Comments
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Zagalo said...
Apesar
dos anos, lembro-me perfeitamente. Estava de passagem no Escritório
Central do Cais. Era sábado e o serviço era intenso. Apareceu um
estafeta dum despachante oficial com uma nota de embarque para o
Angoche, onde constavam granadas. O taxador fez questão de saber se elas
estavam ou não espoletadas, pois com espoleta eram consideradas
explosivos e pagavam uma taxa mais cara, o que não aconteceria se
estivessem despoletadas. O tipo voltou para trás regressou dizendo que
não, não estavam espoletadas. Ele calculou a nota.
Entretanto havia um funcionário dos CFM, já velhote, que ia para Porto Amélia de boleia, no Angoche. Ele e o carro. Era o José Pedro.
Quando foi dado o conhecimento do desaparecimento do navio, a pobre da esposa metia dó, tal era a sua aflição. Era de cortar o coração. A coitada lá ia todos os dias ao Escritório Central falar com o Inspetor, numa vâ esperança de notícias. Saía de lá a chorar e soube que a sua aflição e desgosto era tão grandes, que nunca mais se deitou na cama conjugal e dormia num tapete no chão, ao pé da mesma.
Passaram-se uns tempos e um ajudante de despachante, Tony, que trabalhava no despachante oficial Pelotas, que tinha assistido à largada derradeira do Angoche, foi morto misteriosamente em sua casa. O assassino, cortou a rede da janela e matou-o com uma faca. Foi tudo tão silencioso, que a mulher que dormia ao lado, nem deu por isso.
Houve quem relacionasse as duas coisas. Que ele teria hipoteticamente visto qualquer coisa e o tinham morto para o silenciar.
Talvez fosse verdade, ou não. Na altura, com a guerra a dois passos, corriam muitas notícias a meia voz, algumas verídicas, outras não.
Mal sonhávamos nós que três anos depois aquilo ia tudo para o beleleu, entregue pelo Acordo de Lusaka, de qualquer jeito. Que ironia. Ainda se tivesse havido um consenso entre todos os que lá estávamos, sem a imposição de leis marxistas, que hoje estão a ser abandonadas, por incoerência!...
Entretanto havia um funcionário dos CFM, já velhote, que ia para Porto Amélia de boleia, no Angoche. Ele e o carro. Era o José Pedro.
Quando foi dado o conhecimento do desaparecimento do navio, a pobre da esposa metia dó, tal era a sua aflição. Era de cortar o coração. A coitada lá ia todos os dias ao Escritório Central falar com o Inspetor, numa vâ esperança de notícias. Saía de lá a chorar e soube que a sua aflição e desgosto era tão grandes, que nunca mais se deitou na cama conjugal e dormia num tapete no chão, ao pé da mesma.
Passaram-se uns tempos e um ajudante de despachante, Tony, que trabalhava no despachante oficial Pelotas, que tinha assistido à largada derradeira do Angoche, foi morto misteriosamente em sua casa. O assassino, cortou a rede da janela e matou-o com uma faca. Foi tudo tão silencioso, que a mulher que dormia ao lado, nem deu por isso.
Houve quem relacionasse as duas coisas. Que ele teria hipoteticamente visto qualquer coisa e o tinham morto para o silenciar.
Talvez fosse verdade, ou não. Na altura, com a guerra a dois passos, corriam muitas notícias a meia voz, algumas verídicas, outras não.
Mal sonhávamos nós que três anos depois aquilo ia tudo para o beleleu, entregue pelo Acordo de Lusaka, de qualquer jeito. Que ironia. Ainda se tivesse havido um consenso entre todos os que lá estávamos, sem a imposição de leis marxistas, que hoje estão a ser abandonadas, por incoerência!...
3
Pedro Marinho said...
Dinho,
espero que sejas quem eu conheço - Quem foram senão os comunas ( URSS )
que fez esta acção? Tens que ler mais a história da Guerra Colonial
Portuguesa. Quer se goste ou não a Pátria está acima de qualquer estado
de espirito.
4
dinho said...
E
os culpados de tudo são russos, pois claro só eles é que tiveram as
capacidades bélicas e mais ningém...e também roubaram o camarão
moçambicano...pois claro
5
rjmb said...
Na
altura eu trabalhava na firma de reparações navais, que reparou muitas
vezes o Angoche e que posteriormente adquiriu o navio.Lembra-me que o
tal estranho passageiro ia a acompanhar o carro que queria levar para o
norte e teve uma autorização especial para isso. Ainda conheci o
comandante e o chefe de máquinas. Guardei durante muito tempo um prato e
uma chávena com vidro derretido que tinha caído pelo calor da bomba de
napalm(?).Uma curiosidade:Quando o Angoche entrou no porto de L.M.
estava a ser guiado por um comandante chamado Spínola. Ainda vi algumas
fotos da cabina do telégrafo, não sei tiradas por quem . Enfim um
mistério que perdura-. rjmb
6
João Cabrita said...
Johnny
Craven levanta uma questão deveras interessante quando diz que “O pós
Independência veio modificar a Frelimo para um ‘encosto’ mais para a
URSS mas somente em teoria na praxis a aplicação era mais
maoísta…exempli gratia: os grupos dinamizadores ou dinamitadores
lembrando um pouco a Revolução cultural na China …com as famosas
auto-críticas…filhos a denunciarem pais etc …e envio das pessoas das
cidades…para os mortíferos campos agrícolas … “
De facto, a praxis frelimista era uma mesclada de tudo isso e de outras coisas mais. Se analisarmos o regime instaurado após a independência, detectamos traços não apenas maoístas, mas também cubanos, tanzanianos, kampucheanos, soviéticos. Mas no fundo, o regime assentava num sistema cujas origens se situavam em Moscovo, e lá nisso os dirigentes do Partido Frelimo eram coerentes para consigo próprios, defendendo a rigor esse princípio.
A chamada “socialização do campo”, mormente a criação de aldeias comunais teve muita influência das ujamaa tanzanianas, da mesma forma que a Operação Produção se inspirou nos ensinamentos do mwalimu e da sua “Operação Tanzânia”. Ambas tiveram o mesmo objectivo, e também as mesmas consequências desastrosas. Pena é que os detentores da “linha correcta” não tivessem “interiorizado” os erros e as “insuficiências” do mwalimu, com a agravante de terem vivido mais de 10 anos na Tanzânia, tempo mais do que suficiente para poderem diferenciar entre o viável e o praticável, o certo e o errado.
O traço cubano mais visível do regime foi a forma como a comunicação social, sob a batuta do DTIP, se referia a Machel. Ele era o “dirigente máximo da revolução moçambicana” (em Cuba, ainda hoje é feita referência ao “jefe máximo de la revolución”), que fazia questão de envergar o verde olivo da guerrillha cubana, e até o corte era à Fidel, se bem que o costureiro – dizem – fosse português. Em discursos, Machel costumava referir-se aos “terratenientes” termo emprestado do castelhano, cujo equivalente em português nem Machel nem os seus pares daFrelimo desconheciam. Os traços não tão visíveis da influência cubana vêmo-los no sector da segurança. Embora treinada por pessoal da RDA imediatamente a seguir à independência, a segurança moçambicana passou, aí por volta de 1977, beneficiar dos conhecimentos e experiência cubanos no âmbito de acordos bilaterais. Se Cuba tinha um departamento de “Lucha Contra Bandidos” (os LCB), o Snap passou a ter um “Gabinente de Luta Contra Bandidos” (os GLCB), e se os compañeros de Havana lutavam contra os “bandidos” de Escambray, em Moçambique lutava-se contra os “bandidos armados” do apartheid (recrutados, treinados, equipados, municiados, instrumentalizados, infiltrados.... como repetia, ad nauseum, a ladaínha da dupla Rebelo-Cabaço)
A reeducação? As guias de marcha? Os grupos dinamizadores? Sem dúvida a China também os tinha mas daí a se concluir terem sido ela a fonte de influência da Frelimo não é necessariamente correcto. A reeducação surgiu na União Soviética e os respectivos campos de trabalho (forçado) ficarão para sempre associados à Sibéria. Os grupos dinamizadores, uma variante dos comités do partido aos vários escalões, idem, aspas.
A deportação de cidadãos para o Niassa, que se tornou em obsessão duma Frelimo apostada em repovoar a maior e a mais despovoada província do país (mercê de políticas esclavagistas seguidas ao longo dos séculos por negreiros árabes e europeus, e dos inevitáveis fluxos migratórios para países vizinhos), poderia ser equiparada à política do “ano zero” das gentes de Pol Pot, posta em prática no Kampuchea logo a seguir à queda de Phnom Penh. O mesmo se poderia dizer do sistema de reeducação seguido nesse país e no Vietename, mas isso não faz da Frelimo um movimento pol potista ou pró-vietenamita. Antes de Mao, Pol Pot e dos vietcong já a União Soviética deportava pessoas para campos de trabalho. Todos eles se guiaram pela mesma cartilha.
