Sunday, June 24, 2018

O empresário e analista político, Amade Camal, suspeita do envolvimento das multinacionais ligadas aos hidrocarbonetos nos ataques de Cabo Delgado

0DSXWR GH-XQKRGH ‡$12;;9‡1o ‡3UHoR 0W‡0RoDPELTXH Terror em Cabo Delgado Pág. 2 e 3 3º - 35595 - 25.000,00MT 2º - 42196 - 50.000,00MT VALOR DO 1º PRÉMIO DO JOKER - 250.000,00MT LOTARIA 24ª EXTRACÇÃO 1º - 32820 - 1.000.000,00MT PREVISÕES DE JACKPOT 1º PRÉMIO -1.000.000,00MT PRÓXIMA, 25ª EXTRACÇÃO DA LOTARIA 23/06/2018 1 PR MIO DE TOTOBOLA - 721.997,31MT 1 PR MIO DE TOTOLOTO - 1.505.839,57MT - 01-// - (%# "- & "# $% ) 32 "!$& % '''.$" " ". " Para Amade Camal: ‡´$VROXomRpSDUDU FRPH[SORUDomRGRV KLGURFDUERQHWRVµ ‡´2VVHUYLoRVVHFUHWRV PRoDPELFDQRV PRVWUDUDPHQRUPHV IUDJLOLGDGHVµ Naíta Ussene TEMA DA SEMANA 2 Savana 22-06-2018 TEMA DA SEMANA O empresário e analista político, Amade Camal, suspeita do envolvimento das multinacionais ligadas aos hidrocarbonetos nos ataques de Cabo Delgado, levados a cabo por grupos armados, supostamente inspirados no islamismo radical. “A solução imediata para este problema é mesmo parar com a exploração dos hidrocarbonetos”, remata, um empresário do ramo automóvel, que tem estado activo na área dos transportes. Camal, um antigo deputado da Frelimo na primeira legislatura multipartidária (1994-9), não tem dúvidas que, nos seus pacotes de investimento, as multinacionais incluem o financiamento a actos terroristas para exigir aquilo que não conseguem na mesa de negociações. Estranha a prontidão do americano Erik Prince, fundador da empresa Blackwater Security e líder da Frontier, que se propõe, em 90 dias, desmantelar completamente toda a rede de ataques promovidos pelos radicais do al-Sunah, um plano que terá já apresentado ao Governo moçambicano. Camal afirma que o Governo sempre foi avisado das movimentações de grupos radicais, mas ignorou as chamadas de atenção e hoje está a reagir como bombeiro. Nas linhas abaixo segue a entrevista, onde Amade Camal denuncia as fragilidades do Serviço de Informação e Segurança de Estado (SISE) e comenta sobre a Renamo pós- -Dhlakama e aparente crise que tomou conta do MDM, a terceira maior força política moçambicana com 17 deputados. Como é que encara o envolvimento da religião muçulmana nas matanças que estão a aterrorizar a província de Cabo Delgado? Ao contrário do que muitos dizem, vejo a situação noutro ângulo. O islão é uma religião baseada numa doutrina que significa submissão a Deus. O Alcorão e a profecia do seu mensageiro defendem a promoção da paz. Não devemos confundir a doutrina, dos eventuais seguidores. A humanidade nunca confundiu a religião com aqueles que cometeram a inquisição no século XVI, nem com os que estiveram por detrás da guerra das cruzadas por três séculos. Também não se confundiu a religião com os responsáveis da guerra entre cristãos e os protestantes/luteranos de tal forma que, nunca misturou a religião cristã com as incursões das brigadas vermelhas na Itália, a ETA na Espanha nem da IRA na Irlanda do Norte. Todos sabemos que os autores dessas atrocidades eram terroristas, mas como não convinha serem aliados a certa religião, a humanidade evitou confundir. Agora, quando no meio de milhares de muçulmanos, surge um grupo de criminosos a aterrorizar pessoas, logo, o islão é responsabilizado. Nunca ouvi o mundo a relacionar o cristianismo com o terrorismo, em contrapartida, o islão é aliado ao terrorismo. Sente que há tendências de estigmatizar o islão ao relacioná-lo com actos macabros? Sim. Há uma estratégia de estigmatizar os muçulmanos associando terroristas ao islão. Sempre que alguém explode uma bomba e tira vidas ou degola cabeças de pessoas e diz Allahu Akbar, logo, o assassino é muçulmano. Infelizmente, as pessoas ignoram que qualquer falante da língua árabe, seja muçulmano, cristão ortodoxo ou de outra religião, quando diz que Deus é grande, pronuncia a palavra Allahu Akbar. Nos Estados Unidos da América existe um grupo que assassina médicos, enfermeiros e incendia clínicas que fazem abortos. Eles intitulam-se de exército de Deus. São assassinos, mas nunca são considerados terroristas, são apelidados de radicais. Portanto, mesmas acções e designações diferentes. Ao contrário dos cristãos. Os fanáticos do islão evocam o Alcorão para cometer atrocidades. Por quê se o Alcorão é um livro que promove a paz? Todo o muçulmano respeita a vida. O Alcorão diz que o assassinato de um ser humano é equivalente ao castigo da eliminação ou do assassinato de toda a humanidade. Portanto, o Alcorão deixa claro que se há uma coisa proibida é matar alguém. Agora, o Boko Haram, Al Shabab, Estado Islâmico ou os terroristas de Cabo Delgado não estão a seguir os princípios nem os ensinamentos do islão. Como muçulmano estou contra matanças, destruição ou qualquer maldade ao próximo. Entretanto, a minha inquietação é: todos esses movimentos que o mundo chama de terroristas islâmicos vieram muito depois da guerra na Palestina, das invasões no Iraque, Líbia, Afeganistão e tantos outros países. Qual foi o padrão religioso desses invasores? São terroristas ligados a que religião? O que o mundo diz sobre esse grupo de terroristas que matou milhares de pessoas no Iraque e no Afeganistão em nome da hipotética democracia? A Líbia era um país próspero. A qualidade de vida dos líbios superava a de alguns países europeus e foi destruída. O mundo achou isso normal. Voltemos ao terror de Cabo Delgado e o envolvimento do islão... O terrorismo de Cabo Delgado não pode ser visto de forma isolada. É necessário compreender a economia dos hidrocarbonetos, a actuação das grandes potências nos países onde as suas multinacionais têm interesses. O que está a acontecer em Cabo Delgado não constitui nenhuma novidade para quem lê a literatura que discute a economia dos hidrocarbonetos. Não é por acaso que Moçambique regista a eclosão de focos de violência, com certas características, numa altura em que a exploração do gás de Rovuma está quase a começar. Coincidentemente, estes recursos estão numa zona de maioria muçulmana. Dívidas ocultas Depoimentos populares indicam que os insurgentes acreditam têm a missão de restaurar os valores tradicionais do islão, uma vez que consideram o islão praticado em Moçambique como estando em decadência e estão a combater os A receita de Amade Camal para acabar com o “terrorismo” em Cabo Delgado “A solução é parar com exploração dos hidrocarbonetos” que estão contra as suas pretensões... Em Moçambique não há guerra religiosa e nem há espaço para tal. O colonialismo tentou dividir moçambicanos recorrendo à religião e não conseguiu. A Frelimo marxista também tentou dividir o povo moçambicano através da religião, mas também não conseguiu. Não é verdade que as matanças de Cabo Delgado têm a vertente religiosa. Há quatro anos escrevi um artigo em que alertei a quem de direito que, se não conseguirmos gerir as expectativas em torno dos recursos naturais, a segurança do país estará em risco. Cheguei a essa conclusão porque a história universal reza que na estratégia geo-económica dos hidrocarbonetos, nos territórios onde há recursos em abundância há guerra. Isso não acontece apenas em países onde há domínio da religião muçulmana. Temos exemplos de Congo, Sudão do Sul, Nigéria. Estranhamente, nos países donde vêm as multinacionais que investem nos hidrocarbonetos não há guerra, mesmo com abundância dos recursos como é o caso da Noruega, Estados Unidos ou Canada. Isto mostra que existe um padrão de violência de países desenvolvidos para com subdesenvolvidos devido ao controlo dos recursos. Esta violência é secular e é exercida em várias formas. Mesmo as dívidas ocultas que estão a ofuscar o país resultam das acrobacias dessas potências com intenções imperialistas para continuar a condicionar os países pobres e retirar seus recursos sem contrapartidas. As dívidas ocultas foram contraídas por moçambicanos bem identificados. Onde é que entram as multinacionais. Não estou a dizer que não houve ladrões em Moçambique nas dívidas da Ematum e companhia. Há pessoas que levaram dinheiro para seus bolsos e que devem ser responsabilizadas. O que estou a dizer é que fomos enganados que nem ingénuos para nos criar esta situação de ruptura insustentável da nossa economia. Como é possível países europeus e americanos venderem equipamento de guerra sem saber para onde vai e como é que será pago? Isso é no mínimo estranho. É óbvio que os nossos serviços secretos também cometeram falhas. Veja que, aqueles que tinham a obrigação de identificar o perigo foram eles que levaram o país a uma situação perigosa devido à ambição de ganhar dinheiro sem sacrifício. Os imperialistas têm vários truques para fazer vincar suas intenções. Antes procuram identificar fragilidades de cada sistema e exploram no máximo. Viram inconsistência ética da parte dos nossos serviços de segurança de Estado e conseguiram ancorar o país para satisfazer seus desejos. FDS não relatam a realidade Diz que a instabilidade de Cabo Delgado deriva dos hidrocarbonetos. Porém, as Forças de Defesa e Segurança olham para os insurgentes como um grupo de bandidos armados... Compreendo a posição das chefias das FDS. Eles não são estúpidos. Pensam muito bem e sabem que o que dizem à sociedade sobre ataques não convence a ninguém. Infelizmente o sistema está condicionado à pressão dos investidores. As FDS receiam que se fizerem uma abordagem realística pode condicionar os cifrões dos investimentos, mas a forma irrealista de abordagem das coisas vai fazer com que a finalidade seja a criação duma vila autónoma na zona de exploração dos hidrocarbonetos. As FDS dependem da voz do comando que deve advir do Comandante-em-chefe que também é chefe dum governo que está ancorado à vontade dos investidores. Na realidade, os investidores querem criar um território em que nem o governo terá acesso sob pretexto de proteger seus investimentos. Os insurgentes existem, estão profundamente enraizados, organizados com objectivos concretos. Isto é, criar focos de instabilidade permanente de forma que as multinacionais consigam tudo o que não conseguiram na mesa das negociações. Para tal, vão nos entretendo com estes movimentos terroristas para nos desviar o essencial. Esta é a história da guerra nos hidrocarbonetos. Cabo Delgado tem hidrocarbonetos, tem rubis, grafite, esmeraldas, está numa situação Por Raul Senda (textos) e Naita Ussene (fotos) ...e acrescenta que os serviços secretos moçambicanos mostraram enormes fragilidades “Há uma estratégia de estigmatizar muçulmanos associando terroristas ao islão”, Amade Camal TEMA DA SEMANA Savana 22-06-2018 3 geoestratégia privilegiada. Como moçambicanos devemos olhar para este cenário com muita seriedade. O governo moçambicano deve ser muito mais radical. O que quer dizer quando refere que o governo deve ser mais radical? Se queremos evitar que Moçambique seja igual aos países que as suas riquezas tornaram-se motivo de castigo dos seus cidadãos, devemos parar com a exploração dos hidrocarbonetos. O governo ainda vai a tempo de cancelar os projectos da bacia de Rovuma e incorrer nas penalizações financeiras. Basta dizer que estamos numa situação de insegurança e não queremos prejudicar nossos investidores. Também se diz que o governo foi avisado sobre o perigo, mas ignorou. Como é que analisa esse facto? Como organização islâmica informámos o Ministério da Justiça, na qualidade de entidade que tutela as confissões religiosas, sobre a presença cada mais crescente de grupos com tendências radicais no norte dos país. Isso foi nos anos 2013/14. Também informámos sobre a persistência desses movimentos aos Serviço de Informação e Segurança de Estado. Estranhamente, ficamos surpresos, quando mais tarde esta questão rebentou e o governo deixou a mensagem de que foi encontrado de surpresa. Também ficámos surpresos quando os indivíduos ligados a estes actos são associados ao radicalismosislâmico. Como é que os nossos serviços secretos não conseguiram antecipar um perigo desta envergadura depois de vários avisos? Os nossos serviços secretos são frágeis. Quer na questão das dívidas ocultas bem como na questão de Cabo Delgado exibiram enormes fraquezas. Como é que encararam esse desprezo, sobretudo quando é uma questão que põe em causa a soberania do Estado ? É preciso entender que as políticas de gestão governamental assemelham-se muito à forma de actuação de bombeiros. Passam a vida a apagar fogo. Outra coisa é que, infelizmente, o nosso governo tem muitos problemas por resolver e isso deixa- -lhe muito mais vulnerável. Mas, para nós que conhecemos o funcionamento da geografia militar dos hidrocarbonetos, os terroristas dos hidrocarbonetos, isso já não é surpresa. Os pacotes de investimentos das grandes multinacionais também incluem o financiamento de grupos terroristas. Não estou a inventar nada. Isto é o padrão, porque mesmo que a guerra progrida para proporções alarmantes a exploração desses recursos nunca vai parar. Perante este cenário de instabilidade, para onde vamos como país? Acho que é momento de deixar conversas de entretenimento, de nos concentrar em ofensivas militares e procurar saber o que está por detrás desses insurgentes. Mas tenho certeza de que a riqueza é que está por detrás destes terroristas. Com todo o respeito que tenho pelos académicos que elaboraram estudos sobre a situação de Cabo Delgado e chegaram as suas conclusões. A pobreza, as desigualdades sociais existem em todo o lado, mas nunca foram focos de matanças. Conheço Cabo Delgado e não há razões que justifiquem este nível de matanças. A facilidade com que se decepam cabeças não tem razão nenhuma. Esta marca já conhecemos de outros países e, neste momento, a solução é mesmo parar com exploração dos hidrocarbonetos. Os moçambicanos são muito tolerantes, não conheço nenhuma família cristã que não tenha um muçulmano no seu seio e vice-versa. Começando pelos dirigentes deste país passando pelos partidos da oposição. O que está a acontecer é que as coisas estão a ser formatadas de modo que esses recursos não beneficiem o país e muito menos ao moçambicanos. As multinacionais que estão a fazer prospecção de hidrocarbonetos na bacia do Rovuma sabem muito bem o que vai acontecer daqui a dois, três quatro ou cinco anos. Contudo, não partilham essa informação com o empresariado nacional para se preparar. Eles querem encontrar os moçambicanos desprevenidos e dessa forma chamar seus compatriotas para usufruem dos benefícios dos nossos recursos. Tenho certeza de que, se o governo ganhar coragem e dizer que não há exploração de hidrocarbonetos, os moçambicanos continuarão a viver normalmente. O que mudou para o povo com a isso que prefere ficar calado. Infelizmente, os nossos compatriotas estão a ser manietados para executar estas acções, mas os estrategas são estrangeiros. Há dias, o proprietário da Blackwater Security, Erik Prince, prontificou-se a eliminar os insurgentes de Cabo Delgado em três meses, mediante uma factura de 800 milhões de dólares. O que achou? Tudo tem preço. Erik Prince, através da sua empresa Blackwater Security, chegou a ter 90 mil homens na guerra do Iraque. Era um contingente altamente equipado. Isto é, a máquina de guerra usada pelos EUA para destruir Iraque foi da Blackwater. Acha que é normal empresa de um cidadão ter um exército e um arsenal militar daquela envergadura? Ficou claro que na guerra do Iraque, o senhor Prince estava a representar interesses dos EUA. Por falar de Erik Prince é importante lembrar que, na altura de prospecção de hidrocarbonetos na bacia de Rovuma, os investidores diziam que gastavam um milhão de dólares americanos/dia em segurança. Era uma empresa estrangeira que garantia a segurança das plataformas. Acho que é justo que as FDS olhassem naquilo como oporlados porque se limitam apenas à província de Cabo Delgado. Não é verdade, isto vai alastrar-se por todo o país. Se não pararmos com a exploração dos hidrocarbonetos, vamos voltar ao caos num futuro não distante porque isso interessa os investidores. Um exemplo simples que como país é importante ter em conta: a proposta de segurança apresentada por Erik Prince não se limita apenas a Cabo Delgado. Vai até a zona de Limpopo. Prince tem acesso à informação privilegiada dos investidores e deve saber que o plano de expansão dos terroristas vai chegar à região sul do país, tomando controlo de quase toda a costa moçambicana. Se o nosso governo está comprometido com a segurança nacional, deve levar a sério o mapeamento de Erik Prince. Como é que estes movimentos actuam? Os modus operandi são os mesmos. Veja o que está a acontecer no Conclave de Cabinda em Angola, no Sudão do Sul, na República Democrática do Congo, na Líbia ou no Iraque. Veja que isto começa na Mocímboa da Praia e logo a população chama com algumas manchas porque estamos numa situação em que temos população deslocada devido à insegurança. A realização das quintas eleições autárquicas coincide com a introdução do novo modelo de votação. Será a forma ideal para a consolidação da nossa democracia? Todos os modelos são bons desde que o processo eleitoral seja conduzido de forma justa, livre e transparente. Sem isso podemos trazer todos os modelos democráticos que nenhum vai singrar. O modelo de cabeça de lista beneficia mais os partidos e a Frelimo pode obter vantagens visto que está mais forte como organização quando comparada com seus adversários. Contudo, com um pouco de trabalho, os partidos da oposição até podem conquistar alguns territórios porque o modelo permite e o desgaste da população com a forma de governação da Frelimo está mais crescente. Infelizmente, a nossa oposição não consegue aproveitar essas oportunidades resultantes do desgaste político da Frelimo e o país é que perde. Uma oposição forte obriga a Frelimo a ser muito mais forte. Uma oposição fraca deixa a Frelimo relaxada, que é o que acontece. Enquanto tivermos uma oposição inoperante, a Frelimo continuará a nivelar-se por baixo e rodeada de pessoas fracas, sem debate, menos críticas e obedientes porque sabe que sempre vai ganhar eleições. A morte de Dhlakama vai ou não pôr em causa a consolidação da democracia em Moçambique? Afonso Dhlakama foi quem consolidou, politicamente, a Renamo, mas o seu desaparecimento fisico dá oportunidade à Renamo de virar a página. Desde a morte de Dhlakama, a Renamo tem demonstrado uma maturidade fantástica e está a demonstrar uma visão de poder, o que é fantástica. Durante muito tempo, a Renamo resumia-se no seu líder. Com a sua morte, os egos estão a unir-se em torno da organização, o que é muito bom para construção dum partido forte e coeso. Como é que analisa a crise do MDM? O MDM está a demonstrar que ainda é bebé