Friday, April 6, 2018

A conversa de uma fraude anunciada

STAE diz que cartões de eleitor com dados incompletos são válidos e não vão viciar os resultados eleitorais

O STAE diz também que a ordem que deu aos membros das brigadas para a inserção de dados completos era para satisfazer as reclamações dos partidos políticos.
Teve início em 19 de Março, em todos os 53 distritos com autarquias, o recenseamento eleitoral para as eleições autárquicas de 10 de Outubro.
Pouco tempo depois do início do processo, organizações não-governamentais e partidos políticos denunciaram publicamente que, no Cartão de Eleitor, constava apenas a província como local de residência.
Dados como a cidade ou vila, o bairro, o quarteirão e o número da casa, isto é, dados sobre a residência, não constavam nos cartões de eleitor emitidos na primeira semana, em todo o país. A oposição considerava que um Cartão de Eleitor sem a especificação do território autárquico criava as condições para que indivíduos que residem fora dos territórios autárquicos de uma determinada província pudessem, com os referidos cartões, votar nas autarquias. Depois das reclamações, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral deu ordens aos membros das brigadas para que introduzissem dados completos nos cartões de eleitor. Mas sobrava um problema por resolver: o que fazer dos primeiros cartões de eleitor?
Cláudio Langa, porta-voz do STAE, diz que os primeiros cartões emitidos são válidos e não vão viciar os resultados.
“Do ponto de vista técnico, não há nenhum problema”, disse Cláudio Langa ao “Canalmoz”, quando questionado sobre o que seria feito dos primeiros cartões emitidos sem dados completos, explicando que, no Cartão de Eleitor, consta o número do posto de recenseamento.
“O cartão de eleitor tem o posto de recenseamento e um código”, disse Cláudio Langa e acrescentou que, através do código “é possível ver os detalhes dos dados”.
Questionado sobre o que originou as falhas nos primeiros cartões, Cláudio Langa respondeu que a responsabilidade é dos membros das brigadas, os quais, por iniciativa própria, decidiram deixar de fora dados como a cidade ou vila, bairro, quarteirão e número da casa.
Mas não explicou por que é que as falhas foram cometidas em todo o país e em quase todos os postos de recenseamento. Segundo Cláudio Langa, as falhas não visavam beneficiar nenhum partido político.
Questionado sobre o que levou o STAE a dar ordens para a introdução de dados completos, Cláudio Langa respondeu: “A instrução foi para tranquilizar os partidos políticos”. (André Mulungo)
CANALMOZ – 06.04.2018

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