Tuesday, November 18, 2025

OS MELHORES FISCAIS DAS OBRAS PÚBLICAS, SEMPRE FORAM A CHUVA E O VENTO

 Damiao Cumbane


Na sequência de uma publicação feita pelo Ministério dos Transportes e Logística, relativa à estrada Molumbela- Kongolote, num troço de 2,35 quilómetros, com um custo de 270.000.000,00 (duzentos e setenta milhões de meticais), seguindo a lógica de René Descarte, segundo a qual, "Penso, logo existo", eu também pensei e fiz breves contas relativas ao que a notícia ou publicação dava a conhecer.
A motivação para isso, deveu-se ao facto de eu, exactamente, ter tido acesso à notícia sobre aquela estrada, estando sentado no Tribunal de 700, na Matola, cuja estrada, não tem sequer um ano após ter sido recobstruida ou seja, somente tem uns meses entretanto, há 3 semanas eu havia passado por ali e, na minha "santa burrice" de não entender nada sobre a engenharia das estradas, achei que aquele piso estava a ter uma degradação precoce, sintomatico de que o trabalho não fora bem feito.
Na ocasião, a coisa ficou ainda turva na minha cabeça, ao ter estado a constatar que, toda aquela zona de Cinema 700, havia-se transformado numa verdadeira lagoa.
As valetas que foram feitas no âmbito da reabilitação daquela estrada, reprovaram por completo, não conseguiram escoar "um único litro de água".
Foi nesse cenário que eu acedi à publicação relativa à estrada Molumbela-Zimpeto e, no meu direito que, igualmente assiste a alguns, questionei o custo por quilómetros pois, a notícia só dizia que, 2,35 quilómetros de estrada custaram 270.000.000,00.
Em contas rápidas, deu-me uma média aproximada de 118 milhões de meticais, por cada quilómetro ou seja, aproximadamente 2 milhões de dólares por cada quilómetro.
No comentários achei curioso que alguns elementos do povo dissessem: " se a estrada foi cara, é bom não usar" ou seja, como eu reclamo o custo, não devo usar aquela estrada. "A estrada é de boa qualidade", diziam uns, "nas fotos aparece uma ponte", diziam outros, sem que a publicação trouxesse esse e outros elementos. "É melhor eles roubarem assim", diziam outros, "o bom é que já temos uma via", entre tantos comentários que os achei tipicos do ensino que tomou conta do país.
No que à estrada defronte do Cinema 700, pelo comentários feitos à publicação em causa, nada se deve questionar porque, pelo menos, naquele troço, não há areal e os carros não enterram.
Alguns comentários fizeram-me recordar os comportamentos vividos em certas famílias, nas quais, uma rapariga, sem que se conheça fontes de rendimentos, começa a aparecer em casa com roupas caras, telefones de ponta, traz mantimentos diversificados e, a família, auto inibe-se de questionar a fonte, porque, pelo menos tem algo para comer.
Outros comentários trouxeram elementos e justificações que não se acham na notícia publicada pelo Ministério, outros ainda disseram que eu questionava sempre ou muito.
Ora, uma sociedade que acha que não se deve questionar muito, só pode ser uma sociedade amorfa, morta ou completamente alienada.
Pelos comentários de alguns, de certo que o Tribunal Administrativo não deveria ter fiscalizado os custos da Ponte Maputo-Katembe porque, pelo menos se tem ponte.
A esses comentadores, faltou dizer que os custos da água e electricidade, não devem ou não deveriam ser questionados porque, pelo menos as respectivas empresas nos dão ou fornecem água e electricidade.
Que os custos com a aquisição de bens e serviços, não deveriam ter fiscalização preventiva e sucessiva das despesas, por um lado porque os bens e serviços foram adquiridos ou prestados e estão à vista ou porque, quem vai executar as despesas, está fora de quaisquer suspeitas.
Nas nossas casas, aqueles que têm um pouco mais de recursos, não devem ser questionados porque eles contribuem muito para a família, entre outros eventos beneficentes que, para uns, não devem ser questionados pois, antes o pouco, do que nada.
Por fim, dizer aos que se irritaram com o meu comentário que, seria saudável que tudo fosse questionado e, se os questionamentos puderem ser feitos na hora, melhor ainda.