e, infelizmente, com tendências a desmoronar. A forma como o MDM é gerido mostra uma imaturidade enorme por parte dos seus dirigentes. Nos últimos dias, o MDM tem nos mostrado que era o que era porque a Renamo permitiu que assim fosse. Há um eleitorado anti-Frelimo que sempre votou na Renamo e, na ausência deste, vota no MDM. Também há um eleitorado fiel à Frelimo. Mas também temos eleitores que não se sentem representados na bandeira da oposição e sentem-se marginalizados pela Frelimo. Esperávamos que o MDM conquistasse esse eleitorado por ser um partido novo e formado por jovens, supostamente, com uma visão diferente. Porém, a realidade mostrou o contrário. Um partido sem ideias nem argumentos políticos. O que acha da governação de Filipe Nyusi? Tenho uma grande simpatia por Nyusi. Muitos dizem que a grande marca da sua governação é a paz, mas eu digo não, é ter conseguido conduzir o país mais de três anos no meio dum bloqueio internacional. Sem apoios nem créditos. Está a mostrar que Moçambique pode viver sem depender dos doadores e muito menos dos hidrocarbonetos. exploração de gás de Temane em Inhambane, com a exploração de carvão em Tete ou de Rubis em Cabo Delgado. O povo continua com as mesmas dificuldades. O argumento de que a pobreza está por detrás das matanças em Cabo Delgado não procede... Não procede. Trabalhei muitos anos em Tete. No local encontrei pessoas não escolarizadas e atrasadas intelectualmente, a população, sobretudo a juventude, estava numa situação de pobreza extrema, mas não houve guerra pelas diferenças, pelo empobrecimento ou pela entrada de imigrantes nacionais e estrangeiros que ocuparam mais de cinco mil vagas criadas pelos investimentos carboníferos. Ao contrário do que os académicos dizem, tal como se verifica em Cabo Delgado, os jovens de Tete também viram as riquezas e as oportunidades a passar ao seu lado. Os ataques estão a subir de escalada e o Presidente da República ainda não se pronunciou sobre os ataques. Como é olha para esse silêncio? Ele não se pronuncia porque sabe que não são moçambicanos que estão por detrás dos ataques. O presidente não quer mentir. É por tunidade para investir na defesa da integridade territorial. Acredito que se não tivesse havido tantos roubos, o negócio teria sido viável. Porém, quando os imperialistas se aperceberam que se o esquema da EMATUM, MAM e ProIndicus desse certo, ninguém daria conta do endividamento e os seus planos podiam não singrar. Assim, os investidores atrasaram as suas projecções de início de exploração de gás e daí destaparam os endividamentos e colocaram o país de cócoras. É estranho que numa situação em que estamos ancorados e debaixo de terror provocado por um grupo cujo rosto é desconhecido, apareça uma empresa de segurança ligada ao país de um dos investidores nesses recursos, a dizer que acaba com os bandidos em tempo recorde a troco de mais um endividamento do país. Na realidade, o que os imperialistas querem é tirar nossos recursos e nos deixar no zero. Tendo em conta os seus argumentos, este conflito não tem fim à vista... Estes ataques vão continuar e com tendências crescentes. Hoje até podemos pensar que são casos isoos tais criminosos de Al Shabab. A população não sabe nada disso. Isso de Al Shabab é invenção dos responsáveis desses movimentos para distrair-nos porque sabem que o Al Shabab actua de forma radical fomentado terror de forma hedionda. Isto foi maquinado de forma a se consolidar a ligação desses insurgentes com os terroristas de Al Shabab. Cancelando os contratos de gás de Rovuma, o Governo não corre o risco de ser empurrado por pôr em causa os interesses dessas multinacionais... Os investidores não querem tirar a Frelimo do poder. O que eles querem é condicionar a governação. Os investidores sabem que com a Frelimo os seus interesses estão protegidos. A entrada de outro partido pode trazer incertezas e os investidores não querem instabilidade que não controlam. O MDM está a desmoronar Os ataques de Cabo Delgado acontecem numa altura em que as eleições autárquicas estão próximas. O processo eleitoral não será prejudicado? As eleições vão realizar-se, mas Camal diz que nos seus investimentos, as multinacionais incluem um pacote para actos de terrorismo TEMA DA SEMANA 4 Savana 22-06-2018 O governador do Banco de Moçambique (BM), Rogério Zandamela, considera que a elevada dívida externa do país será paga em função da capacidade financeira do país e que “ninguém vai cometer suicídio para pagá-la”. Zandamela falava esta segunda-feira, durante a apresentação das decisões do Comité de Política Monetária (CPMO) do BM. O governador do Banco Central moçambicano voltou a manifestar preocupação com os níveis de dívida pública interna, que ronda os 105 mil milhões de meticais, o equivalente a 12% do PIB. Para Rogério Zandamela, não restam dúvidas de que a dívida pública interna é extremamente elevada e já levanta sérias questões de sustentabilidade. “Não temos boas notícias”, afirmou Zandamela, assinalando que o endividamento público interno compreende os bilhetes de tesouro e adiantamentos que o BM tem efeituado a favor do Governo, que hoje se situam ao redor dos 105 mil milhões de meticais. Este montante representa 12.1% do PIB e corresponde a um acréscimo de 9.975 milhões de meticais, desde o início do ano. O governador do Banco de Moçambique enalteceu o facto de a dívida não incluir todos os encargos internos. Frisou que componentes como os contratos mútuos com servidores, contratos de locação financeira e responsabilidade em mora, cujo valor real é bastante superior ao captado através dos títulos de BT e adiantamentos do BM, não são tomados em conta na determinação da dívida pública. “Temos uma dívida interna em que alguns factos ainda não foram incluídos, porque ainda há um trabalho que está a ser feito pelo governo para apurar o nível dessa dívida com os fornecedores em particular e, neste momento, não temos os números”, sublinhou. Dados do primeiro trimestre do presente ano mostram um agravamento do défice público em relação a igual período de 2017. Para esta deterioração, de acordo com o BM, contribuiu o pagamento do serviço da dívida pública, que atingiu 8.489 milhões de meticais, cifra correspondente a quase dobro do valor pago no período em análise. No entanto, avança o BM, o défice foi coberto com recurso a financiamento interno líquido, no montante de 4.343 milhões de meticais (46% do défice), e através de fundos de ajuda externa destinados a projectos de investimento. Recorde-se que, devido à suspensão do apoio financeiro por parte dos parceiros de cooperação na sequência da descoberta das dívidas ocultas, o Estado tem recorrido aos bilhetes de tesouro para se financiar. O crescimento da dívida, de acordo com o BM, levanta incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal necessárias para mitigar o risco associado à sua sustentabilidade num contexto de ciclo eleitoral este ano (eleições autárquicas) e próximo (eleições gerais). “É complicado tomar medidas de ajuste fiscal para mitigar o crescimento da dívida nos períodos eleitorais. O espaço é muito restrito para tomar as medidas e reformas necessárias”, declarou o governador do Banco de Moçambique. Rogério Zandamela explicou que, sempre que chega um ciclo eleitoral, os investidores são conservadores e não podem colocar o seu dinheiro sem clareza das prioridades do novo governo. Quanto às dívidas ocultas, Zandamela disse que o objectivo central é que sejam restruturadas. “Ninguém sabe quando é que o processo será concluído, mas também pode não se pagar nada nos próximos cinco a dez anos, em função do acordo que for alcançado nas negociações entre o governo e os credores”, declarou. Nesse âmbito, prosseguiu, “os encargos serão liquidados em função das capacidades do país e ninguém vai cometer suicídio para pagar a dívida, porque isso não existe em nenhuma parte do mundo”. Crescimento moderado O dirigente do Banco Central disse que o crescimento económico do país continua moderado, dado que o PIB do primeiro trimestre de 2018 revela que a actividade económica cresceu 3.2% em termos anuais, contra 4,5% registados em igual período de 2017. Nota importante realçada por Zandamela é que, diferentemente do ano passado, em que o crescimento foi impulsionado pela indústria extractiva, que registou um crescimento de 60%, desta vez verifica-se uma diversificação de sectores que contribuíram para o crescimento económico, com excepção da electricidade e água, que decresceram 1,8%. As condições da economia, apontou Zandamela, continuam a favorecer a projecção de uma inflação baixa e estável no médio prazo, não obstante persistirem riscos diversos e que exigem prudência na condução da política. Com efeito, o BM reviu em baixa a taxa de política monetária, taxa MIMO, em 75 pontos, para 15,75%. Reduziu igualmente a taxa de facilidade permanente de depósito para 12,00% e manteve a taxa de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez (FPC) em 18,00%. Manteve o coeficiente de reservas obrigatórias para os passivos em moeda doméstica em 14%. Rogério Zandamela defendeu que não se podem reduzir as taxas de juro com medidas administrativas, tendo reconhecido que, na conjuntura actual, as mesmas continuam elevadas, mas são as necessárias para gerar estabilidade e equilíbrio macroeconómico que o país precisa. Vincou que espera que aqueles indicadores continuem a cair, apelando à paciência, porque as medidas do banco central levam o seu tempo para produzirem respostas. Destacou ainda a estabilidade do metical face às moedas estrangeiras, apontando que agora está a níveis do final de 2017. Disse que o comportamento do metical reflecte em parte o aumento da liquidez em moeda externa, que contribui para a robustez das reservas internacionais que rondam os USD 3.235 milhões, suficientes para cobrir cerca de sete meses de importação de bens e serviços, excluindo os grandes projectos. Zandamela desvalorizou a tese defendida pelo FMI, segundo a qual o não pagamento da dívida externa é que contribui para o fortalecimento das reservas internacionais. Para o governador do BM, o incremento das reservas internacionais deve-se ao esforço que a instituição está a fazer, porque o fortalecimento seria menor. BM foi conservador Reagindo, esta terça-feira, às medidas tomadas pelo Banco Central, o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá entende que o BM foi conservador na sua medida. Mussá, que falava no âmbito do Economic Briefing organizado por aquela instituição bancária, assinalou que esperava que a taxa MIMO fosse reduzida em 150 pontos bases contra os 75 aplicados esta segunda-feira. Argumentou que, entre Dezembro do ano passado e Abril do ano em curso, o BM efectuou três cortes na taxa MIMO, na ordem de 150 pb em cada operação e esperava-se o mesmo cenário nesta semana. “Considerando que houve uma melhoria na balança de pagamento, no nosso entender, havia espaço para cortes das taxas de juro mais agressivos do que houve ontem (segunda- -feira)”, assinalou. Entende o economista que há uma tendência geral de melhoria da economia do país, visto que a inflacção passou dos 27% em finais de 2016 para 3,3% em Maio último, num cenário em que há estabilidade cambial. Fáusio Mussá considerou que a realidade da economia nacional mostra que há uma necessidade de estimular o crescimento da procura agregada. Segundo Mussá, se as taxas tivessem sido cortadas na magnitude vista nos últimos tempos, provavelmente, o ano iria fechar com a taxa de juro MIMO perto dos 10%, pois há espaço para isso. Sublinhou que a aplicação de taxas de juro atractivas é importante para que o sector privado possa aceder ao crédito, contrariando o actual cenário em que o crédito é canalizado ao sector público. Manifestou a sua preocupação como o que vai acontecer no domínio fiscal, visto o nível de “agressividade” do BM no corte das taxas de juro. Bancos comerciais agem lentamente Quem manifestou preocupação com a morosidade da redução das taxas de juros aplicadas pelos bancos comerciais na sua relação com o público foi a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). A CTA argumenta que a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) baixou, de Abril de 2017 a esta parte, em 600 pontos base, porém as taxas dos bancos comerciais baixaram apenas 300. Luís Magaço, presidente do pelouro da Política Financeira da CTA, fez notar que há uma reacção positiva do lado do Banco Central em relação às taxas de juro, contudo, há uma reacção mais lenta dos bancos comerciais. Magaço falava nesta terça-feira, em Maputo, durante um encontro entre a CTA e o BM com o objectivo de partilhar com os agentes económicos a situação macroeconómica, um exercício que será replicado pelas outras províncias. “É fundamental que a velocidade e o nível da redução das taxas directoras seja a mesma dos bancos comerciais”, frisou. “Vamos continuar a interagir com a Associação Moçambicana de Bancos para que o desaperto do cinto dos bancos também represente um desaperto do cinto para as empresas e os cidadãos em relação aos seus créditos”, frisou. Respondendo às preocupações da CTA, Felisberto Navalha, administrador do Banco de Moçambique, precisou que a sua instituição está a trabalhar com os bancos comerciais para melhorar a transparência na fixação dos juros e minimize processos de aproveitamento. “Estamos a trabalhar com os bancos para primeiro trazer mais transparência no processo de fixação de juros aos clientes e também estamos a trabalhar no domínio de criar uma situação em que a transmissão das decisões da política monetária seja muito mais rápida naquilo que o cliente final encontra”, afirmou Navalha. Navalha fez notar que, de uns tempos a esta parte, o BM constatou que quando a política monetária actua no sentido de aperto de aumento das taxas, os bancos exercem uma reacção rápida e na mesma linha, todavia quando é o inverso a reacção já não é no mesmo ritmo. Por Argunaldo Nhampossa “Ninguém vai cometer suicídio por causa da dívida” .... amortecendo a deterioração do défice da conta corrente (USD 153 mio) causado pelo aumento do défice de serviços (USD 230 mio)... Milhões de USD I Trim.17 I Trim.18 Var. (USD) Var. (%) Conta Corrente -811 -964 -153 18.9 Saldo de Bens -374 -261 113 -30.1 Exportações 988 1 182 194 19.7 Importações 1 361 1 443 82 6.0 Saldo de Serviços -325 -555 -230 70.7 Saldo de Rend. Primário -198.1 -229 -31 15.5 Saldo de Rend. Secundário 86 81 -5 -5.7 Conta Capital 59 53 -5 -9.2 Conta Financeira -597 -645 -48.0 8.0 dos quais: IDE 541 336 -205 -37.9 Outro Investimento 58 304 246 - Balança de Pagamentos do I Trimestre de 2018 contribuindo para assegurar que as reservas internacionais brutas continuassem em níveis confortáveis, cobrindo mais de 7 meses de importações, excluindo grandes projectos. 12 Acumulado I Trim. 2018 Acumulado até 15/Junho/2018 I. TOTAL DE ENTRADAS 539.5 918.0 Ajuda Externa 0.0 0.0 Receitas de Mineiros 3.5 4.3 Entradas Liq. (Projectos do Estado) 49.8 127.5 Compras diversas 26.5 45.0 Depósitos Liq. Das IC's 128.7 118.3 Ganhos cambiais líquidas 29.7 -13.1 II. TOTAL DE SAÍDAS 575.5 975.9 Serviço de Dívida - Pública 105.6 181.2 Vendas Líquidas a/ 178.9 176.3 Vendas (inclui para combustiveis) 185.9 245.9 Compras 7.0 69.6 Diversos 10.3 17.6 Fluxo Total Acumulado (ajustado) -64.4 -116.8 Saldo no Fim do Período 2 986.8 2 934.3 Reservas Brutas 3 225.8 3 235.0 2 934.3 3 235.0 Até Maio, o endividamento interno público sob a forma de: (i) títulos; e (ii) adiantamentos do BM, aumentou em 9.975 milhões de MT. Fonte: BM/MEF Endividamento Interno do Estado na Forma de BT, OT e Adiantamentos do BM (em milhões de MT) Utilização de BT Obrigações do Tesouro No BM Dívida Total Dívida em % do PIB Dez – 2017 21 634 39 566 34 382 95 582 11.9% Jan – 2018 21 634 39 566 40 582 101 782 11.6% Fev – 2018 21 634 39 565 40 582 101 781 11.6% Mar – 2018 21 634 42 678 40 582 104 894 12.0% Abr – 2018 21 634 42 413 40 582 104 629 12.0% Mai – 2018 21 339 43 636 40 582 105 557* 12.1% Fluxo Acum. -295 4 070 6 200 9 975 * Não inclui outras dívidas internas do Estado, tais como contratos mútuos, contratos de locação financeira e responsabilidades em mora. Atira Zandamela TEMA DA SEMANA Savana 22-06-2018 5 PUBLICIDADE 6 Savana 22-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE Q uatro meses após o desabamento da lixeira de Hulene, que na madrugada de 19 de Fevereiro matou 16 pessoas e destruiu dezenas de casas, a reportagem do SAVANA regressou, esta semana, ao local da tragédia para se inteirar das condições de vida naquele bairro. Miseráveis condições de vida à parte, o local onde as casas foram demolidas, hoje serve de depósito de lixo. A situação, segundo moradores, contribui para a proliferação do lixo e o alagamento da própria lixeira, o que pode trazer danos futuros se não for controlado. Leila Tembe tem a sua residência bem em frente ao local onde foram destruídas casas e conta que pessoas há que, ao invés de depositar os resíduos sólidos na lixeira, optam por deitar o lixo no local antes ocupado por residências. No local, viviam cerca de 103 famílias que foram evacuadas após o desabamento da lixeira, sendo que, depois da tragédia, as residências foram demolidas, dando lugar a um terreno baldio, que agora está a ser usado de forma indevida. De acordo com as estruturas do bairro, o espaço em causa pertence ao Conselho Municipal da Cidade Depois da tragédia Lixo substitui casas em Hulene de Maputo (CMCM), pelo que só a edilidade é que sabe o que será feito do local. Contam ainda que, desde que foram destruídas as casas, o CMCM nunca mais voltou ao local, facto que abre espaço para que as pessoas deitem lixo na área. Trata-se das famílias circunvizinhas da lixeira de Hulene que não foram abrangidas pelo processo de reassentamento pós-tragédia, continuando assim a viver nas redondezas daquele que é o maior depósito de lixo a céu aberto no país. São residentes que pedem ao Município a sua retirada o mais rapidamente possível do local, mas enquanto isso não acontece, pedem a melhoria das condições de vida no local. É que, queixaram-se, as actuais condições de vida no local são, extremamente, difíceis, principalmente, em dias chuvosos, em que há infiltração de água para o interior das casas, para além de que a zona fica alagada, cenário propício para a eclosão de mosquitos causadores da malária, uma das primeiras causas de morte em Moçambique. Carlota Zandamela tem 48 anos de idade e vive no bairro há anos. Diz que a zona não tem boas condições sanitárias, para além da falta de água potável para o consumo humano, pelo que são obrigados a percorrer longas distâncias à busca do precioso líquido. Encerramento da lixeira Situada