O presidente Filipe Nyusi e o líder da principal força da oposição negoceiam acordo que ponha fim a ciclo recorrente de conflitos.
A principal força da oposição em Moçambique continua a criticar a Frelimo, partido no governo, por aquilo que considera a lentidão das negociações conduzidas pelo presidente Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para se chegar a um acordo definitivo que ponha fim ao ciclo de confrontos entre os dois partidos após cada processo eleitoral.
Desde o acordo de paz de Roma, assinado em 1992, a cada ciclo eleitoral a Renamo tem afirmado ser vítima de fraude eleitoral por parte da Frelimo. As eleições transformaram-se assim num foco de tensão permanente entre os dois partidos, e as acusações mútuas têm conduzido invariavelmente ao reacender de conflitos armados, especialmente no centro de Moçambique, onde a Renamo dispõe de forte implantação.
Atualmente, Nyusi e Dhlakama discutem questões relativas à eleição dos governadores provinciais (hoje são nomeados pelo governo) e à integração dos elementos do braço armado da Renamo nas forças militares moçambicanas.
A instabilidade decorrente da tensão Frelimo-Renamo tem produzido efeitos negativos na economia do país, prevendo-se que o PIB venha a crescer na ordem dos 5%, abaixo do patamar dos 7% considerado o necessário para corrigir as situações de pobreza e desenvolver a estrutura produtiva. Este é um problema que tem de ser resolvido, pois com a população a crescer a ritmo elevado (a taxa de fertilidade da mulher moçambicana está numa média de quatro a cinco crianças), a não haver criação de riqueza, as desigualdades sociais não deixarão de se intensificar.
A presente crise teve origem nas eleições gerais de outubro de 2014, em que a Frelimo obteve a maioria no Parlamento assim como o seu candidato, Filipe Nyusi, ganhou as presidenciais. Desde então, a Renamo e as forças governamentais têm estado envolvidas num conflito de baixa intensidade que se espera que termine de vez com o acordo entre Nyusi e Dhlakama. Mas nenhum documento chegou ainda ao Parlamento, que os deve ratificar. Sintoma de que as incertezas e a tensão vão permanecer.
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