CRÓNICA
Para onde foram os milhões de pernis destinados à Venezuela? Quem os mamou? Exigimos a lista dos nomes.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou ao povo venezuelano que estava tudo a postos para a distribuição espectacular de pernis de porco às seis milhões de famílias às quais os pernis tinham sido presidencialmente prometidos.
O Presidente tinha tratado de tudo. Tinha, aliás, pago antecipadamente, como é seu velho hábito, porventura desconhecendo o provérbio, oriundo do mesmo povo que criou o pernil de porco e o ofereceu ao mundo, para que o mundo se deleitasse a alambazar-se deles, segundo o qual quem paga antes de receber o material é mal servido.
O Presidente tinha arranjado até dois poderosos navios para transportar os milhões de pernis natalícios de Portugal, onde são assados com amor e depois embrulhados em folhas de bananeira, para não perderem os sucos durante a longa travessia, para os vários portos especializados em pernis da Venezuela.
A cara de pau de Augusto Santos Silva (melhor tongue-in-cheek de 2017), assegurando que a influência do Governo português na distribuição internacional do pernil é muito mais pequena do que se sopra à boca pequena no Palácio de Miraflores e na Casona, essa cara de pau, dizia eu, do nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, não engana ninguém.
É óbvio que houve interferência danosa. Para onde foram os milhões de pernis destinados à Venezuela? Quem os mamou? Exigimos a lista dos nomes, por muito comprida que seja.
Restituam-se — já! — os pernis a quem os encomendou e encerre-se este vergonhoso episódio da nossa vida nacional.
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