a cerca de sete quilómetros do centro da Cidade de Maputo, a lixeira de Hulene foi criada em 1972, três anos antes da independência, e serve como fonte de sobrevivência para centenas de catadores que, entre o lixo, procuram fazer a vida. Depois de vários adiamentos para o seu encerramento, o Governo, debaixo de uma forte pressão pelo desabamento de Fevereiro que custou vidas humanas, voltou a prometer encerrá-lo em breve, numa operação avaliada em cerca de USD 110 milhões. É uma notícia que preocupa a quem tem na lixeira a sua única fonte de sobrevivência. Não é que os catadores de lixo não desejam abandonar o local, mas temem ficar sem nenhuma fonte de rendimento. É o caso de Célia Langa e Ruth Chaúque, duas amigas que há 10 anos têm na lixeira a sua única fonte de rendimento. Dizem que com o encerramento da lixeira não sabem como serão as suas vidas. “Aqui conseguimos tirar plásticos, garrafas e sacos que usam para pôr carvão, vendemos e, com esse dinheiro, compramos comida para casa, porque os nossos filhos e maridos não trabalham“, explicaram, manifestando desejo de sair da lixeira para exercer actividades condignas. No terreno, conversamos ainda com Amélia Fortunato, uma mulher de 25 anos de idade e mãe de quatro filhos, que todos os dias desloca-se do bairro de Mavalene para catar resíduos sólidos na lixeira de Hulene. Amélia conta que está naquele local porque precisa de trabalhar para dar alimentos à sua família. Para ela, na falta do melhor, o pior sempre serve. Diferente de Célia e Ruth, Amélia diz que não sonha em deixar de ser catadora e que vai seguir a lixeira para onde for, caso seja encerrada. De resto, as nossas entrevistadas estão cientes dos riscos que correm no local, incluído contrair doenças, mas sublinham que não têm fontes alternativas de rendimento para sustentar suas famílias. (C.C.) Local onde as casas foram demolidas, serve hoje de depósito de lixo. SOCIEDADE Savana 22-06-2018 7 PUBLICIDADE 8 Savana 22-06-2018 SOCIEDADE F inalmente o Governador do Banco de Moçambique (BM), Rogério Zandamela, pronunciou-se em torno da celeuma que se instalou sobre a dissolução pela entidade reguladora da Comissão Liquidatária (CL) do Nosso Banco (NB), dirigida por uma equipa da empresa de consultoria Deloitte & Touche. No seu primeiro pronunciamento público sobre a questão, Rogério Zandamela afirmou que a decisão era necessária para evitar mais gastos com as remunerações dos membros da CL. A medida, prosseguiu, protegeu os credores e os depositantes. Recorde-se que, em despacho de 11 de Abril deste ano, Rogério Zandamela comunicou a demissão da CL, sob o argumento de que houve incumprimento das obrigações plasmadas na Lei nº 30/2007, de 18 de Dezembro. Esta lei regula o processo de liquidação administrativa das instituições de crédito e sociedades financeiras. A CL, que tomou posse a 19 de Janeiro de 2017, tinha um prazo de um ano para concluir o processo de liquidação do NB. Um dos argumentos bases de Zandamela foi “inacção”. Mas a 7 de Dezembro de 2017, quando faltava pouco menos de um mês para o fim de mandato, a CL submeteu ao BM um relatório preliminar, onde também solicitava a extensão do mandato (terminava a 19 de Janeiro de 2018) e continuou o seu trabalho na base de um entendimento verbal com o administrador Alberto Bila. O banco central comunicou publicamente a decisão da demissão da CL, quatro meses após receber o relatório (7 de Dezembro), alegando inacção. Uma fonte ligada à CL contactada pelo SAVANA em sede dos pronunciamentos de Zandamela nesta segunda-feira, estranha aquilo que considerou como “as incongruências do governador”, que a 11 de Abril apresentou como argumento para a demissão da comissão “inacção”, mas “hoje fala de evitar custos”. Rogério Zandamela explicou que o trabalho de uma comissão liquidatária é muito complexo e envolve custos, que aumentam à medida que o tempo passa. O governador do Banco Central declarou que foi essa lógica que norteou a decisão de dissolução e demissão da CL do Nosso Banco. A decisão não foi bem acolhida pelos quadros da Deloitte & Touche, que afirmam ter solicitado o alargamento do prazo ao BM, recebendo, como resposta, a nota de dissolução, quatro meses após a submissão do relatório preliminar. No entender do regulador, a solicitação da prorrogação do prazo poderia concorrer para onerar ainda mais o processo. Havia o risco, acrescenta Zandamela, de os recursos recuperados serem despendidos no pagamento à CL em prejuízo dos credores. “Na minha deliberação, foi um dos fundamentos que pesou mais. Em última instância, temos de proteger o credor final, os depositantes e para que isso aconteça, temos de gastar menos”, sublinhou. PGR solicita informações Porém, a CL rebate os argumentos de Zandamela, afirmando que, para os credores entrarem em prejuízo, a Deloitte tinha de estar a cobrar quase o equivalente a 90% da carteira de crédito realizável, que é de 3.6 mil milhões de meticais. Basicamente, nos processos de liquidação, as CL,s cobram entre 10 a 15% da carteira de crédito realizável e, segundo a fonte da Deloitte, estes números estão abaixo do que a consultora iria receber. “Só para exemplificar, a Deloitte não recebeu os 10% referentes à última prestação e o período de extensão verbal acordado com o BM não foi pago”. O objectivo primário da Deloitte, segundo a nossa fonte, não era ganhar dinheiro, mas fazer deste processo uma história de sucesso. “É preciso lembrar que quando a CL tomou posse deu-se conta de que era praticamente impossível terminar o trabalho em um ano dada a desorganização dos processos encontrados no banco e informou o BM em Junho de 2017”, frisou. A CL afirma que com os fundos recuperados pagou todos os depositantes ordinários e, à data de 24 de Maio de 2018, recuperou acima de 1.7 mil milhões da carteira de crédito realizável. Na semana em que Zandamela tomou a decisão de demitir a comissão, alguns mutuários preparavam-se para pagar cerca de 80 milhões de meticais, mas recuaram. Contudo, Rogério Zandamela assinalou que houve processos de liquidação dirigidas pelo próprio BM e concluídas com sucesso, sem que tenha sido necessário contratar uma instituição independente. Afirmou que, recentemente, encarou uma liquidação que durou 15 anos, considerando essa situação inaceitável pelos custos que acarreta. “Há um repensamento de como lidar com este processo. Estamos a estudar se o trabalho irá continuar através de uma comissão ou de um singular”, anotou. Recentemente, fechou o processo de pagamento de credores da CREDICOOP - Cooperativa de Crédito e Investimento, S.C.R.L, uma instituição que era participada por Nyimpine Chissano (já falecido), primogénito de Joaquim Chissano, antigo presidente moçambicano entre 1986 e 2004. Nyimpine também esteve ligado à queda do Banco Austral, mais um banco “arrombado” pela nomenklatura da Frelimo após a independência. O SAVANA apurou que esta semana a Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à CL liderada pela Deloitte dados sobre a gestão do NB, mas a comissão respondeu que neste momento não pode fornecer informações porque o processo está com o BM. Pelo menos, dois processos-crimes contra ex-executivos de topo no NB foram remetidos à PGR e 42 acções de litigância estão nos tribunais pela mão da CL, muitos deles “difíceis de cobrar”, por envolver gente graúda da elite política ligada ao partido Frelimo. O banco tinha como PCA João Loureiro, um especialista em estatísticas e o CEO era Mussá Tembe, a quem são apontadas as maiores responsabilidades nos créditos concedidos pelo banco, sobretudo, no eixo Nacala-Pemba. O Nosso Banco era uma recriação do BMI, um banco ligado a famílias poderosas da Frelimo, constituído após o fracasso e delapidação do Banco Austral, tendo como “vacas leiteiras”(cash cows) o INSS e a EDM. O INSS terá enterrado no ex-BMI cerca de UDS80 milhões e alguns sectores exigem que o Parlamento crie uma Comissão de Inquérito para apurar responsabilidades. A versão de Zandamela no Nosso Banco “Evitámos mais gastos” Por Argunaldo Nhampossa PUBLICIDADE Savana 22-06-2018 9 Anova infraestrutura passa a servir os residentes do distrito urbano KaMubukwana, em particular, os contribuintes, beneficiários e pensionistas do Sistema de Segurança Social. Deste modo, eleva-se para oito o número de delegações distritais, que o Governo já ergueu, nomeadamente de Dondo e Marromeu, na província de Sofala, da Manhiça, na província de Maputo, de Vilankulo, em Inhambane, de Cuamba, na província de Niassa, Montepuez, em Cabo Delgado e de Monapo, na província de Nampula. Na concorrida cerimónia de inauguração do novo empreendimento, o Presidente da República, Filipe Nyusi, considerou que a delegação do INSS vai colocar os serviços de Segurança Social cada vez mais próximos dos contribuintes, beneficiários e pensionistas. O estadista felicitou ao Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social e ao INSS, em particular, pelo feito que responde de forma objectiva ao compromisso de servir ao povo moçambicano. FRUTO DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL Em virtude de a inauguração ter tido lugar a escassos dias da celebração do 43º aniversário da Independência Nacional, Filipe Nyusi lembrou que milhares de moçambicanos não beneficiaram da Segurança Social durante o período colonial. “Com o advento da independênPRESIDENTE DA REPÚBLICA INAUGURA NOVA DELEGAÇÃO DISTRITAL INSS investe na melhoria da prestação de serviços No âmbito da aproximação da Administração Pública ao cidadão e melhoria da prestação de serviços aos utentes do Sistema de Segurança Social Obrigatória, o INSS-Instituto Nacional de Segurança Social construiu de raiz as instalações da delegação distrital de KaMubukwana, na cidade de Maputo, cuja inauguração foi efectuada pelo Presidente da República, no dia 7 de Junho. cia nacional e, mais tarde, com a implementação do sistema universal de Segurança Social Obrigatória que hoje vigora no Pais, o trabalhador moçambicano passou a estar protegido pelo Estado em caso de impedimento temporário ou permanente para continuar a trabalhar”, disse o Presidente da República. Num outro desenvolvimento, referiu que o Sistema de Segurança Social permite que em caso de reforma, doença ou morte, o trabalhador ou a sua família possa desfrutar, com tranquilidade e segurança, da sua pensão como resultado dos descontos que efectuou ao longo da sua vida profissional activa, ou seja, a provisão da Segurança Social é também um dos frutos da independência nacional. “Hoje estamos a testemunhar que este ganho da independência está cada vez mais próximo do cidadão e conforta-nos, que tanto os beneficiários como os pensionistas recebem mensalmente as suas pensões de reforma e subsídio directamente nas suas contas bancárias, conferindo maior transparência e segurança, possibilitando a poupança”, frisou. PENSIONISTAS SATISFEITOS COM O GOVERNO No evento, que contou com a participação da ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, a governadora da cidade de Maputo, Iolanda Cintura, o presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, David Simango, entre outros convidados, falando em representação dos pensionistas, Mara Mangane, enalteceu o papel do Governo por repensar a Segurança Social em Moçambique. “Cientes de que a missão do INSS só terá sucesso com o envolvimento de todos no Sistema encorajamos igualmente a todos os empresários a canalizarem as contribuições dos trabalhadores à Segurança Social”, indicou, apelando, igualmente, os trabalhadores a aderirem ao Sistema com vista a garantirem a sua protecção social. “Durante longos anos de trabalho contribuímos para o desenvolvimento do País e hoje na situação de reformados beneficiamos das pensões pagas pelo Descerramento da lápide Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique Painel Mara Mangane, representante dos pensionistas INSS pelo que manifestamos a nossa grande satisfação pelo trabalho do Governo, que através do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social procura soluções para melhorar a prestação dos serviços”, realçou. Hoje, conforme acrescentou Mara Mangane, com a informatização do Sistema os pedidos dos pensionistas têm sido atendidos com mais celeridade: “Já estamos a realizar a prova de vida com aparelhos que tiram fotografia impressão digital, tudo computadorizado”, destacou. Importa realçar que com esta empreitada, o INSS pretende elevar o nível de satisfação e bem-estar dos trabalhadores, pensionistas e beneficiários, proporcionando- -lhes um atendimento por excelência e em melhores condições para contribuir para o desenvolvimento do País PUBLICIDADE 10 Savana 22-06-2018 PUBLICIDADE Savana 22-06-2018 11 12 Savana 22-06-2018 SOCIEDADE SOCIEDADE A Anadarko anunciou ter chegado a acordos de compra e venda não vinculativos de gás natural liquefeito que vai produzir na bacia do Rovuma com a companhia britânica Centrica e com a firma japonesa Tokyo Gas of Japan. O vice-presidente da Anadarko, Mitch Ingram, afirmou que os acordos sinalizam o interesse na localização favorável dos projectos de gás de Moçambique, enfatizando o facto de o país poder vender para a Ásia e Europa. Os acordos prevêem que a Centrica e a Tokyo Gas Japan adquiram 2,6 milhões de toneladas de LNG por ano. Na primeira fase, o consórcio liderado pela anadarko vai produzir 13 milhões de toneladas de LNG por ano. Com a assinatura dos acordos com as duas empresas, a Anadarko tem já pré-acordos de compra e venda de GNL que totalizam 8,5 milhões de toneladas. Anadarko anuncia acordos com dois compradores Contudo, para tomar a decisão final de investimento, o consórcio da Anadarko deve assinar acordos vinculativos de compra e venda de gás natural de mais de oito milhões de toneladas de gás natural. Comentando o acordo, o presidente da Tokyo Gas Japan, Takashi Ushida, afirmou que espera que o entendimento ajude a dar o pontapé de saída para o desenvolvimento dos projectos de gás natural em Moçambique. Apesar desse avanço, a Anadarko ainda está longe de ver assegurados acordos de venda vinculativos que permitam a mobilização dos mais de 20 biliões de dólares necessários para o desenvolvimento dos projectos do consórcio na Área 1 da bacia do Rovuma. Os acordos de venda vinculativos são essenciais para que a Anadarko possa tomar a decisão final de investimento. Avaliando os acordos com a Centrica e a Tokyo Gas Japan, o director de pesquisa da consultora Wood Mackenzie, afirmou que os entendimentos vão dar ímpeto ao projecto da Anadarko em Moçambique. Mackenzie assinalou que o projecto da Área 1 da Bacia do Rovuma já anunciou acordos de compra e venda para 4,08 milhões de toneladas Gás do Rovuma anuais de LNG, incluindo 2,6 milhões de toneladas para a tailandesa PTT, 1,2 milhões de toneladas para a francesa EDF e 0,28 milhões de toneladas com a japonesa Tohoku Electric Power. O director de pesquisa da Wood Mackenzie adiantou que o consórcio da Anadarko vai precisar de pelo menos acordos de compra e venda vinculativos de nove milhões de toneladas por ano para assegurar os 25 biliões de dólares de que precisa para o arranque do projecto. A companhia petrolífera da Indonésia Energy Mega Persada (EMP) poderá indemnizar o Estado moçambicano em 12 milhões de dólares por ter falhado na prospecção petrolífera no Bloco de Búzi, na província de Sofala. A EMP iniciou a prospecção de gás em Búzi em Abril de 2009 e tinha oito anos para apresentar resultados. O prazo terminou em Março de 2017, sem que a empresa apresentasse resultados e pesquisasse gás em todos os poços que lhe tinham sido adjudicados. Pediu a extensão do prazo por um ano, mas recebeu das autoridades moçambicanas uma prorrogação de apenas 60 dias. “Uma vez que a companhia não descobriu gás em quantidades comerciais, decidiu abandonar a pesquisa”, disse ao portal Zitamar fonte do Instituto Nacional dos Petróleos (INP). A área que havia sido concessionada à EMP vai reverter a favor do Estado moçambicano e será colocada a concurso no futuro, acrescentou a fonte. Apesar do falhanço da companhia indonesa, o INP acredita que a área em causa dispõe de reservas estimadas em dois triliões de pés cúbicos de gás. O INP aguarda por uma notificação formal da EMP sobre o abandono da área, onde a firma indonesa detém 75 de acções. Os remanescentes 25 são detidos pela firma estatal moçambicana ENH. O INP assinalou que a companhia indonesa terá ainda de pagar uma indemnização de 12 milhões de dólares por não ter conseguido cumprir os termos do acordo de prospecção na área em causa. Gás de Buzi Companhia indonesa terá de indemnizar o Estado SOCIEDADE Savana 22-06-2018 13 PUBLICIDADE 14 Savana 22-06-2018 Savana 22-06-2018 15 NO CENTRO DO FURACÃO Aponte Maputo - Catembe é um dos mais recentes investimentos em infra- -estruturas realizados pelo Estado. A sua construção está avaliada em cerca de 725 milhões de dólares. O projecto inclui a ligação rodoviária entre a Catembe e a Ponta do Ouro cujo custo inicial era de 315 milhões de dólares americanos. É considerada a maior ponte suspensa do continente africano (AM Intelligence 1142, de 19 de Abril de 2018). O projecto foi financiado em 85% pelo Banco Chinês EXIM, 10% por empréstimo em condições favoráveis concedido pelo mesmo banco e os restantes 5% foram financiados pelo orçamento do Estado2 . O projecto foi concebido em 2012, após o lançamento de um concurso internacional. Numa primeira fase, previa-se que o projecto fosse financiado por uma linha de crédito concedida pelo governo português. A crise financeira em Portugal inviabilizou a efectivação da linha de crédito. O Governo chinês aceitou participar no financiamento do projecto tendo designado, como empresa empreiteira, a China Road and Bridge Corporation (CRBC)3 . Fontes não oficiais indicam que a proposta de uma empresa portuguesa era de cerca de 350 milhões de dólares, menos de metade do valor que foi atribuído à construtora chinesa. Nos discursos apresentados pelo Governo, a ponte tem como objectivos, os seguintes: (1) promover o turismo para a Ponta do Ouro e Reserva dos Elefantes de Maputo; (2) facilitar as trocas comerciais com os países vizinhos (África do Sul e Suazilândia); (3) facilitar a deslocação da população residente entre as duas margens; e, (4) contribuir para o desenvolvimento da zona da Catembe. Moçambique faz parte do grupo de países em via de desenvolvimento. A sua economia é caracterizada por possuir um baixo Índice de Desenvolvimento Humano e do PIB per capita, produção assente nos sectores primários e extractivos, ser instável e sensível aos choques externos, dependente da ajuda externa e com dívida pública elevada. Possui uma educação de baixa cobertura e qualidade, serviços de saúde débeis, fraca segurança pública, baixa cobertura social e espacial de energia, sistemas sanitários frágeis, estradas precárias, sistema de transporte público (de pessoas e mercadorias) deficitário. A selecção de projectos de investimento público (assim como privado), incluindo os custos de manutenção e de exploração, deveria supor a existência de estudos de viabilidade económica e financeira e a avaliação dos custos sociais e ambientais. Esses estudos não estão acessíveis ao público ou não existem. Para além dos estudos dos projectos individualmente, os custos de oportunidades devem ser analisados, isto é, quais os outros investimentos que deixam de ser realizados devido à opção por um determinado projecto. Perante a escassez de recursos, são necessárias escolhas públicas correspondendo a interesses (motivações) políticos do Estado. Qualquer poder possui como objectivos a defesa e manutenção do poder e, em princípio, o desenvolvimento económico e a elevação do bem-estar dos cidadãos. Este texto tem como objectivos analisar quais os custos de oportunidade da construção da ponte Maputo - Catembe, verificando que investimentos poderiam ter sido realizados em detrimento deste, quem são os beneficiários deste investimento bem como quais os ganhos económicos e sociais da infra-estrutura. Procura-se ainda deduzir as motivações políticas desta escolha pública. 