© Colagem: Voz da
Rússia
|
Em entrevista exclusiva à Voz da Rússia por e-mail, um representante do grupo Anonymous falou das razões do conflito com WikiLeaks e de seu desenvolvimento alternativo – a plataforma online segura e descentralizada TYLER para publicação de informações importantes que governos de vários países escondem de seus cidadãos.
O lançamento da plataforma está previsto para 21 de dezembro.
John Robles: Por que é que os caminhos de
Anonymous e WikiLeaks se separaram?
Anonymous: O conflito surgiu em torno de
tecnologias de recolha forçada de fundos e a falta de transparência de
relatórios financeiros do WikiLeaks
.
R: Houve alegações de que Anonymous planejam
publicar documentos secretos sobre WikiLeaks, você poderia nos dizer mais sobre
isso?
A: A nossa organização irá publicar uma lista
detalhada do que nos parece ser violações éticas por parte do WikiLeaks. Não
houve quaisquer declarações que temos algum tipo de “materiais secretos”. A
informação que queremos publicar é informação para o uso interno do
WikiLeaks que vazou para nós. Uma organização que exige transparência
para o mundo inteiro deve antes de tudo ser transparente ela própria.
R: Se o WikiLeaks cair, como isso afetará
Julian Assange e sua situação atual?
A: Para
responder a esta pergunta, devemos primeiro definir exatamente o que é o
WikiLeaks. Na mídia é corrente o mito de que o WikiLeaks é uma
equipe enorme de ativistas que tomam decisões nos interesses da organização.
Isto não é assim. O WikiLeaks é o negócio de publicação de Julian
Assange, que o criou, manteve e controlou individualmente. Assim,
WikiLeaks e Asssange são a mesma pessoa.
Julian já ameaçou fechar o
projeto porque a recolha de fundos não estava ao nível das expectativas. Foi
então que a nossa organização começou planejando a criação de suas próprias
plataformas para publicação de material revelador. Julian precisa muito do
WikiLeaks, e ele é o único que pode fechar o projeto. Enquanto ele
estiver em dificuldades financeiras, não o fará, apesar de todas as declarações
em contrário. Mas isso levanta a questão: o que vai acontecer com o projeto se
não haver Julian? Eu acho que isso será o fim do WikiLeaks.
R: Em quê o TYLER será melhor que o
WikiLeaks?
A: O TYLER é um dos vários sites lançados por
Anonymous. Há o projeto Par-Anoia. No ano passado lançamos LocalLeaks e
HackerLeaks com o apoio da Frente de Libertação Popular (Peoples Liberation
Front). Cada uma dessas plataformas tem seus próprios pontos fortes, e todos são
importantes para a missão de Anonymous – encontrar um meio confiável, barato e
descentralizado de divulgar informação.
O TYLER é único em que não possui servidor fixo. No TYLER se
utiliza o princípio de rede descentralizada baseada na igualdade dos
participantes. Teoricamente, isto faz dele um análogo de BitCoin ou outras
plataformas P2P, uma vez que é impossível atacar ou fechar a plataforma. É
claro, que ela irá ser descentralizada minuciosamente.
R: Houve um motivo especial para escolher a
data de 21 de dezembro de 2012?
A: A data foi escolhida para coincidir com o mito
maia sobre o fim do mundo. Mas isso foi feito para fins de publicidade, e não
porque acreditamos nesse mito.
R: O que é feito dos membros de Anonymous que
foram acusados nos EUA? Onde estão e qual é a situação de seus casos em
tribunal?
A: O grupo
Anonymous 16 nos EUA: todos os seus membros foram acusados de envolvimento em
ataques DDoS contra sites políticos. Um dos membros foi acusado de organizar e
realizar ataques DDoS contra ativos online do roqueiro Gene Simmons do
grupo Kiss pelo seu forte apoio de leis de combate à pirataria.
Não sei onde está sendo julgado este caso, mas Simmons publicamente se gabou de
que esse homem foi preso.
O ativista Christopher Mark Doyon foi acusado de organizar e
participar em campanhas de DDoS em Santa Cruz (Califórnia) em resposta à
opressão de manifestantes locais. Seu julgamento está suspenso porque ele fugiu
para o Canadá e pediu lá asilo político.
Outros 14 ativistas são, por
vezes, distinguidos como o grupo PayPal 14 porque todos eles são acusados de
ajudar o famoso ataque DDoS contra o PayPal em defesa do WikiLeaks. O julgamento
contra eles está sendo protelado pelos procuradores dos EUA.
Jeremy Hammond, que foi supostamente um membro do grupo de hackers
LulzSec/AntiSec e um participante de Anonymous, é acusado de um ataque ao
servidor da empresa privada de recolha e analise de informações Stratfor e de
receber dados de e-mail. Estes materiais estão agora disponíveis no WikiLeaks.
Hammond foi negado fiança, e o processo de seu caso está avançando muito
lentamente.
O hacker de AntiSec conhecido como Neuron, recentemente se
declarou culpado do ataque aos servidores da Sony em 2011. Ele está aguardando
uma sentença. Há vários outros casos, incluindo LulzSec e outro grupo de hackers
chamado CabinCrew, sobre os quais eu não sei nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário