segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Fortunas Portuguesas: o Espírito Santo e a Dona de Casa

Rafael Marques de Morais, 10 de Fevereiro de 2015

Se Isabel dos Santos pode dar lições ao mundo sobre como se tornar bilionário vendendo ovos desde tenra idade, a cidadã luso-angolana Elsa Maria Matos Almeida Teixeira deve ter encontrado uma outra fórmula para se ser rica como dona de casa. Tem um pé-de-meia de mais de US $20 milhões, depositados no Banco HSBC, na Suíça, em duas contas diferentes, numa como angolana e noutra como portuguesa.

O seu nome consta das listas que fazem parte da divulgação de informação bancária referente aos anos de 2006 a 2007, obtida pelo jornal francês Le Monde, e que o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) colocou à disposição de colegas em várias partes do mundo, incluindo o Maka Angola.

Enquanto angolana, a dona de casa – conforme sua descrição no banco e como já noticiado – tem uma conta de 7 milhões e 167 mil dólares. Já como portuguesa, os seus depósitos são de 13 milhões e 431 mil dólares.

Na lista dos depositantes portugueses, o montante da luso-angolana é modesto, se comparado com a maior fortuna da lista. Uma ilustre desconhecida do distrito português de Vila Real, Sílvia Ruivo Caçador, acumulou US $252.7 milhões. Seguem-se-lhe outros milionários desconhecidos do público português: Joaquim António Amaro da Cruz, de Castelo Branco, com um total de US $223 milhões em duas contas separadas; e Rosa Maria Pinho Amaro da Cruz da Silva, de Santos-o-Velho, com US $185.9 milhões, também em duas contas.

A Espírito Santo Activos Financeiros, SGPS, SA, que faz parte do universo de empresas do malfadado Grupo Espírito Santo, é o maior depositante institucional português, com US $174.5 milhões. Por sua vez, a Espírito Santo Activos Financeiros Asset Management, que parece ser a mesma empresa, surge noutra rubrica, com outro código bancário, e mais um depósito de igual valor, US $174.5 milhões, perfazendo US $350 milhões.

Da lista constam ainda três nomes com fortunas consideráveis, com ligações brasileiras. Trata-se da portuguesa Maria José de Freitas Jakurski, residente no Brasil, com US $114.8 milhões; e o brasileiro Jacob Barata, conhecido como o "rei do ónibus", com US $95.2 milhões.

O homem mais rico de Portugal, Américo Ferreira Amorim, aparece entre os afortunados com uma modesta quantia de 5 milhões e 783 mil dólares.

No total, foram identificados 611 clientes ligados a Portugal – quer por nacionalidade, quer por residência –, os quais somaram depósitos no valor de US $969 milhões.

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