1.Custo de oportunidade da Ponte Maputo - Catembe Para o estudo do custo de oportunidade da ponte da Catembe analisaram-se várias alternativas que o decisor poderia optar. Assim, pode-se comparar o benefício que se obtém com a ponte em relação ao sacrifício de alternativas. Nos últimos mandatos, verificou- -se uma intensificação de avultados investimentos públicos em infra- -estruturas expressas como fundamentais para o desenvolvimento económico e o bem-estar dos cidadãos. Para além da ponte Maputo- -Catembe, destaca-se a estrada circular de Maputo, avaliada em 315 milhões de dólares, os aeroportos de Maputo e Nacala, este último avaliado em 216 milhões de dólares, a ponte Armando Emílio Guebuza sobre o rio Zambeze com um custo de 76 milhões de euros, a base logística de Pemba avaliada em 150 milhões de dólares na sua primeira fase, o Estádio Nacional do Zimpeto, entre outros, como, por exemplo, edifícios públicos. Sabe-se que existiram derrapagens financeiras, isto é, o investimento final foi substancialmente superior ao previsto. Estes investimentos contribuiriam para o avolumar da dívida pública e da dívida externa, estando neste momento o país em situação de incumpridor dos seus compromissos financeiros internacionais. Não são compreensíveis alguns dos investimentos acima referidos, entre outros, como o aeroporto de Nacala e alguns edifícios públicos. Países como Moçambique, cujos objectivos deveriam ser primeiramente a erradicação da pobreza e as necessidades básicas da população, não devem priorizar investimentos de viabilidade económica e financeira duvidosa. Devido à dimensão do projecto e dos impactos, a ponte poderá contribuir para o surgimento da especulação imobiliária (já existente) na Catembe bem como na cidade de Maputo. Esta infra-estrutura irá beneficiar uma pequena parte da população de rendimento médio/ alto, através da intensificação de actividades turísticas, comerciais e de construção de habitação de renda média e alta. Porque Maputo possui um grande poder de atracção de população e de actividades económicas, a ponte facilitará os fluxos da Catembe para Maputo, aumentando a mobilidade e acesso entre zonas cujas infra-estruturas já se encontram sobre utilizadas. Consequentemente, haverá agravamento da poluição, tempo e riscos do congestionamento de tráfego. Estas externalidades ambientais negativas não foram certamente previstas no estudo de construção da ponte. A figura abaixo revela algumas das opções alternativas à construção de infra-estruturas sociais (hospitais, escolas e habitação), com os mesmos valores despendidos no investimento da ponte. Pela figura acima, verifica-se que o custo da ponte equivale à construção de 32 hospitais provinciais com a capacidade para 14.829 camas hospitalares (450 camas por hospital). Na segunda alternativa, permitiria a construção de 1.115 salas de aulas do ensino secundário com capacidade para cerca de 66.900 alunos (1.115 salas x 30 alunos por sala x 2 turnos). Em termos de escolas primárias, possibilitaria a construção de 7.250 escolas com capacidade para cerca de 870.000 alunos (7.250 escolas x 2 salas por escola x 30 alunos por sala x 2 turnos). O investimento da ponte equivale ao custo de construção de 30.208 habitações familiares para agregados de 5 pessoas, o que proporcionaria a instalação de 151.040 pessoas. Em 2016, existiam 19.227 escolas primárias (EP1 e EP2) e 757 escolas secundárias. As opções acima indicadas significariam um aumento em 37,7% e de 14,6% de escolas respectivamente. Maputo tem 11 províncias e com o valor da ponte se poderiam construir 32 novos hospitais com as valências de um hospital provincial. Havia ainda a possibilidade de realizar investimentos nos cais dos dois lados do rio e a aquisição ferryboats de grande dimensão tal como existe em muitas partes do mundo. 2. Reassentamentos A construção da ponte implicou o reassentamento e indeminização da população num total de 899 famílias e mercados informais, tanto do lado de Maputo como da Catembe. Por falta de verbas da Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul, responsável pela execução desse processo, as compensações têm vindo a ser custeadas pela empreiteira chinesa CRBC, atingindo um total de 100 milhões de dólares (inclui indemnizações de reassentamentos da circular de Maputo - AM Intelligence 1142, de 19 de Abril de 2018. Estudos recentes (por exemplo, Ozawa4 , 2018) afirmam que o projecto teve implicações negativas sobre a população reassentada. Os locais para onde foram reassentadas não dispõem de condições infra-estruturais sociais básicas (hospitais, escolas, mercados, meios de transporte, entre outros), contribuindo para o aumento do custo de vida e das distâncias percorridas para aceder a esses serviços. Em alguns casos, foi entregue às famílias um valor aproximado de 400 mil meticais e um terreno para construir a habitação. A deslocação da população reassentada teve momento de conflitualidade, sendo um dos factores para o atraso da conclusão da ponte. Este é um custo social seguramente não previsto nos estudos de construção da ponte. 3. Amortização do investimento Para o pagamento do financiamento contraído, os agentes envolvidos prevêem o pagamento de parte do financiamento através das portagens. Permanecem dúvidas sobre o pagamento do crédito através das receitas geradas pelas portagens, as quais deveriam suportar 30% do custo da obra. Segundo algumas intervenções (não se conhece o estudo económico e financeiro e de exploração), para tornar possível o pagamento de 30% do custo da obra (AM Intelligence 1142, de 19 de Abril de 2018), estima-se a necessidade de um tráfego diário de 5.000 veículos. Com os valores inicialmente definidos para as portagens e o volume do tráfego, o período de amortização do crédito poderia ser superior a 75 anos, isto sem considerar os custos de manutenção e de exploração. Segundo esses dados, existirão encargos às futuras gerações. A gestão da ponte será atribuída à empresa chinesa em contrato do tipo de parceria público-privado. 4. Conclusão Constata-se que o valor despendido na construção da ponte implica a não realização de alternativas de investimento em infra-estruturas que proporcionariam a redução de grandes défices na prestação de serviços essenciais para a vida dos cidadãos. Outros cálculos de custos de oportunidade poderiam ter sido apresentados. As alternativas apresentadas superam as actuais existências de hospitais provinciais, de escolas secundárias e primárias na maioria das províncias e casas de habitação social em todo o país. A população residente no meio rural é sem dúvida o principal sacrificado. O financiamento da ponte, bem como os muitos outros obtidos para investimentos em infra-estruturas, não estão a proporcionar benefícios ou ganhos para a maioria da população, mas beneficiam uma pequena parte da população. Estes investimentos contribuem para o aumento das dívidas pública e externa e as consequências daí derivadas. A maneira como estes projectos são concebidos e financiados, assim como as dúvidas quanto à viabilidade económica e financeira, geram questionamento sobre a existência de estudos de viabilidade, assim como da avaliação dos custos sociais e ambientais dos mesmos. As dificuldades de acesso à informação não contribuem para a transparência do investimento público, levantando-se suspeitas sobre os custos das mesmas. No caso em apreço, a diferença entre a proposta portuguesa e a chinesa é de metade, isto é, cerca de 375 milhões de dólares. Os atrasos de pagamento do Estado, os problemas surgidos com o reassentamento de pessoas, os protestos das populações, as greves dos trabalhadores e outros factores, revelam uma deficiente planificação da execução da obra. Parece evidente que as opções públicas de alguns dos investimentos públicos, incluindo o da ponte da Catembe, não priorizam o desenvolvimento económico global do país e o bem-estar da maioria da população, conforme os custos de oportunidades apresentados, entre outros. Igualmente, a ponte não é, em termos nacionais, uma obra realizada com objectivo de defesa e manutenção do poder. Na dúvida deste investimento corresponder às lógicas/objectivos das políticas públicas (desenvolvimento, bem-estar dos cidadãos e defesa/reprodução do poder), pode-se pensar que a decisão do investimento da ponte obedece a uma intenção de marcação de uma identidade de regime (neste caso do mandato de Armando Guebuza), através da capacitação do país com infra-estruturas básicas, sem pensar no bem-estar dos cidadãos e no desenvolvimento sustentável de Moçambique. A ponte da Catembe poderá dar uma paisagem bonita à baía de Maputo e enaltecer a vaidade dos maputenses. Mas essa beleza tem custos elevados juntos dos mais pobres dos pobres. Setecentos e vinte e cinco milhões de dólares poderiam tirar muitos moçambicanos da pobreza. Uma questão de opção! Por Yara Nova e João Mosca Quanto custa a ponte da Catembe? 1 1 Yara Nova licenciada em Economia pela Universidade Politécnica de Maputo, Estagiária do Observatório do Meio Rural (OMR). João Mosca Doutor em Economia Agrária e Sociologia Rural, Director e investigador do OMR. 2 http://www.rtp.pt/rdpafrica/noticias- -africa/ponte-maputo-catembe-ja-tem- -financiamento_604, consultado em 08.05.2018. 3 Mendonça, T. et al. (s/d). Projecto Maputo – Katembe – Ponta do Ouro. 4 Ozawa, Eri (2018). Debaixo da ponte: impactos sociais do reassentamento populacional na Catembe. Destaque Rural Nº32, Observatório do Meio Rural - Maputo. Ponte Maputo-Katembe Fonte: Elaboração da autora através de entrevistas com uma empreiteira de construção civil. Figura 1. Análise do custo de oportunidade da ponte Maputo - Catembe Nota: Os dados obtidos foram calculados com base em orçamentos fornecidos pela empresa entrevistada. Naíta Ussene Naíta Ussene 16 Savana 22-06-2018 PUBLICIDADE PUBLICIDADE Savana 22-06-2018 17 &ULDGDD GH -XQKRGH D+&%MXQWD VHjV FHOHEUDo}HVHVD~GD FRPRUJXOKRHPXLWD HQHUJLDDRVPRoDPEL FDQRVSHODSDVVDJHP GR ƒ$QLYHUViULRGD ,QGHSHQGrQFLD1DFLRQDO 18 Savana 22-06-2018 OPINIÃO Registado sob número 007/RRA/DNI/93 NUIT: 400109001 Propriedade da Maputo-República de Moçambique KOk NAM Director Emérito Conselho de Administração: Fernando B. de Lima (presidente) e Naita Ussene Direcção, Redacção e Administração: AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Telefones: (+258)21301737,823171100, 843171100 Editor: Fernando Gonçalves editorsav@mediacoop.co.mz Editor Executivo: Francisco Carmona (franciscocarmona@mediacoop.co.mz) Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela )RWRJUDÀD Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Colaboradores: André Catueira (Manica) Aunício Silva (Nampula) Eugénio Arão (Inhambane) António Munaíta (Zambézia) Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana. Revisão Gervásio Nhalicale Publicidade Benvinda Tamele (82 3171100) (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) Distribuição: Miguel Bila (824576190 / 840135281) (miguel.bila@mediacoop.co.mz) (incluindo via e-mail e PDF) Fax: +258 21302402 (Redacção) 82 3051790 (Publicidade/Directo) Delegação da Beira Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A Telefone: (+258) 82 / 843171100 savana@mediacoop.co.mz Redacção admc@mediacoop.co.mz Administração www.savana.co.mz Cartoon EDITORIAL As mentiras de Homoíne D uas semanas depois, Pedro Xavier Massingarela ocupava um gabinete sozinho, a que deram o nome de “Gabinete da Palavra do Presidente”. Sua missão: elaborar tudo o que fosse, daí em diante, o discurso a ser proferido pelo Chefe de Estado, fosse em que circunstância fosse. Tinha autonomia mais que larga, porque, segundo deliberação do próprio Presidente, só a este ele prestaria contas. Mais ainda, ele teria que ter acesso a todos os dados que solicitasse para a elaboração dos seus discursos, desde relatórios a estatísticas e reportes de iniciativas levadas a cabo por cada um dos ministérios ou direcções nacionais, fossem aqueles de carácter económico, social ou político, porque eram esses os instrumentos de que necessitaria para elaborar os discursos presidenciais. Massingarela, pelo seu carácter, achava um pouco enfadonha a função, por ter de imiscuir nos discursos aquela informação. O seu prazer maior era só escrever, e escrever livremente. Mas tinha que ser. Então inventou um modelo simples: começava pela parte mais aborrecida, que era arrolar os dados estatísticos e as realizações do ministério em causa nos discursos a fazer, e depois embrulhava-os no seu discurso directo, simples e enxuto, de pessoa que dominava com extrema elegância o português. A este exercício chamava Massingarela, intimamente e em gozo, “vestir a noiva”. Foi um período de sucesso que ele não quis de modo nenhum que o Presidente partilhasse com ele, embora fosse essa a intenção do Chefe. Quando o Presidente chegou ao fim do seu segundo mandato, chamou-o e disse – «Pedro Massingarela, eu estou de saída. Não creio que o homem que me vai suceder vá manter o mesmo formato do Gabinete que eu tenho. O mais provável é que alguns de vocês tenham de ser dispensados ou mudem de lugar. Estou muito agradecido pelo apoio que me deste durante estes dois mandatos. Estou, por isso, disposto a arranjar-te uma boa colocação, com boa remuneração, numa das empresas participadas pelo Estado, usando a minha influência. Só terás que escolher qual é a empresa onde queres ser enquadrado. Dou-te uma semana para me dares a resposta, para eu meter o expediente.» Pedro Xavier Massingarela olhou e disse – «Excelência, será preciso esperar tanto? Porquê? Não estou talhado para isso. Sinto-me bem aqui onde estou. Agora, de saída, prefiro ir para casa. Estou quase a entrar na reforma, vou aproveitar o resto do meu tempo para cuidar de mim próprio.» E ficou assim resolvido, sem margem para outro tipo de discussões. Massingarela, então, ocupa o seu tempo a fazer aquilo de que mais gosta: escrever português com simplicidade, com profundidade, com um subtil sentido de humor, de ironia e muita malícia. Não lhe falta trabalho, dado que todos os seus poucos amigos ou ex-colegas estão sempre a pedir-lhe apoio, quando se vêem na contingência de apadrinhar um baptismo, um crisma, um casamento, ou – os que são directores –, na abertura de seminários ou isto ou aquilo. Mas, na verdade, o maior prazer de Massingarela é elaborar elogios fúnebres. Fá-los com sinceridade, num discurso que brota do chão da terra, que faz recuar as origens humanas ao pó dos tempos, o que se revela no fundo um apelo veemente à fragilidade que faz a grandeza e eternidade do ser humano. É assim que ele se sente no mundo: pó e eternidade. I magens transmitidas pelos vários canais de televisão, que mostram o Presidente Filipe Nyusi num diálogo surrealista com alguns chefes de postos administrativos do distrito de Homoíne, em Inhambane, são, infelizmente, o microcosmo do estado de calamidade em que se encontra grande parte da administração pública em Moçambique. E será errado acreditar que a culpa seja daqueles pobres dirigentes, apanhados tão desprevenidos que se viram obrigados a mentir perante o dirigente máximo da Nação. Quando situações daquelas se verificam, a responsabilidade recai não sobre as pessoas que demonstram a sua incompetência, mas sobre aqueles que com o seu poder de decisão os colocaram nos importantes cargos que ocupam. E aqui levanta-se uma questão ainda mais profunda, que é sobre se de facto aqueles dirigentes teriam sido colocados naqueles lugares para realizarem as mesmas actividades que o Presidente da República acredita que eles deveriam realizar. A resposta é que o Presidente não foi enganado só por aqueles dirigentes que são de um nível muito baixo em toda a cadeia da administração do Estado, mas sim por aqueles que estão muito próximos dele, e em quem ele deposita plena confiança quanto à capacidade de materialização da sua visão do país. Os vigorosos apelos que têm sido feitos, mas que continuam a ser ignorados, no sentido da profissionalização e despolitização da administração pública, o são precisamente para que situações como aquelas de Homoíne não sejam parte do nosso quotidiano. Parte do problema tem a ver com o facto de que a forma como a administração pública foi concebida em Moçambique raramente está ligada à obtenção de resultados que dêem resposta às necessidades das pessoas que dela devem beneficiar. Muitos dirigentes públicos estão longe de perceber que o seu mandato vai para além dos objectivos políticos dos seus patronos, e que o seu compromisso deve estar enraizado nas massas que sustentam a sua governação. Para eles, a governação resume-se apenas a dar resposta adequada à agenda política do partido, e desde que este esteja satisfeito com o seu desempenho, está realizada a sua missão. O importante não é a eficácia da sua governação, mas a sua capacidade de identificar os agentes que possam potencialmente pôr em causa a agenda política do seu mandatário; é a vigilância contra o inimigo, um inimigo definido não em termos do interesse ou do bem-estar colectivo, mas do alinhamento ideológico (ou não) de quem se julga legítimo representante das aspirações de todos. É assim que a contribuição dos vários elementos da comunidade não vale pelo impacto que as suas acções têm sobre a economia e a sociedade. É preciso que a lealdade destes