segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Eclésia recebe fundos do regime desde às eleições de 2012 Em troca de mudança da linha editorial


Lisboa - Estão a ser dados como correctos, antigos rumores segundo as quais a censura que a Rádio Eclésia passou a fazer desde a véspera das eleições de 2012, acentuou-se na sequencia de um acordo firmado entre o seu diretor Padre Quintino Kandandji e o regime angolano, nos termos do qual a emissora Católica passou  a beneficiar de um financiamento do suposto "saco azul".
Fonte: Club-k.net
Em troca de mudança da linha editorial 
A evidencia do assunto, está plasmada numa comunicação interna, datada de 29 de Setembro, que o Club-K teve acesso, na qual o Director-Geral, Padre Quintino Kandanji assume o apoio  financeiro que tem recebido do regime e por outro lado revela que o assunto é do conhecimento dos Bispos da CEAST- Conferencia Episcopal de Angola e São Tomé.

“A Rádio beneficia desde 2012, integrada numa articulação estratégica de assistência subsidiaria, uma ajuda orçamental para o seu desempenho. O facto é do conhecimento dos bispos que acompanham o desenvolvimento da nossa instituição neste capitulo”, le-se na comunicação do padre.

Neste período em que o país enfrenta uma crise financeira, o regime  falhou  no compromisso de financiamento a emissora católica pondo os seus funcionários num quadro de atraso de salário. “Neste ano de 2015, este subsidio não nos foi entregue. A pratica da transferência costuma ser no primeiro semestre do ano, pelo que com as nossas poupanças temos conseguido fazer face a todos os encargos de pagamentos que os trabalhadores enviam”, escreveu.

De acordo com o padre, “A não transparência desde subsidio obrigou-nos ao esgotamento das nossas poupanças e esta a provocar alguns embaraços administrativos”.

Contudo, o padre-Director  mostra-se confiante que os seus amigos do regime, não o deixarão cair e que ainda este ano irão cumprir com as suas obrigações de financiarem a emissora por ele dirigida. “O órgão do Estado que tutela esta relação para este subsidio é idôneo e garante que vai cumprir esta obrigação para o presente ano de 2015”

A Rádio Eclésia foi durante muito anos uma emissora ao serviço da Igreja Católica e que se estendia ao cidadão desfavorecido. Com a nomeação do Padre Quintino Kandanji a rádio alterou a sua linha editorial e ao mesmo tempo circularam rumores de que o sacerdote  estaria a se aproximar ao regime tendo com interlocutor principal, Aldemiro Vaz da Conceição, da Presidência da República.

As desconfianças de eventuais alianças entre o diretor da radio eclésia  e o regime começaram a ser sentidas quando o Padre Kandanji começou a censurar noticias que davam conta de agentes da polícia nacional  que reprimiam  jovens por se manifestarem contra o longo consulado do Presidente José Eduardo dos Santos. Ao mesmo tempo, alterou-se a linha editorial e as noticias sobre a oposição deixaram de ser passadas como também deixaram de convidar nos seus debates algumas vozes criticas como o general Abílio Kamalata Numa, da UNITA, e Doutor Nelson Pestana “Bonavena” do Bloco Democrático, por terem criticado o Presidente JES.

As referidas desconfianças sobre o novo diretor da Eclésia agravaram-se ainda mais quando o mesmo pois termo aos programas de educação cívica e cidadania promovidos pela sociedade civil (AJPD, NCC, Mãos Livres) e que eram financiados pela Fundação “Open Society”. Na altura, o Padre comunicou a “Open Society” sobre o fim dos programas e ao mesmo tempo, não só prometeu como devolveu os fundos que esta fundação baseada em Luanda, teria pago para os programas das ONG nacionais atrás citadas.

Por altura das eleições de 2012, a Radio Eclésia teria mudado totalmente de linha editorial. Uma corrente de Bispos geralmente conotada ao regime deixou de exigir a extensão do sinal em todo território nacional, e por outro lado, houve  informações que o seu diretor Padre Kandanji estaria a gerir pessoalmente um fundo dado pelo regime através de uma conta no Banco Internacional de Credito (BIC).
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Lisboa - O novo Director-Geral da Emissora Católica de Angola “Ecclesia”, Padre  Quintino Kandandji censurou  esta segunda-feira, 19,  duas noticias do Magazine da Radio Diocesana de Benguela,  um espaço de informação generalista produzido pela Radio Diocesana de Benguela que passa , todas as segundas, entre às 9 e 10 horas naquela estação emissora. 

