Nampula (IKWELI) – A direcção da Universidade Rovuma (UniRovuma), uma das instituições de ensino superior pública criada a luz da extinção da Universidade Pedagógica, decidiu retirar o direito ao estágio integral aos estudantes do 4º ano com cadeiras em atraso, medida que não agradou os visados e decidiram por promover uma greve por tempo indeterminado, boicotando aulas e as actividades normais da mesma.
Os estudantes dizem-se injustiçados pela direcção por, a prática ser nova naquele estabelecimento de ensino superior.
A medida, também, proíbe aos estudantes de terem acesso ao estágio profissionalizante.
O campus de Napipine, segundo observou o Ikweli está, praticamente, deserto no seu interior, apenas do lado exterior, logo pela manhã viam-se estudantes protestando a medida.
“Faltou informação. Recebeu-se um documento da reitoria em 2018, referindo que os estudantes com cadeiras em atrasos não vão ao estágio mas, a mesma informação só foi tornada pública hoje. No ano passado estudantes nesta situação foram ao estágio. Então, depois de nos termos inscrito nas mesmas cadeiras em que ficamos chumbados, não ultima hora é quando nos comunicam sobre esse assunto. Nós pensamos que esse posicionamento é uma injustiça porque, a ser assim a medida apenas poderia abranger aos colegas que estão no primeiro ano não o nosso grupo. Se não resolver a nossa situação nós vamos continuar em greve até as últimas consequências. Aqui, durante este período ninguém terá aulas”, disse um dos manifestantes.
“Eles deviam anunciar no acto da nossa inscrição no sistema de que quem tiver uma cadeira em atraso não terá direito de estágio. Isto devia acontecer logo no primeiro ano. Não só, eles dizem que é uma norma que sai do Maputo, então porque é que apenas é aplicada apenas aqui em Nampula? Outras delegações tem colegas nas mesmas situações mas que tem direito ao estágio, mesmo aqui tem colegas com cadeiras atrasadas mas foram ao estágio. Nessas circunstâncias pergunto quais são os critérios usados para a selecção dos estudantes para irem ao estágio? Então, como eles nos pegaram de surpresas, peço para reverterem a nossa situação”, disse uma estudante do curso de Física, cuja identidade omitimo-la em sua protecção.
“É uma injustiça. Nós pertencemos a UniRovuma, uma instituição grande, e somos proibidos de ir ao estágio, enquanto os nossos colegas de Nacala estão nos estágios. Porque é que deve apenas acontecer apenas em Nampula?”, pergunta um outro estudante, para depois apontar que “tivemos uma reunião com o reitor e prometeu dar-nos uma resposta no intervalo de duas semanas mas, até agora não temos resposta. Isso revela uma incompetência por parte deles. Assim sendo enquanto não nos atenderem aqui não haverão aulas”.
A directora adjunta pedagógica da UniRovuma, Maria Luísa Lopes, desvaloriza a greve dos estudantes por entender que os mesmos não têm motivo para o efeito.
“Trata-se de um grupo de estudantes do 4º ano que reprovaram uma ou duas disciplinas do 1º ao 3º ano e neste momento estando no 4º ano deviam ir ao estágio mas que não podem ir porque tem cadeira em atraso. Essa medida foi tomada a partir de Maputo porque até ao momento o nosso sistema académico é gerido a partir de lá e, apercebeu-se que haviam muitos estudantes que estão a dever disciplinas por isso, emanou-se uma medida segundo a qual esses estudantes não deviam ir aos estágios, e os estudantes consideram que esta medida é injusta porque foram informados tarde. Mas na nossa perspectiva não houve uma informação tardia porque era, simplesmente, recordar a eles porque isso está no regulamento académico”, explicou a fonte ao Ikweli.
Maria Luísa Lopes disse, também, que o reitor da UniRovuma teria revogado a medida mas, a mesma produzirá efeitos quando aprovada pelo Conselho Científico da instituição, o que ainda não aconteceu.
“Nós informamos a presidente dos estudantes que a UniRovuma reclamou a UP sede no sentido de que essa medida não seria conveniente e o magnifico reitor desde o dia 26 já tinha o despacho pronto para anular a medida mas, a comunicação entre a presidente e os estudantes não foi efectiva. Então, se eles querem continuar com a greve podem mas, dentro de poucos dias será divulgado o documento. Mas, também, não estamos preocupados com isso porque de princípio eles estão a reclamar uma coisa que está regulamentada”, concluiu a directora adjunta pedagógica para área de pós-graduação da UniRovuma. (Constantino Henriques e Redacção)
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