Thursday, July 30, 2020

Joesley Batista e o seu irmão Wesley confirmaram a Fachin o que falaram a PGR



Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio de Cunha
Joesley Batista e o seu irmão Wesley confirmaram a Fachin o que falaram a PGR
Lauro Jardim
17/05/2017 - 19:30 / Atualizado em 23/05/2017 - 12:17

Compartilhe por
Facebook Twitter WhatsApp Newsletters

PUBLICIDADE
O presidente Michel Temer e o dono da JBS Joesley Batista Foto: Editoria de Arte

RIO — Na tarde de quarta-feira passada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley entraram apressados no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiram direto para o gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodirá sobre o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação. (TUDO SOBRE A "REPÚBLICA INVESTIGADA")


(Para não perder nenhuma informação, assine as newsletters de O GLOBO)

Saiba mais

PF filma indicado por Temer recebendo propina
Grampo revela que Aécio pediu R$ 2 milhões a dono da JBS
Delator: ‘Mantega distribuía propinas a parlamentares petistas’
Análise: E agora, Brasil?
Os possíveis impactos da delação bombástica de Josley Batista na política e na economia brasileiras



É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: "Tem que manter isso, viu?".

Em nota, Temer disse que "jamais" solicitou pagamentos para obter o silêncio de Cunha e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento" para evitar delação do correligionário.

A assessoria do deputado Rodrigo Rocha Loures informou que ele que vai "esclarecer os fatos divulgados" sobre a delação.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
PUBLICIDADE




Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.

Joesley revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse ainda que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.

Pela primeira vez na Lava-Jato foram feitas "ações controladas", num total de sete. Ou seja, um meio de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação da polícia é adiada para o momento mais oportuno para a investigação. Significa que os diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram filmadas pela PF. As cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores. Como se fosse pouco, as malas ou mochilas estavam com chips para que se pudesse rastrear o caminho dos reais. Nessas ações controladas foram distribuídos cerca de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril.

Se a delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde. No final de março, se iniciaram as conversas. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana de maio já haviam terminado. As tratativas foram feitas pelo diretor jurídico da JBS, Francisco Assis e Silva. Num caso único, aliás, Assis e Silva acabou virando também delator. Nunca antes na história das colaborações um negociador virara delator.
PUBLICIDADE


Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio Cunha Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

A velocidade supersônica para que a PGR tenha topado a delação tem uma explicação cristalina. O que a turma da JBS (Joesley sobretudo) tinha nas mãos era algo nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS conversou com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido — arma que já se revelara certeira sob o bolso do paletó de Sérgio Machado, delator que inaugurou a leva de áudios comprometedores. Ressalte-se que essas conversas, delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da Lava-Jato. Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha coragem de tratar desses assuntos de forma tão descarada?

Para que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento incomum. Joesley, por exemplo, entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio carro e subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os outros delatores.

Ao mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do grupo dos irmãos Batista. A JBS tem 56 fábricas nos EUA, onde lidera o mercado de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também fazer um IPO (abertura de capital) da JBS Foods na Bolsa de Nova York.
PUBLICIDADE




Pelo que foi homologado por Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para livrá-los das operações Greenfield e Lava-Jato que investigam a JBS há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada. (Colaborou Guilherme Amado)

Fechar
Escolha as edições de sua preferência:
Diárias
Rio Show
Acervo
O melhor da semana
Ela
Politicando
Gastronomia
Em quarentenaAssine nossas newsletters


Trocar imagem
cadastrar
É assinante?
Veja newsletters exclusivas




Mais lidas no Globo

1.

Surto de Covid-19 no navio Diamond Princess foi iniciado por uma única pessoa
Rafael Garcia
2.

Auxílio emergencial: Bolsonaro veta projeto que dava preferência a mães no pagamento do benefício
O Globo
3.

Uso de máscaras pode diminuir dose viral e sintomas da Covid-19, diz estudo
Katherine J. Wu/2020/The New York Times
4.