Foi a falta de questionamentos, em devido tempo que muitos gestores se animaram, até colocarem as empresas TMcel e LAM no nível em que estão. É a falta de questionamento que faz com que Empresas Públicas que deveriam ser fontes de rendimentos para o Estafo, transformaram-se num fardo para o Tesouro Nacional.
Ora, o país sairia a ganhar, se pudéssemos questionar tudo.
Se tivéssemos a cultura, as capacidades de questionar tudo, o país não choraria tantos de problemas relacionados com a gestão do bem público pois, qualquer gestor, antes de meter mão em bens públicos, teria de pensar mil vezes.
Helder Shenga
De acordo e preciso fazer questoes.
Jim Nhambau
Acabam de inventar outra de uma outra circular da província de Maputo que vai custar 3 milhões de Dólares Americanos por Km. Olha na língua da minha mãe isto chama-se MAHTLAVU SALANI.
Pedro Nhassengo
Meu caro, faça a sua parte. É um dever moral e deixe os "satisfeitos" .
Perdoe-lhes. Eles não sabem o que podiam ter...
Nelson Viano
Segundo a ANE 1 km esta 1 milhão de USD. Estrada sem muitos acidentes geográficos , plana .Usando todas técnicas de construção de estradas . Pergunta de Milhões será que esse valor corresponde?
Sergio Ndava
Questiona Dr. Faz pelo os que não conseguem o fazer. Um exercício de cidadania de apreço imensurável.
Da próxima, com essa sua forma simples e estética da caneta, duma compreensão fácil, esboça um artigo para a grande fraude do troço TSIVENI - MUKHAPANI.
Aquilo é uma grande roubalheira, dos cartéis.....
Ze Ricardo
Saudações, Dr. Damiao Cumbane
Tive atenção de acompanhar alguns comentários sobre a estrada, pois é alguns parabenizam aquela suposta roubalheira e na verdade só pensam no presente e não no futuro dos seus netos, quer dizer pela foto julgam que é uma estrada de qualidade. Não sabem que as fotos embelezam. Daqui alguns meses voltaremos a falar do mesmo assunto, quando sentirem o amargo dos buracos. Abraço
Mendes Menete
Todos esses são escovas daqueles outros.
São uns kangahânhas.
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Júlio Massango
Os questionamentos são válidos e pertinentes, todavia, enquanto as instituições do estado cuja função é zelar pela correcta aplicação de fundos públicos fazerem ouvidos de mercador o combate à corrupção será uma batalha perdida mas a guerra deve continuar. Só o facto do tribunal administrativo ter revelado o desvio de dinheiros do fundo soberano a reação não tardou mas os ministros metidodos em Mito, os tractores adquiridos ao dobro do preço real, os nhonguistas LAMentáveis, os fundos do erário coroídos com fantasmas, a fome do SUSTENTA e tantos outros casos, continuam sem que nada de correção seja feito e não se vislumbra acção alguma nesse sentido, infelizmente.
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Júlio Mutisse 
Mas qual é o custo da ponte irmão?
Insiste em 2 milhões por quilómetro como se a obra fosse só o pavimento da estrada.
A ponte?
A iluminação?
As valetas?
Qual o padrão usado?
Temos que ter sim senso crítico. Estou a trafegar uma estrada recentemente feita na Matola mas que antes, não houve cuidado de reparar a tabulação de distribuição de água e a estrada vai morrer. Mas, se calhar, tivessem feito isso o custo era outro.
Boaventura Gune, meu professor de Introdução ao Direito, dizia que devíamos ter Orgulho de estar na Universidade e fazermo-nos uma minoria esclarecida. Era importante devolver isso à comunidade. Acrescento eu, devolver a comunidade com precisão e com dados claros e honestamente colocados.
Podemos, no fim, concluir que a estrada foi cara mas temos que olhar o seu custo a partir de todas as componentes e não apenas a sua extensão
Joao Sergio Mb
Bem dito Dr. Cumbane, uma sociedade que nāo questiona está voltada ao fracasso, 2 escangalhou se a educaçāo pra que nao existisse mentes que questionam. As nossas universidades deixaram a academia e só forma espiôes pra ver que estudante tem mente evoluído pra se anteciparem e manientar esse tal estudante e hostilisa-lo. Temos que questionar Sim.

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