Creio que a grande influência localizar-se-á sempre em Moscovo e, por força das circunstâncias, no regime stalinista. A perseguição religiosa, a destruição das burguesias, a campanha contra correntes intelectuais e valores culturais não conotados com o regime, a erradicação de todas as tendências políticas não ligadas ao partido único, os julgamentos em massa, a criação duma polícia política, entre outros, tudo isso são traços característicos do regime stalinista e que a Frelimo copiou a rigor, com a particularidade de ter usado da força militar (que era a sua verdadeira base social de sustentação) para impôr a sua linha de pensamento.
Não obstante todas as influências externas, o regime da Frelimo permaneceria fiel ao princípio ideológico de que Moscovo estava para os comunistas como Fátima para os Católicos ou Meca para os muçulamos. A Frelimo, como enunciou o regime, não contribiuiria nunca para a divisão da grande família e se necessário fosse, condenaria os desavindos, como foi o caso da China por ter invandido o Vietename. Marcelino dos Santos foi e é um influente membro dessa família e não há indícios de que se tenha desviado da linha preconizada.
De facto, a praxis frelimista era uma mesclada de tudo isso e de outras coisas mais. Se analisarmos o regime instaurado após a independência, detectamos traços não apenas maoístas, mas também cubanos, tanzanianos, kampucheanos, soviéticos. Mas no fundo, o regime assentava num sistema cujas origens se situavam em Moscovo, e lá nisso os dirigentes do Partido Frelimo eram coerentes para consigo próprios, defendendo a rigor esse princípio.
A chamada “socialização do campo”, mormente a criação de aldeias comunais teve muita influência das ujamaa tanzanianas, da mesma forma que a Operação Produção se inspirou nos ensinamentos do mwalimu e da sua “Operação Tanzânia”. Ambas tiveram o mesmo objectivo, e também as mesmas consequências desastrosas. Pena é que os detentores da “linha correcta” não tivessem “interiorizado” os erros e as “insuficiências” do mwalimu, com a agravante de terem vivido mais de 10 anos na Tanzânia, tempo mais do que suficiente para poderem diferenciar entre o viável e o praticável, o certo e o errado.
O traço cubano mais visível do regime foi a forma como a comunicação social, sob a batuta do DTIP, se referia a Machel. Ele era o “dirigente máximo da revolução moçambicana” (em Cuba, ainda hoje é feita referência ao “jefe máximo de la revolución”), que fazia questão de envergar o verde olivo da guerrillha cubana, e até o corte era à Fidel, se bem que o costureiro – dizem – fosse português. Em discursos, Machel costumava referir-se aos “terratenientes” termo emprestado do castelhano, cujo equivalente em português nem Machel nem os seus pares daFrelimo desconheciam. Os traços não tão visíveis da influência cubana vêmo-los no sector da segurança. Embora treinada por pessoal da RDA imediatamente a seguir à independência, a segurança moçambicana passou, aí por volta de 1977, beneficiar dos conhecimentos e experiência cubanos no âmbito de acordos bilaterais. Se Cuba tinha um departamento de “Lucha Contra Bandidos” (os LCB), o Snap passou a ter um “Gabinente de Luta Contra Bandidos” (os GLCB), e se os compañeros de Havana lutavam contra os “bandidos” de Escambray, em Moçambique lutava-se contra os “bandidos armados” do apartheid (recrutados, treinados, equipados, municiados, instrumentalizados, infiltrados.... como repetia, ad nauseum, a ladaínha da dupla Rebelo-Cabaço)
A reeducação? As guias de marcha? Os grupos dinamizadores? Sem dúvida a China também os tinha mas daí a se concluir terem sido ela a fonte de influência da Frelimo não é necessariamente correcto. A reeducação surgiu na União Soviética e os respectivos campos de trabalho (forçado) ficarão para sempre associados à Sibéria. Os grupos dinamizadores, uma variante dos comités do partido aos vários escalões, idem, aspas.
A deportação de cidadãos para o Niassa, que se tornou em obsessão duma Frelimo apostada em repovoar a maior e a mais despovoada província do país (mercê de políticas esclavagistas seguidas ao longo dos séculos por negreiros árabes e europeus, e dos inevitáveis fluxos migratórios para países vizinhos), poderia ser equiparada à política do “ano zero” das gentes de Pol Pot, posta em prática no Kampuchea logo a seguir à queda de Phnom Penh. O mesmo se poderia dizer do sistema de reeducação seguido nesse país e no Vietename, mas isso não faz da Frelimo um movimento pol potista ou pró-vietenamita. Antes de Mao, Pol Pot e dos vietcong já a União Soviética deportava pessoas para campos de trabalho. Todos eles se guiaram pela mesma cartilha.
Creio que a grande influência localizar-se-á sempre em Moscovo e, por força das circunstâncias, no regime stalinista. A perseguição religiosa, a destruição das burguesias, a campanha contra correntes intelectuais e valores culturais não conotados com o regime, a erradicação de todas as tendências políticas não ligadas ao partido único, os julgamentos em massa, a criação duma polícia política, entre outros, tudo isso são traços característicos do regime stalinista e que a Frelimo copiou a rigor, com a particularidade de ter usado da força militar (que era a sua verdadeira base social de sustentação) para impôr a sua linha de pensamento.
Não obstante todas as influências externas, o regime da Frelimo permaneceria fiel ao princípio ideológico de que Moscovo estava para os comunistas como Fátima para os Católicos ou Meca para os muçulamos. A Frelimo, como enunciou o regime, não contribiuiria nunca para a divisão da grande família e se necessário fosse, condenaria os desavindos, como foi o caso da China por ter invandido o Vietename. Marcelino dos Santos foi e é um influente membro dessa família e não há indícios de que se tenha desviado da linha preconizada.
7
Johnny said...
Cronologia
um pouco embrulhada...por omissões e falta de outros detalhes
importantes...como essa expulsão de Marcelino dos Santos de Tanzania por
razões de discriminação devido a ser mestiço e nome totalmente
português...por exemplo...e a sua opção de eterno nº 2 também não
revelo... (sou livre e reservo -me o direito para tal)...nem sempre o
que aparenta ser é real...e nem sempre os relatórios ou análises de
longe e feitos na época correspondem à realidade (de ambos os lados há
muita desinformação junta devido à propaganda)...há também outros
pressupostos condicionantes devido ao jogo político da necessidade dos
apoios e só sendo naive se acreditaria numa pureza ou isenção de
critérios e omissões de “solidariedade” para com este ou aquele País…o
importante para os movimentos de libertação da altura era continuar a
luta e sobreviver…e não entrarem em “filiações” geo – estratégicas dos
blocos e das potências da guerra fria…os movimentos libertários (simples
peões) estavam espartilhados e tinham de saber como sobreviver mantendo
alguma autonomia…só quem esteve lá pode compreender as dificuldades…o
resto são teorias pós ano 2000 depois de mais de 40 anos…analisando
comodamente instalado em sofá numa sala com ar condicionado…O pós
Independência veio modificar a Frelimo para um “encosto” mais para a
URSS mas somente em teoria na praxis a aplicação era mais
maoísta…exempli gratia: os grupos dinamizadores ou dinamitadores
lembrando um pouco a Revolução cultural na China …com as famosas
auto-críticas…filhos a denunciarem pais etc …e envio das pessoas das
cidades…para os mortíferos campos agrícolas …
...antes e mesmo pouco depois da Independência a FRELIMO era mais "pró Maoísta"...e é por isso que a última visita de SM de agradecimento como líder guerrilheiro foi feita à China – Pequim na altura...e Marcelino dos Santos esteve sim a viver na China...não direi quando...investigue mais...estou farto de dar elementos para serem publicados...além disso na sua bio de MS falta a passagem dele pela Sourbonne em Sociologia e as suas ligações com Georges Marchais e o PCF e com Ho Chi Min...e não é por acaso que com a ofensiva da Operação Nó Górdio do Gen. Kaulza de Arriaga a FRELIMO e SM e comitiva guerrilheira tenham ido ao Vietnam do Norte “receber aulas” do génio militar Marechal Nguien Vo Giap … e não à URSS…para suster o avanço militar português no bastião sobretudo de Cabo Delgado do plateau de Mueda em diante…
Mas como dogmaticamente parece ter todas as respostas para quê me esforçar...e cansar os leitores?!
Assim seja como deseja que seja! Amén!
Um Abraço para além da dimensão da História,
Johnny Craven
...antes e mesmo pouco depois da Independência a FRELIMO era mais "pró Maoísta"...e é por isso que a última visita de SM de agradecimento como líder guerrilheiro foi feita à China – Pequim na altura...e Marcelino dos Santos esteve sim a viver na China...não direi quando...investigue mais...estou farto de dar elementos para serem publicados...além disso na sua bio de MS falta a passagem dele pela Sourbonne em Sociologia e as suas ligações com Georges Marchais e o PCF e com Ho Chi Min...e não é por acaso que com a ofensiva da Operação Nó Górdio do Gen. Kaulza de Arriaga a FRELIMO e SM e comitiva guerrilheira tenham ido ao Vietnam do Norte “receber aulas” do génio militar Marechal Nguien Vo Giap … e não à URSS…para suster o avanço militar português no bastião sobretudo de Cabo Delgado do plateau de Mueda em diante…
Mas como dogmaticamente parece ter todas as respostas para quê me esforçar...e cansar os leitores?!
Assim seja como deseja que seja! Amén!
Um Abraço para além da dimensão da História,
Johnny Craven
8
João Cabrita said...
Johnny Craven afirma que Marcelino dos Santos nunca foi pró-soviético, mas
sim pró-chinês, e que terá vivido na China de Mao.
Embora respeitando o direito de Craven a uma opinião, não posso aceitar como
válidos os seus argumentos.
Desde os finais de 1969 (na sequência do afastamento de Uria Simango da
Frelimo) até ao 5° Congresso desse partido (depois da instauração do
multiparidarismo em Moçambique, na década de 90, Marcelino dos Santos foi sempre o número
dois na hierarquia dirigente. A postura desse partido ao longo desse período
terá necessariamente de reflectir a ideologia, os princípios e os pontos de
vista de quem se encontra em posição cimeira.
É, pois, estranho, que um partido sob a influência de um suposto maoísta,
não tenha condenado a União Soviética pela invasão e ocupação da
Checoslováquia; tenha condenado a China por ter invadido o Vietename; tenha
votado, na Assembleia Geral das Nações Unidas, contra uma resolução
condenando a invasão do Afeganistão por essa mesma União Soviética, e tenha
sistematicamente apaparicado o conceito soviético de não-alinhamento em que
o bloco comunista era tido como parte integrante do respectivo movimento.
Johnny Craven poderá argumentar que Marcelino dos Santos era um
dissidente, cuja postura foi sempre a de um maoísta e que por disciplina
partidária não podia distanciar-se, publicamente, dos seus pares. Até poderia ser esse o
caso, mas os factos demonstram o contrário. No decurso de uma reunião da
Comecon (bloco económico tutelado por Moscovo e do qual a China não fazia
parte), realizada em Berlin (RDA) em Outubro de 1983, Marcelino dos Santos
reafirmou a sua posição de marxista fiel à linha de Moscovo. E fê-lo em
declarações de carácter pessoal à imprensa.
Quanto a ter vivido na China comunista, isso não coincide com os factos: nos
finais da década de 40 sai de Moçambique para cursar engenharia no IST de
Lisboa. Em 1951 abandona Portugal passando a viver em França. Em 1953
participa num Festival Mundial da Juventude realizado em Bucareste,
regressando a França no termo desse evento. Em 1954 visita a China e é recebido, como parte da
delegação que integrava, por Chou En Lai. Em 1955, viajando da França, onde
continuou a viver, participa numa reunião da juventude em Varsóvia. Dois
anos mais tarde vêmo-lo em Moscovo para mais um festival da juventude.
Regressa a França de onde é expulso em Janeiro de 1960, passando a viver em
Marrocos. Em Abril do ano seguinte filia-se na Udenamo de Adelino Gwambe,
representando esse movimento e depois a Frelimo nesse país. Creio que desta data
em diante não vale a pena seguir as pegadas de quem esteve sempre ligado à
Frelimo, em Dar es Salaam até 1974, e em Moçambique desde essa data até ao
presente. Resta apenas que o Johnny Craven nos indique a data em que Marcelino dos
Santos terá vivio na China.
Johnny Craven insiste que o PCP não tinha qualquer influência sobre a ARA. Narciso Raimundo e Jaime Serra, membros dessa organização, publicaram dois livros, um deles com título bastante sugestivo: ARA — Acção Revolucionária Armada: a História Secreta do Braço Armado do PCP (Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2000, 409 páginas). O livro de Jaime Serra, As Explosões Que Abalaram o Fascismo (Lisboa, Editorial Avante!, 1999, 143 páginas) estabelece de forma inequívoca as ligações da ARA ao PCP.
Quanto ao resto, nada tenho a comentar, excepto no que se refere às declarações de Orlando Cristina por mim citadas. O que ele me contou até nem estabelece qualquer ligação da Frelimo ao caso Angoche. Apenas referiu que a sabotagem do Angoche fora em represália contra um golpe de mão da marinha de guerra sul-africana contra um navio ancorado no porto de Dar es Salaam. Citei-as apenas como contributo para o esclarecimento do caso Angoche. E poderia, neste contexto, acrescentar que vi num jornal português, a fotografia tida como sendo de um dos membros da tripulação do Angoche, extraída de um jornal de Hong Kong, se não estou em erro, e cuja legenda referia que a mesma fora tirada em Nachingwea. Certamente que poderá constituir pura fantasia, mas não deixa de ser uma pista para os que estão interessados em aprofundar o referido caso.
sim pró-chinês, e que terá vivido na China de Mao.
Embora respeitando o direito de Craven a uma opinião, não posso aceitar como
válidos os seus argumentos.
Desde os finais de 1969 (na sequência do afastamento de Uria Simango da
Frelimo) até ao 5° Congresso desse partido (depois da instauração do
multiparidarismo em Moçambique, na década de 90, Marcelino dos Santos foi sempre o número
dois na hierarquia dirigente. A postura desse partido ao longo desse período
terá necessariamente de reflectir a ideologia, os princípios e os pontos de
vista de quem se encontra em posição cimeira.
É, pois, estranho, que um partido sob a influência de um suposto maoísta,
não tenha condenado a União Soviética pela invasão e ocupação da
Checoslováquia; tenha condenado a China por ter invadido o Vietename; tenha
votado, na Assembleia Geral das Nações Unidas, contra uma resolução
condenando a invasão do Afeganistão por essa mesma União Soviética, e tenha
sistematicamente apaparicado o conceito soviético de não-alinhamento em que
o bloco comunista era tido como parte integrante do respectivo movimento.
Johnny Craven poderá argumentar que Marcelino dos Santos era um
dissidente, cuja postura foi sempre a de um maoísta e que por disciplina
partidária não podia distanciar-se, publicamente, dos seus pares. Até poderia ser esse o
caso, mas os factos demonstram o contrário. No decurso de uma reunião da
Comecon (bloco económico tutelado por Moscovo e do qual a China não fazia
parte), realizada em Berlin (RDA) em Outubro de 1983, Marcelino dos Santos
reafirmou a sua posição de marxista fiel à linha de Moscovo. E fê-lo em
declarações de carácter pessoal à imprensa.
Quanto a ter vivido na China comunista, isso não coincide com os factos: nos
finais da década de 40 sai de Moçambique para cursar engenharia no IST de
Lisboa. Em 1951 abandona Portugal passando a viver em França. Em 1953
participa num Festival Mundial da Juventude realizado em Bucareste,
regressando a França no termo desse evento. Em 1954 visita a China e é recebido, como parte da
delegação que integrava, por Chou En Lai. Em 1955, viajando da França, onde
continuou a viver, participa numa reunião da juventude em Varsóvia. Dois
anos mais tarde vêmo-lo em Moscovo para mais um festival da juventude.
Regressa a França de onde é expulso em Janeiro de 1960, passando a viver em
Marrocos. Em Abril do ano seguinte filia-se na Udenamo de Adelino Gwambe,
representando esse movimento e depois a Frelimo nesse país. Creio que desta data
em diante não vale a pena seguir as pegadas de quem esteve sempre ligado à
Frelimo, em Dar es Salaam até 1974, e em Moçambique desde essa data até ao
presente. Resta apenas que o Johnny Craven nos indique a data em que Marcelino dos
Santos terá vivio na China.