agentes se torne inquestionável perante os interesses de quem detém o poder político. Numa situação normal, deveria ser de consequências imprevisíveis mentir com tamanha infantilidade para o Chefe do Estado. Mas se voltarmos a Homoíne, e procurarmos saber o que aconteceu a cada um dos ilustres chefes de posto em causa, descobriremos que rigorosamente nada. Na melhor das hipóteses, terão sido transferidos, despromovidos ou candidatados a mais um curso ou seminário de capacitação. Tudo menos a repreensão pelos seus actos de infidelidade perante o mesmo Estado que juraram dedicar as suas melhores capacidades para servir. Pecar por defeito – Parte II Savana 22-06-2018 19 OPINIÃO 583 Email: diariodeumsociologo@gmail.com Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com P ara além dos nossos problemas básicos como o da segurança alimentar, da saúde, da educação, do desemprego e mesmo o ambiente político agora também temos de repensar a nossa segurança e integridade tendo em conta os últimos acontecimentos em Cabo Delgado e não só. Para não ser repetitivo sobre as causas dos distúrbios, nomeadamente a desigualdade, a marginalização, os problemas na governação, a falta de oportunidades e tudo mais que se tem vindo a referir nos últimos tempos, vou directo ao assunto. O fenómeno em Cabo de Delgado mostra que fomos apanhados a dormir ou deslumbrados. Ouvimos os gritos dos vizinhos (Quénia, Tanzânia, Somália e Uganda) e não nos preparamos. Não nos preparamos mesmo com um histórico de utilização da força para se atingir certos objectivos onde, o que inicialmente não passava de ataques esporádicos, rapidamente se espalhou pelo país, transformando-se num movimento e criando heróis que são convidados a sentar à mesa, reconciliando- -se inclusive as atrocidades A pergunta de um milhão é: o que vem a seguir? O que se deve fazer para que o radicalismo ou o que quer que seja não se propague? A resposta natural ou histórica, se olharmos para países como a Nigéria ou o Quénia, seria a de se aumentar o orçamento da defesa e começar uma ofensiva contra os membros radicais. Esta solução, em ambos países, não diminuiu a percepção ou o nível de terror. De acordo com Addisaid Ali (2016) no seu artigo “Extremismo Islâmico no Leste de Africa”, a Nigéria tem um dos maiores orçamentos de defesa em África e, mesmo assim, não consegue controlar o Boko Haram. No caso do Quénia, a violência indiscriminada resultou no aumento do apoio aos terroristas pelas comunidades. Seguir a estratégia do ocidente no Iraque ou no Afeganistão seria ainda mais inglório. Seria uma opção cara, improdutiva e com a possibilidade de incentivar a internacionalização do terrorismo na nossa terra. Utilizar mercenários ou empresas de segurança não parece mais do que um cheque em branco. Que consultor não quer receber o seu próximo cheque? E isto me leva a pensar na história da rã e do escorpião. Segundo uma fábula, certa noite numa floresta, um caçador acendeu uma pequena fogueira. O escorpião ficou deslumbrado com a beleza do fogo e quando pela manhã, o caçador apagou a fogueira com um punhado de terra, este a removeu buscando algo para repor o fogo. Subitamente, uma pequena fagulha ainda incandescente salta sobre um punhado de folhas secas, provocando um grande incêndio. Todos os animais correram em direcção ao rio incluindo o escorpião sem asas e sem saber nadar. Pior, ninguém se propôs a ajudá-lo. Sua fama o precedia. A rã, vendo a cena, oferece ajuda: “...mas você tem de se comportar!”. Acerto verbal selado o escorpião sobe nas costas da rã. No meio do rio, a rã sente uma ferroada. Antes de morrer, pergunta:  “Porque é que você fez isso escorpião? Agora nós dois vamos morrer!” e o escorpião responde : “É a minha natureza.”. A nossa esperança é que não carreguemos “escorpiões” nas costas fazendo-se concessões que podem ser excessivas, desnecessárias ou arriscadas, e principalmente imaginando que estão do nosso lado, sem tomar-se em atenção a sua natureza e os motivos por detrás que as levam a estabelecer essas parcerias. Não sei se todo o investimento inicialmente pretendido, os barcos e o material de vigilância sofisticado para essa zona económica teria sido bem-sucedido e eficaz no combate a este tipo de acção. Eficaz para lutar contra uma insurgente guerrilha onde a fronteira terreste é inexistente. Eficaz contra uma estratégia de guerra bem conhecida em Moçambique, baseada em emboscadas, sabotagem, pequenos ataques surpresa e assassinatos. Eficaz entre a mobilidade desses grupos armados contra a rigidez de um exército convencional. Eficaz contra pessoas que estão dispostas a morrer por uma causa (mesmo que obscura) e sem nada a perder. Eficaz contra os motivos que levam parte da população a ser conivente. Mais uma vez os nossos jovens são chamados a dar as suas vidas para estabelecer a ordem. As FADM estão ainda a ajudar a normalizar a vida das vítimas dos ataques, incluindo com acções de solidariedade como a reabilitação das habitações destruídas. A curto prazo são as acções correctas. A longo prazo é necessário saber dar resposta às expectativas que foram criadas e que demoram a ser respondidas. A literatura e a história de libertação do nosso país estão recheados de exemplos que nos mostram que trabalhar com as comunidades é essencial para criar uma contra inteligência humana e ter as pessoas mobilizadas e moralizadas para defender a pátria. Por isso julgo que das várias opções e estratégias possíveis, a que teria mais impacto neste caso é uma aposta no capital humano. O longo termo vai depender do tipo de desenvolvimento que se quer ter, mas o essencial é saber ganhar as mentes e o coração do povo. Talvez uma das maiores marcas da Agência Central de Inteligência (CIA) da chamada maior potência mundial são os limites estabelecidos ao poder interno. Ela está sujeita à supervisão do judiciário, do congresso, de comités e membros da sociedade civil a fim de garantir que cumpram com as normas e princípios estabelecidos na constituição, como por exemplo, que respeitem os direitos humanos (em teoria) e principalmente que coloquem os interesses do país acima dos interesses de qualquer partido ou indivíduo. Analisados os acontecimentos em Cabo Delegado, eu me questiono sobre qual terá sido o papel dos nossos serviços de inteligência. Não conheço o seu orçamento, o seu modus operandi, os seus objectivos anuais, as suas conquistas. Nunca li um relatório sobre o sucesso das suas operações e nem sei quantas organizações criminais foram desactivadas por causa da sua inteligência. Tendo em conta os investimentos que a instituição teve nos últimos anos (pelo menos em relação às chamadas dívidas ocultas) e que foram priorizados no lugar de sectores como o da habitação, águas, etc. Interrogo-me sobre para quem é que a instituição está a coleccionar os seus dados e para que propósitos. Não sei também se existe um comité no parlamento a auditar as suas operações como fazem os outros parlamentos. Grande parte da informação que recebemos provêm do WhatsApp (nem sempre fidedigna), dos jornais ou então das missões diplomáticas alertando os seus cidadãos. Não conhecemos os parceiros internacionais dos criminosos que entram e saem. Sei que é necessário o secretismo para o sucesso das operações, no entanto o secretismo não se deve confundir com um mutismo total em que tudo é classificado e nunca desclassificado. Despertou também a minha atenção o desenvolvimento de infra-estruturas de segurança com câmaras CCTV na cidade de Maputo que, em funcionamento, devem assegurar algum tipo de segurança, o que é de felicitar se for esse o objectivo final, no entanto, como em tudo, existem os seus riscos. E pergunto-me se não estamos a cair na ratoeira da rã que convida o rato para atravessar uma lagoa, sabendo que ele pouco sabe nadar, torna-se numa presa fácil na água. Naturalmente, no meio do percurso a rã já sem forças para o carregar debate- -se para se salvar. Um falcão apercebe-se da situação e os dois viram o seu repasto. Assim, os dados individuais de cada movimento que os cidadãos fazem são capturados por uma agência que não sabemos o que faz com eles. Será que as nossas instituições estão preparadas para proteger os direitos dos cidadãos à privacidade? E quem garante a segurança dos nossos dados individuas para que não cheguem a terceiros? De acordo com o jornal A Verdade (04.04.2018), as câmaras de vigilância são também para a “intercepção de todo o fluxo de dados e voz entre os operadores de telecomunicações e os cidadãos”. Naturalmente, a tecnologia que se usou para que essa infra-estrutura seja de segurança ou vigilância não é nossa. Assim, também corremos o risco de toda a informação estar não só no nosso aparato de segurança, mas também no estrageiro, como já foi reportado na União Africana. Os instrumentos que foram adquiridos para nossa segurança podem ser utilizados para chantagens, para obter vantagens económicas, políticas ou de negócios entre moçambicanos contra moçambicanos ou entre os nossos cidadãos contra a inteligência estrangeira, diminuído a nossa capacidade de negociar. Com a inteligência individual que pode ser capturada através de redes sociais, infra-estruturas de vigilância e de comunicação, os agentes de segurança estrangeiros podem nos conhecer melhor do que nós próprios, sem que os tenhamos dado autorização para tal. Ao votarmos, nós endossamos que o candidato vencedor tem de assegurar a nossa segurança. Presumimos que o partido vencedor vá agir de boa-fé, que cumpra com essa obrigação e as instituições de segurança actuem, em primeiro lugar, para defender a pátria. Quando o contrato social não funciona, alguns cidadãos procuram formas não convencionais e ilegais para alcançar as suas necessidades. Assim, parece-me que está na altura de termos um debate sobre o que significa segurança em Moçambique no século 21. Um debate sobre que liberdades nós, como cidadãos, estamos dispostos a ceder e quais serão os custos associados à centralização de informação. Como nos defenderemos do mau uso da nossa informação privada? Como nos defenderemos do mau uso das nossas informações em empresas estrangeiras? Quem é o nosso inimigo? Como educar o povo contra o seu inimigo actual? Quais são os exemplos que temos sobre a captura e julgamento do inimigo? Quem são os seus parceiros internacionais? Como informar as autoridades? Como se financiam? A nossa maneira de ser está em causa e ultrapassada. Bem cedo gritamos antes do tempo “Vitória! Estamos Ricos”, criando expectativas internas e atraindo os olhos da cobiça. Agora temos inimigos internos, externos e amigos duvidosos. Não sou especialista em matéria de segurança, mas três lições me parecem óbvias. A primeira é que uma guerra de guerrilha não é fácil de ser vencida, e facilmente se espalha. A segunda é que não se deve depender de tecnologias das quais não se tem total domínio; o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro. E finalmente, é preciso ganhar os corações e mentes das comunidades. Foi o que aprendi com os vários testemunhos sobre as nossas guerras passadas onde a comunidade era o centro da inteligência e não necessariamente as grandes infraO escorpião e a rã Por Mantchiyani Machel Uma coleção internacional [7] ‡ 5HSHQVDGRDVHJXUDQoDHP0RoDPELTXH², 20 Savana 22-06-2018 OPINIÃO SACO AZUL Por Luís Guevane Um dia, ao olhar demoradamente para a bandeira nacional, alguém perguntou ao indivíduo ao seu lado sobre as razões de a bandeira de Moçambique ter quase todas as cores que conhecia. O outro respondeu que aquelas cores representavam a paz e a guerra, representavam a diversidade de raças em Moçambique, o sangue derramado na luta pela independência nacional, a cor dos solos, dos rubis, das turmalinas, das árvores, etc. Depois lembrou ao outro que faltava a cor azul para representar os rios, lagos, o Oceano Índico. Veio a resposta confirmando que essa cor também lá estava, só que de modo implícito. Seguiu-se a pergunta que não podia faltar e que era sobre a razão de as bandeiras de outros países terem somente uma ou duas cores e Independência que pouquíssimas bandeiras nacionais tinham assim tantas cores para desesperadamente representar tudo o que era possível. Surgiu, então, o esclarecimento de que nada havia de desespero na convocação de cores e que provavelmente a razão podia estar nos gostos de quem assim idealizou. Mas então, quem foram exactamente os moçambicanos que pensaram na bandeira? Falou do partido no poder, mas o que o outro queria eram os nomes das pessoas desse mesmo partido. O outro explicou que o mais importante era a bandeira e não os nomes e foi a sua vez de fazer uma pergunta: então, que cores é que gostarias que a nossa bandeira tivesse? Imediatamente veio a resposta: as cores estão muito bem assim como estão. Separaram-se e voltaram a encontrar-se algum tempo depois. Nesse dia, depois de uma saudação, o primeiro perguntou sobre as razões de o hino nacional em uma das suas passagens fazer referência a que nenhum tirano que nos irá escravizar. Mas, afinal, o que é que levou a que se colocasse a figura de tirano? Houve alguma experiência de tirania em Moçambique? O outro preferiu responder que o “tirano” que estava no hino nacional era exactamente para que não aparecesse um novo tirano, um concorrente a esse lugar. Como esse já está no hino então dificilmente poderá aparecer outro. Isso não convenceu. “Tirano” até soa bem e nenhum gosta que o tratem desse modo. O outro respondeu que sempre existiram tiranos e que o problema só ganhava expressão na sequência da ascensão ao poder ou quando um e outro se fazem, se produzem a partir do poder político. Mudar de conversa foi a táctica para fugir ao “tirano”. Por sorte, uma vez mais, encontraram- -se no dia 25 de Junho. Não pouparam as perguntas que recolhiam entre os concidadãos. Eles próprios iam fazendo o exercício de responderem-nas. O primeiro perguntou sobre os conceitos de nação, Estado, partidarização, fraude, corrupção, nepotismo, jogos de influências, quotas de poder, independência de pensamento, liberdade de expressão, independência económica, etc. O outro lembrou-se das vantagens de vibrar com os jogos do Mundial e preferiu abandoná-lo para procurar o seu Moçambique imaginário entre as equipas de futebol, um Moçambique que flutuava em função das vitórias: Moçambique que ora era Brasil, Portugal, Argentina, Espanha, ora podia ser uma outra selecção qualquer. Um dia chegamos lá. A pergunta, no teste de História do Teatro, era rudimentar. Uma perguntas para descargo, para aliviar o que correu mal num teste sem outras perguntas óbvias e que exigia desenvolvimento e rigor. Ali posta para consolar com dois pontinhos o que difícil parecera. O enunciado: «As peças gregas remetiam para um fundo mitológico – as histórias de deuses e heróis que serviam de base à cultura e identidade grega – que toda a população conhecia por transmissão oral. Ora Moçambique é ainda um país de cultura predominantemente oral e onde alguns ensinamentos são transmitidos, por exemplo, através das fábulas. Se escrevesse peças de teatro socorrendo-se de algumas figuras das fábulas, quais seriam os protagonistas das suas peças?» Afinal estava iludido, e não esperava pela resposta comum a todos eles. Como redigiu uma aluna: «Se escrevesse peças de teatro socorrendo-me de algumas personagens das fábulas poria em cena as seguintes figuras: Rapunzel, Branca de Neve, Capuchinho Vermelho, Boneca Emília…» Conclua quem quiser: para aqueles jovens urbanos universitários, para uma turma inteira, são aquelas as personagens das fábulas africanas. O pasmo não ficava por ali: eles nem sequer tinham a certeza do que fosse uma fábula. Fica tudo dito sobre o que não foi feito ou foi: “à nossa maneira” – um cliché que nada quer dizer. Ou quando muito significará: auto-golo! E quando me falarem de Tradições perguntarei se serão mais do que “invencionices” de académicos a brincarem ao reverso, na cata de “fundamentos”, dado o quotidiano, pelo menos o dos rapazes urbanos, ser um relato sem poros para as supostas tradições. E seria preciso que os antropólogos respondessem sobre o que sobrevive ainda de forma orgânica e não plantada nas culturas orais, nesta encruzilhada entre as tradições e a modernidade – ou pelo menos face ao advento tecnológico, que igualmente impinge as suas narrativas e modos discursivos. Em relação ao modo como os suportes tecnológicos modulam narrativas, processos e ritmos que nos condicionam, dou este exemplo. Há dois anos escrevi, no meu diário: “A nomeação de Bob Dylan como Nobel não me provoca alergia mas não me alegra. Explico-me: como professor preocupa-me muito o baixo quociente de atenção de que se mostram capazes os alunos. Entre outros factores aduzíveis para que tal aconteça, identifico a “síndrome pop”: o grosso dos jovens cresce condicionado pelo formato da canção pop, que dura três minutos. São fisgados por um tipo de atenção breve e, como na comunicação oral, sustentada em refrões. E rapidamente esta percepção se torna modular, estrutura. E por isso se mostra tão importante habituar o ouvido a outros ritmos mais largos como os que nos oferecem a música sinfónica, uma boa orquestra de timbilas ou o jazz. Não é apenas a nossa educação musical que ganha com isso, é também a nossa capacidade de ampliar a pauta da atenção.” Agora, no deguste duma tosta mista, leio, em Da Miséria Simbólica, de Bernard Stiegler, livrinho de que vos falei na semana passada: «Hoje, nas sociedades de modulação que são as sociedades de controle, as armas estéticas tornaram-se essenciais: trata-se de controlar essas tecnologias da aisthesis que são, por exemplo, o audiovisual e o digital, e graças a este domínio das tecnologias, trata-se de controlar os tempos de inconsciente dos corpos e das almas que os habitam, ao modular através do controlo dos fluxos esses tempos de consciência e de vida». As coisas estão todas ligadas, tinha-o intuído. Bom, falemos de futebol. De cantores de rock e de futebolista, todos temos um pouco, pelo menos nos desejos mais arcaicos. Eu apresentei-me para jogar nos infantis, da Cova de Piedade, nos juvenis do Almada, e nos juniores do Belenenses. Levei tampa em todos os clubes e ainda bem até porque as minhas pernas são lentas a sofrer - nunca gostei muito de correr (afigura-se-me inconcebível treinar três horas por dia durante dez anos para roubar um segundo ao recorde pessoal) - e não reagem como molas. E só sabia desenhar uma jogada, rolando a bola sobre o pé para depois a puxar para dentro quando o pé do adversário se aproxima, fazendo de imediato uma rotação súbita de 180 graus para sair pelas costas do adversário; dava brado mas este meu diminuto repertório só obtinha sucesso à primeira. Porém gostava do jogo, da dinâmica. E então um dia, aos vinte anos, escrevi para o Departamento de Futebol do Real Madrid a oferecer-me como O Melhor Suplente do Mundo: aquele que nunca sai do banco mas cuja presença é insubstituível para elevar o ânimo dos colegas e que os ajuda a explorar outras fontes da criatividade, de modo a que por habilitação transversal se tornem mais inventivos em campo. Defendia eu na minha carta – e ainda hoje acredito nisto - que se os jogadores tivessem no balneário quem lhes mostrasse as obras de Picasso, Mirá e Dali, rapidamente as suas fintas ganhariam outros arabescos e fantasias. E referia como exemplo de uma transfiguração poética no campo – o que terá constituído o meu erro, pela avaliação que faço hoje da minha carta – Garrincha, que um dia ultrapassou dois defesas e o guarda- -redes e depois, na linha de golo, esperou que se recompusessem para então ele voltar atrás e voltar a fintá-los aos três para finalmente meter golo. Aquilo que para mim era o cúmulo da criatividade pelos vistos, a deduzir pelo silêncio que mereceu a minha carta, passaria por uma profunda marca de ineficácia. Ainda hoje acho que eles é que estavam errados. Bem como os meus colegas jogadores que uma vez me puseram à baliza por causa da minha flexibilidade – quem me vê hoje não adivinha como eu era um bambu – e que ficaram furiosos porque encaixámos quatro secos e pior com a minha resposta, ao interrogarem-me porque não me esforcei devidamente nalguns lances: “Oh, pá, é porque gosto de golos bonitos!”