quinta-feira, 11 de outubro de 2012

General Vareia da Renamo - 1953-2009


O General Languane Vareia da Renamo desempenhou um importante durante a guerra civil. Moçambicano de origem sena, o General Vareia foi descrito pela propaganda da Frelimo como sendo um português de nome “Varela”.

 
Faleceu em Maputo no dia 2 do corrente, o General Languane Vareia Manje, proeminente comandante das forças de guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Os históricos combatentes que se opuseram ao regime monopartidário referem o defunto como um dos mais destemidos homens da guerrilha que forçaria o governo a aceitar conversações em Roma que conduziriam à assinatura do Acordo Geral de Paz, pondo fim à guerra civil.

 

Nascido em Mutarara a 9 de Maio de 1953, o General Vareia foi dos primeiros a integrar o exército guerrilheiro, depois de ter sido libertado do campo de concentração de Cudzo (vulgo “Campo de Reeducação de Sacudzo”), no distrito da Gorongosa, pelo Comandante André Matsangaice em Maio de 1977.

 

Quando a Renamo iniciou a criação de bases permanentes nas zonas sob sua influência, ao General Vareia coube a missão de montar um posto avançado em Mucuti, na província de Manica, em Outubro de 1979. Desta posição do exército guerrilheiro, Vareia desencadeou importantes operações militares, entre as quais o assalto e ocupação da Vila de Dombe em 1980, expulsando as tropas governamentais que aí se encontravam aquarteladas.

 

As forças sob comando de Vareia desempenharam papel de relevo durante o contra-ataque da Renamo visando neutralizar a ofensiva militar das tropas das FAM/FPLM coligadas com as FAR (Forças Armadas Revolucionárias – exército cubano) que culminou na queda da base central de Sitatonga em Junho de 1980. Consolidadas as posições da Renamo na província de Manica, ao General Vareia foi incumbida a missão de abrir a Frente de Inhambane.

 

A 4 de Julho de 1981, Vareia, encabeçando um batalhão constituído por 300 guerrilheiros, deixa a base central da Renamo em Chicarre (Garágua, na terminologia das ex-FPLM-FAM), dirigindo-se para a margem esquerda do Rio Save como prelúdio do início das operações na província de Inhambane. Não obstante os intensos esforços desenvolvidos pelas FPLM-FAM, e a intervenção pessoal do chefe de Estado-Maior das tropas governamentais, Sebastião Marcos Mabote, do Coronel Domingos Fondo, comandante da 2ª Brigada das FPLM-FAM, desdobrada a sul do Rio Save, e do Major Manuel Manjichi, comandante táctico das tropas sob comando de Fondo, visando impedir a todo o custo a travessia desse rio pela coluna guerrilheira, Vareia frustrava os intentos do exército governamental. Na marcha em direcção a sul, os combatentes da Renamo travavam uma média de cinco combates diários com as tropas fiéis ao regime monopartidário, segundo reza a história da guerrilha.

 

Uma vez transposto o Rio Save, o General Vareia estabelece uma base da guerrilha em Chichôlane, na província de Inhambane. É dessa base que um outro contingente da Renamo, sob a chefia do general Mário Franque, dirige-se para Banhine, na Província de Gaza, em Novembro de 1981, abrindo uma nova frente de combate. A Renamo passaria a designar as províncias de Inhambane e Gaza como as Regiões Militares 2 e 3, respectivamente.

 

Foi rápida a consolidação da Renamo nestas regiões, impondo a sua supremacia militar no teatro das operações. Em finais de 1982 e até meados de 1983, o regime da Frelimo tentou inverter a situação, lançando uma ofensiva de grande envergadura contra as áreas sob controlo da guerrilha. Com apoio de assessores soviéticos, de forças zimbabweanas, e de um efectivo das FPLM-FAM constituído por 10.000 homens, o regime da Frelimo lançava a Operação Cabana. Tratou-se de uma operação militar semi-convencional em virtude da utilização de unidades de pseudo-guerrilheiros, treinadas pelas Forças Especiais da União Soviética, mais conhecidas por Spetsnaz. Os contingentes zimbabweanos eram oriundos da 1ª Brigada do Exército Nacional do Zimbabwe (ZNA), estacionada em Masvingo, da 4.ª Brigada do ZNA, estacionada em Gonarezhou, e da famigerada 5.ª Brigada, treinada pela Coreia do Norte e que havia participado em massacres na província zimbabweana de Matabelândia, assassinado para cima de 20.000 civis indefesos.

