quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Rússia diz que oposição síria avança e poderá derrotar governo


13 de Dezembro de 2012 18h34

 
Os rebeldes sírios estão ganhando terreno e podem vencer a guerra civil na Síria, disse nesta quinta-feira o enviado especial da Rússia para o Oriente Médio, a primeira vez em 20 meses de conflito que Moscou fez uma previsão tão sombria para seu aliado, o presidente sírio Bashar al-Assad.
"É preciso encarar os fatos", disse Mikhail Bogdanov à agência de notícias RIA. "Infelizmente, a vitória da oposição síria não pode ser descartada."
Bogdanov afirmou que o governo de Assad está "perdendo o controle de cada vez mais território" e que Moscou se prepara para retirar cidadãos seus da Síria se for necessário.
A Síria tem contado com aviões de guerra e helicópteros para bombardear os distritos rebeldes, mas o governo negou as acusações de funcionários dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de que havia disparado mísseis Scud nos últimos dias.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que os mísseis de longo alcance não foram usados contra os "grupos terroristas", um termo que o governo usa para os rebeldes, que agora detêm um arco quase contínuo do território, de leste a sudoeste de Damasco.
O chefe da Otan também disse considerar que o governo sírio se aproxima do colapso, e o novo líder da oposição síria afirmou à Reuters que o povo do seu país não precisa mais da proteção de forças internacionais.
"As terríveis condições que o povo sírio suportou levaram-no a apelar várias vezes à comunidade internacional por uma intervenção militar", disse Mouaz al-Khatib, um clérigo que comanda a Coalizão Nacional da Síria.
"Agora, o povo sírio não tem nada a perder. Ele tomou seus problemas para si. Ele não precisa mais de forças internacionais para protegê-lo", acrescentou al-Khatib em entrevista na noite da quarta-feira, na qual acusou a comunidade internacional de relaxar enquanto os sírios eram mortos.
Ele não especificou se o termo "intervenção" aludia a uma zona de exclusão aérea, que os rebeldes reivindicam há meses, a uma invasão terrestre, contra a qual a oposição alertou, ou ao envio de armas.
O dirigente acrescentou que a oposição avaliaria qualquer oferta de Assad para entregar o poder e deixar o país, mas não dará garantias até ver uma proposta concreta.
Em um novo golpe para o governo, um carro-bomba matou pelo menos 16 homens, mulheres e crianças em um bairro habitado por militares na cidade de Qatana, cerca de 25 quilômetros a sudoeste de Damasco, segundo ativistas e a imprensa estatal.
A TV pró-governo Al-Ikhbariya disse que outro carro-bomba foi detonado em al-Jadideh, um subúrbio de Damasco, matando oito pessoas, a maioria mulheres e crianças.
Além de conquistar territórios nos arredores de Damasco nas últimas semanas, os rebeldes também realizaram ataques dentro da capital, muitas vezes tendo como alvos edifícios dos serviços de segurança ou bairros considerados leais ao presidente.
(Reportagem adicional de Dominic Evans, em Beirute; de Samia Nakhoul e Khaled Yacoub Oweis, em Marrakech; e de Mohammed Abbas, em Londres)

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