O General Languane Vareia da Renamo
desempenhou um importante durante a guerra civil. Moçambicano de origem sena,
o General Vareia foi descrito pela propaganda da Frelimo como sendo um
português de nome “Varela”.
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Faleceu em Maputo no dia 2 do
corrente, o General Languane Vareia Manje, proeminente comandante das forças de
guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Os históricos
combatentes que se opuseram ao regime monopartidário referem o defunto como um
dos mais destemidos homens da guerrilha que forçaria o governo a aceitar
conversações em Roma que conduziriam à assinatura do Acordo Geral de Paz, pondo
fim à guerra civil.
Nascido em Mutarara a 9 de Maio
de 1953, o General Vareia foi dos primeiros a integrar o exército guerrilheiro,
depois de ter sido libertado do campo de concentração de Cudzo (vulgo “Campo de
Reeducação de Sacudzo”), no distrito da Gorongosa, pelo Comandante André
Matsangaice em Maio de 1977.
Quando a Renamo iniciou a criação
de bases permanentes nas zonas sob sua influência, ao General Vareia coube a
missão de montar um posto avançado em Mucuti, na província de Manica, em
Outubro de 1979. Desta posição do exército guerrilheiro, Vareia desencadeou
importantes operações militares, entre as quais o assalto e ocupação da Vila de
Dombe em 1980, expulsando as tropas governamentais que aí se encontravam
aquarteladas.
As forças sob comando de Vareia
desempenharam papel de relevo durante o contra-ataque da Renamo visando
neutralizar a ofensiva militar das tropas das FAM/FPLM coligadas com as FAR
(Forças Armadas Revolucionárias – exército cubano) que culminou na queda da
base central de Sitatonga em Junho de 1980. Consolidadas as posições da Renamo
na província de Manica, ao General Vareia foi incumbida a missão de abrir a
Frente de Inhambane.
A 4 de Julho de 1981, Vareia,
encabeçando um batalhão constituído por 300 guerrilheiros, deixa a base central
da Renamo em Chicarre (Garágua, na terminologia das ex-FPLM-FAM), dirigindo-se
para a margem esquerda do Rio Save como prelúdio do início das operações na
província de Inhambane. Não obstante os intensos esforços desenvolvidos pelas
FPLM-FAM, e a intervenção pessoal do chefe de Estado-Maior das tropas
governamentais, Sebastião Marcos Mabote, do Coronel Domingos Fondo, comandante
da 2ª Brigada das FPLM-FAM, desdobrada a sul do Rio Save, e do Major Manuel
Manjichi, comandante táctico das tropas sob comando de Fondo, visando impedir a
todo o custo a travessia desse rio pela coluna guerrilheira, Vareia frustrava
os intentos do exército governamental. Na marcha em direcção a sul, os
combatentes da Renamo travavam uma média de cinco combates diários com as
tropas fiéis ao regime monopartidário, segundo reza a história da guerrilha.
Uma vez transposto o Rio Save, o
General Vareia estabelece uma base da guerrilha em Chichôlane, na província de
Inhambane. É dessa base que um outro contingente da Renamo, sob a chefia do
general Mário Franque, dirige-se para Banhine, na Província de Gaza, em
Novembro de 1981, abrindo uma nova frente de combate. A Renamo passaria a
designar as províncias de Inhambane e Gaza como as Regiões Militares 2 e 3,
respectivamente.
Foi rápida a consolidação da
Renamo nestas regiões, impondo a sua supremacia militar no teatro das
operações. Em finais de 1982 e até meados de 1983, o regime da Frelimo tentou
inverter a situação, lançando uma ofensiva de grande envergadura contra as
áreas sob controlo da guerrilha. Com apoio de assessores soviéticos, de forças
zimbabweanas, e de um efectivo das FPLM-FAM constituído por 10.000 homens, o
regime da Frelimo lançava a Operação Cabana. Tratou-se de uma operação militar
semi-convencional em virtude da utilização de unidades de pseudo-guerrilheiros,
treinadas pelas Forças Especiais da União Soviética, mais conhecidas por
Spetsnaz. Os contingentes zimbabweanos eram oriundos da 1ª Brigada do Exército
Nacional do Zimbabwe (ZNA), estacionada em Masvingo, da 4.ª Brigada do ZNA,
estacionada em Gonarezhou, e da famigerada 5.ª Brigada, treinada pela Coreia do
Norte e que havia participado em massacres na província zimbabweana de
Matabelândia, assassinado para cima de 20.000 civis indefesos.