. Sim, quem não gosta de golos bonitos? Que o Senegal passe esta primeira fase, é o meu voto! De golos e auto-golos Savana 22-06-2018 21 PUBLICIDADE 22 Savana 22-06-2018 DESPORTO O presidente da Federação Moçambicana de Patinagem, Nicolau Manjate, diz que o organismo que dirige tem dado primazia, nas suas actividades e no seu programa, à formação de novos atletas e à massificação da modalidade, por constituírem a base para o crescimento da modalidade. Outrossim, aponta a falta de um pavilhão multiuso como um constrangimento, mas mesmo assim assegura que um dia essa infra-estrutura será erguida no país. Acompanhe, caro leitor, os excertos da conversa. Assumiu a presidência da federação em 2017 e, na altura, apresentou um programa ambicioso... -Dentro das possibilidades e dos esforços dos atletas, dirigentes assim como de outras pessoas amantes do hóquei, estamos a tentar levar avante o nosso programa, o qual é assente, essencialmente, na consolidação da modalidade. Refiro-me, concretamente, à formação, Eis a tríade que polariza as atenções da FMP, segundo o seu presidente, Nicolau Manjate Formação, massificação e infra-estruturas Por Paulo Mubalo do hóquei, pois tem de haver gradualismo, há que seguir fases e os resultados estão a aparecer. Igualmente, estamos a trabalhar estreitamente com as associações da cidade de Maputo e de Quelimane e com os núcleos da província de Maputo e de Nampula, e acreditamos que na outra fase o hóquei vai desenvolver-se cada vez mais. Outrossim, estamos a projectar, ainda para este ano, uma competição com uma abrangência nacional e que vai envolver esses locais já referidos. Mas para quando a transformação de núcleos em associações provinciais? -Os núcleos existentes estão num processo de formação para passarem a ser associações, por exemplo, o antigo núcleo de Quelimane já é uma associação. A cidade de Nampula, infelizmente, ainda continua com um núcleo. Devo, ainda, referir que o hóquei tem uma componente chave que é a dos materiais, mas mesmo assim vamos subindo, que essa é uma questão de investimento, não a curto prazo, mas sim, a longo prazo, mas continuamos a colocar essa nossa grande preocupação ao nível interno e ao nível dos nossos parceiros e esperamos ter uma solução. O que tem a dizer relativamente à alta competição? - Temos participado em mundiais e acredito que neste intervalo vamos ter intercâmbios desportivos, entre regionais e outros, com os nossos parceiros, como África do Sul, Angola e Egipto, mas para ao aspecto da continuidade da própria actividade, o estabelecimento de programa de competições entre clubes e entre as várias camadas que já conseguimos construir, a saber, iniciados e juvenis. Ainda, recentemente, conseguimos criar uma selecção de sub-20, com objectivo de começarmos a trabalhar com esses jovens, pois são o futuro da nossa selecção para as competições internacionais e não só. Ou seja, estamos a cumprir o nosso programa e esperamos continuar a representar o país em diversos escalões pelo mundo fora, mas também no plano interno continuamos a desenvolver a modalidade. O que a FMP fez de concreto até ao momento? -Desenvolvemos as camadas de formação e estamos a dar o seu encaminhamento até constituirmos a selecção de sub-20 e isso é muito importante para o crescimento gradualmente, até porque quando iniciamos este trabalho, tínhamos um número inferior a 50 por cento relativamente ao que temos actualmente. Hoje temos acima de 200 atletas divididos em diversos escalões. A falta de campos ainda se faz sentir no hóquei em patins. Qual é a saída? -No capítulo de infra-estruturas continuamos a bater portas uma vez que as que existem pertencem aos clubes, e nós sabemos as dificuldades que os mesmos enfrentam. Geralmente usamos, para competições, o Pavilhão do Estrela Vermelha. Entretanto, clubes como Desportivo e Ferroviário também têm os seus campos, mas o que mais precisamos é de um pavilhão multiuso. Mas acredito que um dia teremos esse tipo de pavilhão, no qual a federação se responsabilizaria por ele. Claramente Nicolau Manjate, presidente da FMP Savana 22-06-2018 23 DESPORTO DESPORTO além disso, estamos a trabalhar no sentido de organizar um núcleo ligado à patinagem em linha. Estamos preocupados com isso, já tivemos encontro com as pessoas ligadas a esta parte, jovens que a praticam, para ver se conseguimos um enquadramento. Depois disso vamos ver se conseguimos direccioná-los para os clubes, porque torna-se difícil desenvolvermos esta disciplina sem que os atletas estejam enquadrados em núcleos. Qualidade A qualidade técnica dos nossos atletas satisfaz a FMP? -Em termos de qualidade no hóquei em patins podemos dizer que há uma preparação ao nível dos clubes, existe qualidade, principalmente nas camadas jovens e se continuarem a melhorar o seu ritmo e performance, poderemos dizer que a modalidade tem tudo para crescer, cada vez mais, em Moçambique. Estranhamente nos mundiais de hóquei nota-se uma forte presença, na nossa selecção, de atletas radicados no estrangeiro. Como inverter esta situação? -Bem, com a nova selecção que formamos a esperança é exactamente a de fortificarmos o nosso combinado nacional, mas há que ressalvar que os outros que intervêm lá fora também são moçambicanos e, pessoalmente, julgo até ser muito bom que o façam, que reforcem a nossa selecção, daí que continuaremos a ter esse tipo de intercâmbio. Entretanto, dum modo geral a nossa selecção tem que estar fortificada com os nossos atletas aqui no país. Quais são os desafios da federação para os próximos tempos? -A nossa luta diária é o melhoramento da nossa selecção, é fazermos com que haja mais competitividade, é termos mais assistência técnica, por isso estamos a estabelecer intercâmbio técnico com os outros países mais experimentados, para exactamente num curto espaço de tempo, dispormos de um técnico que possa vir dar capacitação aos nossos dirigentes, técnicos e próprios atletas. Mas devo dizer que estamos a lutar para que o hóquei continue a trilhar caminhos de sucesso, não obstante as dificuldades de vária ordem. Estamos, igualmente, empenhados na massificação da modalidade, pois esta constitui uma base segura para a continuidade e crescimento do hóquei. Muitas federações acusam o governo por estar a disponibilizar fundos que não cobrem as suas necessidades. O hóquei está satisfeito com o valor que recebe do MJD-via FPD? -Para o caso do hóquei, devo dizer que o Governo tem cumprido o seu papel, na sua intervenção, pois o Fundo de Promoção Desportiva tem disponibilizado fundos. Quer dizer, temos sido contemplados dentro das possibilidades do Fundo. É claro que os fundos nunca serão suficientes, mas o resto temos de nos esforçar e não ficarmos à espera só do Governo, temos de estabelecer parcerias. A Fundação Sidat (FS) anunciou, no último sábado, no Posto Administrativo de Ressano Garcia, distrito de Moamba, província de Maputo, um apoio de um furo de água potável e um campo polivalente para prática desportiva para a Escola Primária Completa de Ressano Garcia, onde estudam quase 1600 crianças. Para o efeito, as diligências para execução das referidas obras, cujo custo não foi revelado vão arrancar em breve, conforFS entrega campo polivalente para Ressano Garcia me avançou na ocasião o presidente da Fundação, Feizal Sidat. A oferta enquadra-se no âmbito da responsabilidade social daquela fundação e foi associada às comemorações de 16 de Junho, dia da Criança Africana que no nosso país também é dia do metical e do Massacre de Mueda. O anúncio da “boa nova”, do furo de água e campo polivalente, foi testemunhado pela chefe daquele Posto Administrativo, Mónica Macheque, direcção e professores da escola, alguns pais e encarregados de educação e outros convidados. Na mesma ocasião, a Fundação Sidat proporcionou um momento especial aos petizes daquele estabelecimento de ensino primário com oferta de vários kits de brindes, material escolar, momentos de animação e por um almoço de confraternização. Feizal Sidat referiu que esta instituição era ainda nova na praça porém, movidos pela força de vontade de ajudar a quem precisa e dentro das possibilidades tem apoio a pessoas singulares e colectivas, incluindo agremiações desportiva. Aliás, no evento, a Fundação Sidat ofereceu material desportivo a 25 clubes baseados naquele Posto Administrativo entre federados, recreativos e de formação. 24 Savana 22-06-2018 CULTURA “ O escritor e jornalista Fernando Manuel lançou, nesta terça-feira, 19 de Junho corrente, na Fundação Fernando Leite Couto o livro intitulado Missa Pagã. A apresentação do livro esteve a cargo do poeta Afonso dos Santos. Para a leitura de algumas crónicas foram convidados a actriz Ana Magaia e Léo Cote. “Chegado este ponto as minhas primeiras palavras vão no sentido de manifestar o meu apreço e a minha sincera gratidão a todos vocês. E desde já peço compreensão pelo facto de utilizar um tom coloquial e de familiaridade que se pode confundir com cumplicidades, confidências inconfessáveis. Falando assim estou a expor o estado emocional em que me encontro. Estou à vista de um porto bom e seguro depois de uma longa e penosa travessia do deserto. Como bem disse o poeta Afonso dos Santos durou cerca de uma década e meia”, conta Fernando Manuel. A obra é uma colectânea de crónicas resultantes da colaboração de Fernando Manuel no semanário SAVANA. “A verdade é que essa travessia não seria possível se não fosse a vossa presença amiga desde sempre. Pode parecer estranho porque a maioria de vocês não se tenha apercebido da sua presença valorosa e decisiva para que esta caminhada chegasse ao fim. Mas na verdade foi. Não só, desde o momento que concebi a possibilidade de fazer a recolha de algumas crónicas que publiquei ao longo de vários anos no jornal SAVANA e seleccionar estas cinquenta e seis que constam neste livro. Elas vêm de um universo de cerca de quatrocentas. Como a vossa presença directa para alguns casos e indirecta noutras. Quando se dá o nome de Missa pagã a estas crónicas, de modo geral, é justamente para transmitir a ideia de que elas não têm carácter temporal. Não é e nunca foi minha preocupação retratar a realidade e os factos do dia-a-dia. Mas partir deles construir um patamar no qual nos possamos situar como humanos nos valores mais altos que esta humanidade nos confere ou os deveria “Rezemos para que não atinja a perfeição” conferir. São eternos mas são sempre actuais. E faço questão de girar sempre à volta delas. Embora em alguns casos não consiga. Que é o caso do amor, fraternidade, solidariedade. O sentido que tem de nós nos sentirmos úteis para o próximo. Sentirmo-nos próximos quando o próximo desfalece ou deixa de crer em si na sua capacidade de se reerguer. É claro que falar deste valor não me impede de conhecer realisticamente o lado oposto que é a existência de ódios, rancor, inveja. Mas o que eu tento transmitir é o sentido de que sempre vale a pena lutarmos para que os valores nobres se sobreponham aos maus”, explica. O escritor comunga da ideia de perfeição mencionada pelo apresentador do livro, o poeta Afonso dos Santos. “É como perseguir a perfeição. Tenho um amigo que o vou citar porque está aqui, que é poeta Afonso dos Santos, com quem estou de acordo quando afirma que a perfeição não existe. Ou se existe nunca a alcançaremos. E também não teria sentido alcançarmos. É a estória do cachorro da aldeia e da camioneta. Sabido que sempre que a camioneta passa pela aldeia o cachorro vai atrás e ladra furiosamente. É sabido também que o cachorro nunca vai alcançar a camioneta. Mas não desiste de fazer isso sempre. Mas presumindo que um dia o cachorro consegue fincar os dentes no para-choques da camioneta. O que vai acontecer? Vai travar a camioneta? Não. A camioneta vai travar por causa dele? Não. Foi um esforço inglório? Talvez. O mesmo se passa com a filosofia que tenho em relação à perfeição. Isso não me inibe de procurar alcançá- -la. Vou utilizar um termo que hoje se usa muito. Procuro esse desiderato. Gosto muito deste termo. Se alcançar hei-de ficar perdido. Porque aí o mundo teria perdido piada para mim. E naturalmente a vida teria perdido sentido. Portanto, rezemos para que eu não atinja a perfeição”, frisa. Em termos de legado para os jornalistas e novos escritores, Fernando Manuel refere: “a escrita tem uma função importante: permite- -nos manifestar o que nos rodeia. Diria para nos harmonizarmos a alteração não pode ser um vazio. Em termos de arte transmitimos aquilo que são as nossas ideias. Pode ser mau em termos de arte. Para melhor compreenderem vou contar um cenário para justificar a minha explicação. Na década de oitenta foi apresentado um filme americano aqui em Maputo com o título “Imagine quem vem Jantar a casa”. Este filme transmitia a mensagem de que nos EUA não existia racismo. Transmitia uma ideia errada da sociedade americana. Até hoje existe racismo nos EUA. É preciso transmitir mensagem com realidade e coerência”, finaliza.A.S. “ Tio, dá lá o telemóvel”. “Que fazer? Eram quatro. Dei-lho. Até foram delicados me chamaram tio.” Isto aconteceu a Fernando Manuel às duas da manhã num dia qualquer, em Maputo. É apenas um rasto de retrato, uma nota áspera e bem constante na desordem urbana. Talvez seja transfigurado em pequena crónica, numa outra conta do rosário da “Missa Pagã”. Leio religiosamente “Missa pagã”. Todas as sextas-feiras no Savana. Muitas vezes não gosto, fico irritada pelo machismo, pelo turpilóquio que Fernando Manuel usa. Não gosto da paisagem humana que vem cá para fora. Incomoda-me. Logo na semana seguinte, a ternura ríspida de mais uma crónica me reconcilia com o autor: uma declaração de amor para a vida que na semana anterior fora abusada, pisada, violada. Não sei bem porque Fernando Manuel me convidou a escrever o prefácio do seu livro. Sou estrangeira, sou mulher, conheço pouco as barracas. Será talvez porque um dia lhe disse que me lembrava Charles Bukovsky, o escritor americano que morreu há alguns anos, o de “Histórias de ordinária loucura”. Mas também Cheever e Yates, aqueles que usaram a impotência sexual como alegoria que devora o mundo e o eu. Mas tem alguma coisa a ver Moçambique com os Estados Unidos de América? Tem sim. Porque as periferias não têm fronteiras. São globais. As crónicas que Fernando Manuel escreve todas as semanas são para mim um unicum, o retrato de uma sociedade despedaçada, de um mundo feito adulto à força, e da nostalgia da infância doce, das “gotas de chuva que fazem música no telhado de zinco”. Pling, pling, pling. É o mundo da periferia, de todas as periferias: o mundo dos desiludidos, dos a quem foi roubado o sonho. É o mundo do distúrbio da tranquilidade pública. Dos quem não têm voz, e ficam roucos às margens da História. O cronista/escritor assume outros nomes, às vezes fala na primeira pessoa, de quando em vez coincide com o autor, como um duplo autobiográfico, mas também fictício do próprio Fernando Manuel. As personagens da Missa pagã, muitas delas, levam a vida numa esquizofrenia constante entre modernidade e tradição, na luta constante para chegar ao fim do mês, numa cidade degradada. São crónicas de ordinário desgaste, depois do sonho nunca acontecer. Depois da monstrocracia interna e das damas vindas de Bretton Woods terem comido o que restava do grande sonho. “Tenho de reconhecer que, quando estou com copos, subo a uma árvore para urinar: a população, na sua eterna e ingénua ignorância, chama a isso chuva e é por isso que a Mafalala, o Xipamanine, Polana Caniço e outras periferias dos Workshops estão como estão: aquilo não são águas paradas, meu Deus, é onde a dona Catarina lava os pratos, onde eu e muitos milhares comem carapau a mil paus.” O narrador/cronista/protagonista sabe bem que esta bóia de salvação existencial não é uma panaceia: permite-lhe apenas observar com maior acribologia a desilusão e a dor que comunica a existência de alienado consciente de si. Missa Pagã é uma reflexão sobre a sociedade em forma de crónica insolente, por vezes, iconoclástica. Reflexão feita de anti-heróis, na ilusão caída em garrafões de álcool barato numa barraca de esquina. Uma esquina qualquer. De uma periferia qualquer. Paola Rolletta Maputo, Março de 2006 Nota: Escrevi este texto em Março de 2006, aquando Fernando Manuel decidiu reunir as crônicas de “Missa Pagã” para publicação. Doze anos depois, o desejo de Fernando Manuel é finalmente um livro. Senti-me honrada há doze anos, e ainda mais hoje porque, apesar de acontecimentos trágicos nas nossas vidas, estamos aqui, ainda capazes de relatar o “ordinário desgaste” e ao mesmo tempo curtir o pling pling da chuva. De uma periferia para outra. Obrigada, Fernando Manuel. Prefácio O Centro Cultural Brasil- -Moçambique acolheu recentemente um tributo aos músicos brasileiros Tim Maia e Jorge Vercillo. Tamanho sucesso a apresentação, que no dia 19 de Julho terá reapresentação às 19h com ingressos a 200 meticais. A última apresentação teve casa lotada com muitos moçambicanos e brasileiros que cantaram juntos sucessos de Tim Maia como “Tributo a Tim Maia e Jorge Vercillo no CCBM” “Vale Tudo”, “Não Quero Dinheiro” com tamanha