Johnny Craven insiste que o PCP não tinha qualquer influência sobre a ARA. Narciso Raimundo e Jaime Serra, membros dessa organização, publicaram dois livros, um deles com título bastante sugestivo: ARA — Acção Revolucionária Armada: a História Secreta do Braço Armado do PCP (Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2000, 409 páginas). O livro de Jaime Serra, As Explosões Que Abalaram o Fascismo (Lisboa, Editorial Avante!, 1999, 143 páginas) estabelece de forma inequívoca as ligações da ARA ao PCP.
Quanto ao resto, nada tenho a comentar, excepto no que se refere às declarações de Orlando Cristina por mim citadas. O que ele me contou até nem estabelece qualquer ligação da Frelimo ao caso Angoche. Apenas referiu que a sabotagem do Angoche fora em represália contra um golpe de mão da marinha de guerra sul-africana contra um navio ancorado no porto de Dar es Salaam. Citei-as apenas como contributo para o esclarecimento do caso Angoche. E poderia, neste contexto, acrescentar que vi num jornal português, a fotografia tida como sendo de um dos membros da tripulação do Angoche, extraída de um jornal de Hong Kong, se não estou em erro, e cuja legenda referia que a mesma fora tirada em Nachingwea. Certamente que poderá constituir pura fantasia, mas não deixa de ser uma pista para os que estão interessados em aprofundar o referido caso.
9
johnny said...
..."Isto
e muito estranho. Nao sei bem porque, alias ha varias possibilidades:
pode haver um grande segredo no caso, ou o periodo era instavel e a
gente imaginou muito mais do que havia, ou gente tem hoje vergonha do
caso?, etc.
Com quem valia a pena falar? O Victor Crespo, gente do ARA? Se tiver contacto, estaria interessado."...in Eric Morier-Genoud
...........................
1. Assuntos tidos como secretos da Guerra colonial nunca serão revelados pelas autoridades militares e políticas de hoje. Mentalidade portuguesa não é mentalidade americana ou inglesa ou francesa outra europeia.
Essa geração da guerra colonial está a desaparecer e os que ficaram ainda se encontram traumatizada.
2. Marcelino dos Santos nunca foi pró-soviético mas sim pró - chinês e viveu na China de Mao Tse Tung onde foi apadrinhado por este...substituindo Adelino Gwambe anterior a esse apadrinhamento...Foi protegido de Georges Marché do PC Francês na década de 50/60 e pela ala menos pró-soviética...
3. Na década de 1960 circularam clandestinamente em Lço Marques fotos de Mao Tse Tung em amena conversa com Marcelino dos Santos na China.
4. Definitivamente repito: Nunca houve envolviemtno ou conhecimento directo do caso Angoche pela Frelimo em Tanzania. Sem d+uvida foi uma acção entre portugueses e o resto são detalhes técnicos militares e obviamente a PIDE (ultrapassada pelos eventos) nunc apoderia se sentir confortável e dar informações mas sim contra - informações para enganar o cidadão. E Orlando Cristina presumia saber mais do que não sabia. E em parte funcionou para enganar o "curioso" do que acontecia. Técnica de iludir as informações desviando-as e embaralhando-as. Por isso não pode ser uma fonte credível.
5. Há matéria que nunca se pode confirmar por relatórios das próprias polícias (secretas) muitas vezes utilizando documentos meio forjados deixados intencionalmente nos arquivos para os futuros pesquisadores tirarem ilações precipitadas e erradas....sempre foi uma prática corrente...
6. O PCP - Partido Comunista português nunca teve controlo da ARA...e ao confirmar algo que não tinha praticado era fazer a propaganda do rival...o que em propaganda nunca se faz...opta-se pelo silêncio.
Com quem valia a pena falar? O Victor Crespo, gente do ARA? Se tiver contacto, estaria interessado."...in Eric Morier-Genoud
...........................
1. Assuntos tidos como secretos da Guerra colonial nunca serão revelados pelas autoridades militares e políticas de hoje. Mentalidade portuguesa não é mentalidade americana ou inglesa ou francesa outra europeia.
Essa geração da guerra colonial está a desaparecer e os que ficaram ainda se encontram traumatizada.
2. Marcelino dos Santos nunca foi pró-soviético mas sim pró - chinês e viveu na China de Mao Tse Tung onde foi apadrinhado por este...substituindo Adelino Gwambe anterior a esse apadrinhamento...Foi protegido de Georges Marché do PC Francês na década de 50/60 e pela ala menos pró-soviética...
3. Na década de 1960 circularam clandestinamente em Lço Marques fotos de Mao Tse Tung em amena conversa com Marcelino dos Santos na China.
4. Definitivamente repito: Nunca houve envolviemtno ou conhecimento directo do caso Angoche pela Frelimo em Tanzania. Sem d+uvida foi uma acção entre portugueses e o resto são detalhes técnicos militares e obviamente a PIDE (ultrapassada pelos eventos) nunc apoderia se sentir confortável e dar informações mas sim contra - informações para enganar o cidadão. E Orlando Cristina presumia saber mais do que não sabia. E em parte funcionou para enganar o "curioso" do que acontecia. Técnica de iludir as informações desviando-as e embaralhando-as. Por isso não pode ser uma fonte credível.
5. Há matéria que nunca se pode confirmar por relatórios das próprias polícias (secretas) muitas vezes utilizando documentos meio forjados deixados intencionalmente nos arquivos para os futuros pesquisadores tirarem ilações precipitadas e erradas....sempre foi uma prática corrente...
6. O PCP - Partido Comunista português nunca teve controlo da ARA...e ao confirmar algo que não tinha praticado era fazer a propaganda do rival...o que em propaganda nunca se faz...opta-se pelo silêncio.
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Eric Morier-Genoud said...
Os arquivos da Pide tem os seus limites. Mas algumas coisas trazem:
1.- o navio queimou a seguir da explosao de duas bombas (uma posta contra o chemine e outra num ventilador). A bomba contra o chemine tinha sido reforcada com "grenadas fosfato".
2.- As bombas era feitas com explosivo de tipo militar. Accionado com relogios. Suspeita a Pide que as bombas foram postas em Nacala.
3.- O material militar transportado no Angoche nao foi levado/roubado. A Pide encontrou-o no barco, em caixas ainda fechadas.
Em outras palavra, nao houve bombardeamento nem provavelmente rapto. Acto de sabotagem, provavelmente feito em Nacala. Talvez pelo ARA - mas este so uma unica vez diz que era ele. A seguir nunca mais falou do caso.
Ha um livro sobre o caso Angoche. Nao muito bom, mas com muitos documentos (Metzner Leone). Este como as diferente teorias que existem sobre o caso mostram uma situacao estranha. Muita teoria do complot, muito segredismo ou recusa de falar do assunto (por parte do governo portugues, da Frelimo, do ARA, do PCP, etc.), etc.
Isto e muito estranho. Nao sei bem porque, alias ha varias possibilidades: pode haver um grande segredo no caso, ou o periodo era instavel e a gente imaginou muito mais do que havia, ou gente tem hoje vergonha do caso?, etc.
Com quem valia a pena falar? O Victor Crespo, gente do ARA? Se tiver contacto, estaria interessado.
1.- o navio queimou a seguir da explosao de duas bombas (uma posta contra o chemine e outra num ventilador). A bomba contra o chemine tinha sido reforcada com "grenadas fosfato".
2.- As bombas era feitas com explosivo de tipo militar. Accionado com relogios. Suspeita a Pide que as bombas foram postas em Nacala.
3.- O material militar transportado no Angoche nao foi levado/roubado. A Pide encontrou-o no barco, em caixas ainda fechadas.
Em outras palavra, nao houve bombardeamento nem provavelmente rapto. Acto de sabotagem, provavelmente feito em Nacala. Talvez pelo ARA - mas este so uma unica vez diz que era ele. A seguir nunca mais falou do caso.
Ha um livro sobre o caso Angoche. Nao muito bom, mas com muitos documentos (Metzner Leone). Este como as diferente teorias que existem sobre o caso mostram uma situacao estranha. Muita teoria do complot, muito segredismo ou recusa de falar do assunto (por parte do governo portugues, da Frelimo, do ARA, do PCP, etc.), etc.
Isto e muito estranho. Nao sei bem porque, alias ha varias possibilidades: pode haver um grande segredo no caso, ou o periodo era instavel e a gente imaginou muito mais do que havia, ou gente tem hoje vergonha do caso?, etc.
Com quem valia a pena falar? O Victor Crespo, gente do ARA? Se tiver contacto, estaria interessado.
11
João Cabrita said...
O facto das relações entre a Frelimo e os chineses, aquando do caso Angoche,
serem boas, não significa que os soviéticos tivessem sido postos de lado.
Marcelino dos Santos e outras figuras de proa da Frelimo não se tornaram
pró-soviéticos depois do 25 de Abril - já o eram antes da fundação da
Frelimo em 1962 e permaneceram como tais quando a Frente de Libertação de
Moçambique era liderada por um fiel aliado dos Estados Unidos (Eduardo
Mondlane).
JohnyK, segundo ele próprio nos conta, encontrava-se em Dar es Salaam quando
se deu o caso Angoche. A Tanzânia não se circunscreve à capital do país. E
o acordo firmado entre o governo tanzaniano e o Comité de Libertação da OAU
pouco signifca, especialmente quando visto à luz da política externa
tanzaniana. Por exemplo, o governo tanzaniano permitiu que um contingente
cubano operasse no vizinho Congo (actual RDC) a partir da Tanzânia. Esse
contigente contava com o apoio soviético, tendo regressado a Cuba em aviões
da Aeroflot que descolaram de Dar es Salaam.
Embora as investigações iniciais da PIDE indicassem que os tripulaantes do
Angoche teria sido devorada por tubarões, posteriormente ela terá obtido
informações de que os referidos tripulantes teriam sido raptados.
Suspeitava-se que a Tanzânia teria sido o país de acolhimento.
Segundo Orlando Cristina, o caso Angoche teve a ver como uma medida de
retaliação contra a sabotagem, e afundamento, de um navio que se encontrava
ancorado no porto de Dar es Salaam. Não posso precisar se esse navio era
chinês ou soviético, mas não será difícil obter a confirmação junto dos
tanzanianos. Cristina precisou que a acção de sabotagem fora levada a cabo
pela marinha de guerra sul-africana, mas que Portugal foi, obviamente,
considerado como o único suspeito.
Os arquivos da PIDE que se encontram na Torre do Tombo estão incompletos.
Elementos do PCP afectos ao MFA apoderaram-se de certos documentos da PIDE,
os quais, segundo li na imprensa portuguesa, teriam sido entregues à União
Soviética. Entre os militares portugueses que recolheram os arquivos da PIDE
na Beira, pelo menos um era militante do PCP. Tenho fotocópias de alguns
desses documentos que me foram facultadas por esse militante, natural do
Porto, e que conheci antes do 25 de Abril quando ele cumpria serviço militar
em Moçambique como parte dum contigente proveniente de Portugal. Na Beira, a
suspeita de envolvimento de membros das Forças Armadas Portuguesas no caso
Angoche ganhou novos contornos quando uma cidadã portuguesa, que trabalhava
num cabaret e conhecida por estar bem relacionada com um oficial da marinha
de guerra portuguesa, se "suicidou", atirando-se do último andar de um
prédio... só que a autópsia revelou que ela havia sido estrangulada. (Para
quem viveu na Beira, o prédio era popularmente conhecida por "Mira-Mortos"
por se situar nas traseiras do cemitério daquela urbe.)
As fotografias do Angoche, tiradas depois do navio ter sido encontrado à
deriva e que foram publicadas na imprensa (o navio chegou a estar ancorado
na Baía de Maputo), não revelam indícios de ter sido alvo de um
bombardeamento aéreo. Bombas Napalm? Pensei que fossem utilizadas como
desfolhantes e não contra alvos metálicos, como um navio de grande porte.
E os FIAT não teriam sido detectados a descolar duma base aérea moçambicana?
Os entendidos em questões militares é que poderiam esclarecer.
Desconhecia que a ARA (Acção Revolucionária Armada) fosse um facção
dissidente do PCP. O certo é que para além do Angoche a ARA sabotou um outro
navio carregado de material de guerra (no porto de Lisboa/Alcântara), para
além da Base Aérea de Tancos. O PCP nunca condenou nenhuma dessas acções.
serem boas, não significa que os soviéticos tivessem sido postos de lado.
Marcelino dos Santos e outras figuras de proa da Frelimo não se tornaram
pró-soviéticos depois do 25 de Abril - já o eram antes da fundação da
Frelimo em 1962 e permaneceram como tais quando a Frente de Libertação de
Moçambique era liderada por um fiel aliado dos Estados Unidos (Eduardo
Mondlane).
JohnyK, segundo ele próprio nos conta, encontrava-se em Dar es Salaam quando
se deu o caso Angoche. A Tanzânia não se circunscreve à capital do país. E
o acordo firmado entre o governo tanzaniano e o Comité de Libertação da OAU
pouco signifca, especialmente quando visto à luz da política externa
tanzaniana. Por exemplo, o governo tanzaniano permitiu que um contingente
cubano operasse no vizinho Congo (actual RDC) a partir da Tanzânia. Esse
contigente contava com o apoio soviético, tendo regressado a Cuba em aviões
da Aeroflot que descolaram de Dar es Salaam.
Embora as investigações iniciais da PIDE indicassem que os tripulaantes do
Angoche teria sido devorada por tubarões, posteriormente ela terá obtido
informações de que os referidos tripulantes teriam sido raptados.
Suspeitava-se que a Tanzânia teria sido o país de acolhimento.
Segundo Orlando Cristina, o caso Angoche teve a ver como uma medida de
retaliação contra a sabotagem, e afundamento, de um navio que se encontrava
ancorado no porto de Dar es Salaam. Não posso precisar se esse navio era
chinês ou soviético, mas não será difícil obter a confirmação junto dos
tanzanianos. Cristina precisou que a acção de sabotagem fora levada a cabo
pela marinha de guerra sul-africana, mas que Portugal foi, obviamente,
considerado como o único suspeito.
Os arquivos da PIDE que se encontram na Torre do Tombo estão incompletos.
Elementos do PCP afectos ao MFA apoderaram-se de certos documentos da PIDE,
os quais, segundo li na imprensa portuguesa, teriam sido entregues à União
Soviética. Entre os militares portugueses que recolheram os arquivos da PIDE
na Beira, pelo menos um era militante do PCP. Tenho fotocópias de alguns
desses documentos que me foram facultadas por esse militante, natural do
Porto, e que conheci antes do 25 de Abril quando ele cumpria serviço militar
em Moçambique como parte dum contigente proveniente de Portugal. Na Beira, a
suspeita de envolvimento de membros das Forças Armadas Portuguesas no caso
Angoche ganhou novos contornos quando uma cidadã portuguesa, que trabalhava
num cabaret e conhecida por estar bem relacionada com um oficial da marinha
de guerra portuguesa, se "suicidou", atirando-se do último andar de um
prédio... só que a autópsia revelou que ela havia sido estrangulada. (Para
quem viveu na Beira, o prédio era popularmente conhecida por "Mira-Mortos"
por se situar nas traseiras do cemitério daquela urbe.)
As fotografias do Angoche, tiradas depois do navio ter sido encontrado à
deriva e que foram publicadas na imprensa (o navio chegou a estar ancorado
na Baía de Maputo), não revelam indícios de ter sido alvo de um
bombardeamento aéreo. Bombas Napalm? Pensei que fossem utilizadas como
desfolhantes e não contra alvos metálicos, como um navio de grande porte.
E os FIAT não teriam sido detectados a descolar duma base aérea moçambicana?
Os entendidos em questões militares é que poderiam esclarecer.
Desconhecia que a ARA (Acção Revolucionária Armada) fosse um facção
dissidente do PCP. O certo é que para além do Angoche a ARA sabotou um outro
navio carregado de material de guerra (no porto de Lisboa/Alcântara), para
além da Base Aérea de Tancos. O PCP nunca condenou nenhuma dessas acções.
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johnny said...
ÚLTIMA ABORDAGEM DO ASSUNTO
Informações fidedignas transpiradas para alguns jornalistas em Moçambique, na altura, E NORMALMENTE BEM INFORMADOS,DIZIAM haver
indícios de bombardeamento aéreo ao Navio Angoche por Fiat G91 (com napalm)...coordenado do centro de comunicações navais da Beira...por elementos clandestinos portugueses da ARA que descobertos foram detidos pela Pide / contra inteligência militar naval e aérea e possivelmente fuzilados sumariamente depois de interrogados
...um sargento da marinha e 2 pilotos de jacto Fiat G91...em 1971...obviamente os arquivos da Pide em Portugal nunca poderiam dizer tudo porque certos dossiers ultra secretos foram destruídos ou vendidos para o exterior assim como filmes documentários militares para a TV francesa e para arquivos russos...após o 25 de Abril 1974...
A imagem e os slogans da propaganda colonial tinham de ser protegidos...
...mas para que estou aqui a pregar neste deserto? Todos hoje (2006) são experts ou sabichões de tudo e na altura nem tinham ideia do que se passava em Portugal e na Europa quanto mais em África e em Moçambique...?!