Vareia e muitos outros
comandantes da Renamo voltaram a frustrar os desígnios dos estrategas
soviéticos que assessoravam a Operação Cabana. Esta revelar-se-ia a Operação
Nó-Gordio do Marechal Samora Machel. Longe de ter estrangulado a Renamo, como
era seu objectivo a Operação Cabana teve a particularidade de levar a guerrilha
até às portas de Maputo. Com efeito, em Setembro de 1982, quando a Operação
Cabana já estava em marcha, o General Manje inicia a longa caminhada em
direcção à Província de Maputo, em conformidade com orientações traçadas pelo
Estado-Maior da Renamo em que pontificava Raul Domingos, chefe das Operações
Militares. A Renamo fura o cerco que as tropas governamentais haviam montado a
Sul. Os primeiros ataques da Renamo na província de Maputo ocorrem a 6 e 7 de
Dezembro de 1983.
O alastrar da guerrilha em
direcção à cidade Maputo provoca pânico e alarme entre as hostes
governamentais. O regime reage rápida e contundentemente. Em Janeiro de 1983,
recorre a uma acção visando intimidar as populações que albergavam a guerrilha.
Para Macia e Magude são enviados os Tenente-General Sebastião Mabote e o
Major-General Joaquim Chissano para presidirem ao fuzilamento público de
prisioneiros de guerra nessas duas localidades da província de Maputo.
A guerrilha, no entanto,
prosseguia a sua marcha, forçando o regime a enveredar por acções diplomáticas
que culminariam com a assinatura do Acordo de Nkomati. Longe de sufocar a
guerrilha – ou de “secar a água que restava nos canos”, como propalava na
altura o Marechal Samora Machel – o Acordo de Nkomati coincidiu com a abertura
de novas frentes de combate a norte e sul do país. A queda do regime seria um
dado adquirido não tivesse sido a intervenção em larga escala de mais
contingentes estrangeiros, designadamente as TPDF da Tanzânia, e o ZNA do
Zimbabwe. Todavia, Vareia e centenas de outros comandantes resistiram às
investidas das forças de intervenção estrangeiras, acabando por forçar o regime
a sentar-se à mesa das negociações em Roma e a reconhecer o direito dos
moçambicanos à democracia. (Redacção)
A Estratégia dos Coronéis
No âmbito dos esforços desenvolvidas pelas tropas
governamentais durante a guerra civil moçambicana, em particular a tentativa
de se neutralizar a acção da guerrilha na Frente de Inhambane para assim se
vedar o acesso a Maputo, distinguiram-se dois coronéis das Forças de Defesa e
Segurança.
Um, era o Coronel Domingos Fondo, que no decurso da
Operação Cabana (1982-1983), desempenhavas as funções de Comandante da 2ª
Brigada das FAM-FPLM, desdobrada a sul do Rio Save. Pressionado pelo Chefe de
Estado-Major, Sebastião Mabote, o Coronel Fondo transmitia para os seus
homens no terreno instruções de como parar a progressão da guerrilha. Os
serviços de escuta da Renamo, sempre em sintonia com o sistema de
transmissões militares das tropas governamentais, captaram uma conversa
informal entre o Coronel Fondo e o seu comandante táctico, o Major Manuel
Manjichi. A este, o Coronel Fondo dizia: “Tens de matar todos esses bandidos.
Quando capturares esses bandidos, tens de fazê-los sofrer o máximo possível e
depois mata-os na presença das populações de forma a intimidá-las a não
ajudarem os bandidos.”
O outro coronel, era Sérgio Vieira. Através do seu GLCB
(Gabinete de Luta Contra Bandidos), uma unidade criada no seio do Snasp –
fotocópia nítida do LCB cubano (Lucha Contra Bandidos) instituída
pelos Castro-Ruz para neutralizar os “bandidos armados” de Escambray – o
Coronel Vieira também dava o seu contributo à tentativa de neutralização da
guerrilha
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ZAMBEZE – 05.03.2009
2 comentários:
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