 

Vareia e muitos outros comandantes da Renamo voltaram a frustrar os desígnios dos estrategas soviéticos que assessoravam a Operação Cabana. Esta revelar-se-ia a Operação Nó-Gordio do Marechal Samora Machel. Longe de ter estrangulado a Renamo, como era seu objectivo a Operação Cabana teve a particularidade de levar a guerrilha até às portas de Maputo. Com efeito, em Setembro de 1982, quando a Operação Cabana já estava em marcha, o General Manje inicia a longa caminhada em direcção à Província de Maputo, em conformidade com orientações traçadas pelo Estado-Maior da Renamo em que pontificava Raul Domingos, chefe das Operações Militares. A Renamo fura o cerco que as tropas governamentais haviam montado a Sul. Os primeiros ataques da Renamo na província de Maputo ocorrem a 6 e 7 de Dezembro de 1983.

 

O alastrar da guerrilha em direcção à cidade Maputo provoca pânico e alarme entre as hostes governamentais. O regime reage rápida e contundentemente. Em Janeiro de 1983, recorre a uma acção visando intimidar as populações que albergavam a guerrilha. Para Macia e Magude são enviados os Tenente-General Sebastião Mabote e o Major-General Joaquim Chissano para presidirem ao fuzilamento público de prisioneiros de guerra nessas duas localidades da província de Maputo.

 

A guerrilha, no entanto, prosseguia a sua marcha, forçando o regime a enveredar por acções diplomáticas que culminariam com a assinatura do Acordo de Nkomati. Longe de sufocar a guerrilha – ou de “secar a água que restava nos canos”, como propalava na altura o Marechal Samora Machel – o Acordo de Nkomati coincidiu com a abertura de novas frentes de combate a norte e sul do país. A queda do regime seria um dado adquirido não tivesse sido a intervenção em larga escala de mais contingentes estrangeiros, designadamente as TPDF da Tanzânia, e o ZNA do Zimbabwe. Todavia, Vareia e centenas de outros comandantes resistiram às investidas das forças de intervenção estrangeiras, acabando por forçar o regime a sentar-se à mesa das negociações em Roma e a reconhecer o direito dos moçambicanos à democracia. (Redacção)

 

A Estratégia dos Coronéis
 
No âmbito dos esforços desenvolvidas pelas tropas governamentais durante a guerra civil moçambicana, em particular a tentativa de se neutralizar a acção da guerrilha na Frente de Inhambane para assim se vedar o acesso a Maputo, distinguiram-se dois coronéis das Forças de Defesa e Segurança.
 
Um, era o Coronel Domingos Fondo, que no decurso da Operação Cabana (1982-1983), desempenhavas as funções de Comandante da 2ª Brigada das FAM-FPLM, desdobrada a sul do Rio Save. Pressionado pelo Chefe de Estado-Major, Sebastião Mabote, o Coronel Fondo transmitia para os seus homens no terreno instruções de como parar a progressão da guerrilha. Os serviços de escuta da Renamo, sempre em sintonia com o sistema de transmissões militares das tropas governamentais, captaram uma conversa informal entre o Coronel Fondo e o seu comandante táctico, o Major Manuel Manjichi. A este, o Coronel Fondo dizia: “Tens de matar todos esses bandidos. Quando capturares esses bandidos, tens de fazê-los sofrer o máximo possível e depois mata-os na presença das populações de forma a intimidá-las a não ajudarem os bandidos.”
 
O outro coronel, era Sérgio Vieira. Através do seu GLCB (Gabinete de Luta Contra Bandidos), uma unidade criada no seio do Snasp – fotocópia nítida do LCB cubano (Lucha Contra Bandidos) instituída pelos Castro-Ruz para neutralizar os “bandidos armados” de Escambray – o Coronel Vieira também dava o seu contributo à tentativa de neutralização da guerrilha em Inhambane. O GLCB recorreu à guerra bacteriológica para estancar o avanço da guerrilha. Para isso, recrutou em Maputo prostitutas infectadas com o vírus Neisseria gonorrhoea, as quais foram depois “desdobradas” em zonas de influência da Renamo na Província de Inhambane. A estratégia do coronel, agora na reserva, era a de infectar comandantes e combatentes da Renamo com o vírus causador da devastadora doença venérea conhecida por gonorreia. A guerra bacteriológica do Coronel Vieira incluía ainda o envenenamento de poços e lagoas nas zonas da Renamo, causando a morte a muitos guerrilheiros e camponeses.
 

 

ZAMBEZE – 05.03.2009

2 comentários:

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