Ainda hoje se baseiam na propaganda ou brainwashing que sofreram da altura...
Resumindo e encerrando...nunca houve submarinos russos nem a participação directa ou indirecta da Frelimo...só quem nunca teve a mínima noção do que eram esses tempos da guerra fria e guerrilhas quentes regionais pode confundir livros de ficção de acção e espionagem a James Bond ...fora da realidade do que se passou...isso do bote salva vidas não quer dizer nada até podia ter sido encontrado ao largo da Austrália muito longe do local de origem... as ondas marítimas não tem fronteiras...e numa zona de ciclones reduz ainda mais a distância...
E em achega eram os submarinos franceses e americanos que controlavam e controlam o canal de Moçambique desde então e aos dias de hoje...ambos têm as bases militares muito perto ...
et c'est finie...
case closed...
......................................................
Caso Navio Angoche .....
Em 23 de Abril de 1971 trabalhava na Propaganda e contra-propaganda da Frelimo na sede em Dar es Salaam - Tanzania e tanto quanto se sabe dessa altura nos meios mais confidenciais...essa acção foi da ARA - Associação Revolucionária Armada de Portugal ala dissidente do PCP mais à esquerda que colaborava com os Movimentos de Libertação Africanos lusófonos (sobretudo em Portugal e Moçambique na Beira e Nampula e eram militares portugueses anónimos na FAP (Fiates G91 artilhados com Napalm) e Marinha de Guerra - comunicações) no Caso do Navio Angoche...
A nível mais amplo seria uma colaboração a nível de envio de informações tacticas aos Movimentos de Libertação e de acções de sabotagem contra o esforço de guerra colonial militar em África...nunca estiveram tripulantes portugueses em Nachingweia do Angoche ou doutro tipo...nem poderiam estar devido ao acordo com a OUA - CL e Governo Tanzaniano / ONU...somente houve cerca de 10 ou 12 militares portugueses de Portugal e de Moçambique capturados em combate pela Frelimo em Cabo Delgado antes dessa data (23 de Abril de 1971) e alojados num subúrbio civil em Dar es Salaam...(dois dos quais desertores) e todos entregues à Cruz Vermelha Internacional ...(vi-os pessoalmente numa visita feita pelo Pres. S.M acompanhado de outros chefes para se inteirarem das condições de instalação)...foi uma grande vitória de propaganda política da Frelimo desmentindo internacionalmente o caracter "selvagem terrorista" da organização, propagandeado pela máquina de propaganda colonial portuguesa...
...consultem a sede na Suíça da Cruz Vermelha e terão até as fotografias e mais elementos...esses ex prisoneiros da Frelimo exceptuando dois exilados na Europa, foram enviados para Portugal na altura e "escondidos" pelas autoridades militares e controlados pela PIDE (DGS)...
o caso Angoche colheu a FLM de surpresa e nessa altura as relações com os soviéticos não eram das melhores a nível militar e essa dos submarinos é ficção e a PIDE e a APSIC (4ª região militar de Moç.), esconderam elementos ao público para não promover a ARA...e desmoralizar o exército colonial na frente de combate...uma questão de Acção Psicológica.
A ligação de elementos da ARA infiltrados na FAP e Marinha de Guerra portuguesas na Beira (Moç.), segundo constou na altura, teriam coordenado e feito a sabotagem mas em nome da ARA...e panfletos foram distribuidos pela ARA na altura assumindo a sabotagem...por razões óbvias de segurança esses anónimos sabotadores militares portugueses (de Portugal), devem ter-se mantido no silencio até hoje...todavia não me admiraria se circulassem hoje em Portugal...numa vida normal e reformados...
...Na altura obviamente para deixar na dúvida por motivos de propaganda a FLM - Frelimo, não se pronunciou ao ser questionada pela imprensa internacional....nessa altura precisamente, somente instrutores militares chineses de Mao Tse Tung eram autorizados e tinham acesso ao campo de treino político -
militar...os soviéticos nem pensar...foi na altura pouco depois do conflito militar sino-soviético na ilha de Damanski na fronteira da China - Urss...
Nem mesmo depois de 1 de Agosto 1974 a companhia portuguesa levada "prisioneira" de Omar no Rovuma pisaria o campo de Nachingweia da FREL ...foram alojados sim na vila próxima de Nachingweia num aquartelamento improvisado sob a vigilância indirecta dos Tanzanianos...
...para efeitos de propaganda política...nessa altura os prisioneiros portugueses eram mais importantes vivos e de boa saúde para mostrar ao mundo que o objectivo em 1º e último lugar da Frelimo era político e a guerra um meio e não um fim. Aliás uma vitória militar seria quase impossível (de ambos os lados) e levaria décadas e décadas...só uma vitória política e isso aconteceu mas para a Frelimo.
Os militares são sempre utilizados para pressionar o inimigo e obrigar este a uma cedencia política.
Quem dirige o mundo são sempre os políticos (e homens das finanças) e não os militares.
Daí o objectivo da Frelimo ter sido alcançado - uma vitória política plena e a queda do Império colonial português em África.
O resto é História e mágoas e ressentimentos vários de um lado e vitória de outro.
Há quem tente ainda hoje justificar a derrota colonial com o chavão da Pide que eram os soviéticos e o PCP que manobravam e desencaminhavam "os coitados dos pretos" em África. Nada mais falso. Na altura a maioria vivia na ignorância em termos de informação e levados pela propaganda numa arrogância de que o "preto" era inferior em relação ao "branco"...daí não haver necessidade de ficarem independentes, na óptica desses ...muitos dos quais ainda se manifestam neste saite Macua...
Como se diz na Bíblia: É mais cego quem tem olhos e não quer ver...
...Portugal tem 900 anos e um pouco mais de História e ainda anda à deriva...e se culpam aos Moçambicanos e à Frelimo por Moçambique também andar à deriva desde 1975 (31 anos)...quem é que diz ter estado lá 500 anos? Os portugueses...Por aí não se deve esperar muito mais não é? Quem sai aos "seus"...não degenera...
Posted by: johnny | 25-04-2006 at 04:39
13
Eric Morier-Genoud said...
Em
caso nao foi claro, foram postas duas bombas no barco. Parecem ter sido
postas no barco em Nacala - ou ai alguem entrou no barco com as bombas.
Portanto nao houve assalto nem roubo do barco. Mas houve duas bombas
que levaram o a queimar.
14
Eric Morier-Genoud said...
Estive nos arquivos da Pide a ler os dossiers do caso do navio Angoche.
Nos dossiers, ve-se varias coisas. Primeiro, houve duas explosoes resultado de bombas. Segundo, nao houve assalato nem roubo do material militar. Quando descoberto o navio, so faltava os passageiros.
Apos pesquisa, a Pide avanca a hipotese que os passageiros/tripulantes saltaram a agua quando o barco queimava e eles afundaram ou foram comido por turaroes.
No que toca responsabilidade, os dossiers da Pide monstram que a Policia seguiu a pista do ARA alguma tempo. Mas, por uma razao desconhecida, os dossiers param em Junho de 1971.
O que tera acontecido? A pesquisa parou? Os documentos seguinte nao estam no/foram tirado do arquivo? No que respeita o ARA, nota-se que o principal suspeito nos ultimos documento nao parece ser o responsavel.
Portanto fica o misterio... Alguem deve saber. No seu livre, o Coronel Manuel Amaro Bernardo aponta o dedo ao Victor Crespo que na altura era responsavel dum coverte na zona...
Alguem tem mais informacoes?
- Eric Morier-Genoud
Nos dossiers, ve-se varias coisas. Primeiro, houve duas explosoes resultado de bombas. Segundo, nao houve assalato nem roubo do material militar. Quando descoberto o navio, so faltava os passageiros.
Apos pesquisa, a Pide avanca a hipotese que os passageiros/tripulantes saltaram a agua quando o barco queimava e eles afundaram ou foram comido por turaroes.
No que toca responsabilidade, os dossiers da Pide monstram que a Policia seguiu a pista do ARA alguma tempo. Mas, por uma razao desconhecida, os dossiers param em Junho de 1971.
O que tera acontecido? A pesquisa parou? Os documentos seguinte nao estam no/foram tirado do arquivo? No que respeita o ARA, nota-se que o principal suspeito nos ultimos documento nao parece ser o responsavel.
Portanto fica o misterio... Alguem deve saber. No seu livre, o Coronel Manuel Amaro Bernardo aponta o dedo ao Victor Crespo que na altura era responsavel dum coverte na zona...
Alguem tem mais informacoes?
- Eric Morier-Genoud
15
Armando Martinsaa said...
