Um dia depois de lançar a chamada "Operação liberdade", o presidente interino volta a pedir a mobilização dos venezuelanos. Do outro lado, Nicolás Maduro tenta travar aquilo que considera um "golpe de Estado". Em atualização
A Venezuela vive esta quarta-feira o segundo dia consecutivo de tensão nas ruas. Centenas de venezuelanos começaram a reunir-se nos pontos de concentração da oposição ao regime de Nicolás Maduro, respondendo ao apelo do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que convocou novos protestos para esta quarta-feira, depois do golpe falhado de terça-feira.
No Twitter, Guaidó voltou a apelar à mobilização do povo venezuelano e partilhou os pontos de concentração de manifestantes no país, que têm como objetivo exigir que Maduro deixe o poder e que sejam convocadas eleições presidenciais livres. "Seguimos com mais força do que nunca Venezuela", escreveu.
A manifestação acontece depois de Juan Guaidó ter desencadeado um ato de força contra o regime de Nicolás Maduro, na terça-feira, no qual envolveu militares e civis - uma ação que terminou com um morto e 95 feridos.
Já com as concentrações a decorrer, Nicolás Maduro apelou ao "não" ao golpe. "Hoje a classe trabalhadora venezuelana mobiliza-se em todo o país para celebrar o seu dia e defender as suas conquistas, com uma grande marcha que dirá não ao golpe e não à ingerência norte-americana. Nervos de aço, calma e sanidade! Viva os trabalhadores e as trabalhadoras da pátria!", escreveu Maduro no Twitter.
Segundo os media locais, a polícia tenta reprimir os manifestantes com o uso de gás lacrimogéneo em algumas zonas, nomeadamente em Altamira, Caracas.
Em Caracas, Guaidó falou com os seus apoiantes: "Estamos no caminho certo. Hoje não há como voltar atrás, porque vamos com tudo. Temos um plano para o país, um projeto. Eles representam a morte. A opção pela mudança representa a vida".
"O regime vai tratar de perseguir-me e acreditam que com isso nos vão deter. Temos uma estratégia, ações concretas", afirmou, pedindo à população que se mantenha nas ruas. "É preciso continuar nas ruas. Não podemos continuar a apoiar um regime corrupto".
Durante o discurso, o autoproclamado presidente interino revelou que pretende continuar a libertar presos políticos, como Juan Requesens, Iván Simonovis, Gilber Caro. "Mantendo a pressão nas ruas, estamos mais perto", afirmou, acrescentando que "o fim da usurpação está próximo".
Referindo-se a uma suposta divisão dentro do exército entre os seus apoiantes e os de Maduro, Guaidó disse que os próximos dias serão de "caça às bruxas dentro das Forças Armadas".
Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, admitiu, esta quarta-feira, que uma "ação militar" é "possível" se for "necessária" para favorecer a transição política na Venezuela. "Nós preferíamos uma transição pacífica para o poder, com a saída de Maduro e a realização de novas eleições, mas o Presidente (Trump) deixou claro que, num certo momento, é preciso saber tomar decisões", afirmou Pompeu, acrescentando que Donald Trump "está pronto a fazer o que for preciso".
As autoridades norte-americanas reforçaram terça-feira as pressões sobre as chefias militares e figuras chave do regime para que apoiem o levantamento liderado pelo autoproclamado Presidente interino Juan Guaidó e responsabilizaram a Rússia e Cuba por Maduro se manter no poder.
Já o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, cancelou a deslocação que devia começar hoje à Europa para "coordenar de forma mais eficiente" a situação na Venezuela e a missão do Exército na fronteira com o México.
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