efervescência que fez o público presente ficar de pé e dançar com aplausos que pediram o bis. Segundo Expedito Araujo, que também assina a concepção do espectáculo, o sucesso para a reapresentação foi a intensidade da música e da vida de Tim e a mesma intensidade presente no concerto. “Tim Maia foi um dos primeiros a fazer a música black brasileira. Antes dele, era o samba, bossa e rock. Ele trouxe ao Brasil a experiência musical que aprendeu nos EUA, mas jamais perdeu sua brasilidade. O Tim tinha orgulho de ser brasileiro! Quando ouvi ele pela primeira vez no rádio, pensei: “Esse cara canta bem pra caramba! Minha formação artística foi toda pela black music americana, mas, até então, eu jamais havia ouvido alguém cantar em português com o suingue do gringo. Eu até achava que havia um problema para fazer funk com nossa língua. Porém, o Tim me mostrou que isso era possível. Foi algo inspirador de todo mundo! E, além disso tudo, ele ainda é popular sem perder a qualidade. Qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento musical apurado, conhece Tim Maia. Ele é referência até hoje não só no Brasil, mas também aqui em Moçambique, Angola, África do Sul e vários países. E este grande compositor ainda continua influenciando inúmeros artistas de vários gêneros e idades”, enfatiza. Jorge Vercillo também homenageado no tributo é um dos mais requisitados compositores brasileiros. Lançou 10 CDs inéditos e 3 DVDs, tendo conquistado 1 Disco de Diamante, 3 Discos de Platina e sendo indicado 3 vezes ao Grammy Latino (2007, 2009 e 2010) e uma nomeação em 2013. A.S. Fernando Manuel e a sua família Ilec Vilanculo Dobra por aqui SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1275 ‡ DE JUNHO DE 2018 A PARTIR DE 3ª-FEIRA TEREMOS 2 Savana 22-06-2018 SUPLEMENTO Savana 22-06-2018 3 E seTrump anunciasse a cura do câncer? Savana 22-06-2018 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) Q uando cheguei ao local do lançamento do livro de crónicas intitulado Missa Pagã, do escritor e jornalista do SAVANA, Fernando Manuel, uma coisa que chamou a atenção foi quando o jovem escritor Dom Chirongo disse para mim que a sua companheira é uma admiradora de Fernando Manuel. Admira a sua escrita e que tem feito recortes de jornal das suas crónicas há bastante tempo. São muitos que admiram a escrita de mano Nandinho, como carinhosamente o chamamos no seio da redacção. Por isso foram muitas pessoas que se fizeram presente na Fundação Fernando Leite Couto para testemunhar o lançamento deste livro de crónicas. Sinal de que mesmo aqueles que não pensávamos ter alguma admiração pela escrita de Fernando Manuel foram ao local. Era uma mistura de várias gerações. Como se de uma missa pagã se tratasse. No dia seguinte ao lançamento da sua obra, Fernando Manuel ligou para mim a propor uma entrevista na Rádio SAVANA para falarmos da sua escrita, vida e carreira. Disse ainda que gostaria que fosse eu a fazer a entrevista porque sou uma pessoa sem medo de questionar alguns aspectos da sua vida. Gostaria igualmente que fosse na rádio SAVANA para podermos falar de tudo sem receio. Adorei a ideia. Espero que se concretize. Seria um prazer para mim fazer uma entrevista na rádio com este homem que tem uma das escritas mais admiráveis que conheci. Chegou o momento da assinatura de autógrafos. Todos queriam ter os seus livros autografados. Registar o momento solene da missa pagã. Na primeira imagem, Fernando Manuel aparece a ditar o que escrever no livro que o seu filho tem nas mãos. Por sinal este filho é o Nandinho. Leva o nome do pai. A comoção era maior no local. Vimos amigos, desconhecidos, conhecidos. Todos eles têm uma relação. Admiram a escrita de Fernando Manuel. Nesta segunda imagem, está o editor executivo do SAVANA, Francisco Carmona, e o editor do mediaFAX, Fernando Mbanze, que esperavam pelo seu momento de ter os seus livros adquiridos autografados pelo seu colega de profissão. Enquanto esperam, o filho de Fernando Manuel vai trocando algumas palavras com os editores como forma de tranquilizá-los em termos de emoções que uma missa pagã pode provocar. Até testemunhamos figuras que não quiseram perder a oportunidade de registar o momento. Referimo-nos a Carlos Mondlane, Presidente da Associação dos Juízes de Moçambique, que se colocou bem em frente do local onde o autor do livro se encontrava para registar o momento. Antes do evento, ainda trocamos uma curta conversa com Fernando Amado Couto. Eu e o escritor Dom Chirongo, em que Fernando Couto falou da fundação. As obras que tiveram de efectuar para que o local tivesse condições para acolher os eventos que se tem realizado. Agora, nesta imagem aparece numa conversa com o poeta Afonso dos Santos que foi o apresentador da obra. Acredito que estejam a falar da qualidade que este escritor e jornalista tem. Por isso estas duas grandes mulheres também não esconderam o seu empolgamento derivado do evento. Vejam como a actriz Ana Magaia e a locutora Glória Muianga testemunham os agradáveis momentos passados na missa pagã. Esperamos que muitas missas aconteçam para disfrutarmos destes momentos agradáveis que o lançamento de um livro proporciona. Como disse uma vez o escritor António Cabrita, o lançamento de um livro é um momento de festa. Só que desta vez a festa teve um gosto de uma missa pagã. Desiderato da Missa Pagã À HORA DO FECHO www.savana.co.mz EF +VOIP EF t "/0 997 t /o 1276 Diz-se... Diz-se IMAGEM DA SEMANA Naíta Ussene t "QFTBS EBT OVWFOT OFHSBT RVF UPEPT PT EJBT BTTPMBN B DPOTFSWBÎÍP OP QBÓT UBNCÏN IÈ OPUÓDJBT RVF OPT WÍP DPOTPMBOEP " OPUÈWFM SFDVQFSBÎÍP EB QPQVMBÎÍP EF BOUÓMPQFT OB [POB DFOUSP FTUÈ B DSJBS UBJT EFTFRVJMÓCSJPT RVF TF UPSOB OFDFTTÈSJP BHPSB QSPDFEFS Ë JNQPSUBÎÍP EF QSFEBEPSFT DBSOÓWPSPT &TUB TFYUB GFJSB FN WPP DIBSUFS EB «GSJDB EP 4VM DIFHBN PT QSJNFJSPT FYFNQMBSFT EP SFJ 4JNCB QBSB HFSJS PT FRVJMÓCSJPT OPT UBOEPT EF .BSSPNFV 0T GVSUJWPT OÍP TBCFN TF EFWFN SJS PV mDBS QSFPDVQBEPTy t 'PJ BEJBEB TFN OPWB EBUB B TFTTÍP FYUSBPSEJOÈSJB EB FTDPMJOIB NBJT GBNPTB EB /BÎÍP RVF EFWFSJB EBS TFOUJEP ËT SFDFOUFT FNFOEBT DPOTUJUVDJPOBJT "QFTBS EPT TPSSJTPT QÞCMJDPT F EBT GBMBT DPODJMJBUØSJBT EP FOHFOIFJSP EP QMBOBMUP EFTFOUFOEJNFOUPT BQBSFOUFNFOUF JOTBOÈWFJT UFSÍP TJEP B SB[ÍP EP BEJBNFOUP &TQFSFNPT RVF OÍP FTUFKBN OBT FNFOEBT Ë CPDB EBT VSOBT VNB SFDFJUB QBSB NVJUP NBJT DPOnJUPT t "T WJTJUBT QSFTJEFODJBJT WÍP EBOEP NVJUP CFN B JNBHFN EP QBÓT RVF TPNPT VN QBÓT DPN VNB GVOÎÍP QÞCMJDB UPNBEB QFMP lobby EP DBSUÍP WFSNFMIP POEF B DPOmBOÎB QPMÓUJDB TF UPSOPV DSJUÏSJP FN EFUSJNFOUP EB DPNQFUÐODJB %FQPJT EF BENJOJTUSBEPSFT FN $BCP %FMHBEP OÍP UFSFN TJEP DBQB[FT EF SFTQPOEFS B QFSHVOUBT EFJYBEBT DPN VN EJB EF BOUFDFEÐODJB BHPSB GPJ B WF[ EF )PNPÓOF NPTUSBS RVF BmOBM P QSPCMFNB Ï OBDJPOBM 4F QFSHVOUBS OÍP PGFOEF RVFN OPNFJB FTUB DBNCBEB EF JODPNQFUFOUFT t "JOEB OB DFOB EB BDUVBMJEBEF P ;Ï EB 3VB BP .BDVSVOHP FOUSPV FN BDÎÍP EF HSBÎBT B TFNBOB mOEB BP UVUPS EP UJNPOFJSP EP QMBOBMUP BP JOEJDBS B TVB mMIB QBSB EJSJHJS B DBTB RVF BDPMIFV BT SPOEBT EP JOGSVUÓGFSP EJÈMPHP "QFTBS EF TFS VN DBSHP NFOPS TFSÈ RVF DPN FTUF UJQP EF OPNFBÎÜFT P UJNPOFJSP FYJHF DPNQFUÐODJBT t & DPNP OP DBQJUBMJTNP UBNCÏN IÈ SFHSBT BT HSBOEFT DPSQPSBÎÜFT DPTUVNBN FTUBCFMFDFS QSJODÓQJPT EF CPB HPWFSOBÎÍP OPNFBEBNFOUF OP RVF UPDB B QPMÓUJDPT UBNCÏN FN DBSHPT EF HFTUÍP .BT DPNP .PÎBNCJRVF Ï VN QBÓT FTQFDJBM F IÈ DFSUBNFOUF GBMUB EF HFTUPSFT P DPOHMPNFSBEP CFMHP CSBTVDB EP OÏDUBS EF DFWBEB DPOUJOVB B FNQSFHBS DPNP mHVSB EF UPQP VN NFNCSP EB DPNJTTÍP QPMÓUJDB GSFM P NFTNP TVDFEFOEP DPN VN CBODP RVF TF PSHVMIB EF FTUBS OPT UPQ 1SØ (VJOFTT KÈ t " QSPQØTJUP EF DBQJUBMJTNP VN FY NJOJTUSP QSPOVODJPV VNB GBTF DÏMFCSF DPOWJEBOEP P HPWFSOP B DPNQSBS BVUP UBORVFT QBSB DPOUFS BT NBOJGFTUBÎÜFT QPQVMBSFT EPT OPWPT UFNQPT &TUB TFNBOB IBCJUVBEPT Ë IBCJUVBM UPMFSÉODJB HPWFSOBNFOUBM NBOJGFTUBOUFT UJWFSBN FOPSNFT QFTBEFMPT EVSBOUF VNB OPJUF QBTTBEB OVNB FTRVBESB EF QPMÓDJB MÈ QBSB PT MBEPT EB .BUPMB BQØT NBJT VNB TJUVBÎÍP EF QBVT F QFESBT OB HSBOEF DJSDVMBS & DPNP DPSPMÈSJP EP 51$ TPCSF &TUBEP EF %JSFJUP BJOEB MFWBSBN QBSB DBTB P UBMÍP EF VNB NVMUB EF .U QBTTBEB QFMP USJCVOBM QPS EFTSFTQFJUP Ë BVUPSJEBEF QÞCMJDB t 2VBOEP UPEPT PT CBODPT QBSFDFN FTUBS BNFESPOUBEPT QFSBOUF BT EJSFDUJWBT EP SFHVMBEPS NFTNP BRVFMBT RVF BJOEB TFKBN JOTPOEÈWFJT QFOTBNFOUPT FJT RVF VN KPWFN iDIJFG FDPOPNJTUw SFTPMWFV DPOUFTUBS BT EFDJTÜFT EP WBUJDBOP mOBODFJSP MPDBM RVBMJmDBOEP BT EF QPVDP PVTBEBT 0 TFDUPS QSJWBEP F PT DPOTVNJEPSFT FN HFSBM BHSBEFDFN B PVTBEJB y t 1FMBT QBTTBEBT EP OPWP NJOJTUSP EBT 0CSBT 1ÞCMJDBT BDPNQBOIBNPT PT QFDBEPT EP TFV BOUFDFTTPS & BTTJN mDBNPT B TBCFS EF NBJT BUSBTPT FN PCSBT QSJPSJUÈSJBT DPNP Ï P DBTP EB / NFTNP Ë FOUSBEB EB DJEBEF &TQFSFNPT RVF B QSØYJNB WJTJUB OÍP TFKB BP MPDBM POEF WBJ mDBS JOTUBMBEP P iQSFTFOUF FOWFOFOBEP DIJOÐTw FN GPSNB EF BFSPQPSUP EP 9BJ 9BJy t 2VFN EFWF FTUBS Ë CFJSB EF VN BUBRVF EF OFSWPT Ï P EJSJHFOUF NÈYJNP EF VN NPWJNFOUP RVF FN EPJT UFNQPT TPGSFV EVBT QFTBEBT CBJYBT 2VBOEP QBSB BMÏN EF EJTTJEÐODJBT IPVWF BUÏ TBOHVF EFSSBNBEP Ï DBTP QBSB QFSHVOUBS P RVF GBMUB QBSB TF FNQSFFOEFSFN SFGPSNBT JOUFSOBT 0 QBÓT RVF BDSFEJUB OP QMVSBMJTNP mDBSJB NVJUP HSBUP Em voz baixa t 1BSB DFSUBNFOUF EFTQJTUBS PT TFVT EFUSBDUPSFT P YFSJGF EB EF 4FUFNCSP EFDJEJV OFHBS B UFTF EF RVF B GBMUB EF QBHBNFOUP EBT EÓWJEBT EBT USÐT NBSJBT QPEF TFS VNB EBT DBVTBT EB SPCVTUF[ EBT SFTFSWBT JOUFSOBDJPOBJT +È BOUFT (BMJMFV (BMJMFJ OFHPV RVF B UFSSB HJSBTTF FN WPMUB EP TPMy D e forma repentina, a Comissão Permanente da Assembleia da República adiou, esta quarta-feira, a terceira sessão extraordinária do órgão, reunião que tinha sido convocada para debater os projectos de mudanças nas leis eleitorais e do governo local submetidas ao parlamento pelo Conselho de Ministros. As leis visam conformar estes instrumentos legais aos novos comandos introduzidos pela emenda pontual operada à Constituição da República. " TFTTÍP FYUSBPSEJOÈSJB RVF EFWFSJB BSSBODBS OFTUB RVJOUB GFJSB F FTUFOEFS TF BUÏ IPKF UJOIB TJEP DPOWPDBEB QFMB QSFTJEFOUF EB "TTFNCMFJB EB 3FQÞCMJDB 7FSØOJDB .BDBNP OP JOÓDJP EP QSFTFOUF NÐT 'BMBOEP Ë TBÓEB EB SFVOJÍP EB $PNJTTÍP 1FSNBOFOUF IBWJEB OFTUB RVBSUB GFJSB FN .BQVUP "OUØOJP +PTÏ "NFMJB o WJDF QSFTJEFOUF EB "3 EJTTF RVF BTQFDUPT SFMBDJPOBEPT DPN B iPSHBOJ[BÎÍPw EB TFTTÍP QFTBSBN QBSB B EFDJTÍP EF BEJBNFOUP .BT BP RVF P SAVANA BQVSPV iEJGFSFOÎBT JOTBOÈWFJTw TPCSFUVEP EFTBDPSEPT EFOUSP EB 'SFMJNP FN SFMBÎÍP ËT MFJT FMFJUPSBJT FTUJWFSBN QPS EFUSÈT EP BEJBNFOUP /P DPODSFUP B "3 JSJB BOBMJTBS OFTUB RVJOUB GFJSB B MFJ RVF FTUBCFMFDF P 2VBESP +VSÓEJDP QBSB *NQMFNFOUBÎÍP EBT "VUBSRVJBT -PDBJT EF BMUFSBÎÍP EP 3FHJNF +VSÓEJDP EB 5VUFMB "ENJOJTUSBUJWB EP &TUBEP B RVF FTUÍP TVKFJUBT BT "VUBSRVJBT -PDBJT CFN DPNP EF BMUFSBÎÍP EB MFJ EB &MFJÎÍP EPT »SHÍPT EBT "VUBSRVJBT -PDBJT /FTUB UFSÎB GFJSB &ETPO .BDVÈDVB QSFTJEFOUF EB 1SJNFJSB $PNJTTÍP Desacordos sobre as leis eleitorais Comissão Permanente adia sessão extraordinária EJTTF RVF P ØSHÍP RVF EJSJHF EFDJEJV GB[FS BMUFSBÎÜFT BPT QSPKFDUPT BDPSEBEP QFMP $POTFMIP EF .JOJTUSPT F TVCNFUJEPT BP 1BSMBNFOUP /VN EPT EPDVNFOUPT TVCNFUJEPT QFMP $POTFMIP EF .JOJTUSPT EJ[JB- TF RVF USÐT NFNCSPT EF VNB MJTUB FMFJUPSBM EF VN EFUFSNJOBEP QBSUJEP JODMVJOEP P DBCFÎB EF MJTUB OÍP QSFDJTBWBN EF TFS SFTJEFOUFT EP NVOJDÓQJP FN DBVTB *TUP BCSF FTQBÎP QBSB B FOUSBEB EF mHVSBT OÍP SFTJEFOUFT OB BVUBSRVJB $POUVEP B $PNJTTÍP EF .BDVÈDVB EPNJOBEB QFMB 'SFMJNP FOUFOEF RVF JTUP OÍP GB[ TFOUJEP QPS GFSJS B iFTTÐODJB EB EFNPDSBDJB MPDBMw F BMUFSPV P RVF UFSÈ JODPNPEBEP PVUSPT TFDUPSFT EP QBSUJEP HPWFSOBNFOUBM RVF BSHVNFOUBN RVF TFSJB VNB CSFDIB JNQPSUBOUF QBSB USBOTGFSJS mHVSBT QBSB PVUSPT NVOJDÓQJPT POEF OÍP UJWFTTFN DBOEJEBUPT GPSUFT 0 EPDVNFOUP EP $POTFMIP EF .JOJTUSPT SFGFSJB TF UBNCÏN B DBTPT EF NPSUF EFNJTTÍP F SFOÞODJB EP 1SFTJEFOUF EP $POTFMIP .VOJDJQBM F RVF P OPWP FEJM TFSJB B QFTTPB RVF P QBSUJEP EFDJEJTTF FTUBS iNFMIPS QPTJDJPOBEBw QBSB TF UPSOBS 1SFTJEFOUF .BT B 1SJNFJSB $PNJTTÍP SFWFSUFV B QSPQPTUB EP $POTFMIP EF .JOJTUSPT BmSNBOEP RVF B TVCTUJUVJÎÍP UFSJB RVF TFHVJS B PSEFN EB MJTUB PSJHJOBM EPT DBOEJEBUPT "P RVF P SAVANA BQVSPV B 3FOBNP FTUÈ DPOGPSUÈWFM DPN B EJTQPTJÎÍP MFHBM RVF EFGFOEF RVF FN DBTP EF NPSUF SFOÞODJB PV EFNJTTÍP P QBSUJEP QPEF FTDPMIFS EFOUSF PT RVF FTUJWFSFN OB MJTUB EPT DBOEJEBUPT "JOEB OÍP GPJ NBSDBEB VNB OPWB EBUB QBSB B TFTTÍP FYUSBPSEJOÈSJB NBT OPT QSØYJNPT EJBT EFWFSÍP EFDPSSFS OFHPDJBÎÜFT FOUSF B 'SFMJNP 3FOBNP F .%. 1PSÏN B 'SFMJNP EFWFSÈ QSJNFJSP VMUSBQBTTBS BT EJWFSHÐODJBT JOUFSOBT FN SFMBÎÍP BPT EJTQPTJUJWPT MFHBJT TVCNFUJEPT QFMP $POTFMIP EF .JOJTUSPT F BMUFSBEPT QFMB $PNJTTÍP EJSJHJEB QFMP EFQVUBEP .BDVÈDVB " OFDFTTJEBEF EB SFWJTÍP EFTUFT JOTUSVNFOUPT WJTB EFOUSF WÈSJPT BTQFDUPT QFSNJUJS RVF B EF 0VUVCSP QSØYJNP PT QSFTJEFOUFT EPT $POTFMIPT "VUÈSRVJDPT BDUVBMNFOUF EFTJHOBEPT QPS QSFTJEFOUFT EPT $POTFMIPT .VOJDJQBJT QBTTFN TFS FMFJUPT QPS WJB EP TJTUFNB EF DBCFÎB EF MJTUB "MJÈT P NPEFMP EF DBCFÎB EF MJTUB TFSÈ JHVBMNFOUF FYUFOTJWP BPT HPWFSOBEPSFT QSPWJODJBJT RVF B QBSUJS EP QMFJUP EF EF 0VUVCSP EF QBTTBSÍP QFMB QSJNFJSB WF[ OB IJTUØSJB EP QBÓT B TFS FMFJUPT DPN CBTF OFTUF OPWP NPEFMP &TUB JOPWBÎÍP FOHMPCB JHVBMNFOUF PT BENJOJTUSBEPSFT EJTUSJUBJT NBT DPN QBSUJDVMBSJEBEF EF TØ DPNFÎBS B DPOUBS B QBSUJS EBT FMFJÎÜFT HFSBJT EF " FNFOEB QPOUVBM EB $POTUJUVJÎÍP EB 3FQÞCMJDB SFTVMUB EPT DPOTFOTPT BMDBOÎBEPT FOUSF P 1SFTJEFOUF EB 3FQÞCMJDB 'JMJQF /ZVTJ F P GBMFDJEP MÓEFS EB 3FOBNP "GPOTP %IMBLBNB OP ÉNCJUP EP EJÈMPHP QPMÓUJDP 4BMJFOUBS RVF FN DJNB EB NFTB OFHPDJBM KÈ DPN B OPWB MJEFSBOÎB EB 3FOBNP OB QFTTPB EF 0TTVGP .PNBEF DPOUJOVBN BT RVFTUÜFT NJMJUBSFT DVKPT DPOTFOTPT BJOEB OÍP GPSBN BMDBOÎBEPT NVJUP QPS GPSÎB EB JOÏSDJB EPT BMUPT RVBESPT EPT 4FSWJÎPT EF *OGPSNBÎÍP F 4FHVSBOÎB EP &TUBEP RVF TF UÐN NPTUSBEP QPVDP B GBWPS EB JOUFHSBÎÍP EB GPSÎB SFTJEVBM EBRVFMF QBSUJEP OB TFDSFUB NPÎBNCJDBOB (Ilódio Bata) Savana 22-06-2018 EVENTOS 1 0DSXWR GH-XQKRGH ‡$12;;9‡1o 1276 EVENTOS O governo moçambicano, Unicef, União Europeia e a população do distrito de Homoíne convergiram sábado à vila-sede de Homoíne para a inauguração do novo Sistema de Abastecimento de Água local. Por enquanto, o Sistema de Abastecimento de Água inaugurado na vila de Homoíne pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, assegura 500 ligações domiciliárias, mas a expectativa é que a infra-estrutura beneficie 39 mil pessoas até 2030. A água é captada no rio Domu- -Domu, conduzida para uma estação de bombagem equipada com bombas Grundfos e passa por uma estação de tratamento até ao centro distribuidor, donde é fornecida através de uma rede de distribuição com 31 quilómetros de rede PVC. Falando na ocasião, o representante do Unicef em Moçambique, Marcoluigi Corsi, assinalou que o empreendimento constitui um grande avanço para a melhoria das condições de vida da população de Homoíne e, principalmente, para as crianças da zona. Marcoluigi Corsi destacou que a falta de água nas zonas rurais moHomoíne conta com novo sistema de abastecimento de água çambicanas contribui para o absentismo escolar das crianças, uma vez que têm de dedicar muito tempo à procura do líquido vital. Na ocasião, Marcoluigi Corsi elogiou os avanços que o país tem registado na protecção dos direitos da criança, mas realçou que ainda persistem desafios nesse domínio, incluindo a prevalência de casamentos prematuros em algumas comunidades. O Sistema de Abastecimento de Água da vila de Homoíne é parte de um conjunto de três empreendimentos do género, tendo sido dois instalados nos distritos de Morumbene e de Jangamo, todos na província de Inhambane. Por seu turno, o chefe da Secção Política, Imprensa e Informação da União Europeia, Stergios Varvarousis, disse que o empreendimento é corolário e exemplo da eficácia da cooperação para o desenvolvimento entre a organização comunitária e o Governo moçambicano. As infra-estruturas estão orçadas em 146 milhões de meticais, que resultaram da comparticiparam do governo de Moçambique, Unicef e União Europeia. O Instituto Médio Politécnico (IMEP), uma unidade orgânica da Universidade Politécnica, vai introduzir, na sua delegação de Tete, a partir de Agosto próximo, três novos cursos, nomeadamente, de Técnicos de Farmácia, Técnicos de Análises Clínicas e de Enfermagem de Saúde Materno-Infantil (SMI). O curso de Técnico de Farmácia permite o exercício de actividades de serviços farmacêuticos, nas unidades sanitárias de qualquer nível de atenção em saúde e ainda actuar em farmácias e empresas de importação e exportação de medicamentos e artigos médicos, órgãos locais e centrais de regulamentação, fiscalização e supervisão de actividades farmacêuticas. Por sua vez, o curso de Técnicos de Análises Clínicas permite a realização de funções ao nível dos conhecimentos, habilidades e atitudes Politécnica lança três novos cursos confiáveis na colheita de espécimes biológicos, determinação analítica dos exames e entrega atempada dos resultados. Já o curso de Enfermagem de SMI possibilita o desempenho de funções ao nível das maternidades e consultas preventivo-curativas de SMI nos hospitais rurais, provinciais, centrais e centros de saúde. Permite ainda desenvolver funções ao nível da administração, gestão e coordenação do programa integrado de SMI, saúde escolar e do adolescente. Importa realçar que o IMEP é um estabelecimento de ensino médio direccionado ao ensino técnico- -profissional, para formação, aperfeiçoamento e reciclagem de profissionais em diferentes áreas, com a duração de três anos. Funciona nos turnos laboral e pós-laboral, sendo o nível de ingresso a 10ª classe ou equivalente. O director do Banco Mundial para Moçambique, Mark Lundell, anunciou a existência de um pacote de USD 80 milhões para financiar um projecto de abastecimento de água ao distrito de Mueda, na província de Cabo Delgado. Segundo Lundell trata-se de um projecto enquadrado na política de expansão de abastecimento de água para mais pontos do país, cujo valor poderá ser disponibilizado até meados de 2019. O director do Banco Mundial falava, semana finda, durante a visita que efectuou a convite do ministro das Obras Públicas Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), João Machatine, ao conjunto de obras para o aumento da capacidade de Banco mundial financia água abastecimento de água para a região do grande Maputo em Sábié, no distrito da Moamba. Trata-se da montagem de seis comportas na barragem de Corumana, que vai permitir o aumento dos níveis de reservas de água dos actuais 700 mil milhões de metros cúbicos para 1.400 metros cúbicos. A tubagem da conduta adutora que vai bombear água de Corumana ao centro distribuidor da Machava e de lá para a região do grande Maputo que já está pronta e, por fim, se inteirar do projecto de construção da Estação de