Sempre
houve povos a tentar impôr a outros povos os seus «valores políticos,
religiosos e culturais». Os Portugueses que se preocupam em conhecer a
História dos povos da Península Ibérica, nos últimos 2.000 anos, sabem
isso perfeitamente. Ah!, e aproveito para sugerir uma 'visita' ao que
poderemos chamar 'feudalismo africano', por exemplo, no tempo da
'Partilha de África' pelas potências europeias. Nem sequer é preciso ir
mais atrás... No território que hoje é Portugal também houve um grande
avanço da Civilização após as invasões romanas!
16
johnny said...
Caros e ilustres participantes,
900 anos não são 31 anos...
Obviamente que sabem que 900 anos são 9 séculos e 31 anos nem chegam a meio século...
...e quem invoca a torto e a direito e com ligeireza os 500 anos são sempre os portugueses e toda a gente sabe que não foi assim essa dos 500 anos...apesar de que não foi somente na Ilha - Muhipiti...essa presença lusitana de quase 500 anos em Moçambique...mas enfim passemos adiante...
... esta temática do colonialismo e de outros ismos que se debatem com ligeireza neste site nós já a abordavamos na década de 1950/60 nas conversas culturais esclarecidas em Lourenço Marques e Beira e em pleno 2006 ainda há pessoas que se ressentem?
Com franqueza...
Como se diz na Bíblia: É mais cego quem tem olhos e não quer ver...ou como diz o especialista Mundial da Lusofonia, Prof. Patrick Chabal..." O Complexo Colonial Português do Império Perdido...é que inquina o relacionamento e Desenvolvimento da Lusofonia"... e disse-o no Forum Luso-Americano(FLAD - do Dr Rui Machete), na Lapa em Lisboa há 2 anos...para dizer tbm que
contraditoriamente é esse mesmo ocidente e Portugal que sancionam alguns regimes corruptos no poder...no caso da lusofonia...falam de Democracia mas quando esta se manifesta nas urnas, contrariamente aos seus interesses e complexos, não aceitam o resultado das eleições...que eles mesmos patrocinaram...é política dizem...e estratégias...
mas entre nós os simples paisanos...no entanto, temos que exorcizar esses fantasmas e deixar de "ressabiamentos" e conseguir abordar os assuntos com perspectiva histórica...e parcimónia...sem desequilibrio na balança...
...só assim se construirá uma verdadeira irmandade lusófona...
...Portugal tem 900 anos e um pouco mais de História e ainda anda à deriva...e se culpam aos Moçambicanos e à Frelimo por Moçambique também andar à deriva desde 1975 (31 anos)...QUEM É QUE DIZ TER ESTADO LÁ 500 ANOS? OS PORTUGUESES!...Por aí não se deve esperar muito mais não é? Quem sai aos "seus"...não degenera...
...Para terminar li algures em Jezebela (O Charme Indiscreto dos Quarenta - Crónica de uma Mulher)... livro de um moçambicano que: ..."Racista é uma pessoa hostil a um grupo social ou
étnico. O que aparentamos ser hoje esconde muitas vezes a
diversidade das várias origens que temos vindas do passado. Nós
não somos o que parecemos ser. Somos uma imitação de nós
próprios. Somos todos de cor!"...
Eu acrescento ...no caso colonial serviram-se de uma pretensa superioridade geográfica europeia e da cor mais clara da pele para impor seus valores políticos, religiosos e culturais como panaceia...até Deus o Grande Espírito Universal "descendo" à condição humana ficou etnicamente branco e por analogia os mais claros eram filhos naturais de Deus (os Abéis do mundo)...e o Diabo é escuro, maldito(os Cains do mundo), preto associado às trevas ou o tenebroso o mau é sempre Negro...até a coisa "está preta" quando está mal...é mesmo uma maldição (tom irónico)...
...e infelizmente na abordagem da Independencia de Moçambique e de outros países africanos implicitamente surge disfarçado esse complexo...
para nos livrarmos de um fantasma temos de o exorcizar abordando o "bicho" de frente sem medo ou complexos...aí surgirá a nossa liberdade sem ressentimentos...
...Fiquem todos na Luz Superior da Vida que essa é translúcida das Cores do Arco Íris...e não tem complexos...
17
Flo said...
"....não
degenera...." NEM REGENERA ...infelizmente. Fala-se tanto mal,
critica-se tanto... mas em 32 anos ainda não vi jeitos de se tentar
fazer melhor!!! e olhem amigos, 32 anos na vida de um ser humano já é
bastante, e na vida de um país já faz história, só que até agora é só
histórias mal contadas.
Flo
Flo
18
Armando Martinsaa said...
Ó
Johnny, onde os Portugueses estiveram quase 500 anos foi... na Ilha de
Moçambique e mais umas quantas feitorias da costa e do Zambeze. O actual
Moçambique é uma criação - Portuguesa! - muitíssimo mais recente, já do
século XX. E quanto à 'arrogância' do 'branco' relativamente ao
'preto', para quê continuar-se com essas merdas? Haja paz, que gente
inteligente não tem 'arrogâncias' desse tipo!
19
Johnny Craven said...
correcção: ARA - Acção Revolucionária Armada ----
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Em 23 de Abril de 1971 trabalhava na Propaganda e contra-propaganda da Frelimo na sede em Dar es Salaam – Tanzania e tanto quanto se sabe dessa altura nos meios mais confidenciais...essa acção foi da ARA – Acção Revolucionária Armada
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Em 23 de Abril de 1971 trabalhava na Propaganda e contra-propaganda da Frelimo na sede em Dar es Salaam – Tanzania e tanto quanto se sabe dessa altura nos meios mais confidenciais...essa acção foi da ARA – Acção Revolucionária Armada
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20
johnny said...
Caso Navio Angoche .....
Em 23 de Abril de 1971 trabalhava na Propaganda e contra-propaganda da Frelimo na sede em Dar es Salaam - Tanzania e tanto quanto se sabe dessa altura nos meios mais confidenciais...essa acção foi da ARA - Associação Revolucionária Armada de Portugal ala dissidente do PCP mais à esquerda que colaborava com os Movimentos de Libertação Africanos lusófonos (sobretudo em Portugal e Moçambique na Beira e Nampula e eram militares portugueses anónimos na FAP (Fiates G91 artilhados com Napalm) e Marinha de Guerra - comunicações) no Caso do Navio Angoche...
A nível mais amplo seria uma colaboração a nível de envio de informações tacticas aos Movimentos de Libertação e de acções de sabotagem contra o esforço de guerra colonial militar em África...nunca estiveram tripulantes portugueses em Nachingweia do Angoche ou doutro tipo...nem poderiam estar devido ao acordo com a OUA - CL e Governo Tanzaniano / ONU...somente houve cerca de 10 ou 12 militares portugueses de Portugal e de Moçambique capturados em combate pela Frelimo em Cabo Delgado antes dessa data (23 de Abril de 1971) e alojados num subúrbio civil em Dar es Salaam...(dois dos quais desertores) e todos entregues à Cruz Vermelha Internacional ...(vi-os pessoalmente numa visita feita pelo Pres. S.M acompanhado de outros chefes para se inteirarem das condições de instalação)...foi uma grande vitória de propaganda política da Frelimo desmentindo internacionalmente o caracter "selvagem terrorista" da organização, propagandeado pela máquina de propaganda colonial portuguesa...
...consultem a sede na Suíça da Cruz Vermelha e terão até as fotografias e mais elementos...esses ex prisoneiros da Frelimo exceptuando dois exilados na Europa, foram enviados para Portugal na altura e "escondidos" pelas autoridades militares e controlados pela PIDE (DGS)...
o caso Angoche colheu a FLM de surpresa e nessa altura as relações com os soviéticos não eram das melhores a nível militar e essa dos submarinos é ficção e a PIDE e a APSIC (4ª região militar de Moç.), esconderam elementos ao público para não promover a ARA...e desmoralizar o exército colonial na frente de combate...uma questão de Acção Psicológica.
A ligação de elementos da ARA infiltrados na FAP e Marinha de Guerra portuguesas na Beira (Moç.), segundo constou na altura, teriam coordenado e feito a sabotagem mas em nome da ARA...e panfletos foram distribuidos pela ARA na altura assumindo a sabotagem...por razões óbvias de segurança esses anónimos sabotadores militares portugueses (de Portugal), devem ter-se mantido no silencio até hoje...todavia não me admiraria se circulassem hoje em Portugal...numa vida normal e reformados...
