afinal os corajosos camaradas e grandes heróis
não passaram de assassinos que mataram cobardemente à catanada sete agentes da
autoridade e nem sequer conseguiram levar a cabo a tal acção heróica da
libertação dos prisioneiros ficando gorados os objectivos a que se propunham.
Que esperavam pois esses heróicos camaradas? Foram linchados
simplesmente tal como eles fizeram aos polícias mas não à catanada. Que espécie
de heróis tinha o MPLA ?
O título do discurso de Agostinho Neto à Chegada a
Luanda: – "Vamos o mais rapidamente possível construir a
nossa Nação independente, construir a democracia para o povo e redistribuir as
riquezas do País".
O discurso é banal mas o título é sugestivo.
"Redistribuir as riquezas do País". Realmente houve uma
redistribuição que foi o SAQUE e a DESTRUIÇÃO. Não podemos negar que,
Agostinho Neto foi um Grande poeta mas
um mau político, tal como foram em Portugal os seus camaradas Álvaro
Cunhal, Vasco Gonçalves e outros comunistas da mesma espécie, hoje,
felizmente em vias de extinção.
Agostinho Neto
Havemos de
Voltar
Em Angola houve outros poetas muito
conhecidos como Oscar Bento Ribas
também conhecido por Óscar Ribas, Alda Lara e José Luandino
Vieira. Haverá certamente outros mas não consegui localizar os seus
sites.
Agostinho Neto voltou mas não chegou a ver aquilo com
que tanto sonhava e, se vivesse mais tempo, veria que os melhores quadros filhos
de Angola e os que a amavam de coração que construíram o país, serem obrigados a
abandoná-lo e até mesmo alguns dos seus queridos camaradas
debandaram para Portugal quando viram as coisas feias para aqui
recebem a aposentação do Estado Português. Poderia nomeá-los todos porque os
conhecia bem e os encontrei muitas vezes no Rossio em Lisboa. Veria também as
lutas fraticidas que fizeram milhares de mortos e estropiados e a miséria do
povo. Veria ainda a corrupção generalizada que permitiu a alguns dos
kuribecas do regime enriquecerem. E, por fim, veria finalmente um país
próspero e RICO transformado num POBRE país africano.
Apesar de tudo, descanse em paz
!
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