Fonte: Club-k.net
Padres cada vez mais próximos ao regime
A primeira noticia fazia referencia ao espaço cívico "QUINTAS DE DEBATE"  promovido pela Organização Não Governamental OMUNGA,  que versou sobre o tema “A intolerância política em Angola e suas implicações”, que teve como orador, o docente universitário e político, Nelson Pestana “Bonavena”.

Durante a prelecção, o político  do Bloco Democrático, teceu duras criticas ao regime do MPLA, sobretudo ao seu líder. Para Nelson Pestana “Bonavena”, José Eduardo do Santos exerce o  poder sem legitimidade durante 32 anos, por isso, não devia tomar decisões que possam interferir directamente na vida política e social e económica de Angola.

“O que mais me preocupou foi o facto do tribunal supremo dizer que durante esse tempo todo não houve poder, e que José Eduardo dos Santos não é poder. Como não é puder?”  questionou o político, para  mais adiante afirmar, “Ele José Eduardo dos Santos, dispõem do nosso petróleo, dispõem das nossas vidas; faz leis, obriga-nos ao cumprimento delas como não é puder?  Porque a lei constitucional a de 92 dizia que qualquer angolano legitimamente eleito só poderia ficar 15 anos, como é que um angolano que nunca foi eleito, pode ficar mais que 15 anos? Assim ele nunca organiza eleições” opinou “Bonavena.”

Já a segunda noticia fazia referencia ao acto político provincial para saudar os 46 anos da fundação da UNITA, orientado pelo antigo Secretário-Geral e deputado Abílio Kamalata Numa, ocorrido sábado, 17 na sede do município do Cubal. No discurso,  Kamalata Numa acusou, o Presidente da  Republica, José Eduardo dos Santos de ter contratado mercenários com propósitos de repelirem as manifestações anti-governamentais. Como prova, o político  do maior partido na oposição citou os incidentes ocorridos nas manifestações do dia, 10, ocorridas nas cidades de Luanda e Benguela, onde dezenas pessoas com realce para o Secretario Geral do partido bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.

“Essa história, de pegar num doutor, você parte o braço com mercenário que você recrutou, companheiros as últimas pontes que permitem a reconciliação nacional  estão a partir, alertou o político do Galo Negro., tendo  acrescentado que  "o doutor Filomeno, merece respeito por aquilo que tem feito por este país, não é um criminoso, não é ladrão, é um patriota que lutou e continua a lutar para o bem deste povo  e não pode ser partido o braço por um tipo qualquer, por um caenche qualquer, só porque José Eduardo dos Santos mandou bater.”

Abílio Kamalata Numa, disse ainda que o regime liderado por José Eduardo dos Santos, está perto do fim e em breve poderá conhecer o mesmo destino que os regimes da LIBIA, EGPTO E TUNISIA, isto apesar de ainda receber algum apoio de alguns países do ocidente.

"Kadhafi já foi filho bonito de muita gente. Esses dirigentes da Itália, da França muitos deles se fizeram eleger com os dinheiros que o Kadhafi andava enviar. Mas quando as coisas começaram a mudar, a comunidade Internacional foi a primeira a saltar do barco. Mesmo se o petróleo for a força de protecção dos indivíduos que oprimem agora país, um dia desses qualquer, isso vai mudar de figura" .

De recordar, que na semana da manifestação do dia, 10, em Luanda dezenas de jovens organizadores do evento deslocaram-se a sede da radio ecclesia, onde solicitaram um encontro com o director o padre Quintino  Kandandji  para pedir esclarecimento do porque aquela estação não estava a passar noticias relacionadas com a manifestação. Em resposta o padre Quintino Kandaji disse apenas que estava a cumprir ordens superiores.

Alguns funcionários daquela estação emissora estão descontentes com o ambiente de censura que se vive, e como solução defendem a demissão do actual director por estar a mostrar incompetência de se impor diante dos pedidos dos bispos da CEAST, em particular os de Luanda. Segundo fonte, devido o pacto que estabeleceram com o poder em troca de algumas benesses e outros comungarem com os princípios do regime.

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