...Na altura obviamente para deixar na dúvida por motivos de propaganda a FLM - Frelimo, não se pronunciou ao ser questionada pela imprensa internacional....nessa altura precisamente, somente instrutores militares chineses de Mao Tse Tung eram autorizados e tinham acesso ao campo de treino político -
militar...os soviéticos nem pensar...foi na altura pouco depois do conflito militar sino-soviético na ilha de Damanski na fronteira da China - Urss...
Nem mesmo depois de 1 de Agosto 1974 a companhia portuguesa levada "prisioneira" de Omar no Rovuma pisaria o campo de Nachingweia da FREL ...foram alojados sim na vila próxima de Nachingweia num aquartelamento improvisado sob a vigilância indirecta dos Tanzanianos...
...para efeitos de propaganda política...nessa altura os prisioneiros portugueses eram mais importantes vivos e de boa saúde para mostrar ao mundo que o objectivo em 1º e último lugar da Frelimo era político e a guerra um meio e não um fim. Aliás uma vitória militar seria quase impossível (de ambos os lados) e levaria décadas e décadas...só uma vitória política e isso aconteceu mas para a Frelimo.
Os militares são sempre utilizados para pressionar o inimigo e obrigar este a uma cedencia política.
Quem dirige o mundo são sempre os políticos (e homens das finanças) e não os militares.
Daí o objectivo da Frelimo ter sido alcançado - uma vitória política plena e a queda do Império colonial português em África.
O resto é História e mágoas e ressentimentos vários de um lado e vitória de outro.
Há quem tente ainda hoje justificar a derrota colonial com o chavão da Pide que eram os soviéticos e o PCP que manobravam e desencaminhavam "os coitados dos pretos" em África. Nada mais falso. Na altura a maioria vivia na ignorância em termos de informação e levados pela propaganda numa arrogância de que o "preto" era inferior em relação ao "branco"...daí não haver necessidade de ficarem independentes, na óptica desses ...muitos dos quais ainda se manifestam neste saite Macua...
Como se diz na Bíblia: É mais cego quem tem olhos e não quer ver...
...Portugal tem 900 anos e um pouco mais de História e ainda anda à deriva...e se culpam aos Moçambicanos e à Frelimo por Moçambique também andar à deriva desde 1975 (31 anos)...quem é que diz ter estado lá 500 anos? Os portugueses...Por aí não se deve esperar muito mais não é? Quem sai aos "seus"...não degenera...
Em 23 de Abril de 1971 trabalhava na Propaganda e contra-propaganda da Frelimo na sede em Dar es Salaam - Tanzania e tanto quanto se sabe dessa altura nos meios mais confidenciais...essa acção foi da ARA - Associação Revolucionária Armada de Portugal ala dissidente do PCP mais à esquerda que colaborava com os Movimentos de Libertação Africanos lusófonos (sobretudo em Portugal e Moçambique na Beira e Nampula e eram militares portugueses anónimos na FAP (Fiates G91 artilhados com Napalm) e Marinha de Guerra - comunicações) no Caso do Navio Angoche...
A nível mais amplo seria uma colaboração a nível de envio de informações tacticas aos Movimentos de Libertação e de acções de sabotagem contra o esforço de guerra colonial militar em África...nunca estiveram tripulantes portugueses em Nachingweia do Angoche ou doutro tipo...nem poderiam estar devido ao acordo com a OUA - CL e Governo Tanzaniano / ONU...somente houve cerca de 10 ou 12 militares portugueses de Portugal e de Moçambique capturados em combate pela Frelimo em Cabo Delgado antes dessa data (23 de Abril de 1971) e alojados num subúrbio civil em Dar es Salaam...(dois dos quais desertores) e todos entregues à Cruz Vermelha Internacional ...(vi-os pessoalmente numa visita feita pelo Pres. S.M acompanhado de outros chefes para se inteirarem das condições de instalação)...foi uma grande vitória de propaganda política da Frelimo desmentindo internacionalmente o caracter "selvagem terrorista" da organização, propagandeado pela máquina de propaganda colonial portuguesa...
...consultem a sede na Suíça da Cruz Vermelha e terão até as fotografias e mais elementos...esses ex prisoneiros da Frelimo exceptuando dois exilados na Europa, foram enviados para Portugal na altura e "escondidos" pelas autoridades militares e controlados pela PIDE (DGS)...
o caso Angoche colheu a FLM de surpresa e nessa altura as relações com os soviéticos não eram das melhores a nível militar e essa dos submarinos é ficção e a PIDE e a APSIC (4ª região militar de Moç.), esconderam elementos ao público para não promover a ARA...e desmoralizar o exército colonial na frente de combate...uma questão de Acção Psicológica.
A ligação de elementos da ARA infiltrados na FAP e Marinha de Guerra portuguesas na Beira (Moç.), segundo constou na altura, teriam coordenado e feito a sabotagem mas em nome da ARA...e panfletos foram distribuidos pela ARA na altura assumindo a sabotagem...por razões óbvias de segurança esses anónimos sabotadores militares portugueses (de Portugal), devem ter-se mantido no silencio até hoje...todavia não me admiraria se circulassem hoje em Portugal...numa vida normal e reformados...
...Na altura obviamente para deixar na dúvida por motivos de propaganda a FLM - Frelimo, não se pronunciou ao ser questionada pela imprensa internacional....nessa altura precisamente, somente instrutores militares chineses de Mao Tse Tung eram autorizados e tinham acesso ao campo de treino político -
militar...os soviéticos nem pensar...foi na altura pouco depois do conflito militar sino-soviético na ilha de Damanski na fronteira da China - Urss...
Nem mesmo depois de 1 de Agosto 1974 a companhia portuguesa levada "prisioneira" de Omar no Rovuma pisaria o campo de Nachingweia da FREL ...foram alojados sim na vila próxima de Nachingweia num aquartelamento improvisado sob a vigilância indirecta dos Tanzanianos...
...para efeitos de propaganda política...nessa altura os prisioneiros portugueses eram mais importantes vivos e de boa saúde para mostrar ao mundo que o objectivo em 1º e último lugar da Frelimo era político e a guerra um meio e não um fim. Aliás uma vitória militar seria quase impossível (de ambos os lados) e levaria décadas e décadas...só uma vitória política e isso aconteceu mas para a Frelimo.
Os militares são sempre utilizados para pressionar o inimigo e obrigar este a uma cedencia política.
Quem dirige o mundo são sempre os políticos (e homens das finanças) e não os militares.
Daí o objectivo da Frelimo ter sido alcançado - uma vitória política plena e a queda do Império colonial português em África.
O resto é História e mágoas e ressentimentos vários de um lado e vitória de outro.
Há quem tente ainda hoje justificar a derrota colonial com o chavão da Pide que eram os soviéticos e o PCP que manobravam e desencaminhavam "os coitados dos pretos" em África. Nada mais falso. Na altura a maioria vivia na ignorância em termos de informação e levados pela propaganda numa arrogância de que o "preto" era inferior em relação ao "branco"...daí não haver necessidade de ficarem independentes, na óptica desses ...muitos dos quais ainda se manifestam neste saite Macua...
Como se diz na Bíblia: É mais cego quem tem olhos e não quer ver...
...Portugal tem 900 anos e um pouco mais de História e ainda anda à deriva...e se culpam aos Moçambicanos e à Frelimo por Moçambique também andar à deriva desde 1975 (31 anos)...quem é que diz ter estado lá 500 anos? Os portugueses...Por aí não se deve esperar muito mais não é? Quem sai aos "seus"...não degenera...
Quem correu as notas foi o despachante oficial João Pelotas.
Fui eu que as taxei.
Lembro-me de ter exigido ao funcionário do Pelotas que voltasse ao seu escritório, a fim de especificar se as granadas estavam ou não espoletadas, pois em caso afirmativo eram consideradas material explosivo e pagavam cerca de 100$00 por m3/ton e caso negativo eram consideradas carga comum, apenas 16$00.
Na altura, o ambiente cortava-se à faca.
Corriam muitos boatos. O ambiente era de medo e desconfiança.
Depois de soar na segunda feira seguinte o desaparecimento do Angoche, pois soube-se imediatamente em Nacala, piorou.
Parece que estou a ver a viúva do nosso colega José Pedro, que foi à boleia para Porto Amélia para onde fora transferido, a ser amparada para o gabinete do Inspector Chefe de Cais e sair de lá a chorar.
Se há imagem de desamparo é o daquela senhora. Já idosa, muito simples, tão magrinha e tão frágil.
A pobre senhora, ao que me constou pela minhas colegas, que a tentaram apoiar nesse momento doloroso, nunca mais se deitou na cama conjugal e dormia num tapete ao pé da mesma, pois recusava-se a acreditar que perdera o marido e esperava a sua volta.
Coisas do Ultramar.