Relações diplomáticas entre a Venezuela de Maduro e o Brasil de Temer têm vindo a deteriorar-se, culminando agora com a expulsão do embaixador do Brasil em Caracas. Responsável canadiano também sai.
A decisão foi anunciada pela presidente da Assembleia Constituinte venezuelana, Delcy Rodriguez: tanto o embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, como o responsável dos negócios estrangeiros canadiano, Craib Kowalik, foram expulsos do país. Em causa está a suposta interferência nos assuntos internos da Venezuela.
De acordo com a BBC, a decisão de expulsar o embaixador brasileiro terá a ver com as recentes críticas feitas pelo presidente brasileiro, Michel Temer, que acusou Nicolás Maduro, de estar “constantemente a assediar e boicotar a oposição”. Certo é que as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela têm vindo a deteriorar-se cada vez mais desde que Michel Temer substituiu Dilma Rousseff. Na altura, Maduro classificou o impeachment de “um golpe da direita”.
“As relações diplomáticas com o Brasil não vão restaurar-se até que o governo brasileiro restitua a ordem constitucional que quebrou”, disse Delcy Rodriguez numa conferência de imprensa este sábado para anunciar a expulsão dos dois diplomatas.
Quanto ao Canadá, acusou o responsável pelas relações internacionais em Caracas de “interferir de forma permanente, insistente, rude e vulgar, nos assuntos internos da Venezuela”. As relações entre a Venezuela e o Canadá atingiram novo pico de tensão este ano quando o Canadá impôs novas sanções à Venezuela por alegas violações dos direitos humanos e corrupção.
Em novembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, disse que as sanções eram ilegais e acusou o governo canadiano de “se submeter de forma humilhante à administração de Donald Trump”. O Canadá e o Brasil estão entre os muitos países que não reconhecem a Assembleia Constituinte de Maduro, formada depois de um referendo onde mais de sete milhões de venezuelanos votaram contra a constituição daquela organismo.
Os protestos na Venezuela já mataram mais de 120 pessoas nos últimos quatro meses, e o país continua com os maiores níveis de inflação do mundo, sofrendo falta de bens essenciais, desde alimentos básicos a medicamentos.