Autor: José Teixeira, antropólogo, ex-adido cultural e de Imprensa da Embaixada de Portugal em Moçambique e ex-director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo
Acabo de ouvir os meus queridos Ângela Chin e Paulo Dentinho dizerem que Dhlakama não tinha o esplendor de Mandela. Sim, claro. Mas quem mais o tem, teve, nos nossos dias? Honestamente, não me parece relevante essa referência (que se percebeu não ter sido colocada com malevolência nem malícia - talvez apenas fruto dos processos democratizadores dos países vizinhos terem sido contemporâneos).
Há uma coisa fundamental. Por mais que nos custe (e principalmente a quem tenha trabalhado com populações que tenham cruzado a guerra civil moçambicana [sim, eu não digo "conflito armado"], expressando as suas terríveis memórias da guerra com Terror), Dhlakama foi um dos líderes do seu povo e foi fundamental para o caminho em busca de uma democracia. Nesse caminho ganhou umas eleições presidenciais, em 1999 - sim, estou convicto disso [e não me venham chamar renamista, que já botei as vezes suficientes que, em Moçambique, sou um "chissanista"]. E não seguiu a via do regresso à guerra, apesar do acontecido. Talvez por inexistência de contexto para isso. Mas com toda a certeza que também por decisão própria.
E foi um homem (relativamente) despojado. Em particular nesta sua opção de regressar, como instrumento político mas não só, à sua zona natal, tão menos luxuosa, burguesa, sumptuária do que tantos dos líderes políticos por esse mundo fora.
Foi um embondeiro moçambicano, como se costuma dizer no idioma das eulogias no país. E será bom para o continuado apaziguamento do país que essa consideração não seja campo para as recriminações mútuas.
Há uma coisa fundamental. Por mais que nos custe (e principalmente a quem tenha trabalhado com populações que tenham cruzado a guerra civil moçambicana [sim, eu não digo "conflito armado"], expressando as suas terríveis memórias da guerra com Terror), Dhlakama foi um dos líderes do seu povo e foi fundamental para o caminho em busca de uma democracia. Nesse caminho ganhou umas eleições presidenciais, em 1999 - sim, estou convicto disso [e não me venham chamar renamista, que já botei as vezes suficientes que, em Moçambique, sou um "chissanista"]. E não seguiu a via do regresso à guerra, apesar do acontecido. Talvez por inexistência de contexto para isso. Mas com toda a certeza que também por decisão própria.
E foi um homem (relativamente) despojado. Em particular nesta sua opção de regressar, como instrumento político mas não só, à sua zona natal, tão menos luxuosa, burguesa, sumptuária do que tantos dos líderes políticos por esse mundo fora.
Foi um embondeiro moçambicano, como se costuma dizer no idioma das eulogias no país. E será bom para o continuado apaziguamento do país que essa consideração não seja campo para as recriminações mútuas.
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