Tratamento de Água (ETA). As obras são financiadas pelo Banco Mundial e estão orçadas em USD 250 milhões. Machatine explicou que neste momento o abastecimento de água à região do grande Maputo está refém da construção da ETA, cujo projecto foi revisto e a construção deverá arrancar em Agosto, com conclusão prevista para 2020. O aumento da capacidade de reserva da albufeira irá ajudar ainda na disponibilização de água aos agricultores para irrigarem 36 mil hectares Visto que as necessidades de água são cada vez mais crescentes a nível da região do grande Maputo, Machatine diz que estão no mercado também à procura de um parceiro que possa financiar a construção de uma ETA de emergência, de modo que a água comece a ser disponibilizada próximos anos. E enquanto isso não acontece, Machatine diz que se vai apostando no plano de emergência que consiste na abertura de 46 furos e reactivação de outros 22 pequenos de sistema de abastecimentos espalhados nos municípios de Maputo e da Matola para minimizar a carência de água. Savana 22-06-2018 EVENTOS 2 D ecorreu entre 05 de 16 Junho corrente a sexta edição do Gazprom Football For Friendship (F4F), em Moscovo, na Rússia, um evento que teve lugar à margem da Copa do Mundo e contou com a participação de mais de três mil convidados de mais de 200 países, incluindo jornalistas dos principais meios de comunicação internacionais, estrelas do futebol, campeões olímpicos e para-olímpicos. Países africanos estiveram pela segunda vez nesta que foi a sexta temporada do F4F, onde Moçambique se fez presente através da participação de dois adolescentes pertencentes ao Ministério Arco-íris, uma instituição de caridade que acolhe crianças desfavorecidas. No total, o F4F juntou 32 equipas internacionais de amizade, formadas por adolescentes com idades compreendidas entre 10 a 12 anos, incluindo crianças com deficiências, da Europa, Ásia, América, Austrália, África e Oceânia. As 32 equipas formadas foram nomeadas por animais em extinção para popularizar e consciencializar as crianças sobre a importância da protecção da natureza e aumentar o interesse das Moçambique no Mundial de F4F na Rússia gerações vindouras pela preservação. Na véspera do torneio final, os jovens participantes do programa passaram três dias no acampamento Internacional da Amizade, no território da Academia de Futebol Spartak, onde participaram de formações desportivas, palestras e master classes orientadas por atletas, jornalistas e representantes das reservas de espécies raras de animais. No dia 12 de Junho, tiveram lugar os jogos de qualificação do Campeonato Mundial de Futebol para Amizade, no Estádio Sapsan Arena, sendo que as equipas Dragão de Komodo e Chimpanzé chegaram à final. A primeira equipa era composta pelos adolescentes do País de Gales, Quénia, República Dominicana, Guiné-Bissau, Filipinas e Brasil, e a segunda da República Dominicana, São Cristóvão e Nevis, Malawi, Colômbia, Benim e Congo. Falando na ocasião, Alexander Alaev, director-geral da Federação Russa de Futebol, destacou a importância do evento e disse: “estou feliz por participar dos eventos finais da sexta temporada do programa Futebol pela Amizade. É óptimo que crianças de todo o mundo estejam unidas por esse projecto: é importante não apenas para o desenvolvimento desportivo, mas também para o pessoal. É bom ver como jovens talentos colocam seu coração e alma em suas actividades favoritas e é incrível que, em apenas três dias do Acampamento da Amizade, as crianças conseguiram se tornar amigas e demonstraram um verdadeiro jogo de equipa”. “Eu tenho apoiado o programa social internacional para crianças há bastante tempo. Todos os jovens atletas que participaram do presente Campeonato são muito talentosos e promissores. Assistindo aos jogos das equipas de Amizade, eu estava realmente preocupado com as equipas e tenho de dizer que o jogo final foi brilhante. É com muito prazer que continuarei a apoiar os jovens desportistas. Tenho certeza de que cada participante do programa será capaz de obter resultados desportivos excepcionais”, acrescentou Alexander Kerzhakov, treinador da equipa russa da juventude. Já a vice-ministra da Federação Russa, Olga Golodets, afirmou: “estou feliz por receber todos os participantes, organizadores e espectadores do Fórum. As crianças reuniram-se aqui e uniram-se sob a égide de um jogo tão maravilhoso como o futebol, independentemente de sua nacionalidade. A maior conquista do projecto é que os jovens participantes realmente se tornaram amigos. Esses projectos humanitários ajudam as pessoas a se entenderem”. “Estou satisfeito por ver tantos rostos felizes de todo o mundo no Fórum Internacional das Crianças, Futebol pela Amizade! Gostaria de expressar minha gratidão pelo convite a este evento extraordinário, pois os dois fundamentos do programa são os mais importantes para minha vida: amizade e futebol. Espero que o futebol abra as portas não apenas para o desporto, mas para todas as esferas de suas vidas! Há aqui no Fórum 211 países; há muitas pessoas de todo o mundo, e cada uma delas adora o futebol. O futebol é uma óptima plataforma para mudanças sociais para tornar nosso mundo mais aberto e tolerante. Aproveitem esta experiência única e poupem sua energia para a Copa do Mundo que começará em breve!”, declarou Iker Casillas, jogador de futebol espanhol, guarda- -redes de FC Porto (Portugal).(E.C) A SB-Entretenimento, empresa especializada na angariação de fundos para produção de eventos, lançou, esta semana, a sua nova marca denominada Elements para o desenvolvimento eventos temáticos, em todo país . O lançamento desta nova marca está inserido nas comemorações dos 12 anos da SB-Entretenimento, fundada em 2006, por Jahir Abdula com intuito de ser uma empresa ligada ao moto-suport, tendo realizado o primeiro evento, sem fins lucrativos, com a presença da actriz brasileira, Tais Araújo, que consistiu, fundaSB-Entretenimento lança Elements mentalmente, na angariação de fundos para ajudar crianças portadoras de HIV-SIDA nas diferentes de regiões do País. De acordo com Luana Jane, directora-geral da SB-Entretenimento, avançou que a criação da nova marca tem por objectivo a expansão da cultura moçambicana e desta forma permitir que o país seja conhecido a nível mundial. Adiante avançou Jane que, no âmbito da comemoração do 12º aniversário da criação da SB-Entretenimento, está previsto um mega evento, agendado para próxima final de semana. A vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Joaquim Rebelo, defendeu que a sustentabilidade da mobilidade na zona metropolitana de Maputo passa pela conjugação de várias medidas, incluindo a comparticipação dos munícipes na adopção de novos hábitos e de privilegiar o uso cada vez maior do transporte público, contra a actual tendência do uso frequente do automóvel particular. Falando quarta-feira em Maputo, na abertura da conferência sobre a mobilidade sustentável na zona metropolitana de Maputo, Rebelo disse que as medidas que o Governo está a implementar na melhoria da oferta e qualidade do transporte público urMunícipes incentivados a transferirem-se para transporte público bano devem encorajar os munícipes a confiarem e a usar cada vez mais o sistema público de transportes: “Não podemos construir uma cidade com mobilidade sustentável, quando cada cidadão se faz transportar no seu automóvel particular, de e para qualquer parte da cidade” frisou a governante. Rebelo acrescentou que, para a zona metropolitana de Maputo, onde vivem, actualmente, cerca de três milhões de pessoas, o Governo tem dedicado especial atenção à mobilidade, estando, neste momento, a reorganizar o sistema de transportes, considerando o reforço da frota, melhoria do sistema de manutenção dos autocarros alocados ao transporte de passageiros, a intermodalidade, entre outras medidas. Dada a complexidade da actividade de licenciamento de transportes e gestão das questões emergentes, conforme sublinhou Manuela Rebelo, o Governo criou, através do Decreto 85/2017, de 29 de Dezembro, a Agência Metropolitana de Maputo, cuja finalidade é promover um sistema de transportes assente num planeamento integrado e coordenado nos municípios de Maputo, Matola, Boane e o distrito de Marracuene. Por sua vez, o edil de Maputo, David Simango, disse acreditar que a criação de novas centralidades, que podem ser escritórios, centros comerciais, escolas e universidades fora do centro da cidade, pode contribuir para diminuir a pressão sobre os grandes centros urbanos. “Temos clareza sobre a impraticabilidade do uso de viaturas individuais, para deslocações de casa para o trabalho e vice-versa, sobretudo tendo em conta o tipo e qualidade da infra-estrutura disponível, embora consideremos a pertinência de uma abordagem mais ampla do desafio que tem em consideração os cidadãos a partir das suas experiências, como pedestres, ciclistas, utentes do transporte público, motociclistas e motoristas”, indicou Simango. Para a coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique, Márcia de Castro, a promoção de transportes sustentáveis requer a corresponsabilidade do Estado e da cidadania, na disponibilidade desses serviços de transporte, mas também no bom uso e gestão dos mesmos. “Neste sentido, como Nações Unidas, nós queremos destacar passos importantes que já foram tomados pelo Estado. Louvamos a criação da Agência Metropolitana de Transportes de Maputo, com o propósito de melhorar a qualidade e a capacidade da oferta actual dos transportes colectivos e, através da UN-Habitat e outros parceiros do sistema das Nações Unidas, contem connosco para apoiar o desenvolvimento do trabalho desta agência”, concluiu Márcia de Castro. Refira-se que esta conferência enquadra-se no âmbito da primeira semana da mobilidade sustentável da zona metropolitana de Maputo, que decorre de 9 a 15 de Junho corrente, cujo objectivo é discutir questões relativas à sustentabilidade da mobilidade e à integração entre os diversos meios de transporte e o espaço público no grande Maputo. O Banco Único lacou, esta quarta-feira, o primeiro aplicativo social bancário do mercado denominado Único Social App. Disponível para os Smartphones, nos sistemas Android e IOS, o Único SocialApp foi concebido para simplificar e facilitar a gestão de dinheiro na vida social, uma vez que vai Banco Único lança a primeira app social do mercado permitir com comodidade, facilidade de adesão e acesso, acrescentar à sua rede social de familiares e amigos a vertente de pagamentos e assim, à distância de um clique efectuar as mais variadas transacções. O Único SocialApp vai permitir efectuar operações como, por exemplo, pedir e emprestar dinheiro, dividir contas, transferir ou fazer xitique passa a ser muito fácil, simples e divertido, bastando, para isso, baixar o aplicativo na Play Store ou na App Store. Falando no acto de lançamento do aplicativo móvel, António Correia, CEO do Banco Único, representa o reafirmar do compromisso que banco assumiu com os clientes no sentido de providenciar serviços inovadores e que facilitem cada vez mais a vida de quem faz o uso dos mesmos. (Redacção) Savana 22-06-2018 EVENTOS 3 CCNA e CCNP Conecta-te a Academia Cisco do ISCTEM e multiplica as tuas Ligações Secretaria do ISCTEM Rua 1394 - Zona da Facim, N.322, Maputo. Tel: 84 021 2895 ou 82 313 2200, 84 300 1496 E-mail: onhapulo@isctem.ac.mz / ljoelma@isctem.ac.mz www.isctem.ac.mz Liga-te ao mundo das Tecnologias Inscrições Abertas até ao dia 29 de Junho D epois de uma apresentação de seis meses de total sucesso no ano passado, peça teatral “Jogo de intrigas” da companhia teatral Gungu deverá escalar as províncias da zona sul, centro e norte do país, para encantar o público amante de teatro nestas duas regiões. Trata-se de uma peça que rodou por um período de seis meses na sala de teatro Gilberto Mendes, na cidade de Maputo, deixando os citadinos da capital de entusiasmo. Desta vez a peça vai escalar a província de Gaza, na zona sul, as províncias de Sofala, Tete e Zambézia, no centro do país, depois ruma para Nampula e Cabo Delgado, no norte. Esta peca, tal como deu a entender Gilberto Mendes procura retratar com evidências do que a falta de informação pode afectar vidas e planos, uam vez que a informação é a chave para que as pessoas se compreendam e, com isso, percebam melhor o mundo. Mendes explica que mais de que apresentar a peça, a ida as províncias é uma oportunidade para a transferência e troca de experiencias entre “Jogo de intrigas” escala províncias os actores deste teatro e os grupos locais que se se identificam e lidam com este tipo de espetáculo. Participam da peça seis actores, a saber Samuel Malumbe, Juanet Rombe, que desempenham os papeis de anjos da patriarca e matriarca da família, respecticvamente; Eduardo Gravata, Beatriz Munguambe, que desempenham pepel, de filhos e Emelda Macamo e Gilberto Mendes, como o papel de filhos. Outra novidade que já esta em fase de antestreia a peça “My Love” que desde semana passada no Cine Teatro Gilberto Mendes. Este teatro retrata os dilema das escolha num casamento. Apesar desta não ter uma trelacao directa com a situação do transporte de carrinha de caixa aberta ultimamente usada na cidade, faz analogia dos transporte também designado por “My Love”. Com quatro actores nomeadamente: Dino Mboa, Osvaldo Rombo, Anderson Machava e Inácio Nhabomba, mostra o dilema dos quatro, cada um com o seu casamento, procurando fazer uma introspecção sobre as escolhas das suas companheiras. A cidade de Maputo acolhe, neste sábado, a terceira edição do Festival Raíz, com concertos de música tradicional, folclore e fusão feita à esteira de instrumentos tradicionais, a ter lugar no Museu de Artes, na cidade de Maputo. Trata-se de uma iniciativa concebida e produzida pela Produção Festival Raiz, em parceria com 10/100 (Dez Cem) e Uzuri. De acordo com o mentor, Pak Ndjamena, músico e bailarino de dança contemporânea, o objectivo do Festival Raiz é resgatar a sociedade moçambicana para a sua essência que está patente nos instrumentos e sonoridades da música tradicional. “Pretendemos despertar as pessoas sobre os simbolismos da música, dos instrumentos porque são o nosso património cultural e cabe a nós preservá-las”, disse, explicado depois que o evento pretende contar a história e a evolução desse fragmento do nosso folclore. Para o efeito foram convidadas 3ª Edição do Festival Raiz resgata identidade bandas da cena local de Maputo e das províncias de Sofala, Mussodji e de Nampula, Marrove. Com a intensão de incluir as comunidades, que é onde os instrumentos são construídos, foram convidadas ao Festival Raiz os anciãos para ensinar o fabrico de Xigovia, Xitende, Cancubua, Mbira, Marimba, entre outros. Pak Ndjamena disse lamentar o facto dos eventos artísticos dessa natureza só decorrerem no centro da cidade, deixando de lado uma larga maioria. Entretanto, o Festival Raiz tem a particularidade de estar a devolver para a cidade valores que no interior ainda são preservados. A presente edição vai homenagear o célebre casal Zaida e Carlos Chongo, que embora não fosse de raiz tradicional, interpretava a condição de vários humanos que habitam nos subúrbios. Na visão da produção deste evento, este tributo é uma forma de resgatar, não somente a música, mas a sociedade no geral, nos seus mais diversos sectores, através do cancioneiro que está intimamente ligado à nossa terra, que pertence à nossa cultura, à nossa identidade. Os filhos de um dos casais mais aclamados da história da nossa música é que irão interpretar os sucessos que outrora estremeceram o tecido social moçambicano até Zaida levar a sociedade toda para o leito de um hospital, ansiosa por boas notícias. O anúncio da morte dessa mulher, cantora, que chorava as dores da mulher de classes baixas, agitou o país, tal se viu com a moldura humana que foi testemunhar o seu eterno descanso. Na perspectiva de gerar um sistema integrado, a produção do festival considera que é necessário preservar todos os nossos produtos culturais, daí a necessidade do resgate da música ligeira moçambicana que está a passar despercebida da sociedade em geral. “O Festival Raiz quer partilhar conhecimentos, discutir, reflectir a cultura como um todo, para além de cruzar a universidade e a sociedade”, revelou, repisando a vontade de tomar posição e impor o debate sobre os caminhos para dinamizar a cultura.(E.C) A Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), proprietária das marcas Água da Namaacha e Fonte Fresca, celebrou, em ambiente de grande festa, o Dia da Criança Africana com as meninas do internato Casa Maria Clara na Missão de São José de Lhanguene. A Festa envolveu todas as meninas estudantes internas, as Irmãs responsáveis pelo centro e pela escola e quadros da Sociedade de Águas de Moçambique (SAM) que desta forma partilharam momentos de muita alegria. Para além de Água da Namaacha Júnior, com tampas coloridas e rótulos educativos, com o abecedário e a tabuada, a Sociedade de Águas de Moçambique (SAM) ofereceu um almoço, livros e filmes infantis sobre o valor da água e presentes educativos a todas as meninas do internato. A alegria esteve bem patente no rosto e nas atitudes das mais pequenas que quiseram registar o seu agradecimento à SAM através de canções e de uma felicidade contagiante. A Directora do Internato Casa Maria Clara, Irmã Ana Paula, ao falar em nome da Escola e da comunidade, salientou os SAM celebra Dia Criança Africana vários apoios que têm recebido da Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), a nível da educação e cultura, como foi o caso de uma biblioteca com cerca de 26 mil livros que foram distribuídos pela Missão de São José de Lhanguene, mas também pela Escola de Artes e Ofícios da Moamba e pela Escola Técnica de Inharrime, acrescentando que esta festa para as crianças e também para os docentes e comunidade local é um bom exemplo de compromisso da Sociedade de Águas de Moçambique com o bem-estar da comunidade e com o desenvolvimento global do país. Em representação da Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), Matilde Rachide, sublinhou a atitude e compromisso que a sua empresa tem apresentado no apoio a grupos mais necessitados de crianças, jovens e idosos, na aposta na cultura, na educação, no desporto e na valorização da moçambicanidade e do orgulho nacional, agradecendo assim o apoio dos consumidores nacionais que, na sua esmagadora maioria, consideram a Água da Namaacha a melhor água mineral de Moçambique, possibilitando desta forma o sucesso da Sociedade de Águas de Moçambique (SAM). Savana 22-06-2018 EVENTOS 4

1 comment:

Anonymous said...

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