O Brasil terá clubes hegemônicos, como acontece na Europa?
João Pedro Fonseca
5.

Prefeitura de SP rompe com Comitê do Coronavírus criado por Doria
Silvia Amorim
Mais de Brasil

Mega-Sena acumula e próximo sorteio pode pagar R$23 milhões
O Globo
Órgão da PGR pede a Aras que mantenha estrutura e prorrogue forças-tarefas
Aguirre Talento
Serra vira réu, mas Toffoli suspende investigações contra o senador na 1ª instância e na Justiça Eleitoral
Aguirre Talento
PUBLICIDADE



Justiça aceita denúncia e Serra e sua filha, Verônica, viram réus
Guilherme Caetano
Marco Aurélio nega anular buscas no gabinete do deputado Paulinho da Força
André de Souza
Toffoli defende prazo de oito anos para juiz ser candidato e Maia promete pautar sugestão 'em breve'
Bruno Góes, André de Souza, Natália Portinari
Governo coloca instrutor de tiro para atuar na elaboração de normas sobre armas
Naira Trindade, Daniel Gullino
Mega-Sena acumula e próximo sorteio pode pagar R$23 milhões
O Globo
Órgão da PGR pede a Aras que mantenha estrutura e prorrogue forças-tarefas
Aguirre Talento
Serra vira réu, mas Toffoli suspende investigações contra o senador na 1ª instância e na Justiça Eleitoral
Aguirre Talento
PUBLICIDADE



Justiça aceita denúncia e Serra e sua filha, Verônica, viram réus
Guilherme Caetano
Marco Aurélio nega anular buscas no gabinete do deputado Paulinho da Força
André de Souza
Toffoli defende prazo de oito anos para juiz ser candidato e Maia promete pautar sugestão 'em breve'
Bruno Góes, André de Souza, Natália Portinari
Governo coloca instrutor de tiro para atuar na elaboração de normas sobre armas
Naira Trindade, Daniel Gullino
Mega-Sena acumula e próximo sorteio pode pagar R$23 milhões
O Globo
Órgão da PGR pede a Aras que mantenha estrutura e prorrogue forças-tarefas
Aguirre Talento
Serra vira réu, mas Toffoli suspende investigações contra o senador na 1ª instância e na Justiça Eleitoral
Aguirre Talento
PUBLICIDADE



Justiça aceita denúncia e Serra e sua filha, Verônica, viram réus
Guilherme Caetano
Marco Aurélio nega anular buscas no gabinete do deputado Paulinho da Força
André de Souza
Toffoli defende prazo de oito anos para juiz ser candidato e Maia promete pautar sugestão 'em breve'
Bruno Góes, André de Souza, Natália Portinari
Governo coloca instrutor de tiro para atuar na elaboração de normas sobre armas
Naira Trindade, Daniel Gullino
Mega-Sena acumula e próximo sorteio pode pagar R$23 milhões
O Globo
Órgão da PGR pede a Aras que mantenha estrutura e prorrogue forças-tarefas
Aguirre Talento
Serra vira réu, mas Toffoli suspende investigações contra o senador na 1ª instância e na Justiça Eleitoral
Aguirre Talento
PUBLICIDADE



Justiça aceita denúncia e Serra e sua filha, Verônica, viram réus
Guilherme Caetano
Marco Aurélio nega anular buscas no gabinete do deputado Paulinho da Força
André de Souza
Toffoli defende prazo de oito anos para juiz ser candidato e Maia promete pautar sugestão 'em breve'
Bruno Góes, André de Souza, Natália Portinari
Governo coloca instrutor de tiro para atuar na elaboração de normas sobre armas
Naira Trindade, Daniel GullinoVer mais
Esta matéria não aceita mais comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal
Perguntas mais frequentesTermos de uso
comentários
Carregar mais comentários








Portal do Assinante
Agência O Globo
Fale conosco
Expediente
Anuncie conosco
Trabalhe conosco
Política de privacidade
Termos de uso


© 1996 - 2020. Todos direitos reservados a Editora Gl

No comments: