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Um acidente rodoviário que matou seis pessoas gerou um erro de identificação inacreditável.
Whitney Wheeler conta na primeira pessoa – através de uma carta enviada ao jornal britânico The Sun – a traumatizante experiência que viveu há 10 anos, quando se viu envolvida num grave acidente rodoviário, que matou cinco colegas e uma funcionária da universidade onde estudava, em Indiana, nos Estados Unidos.
A norte-americana, agora com 29 anos e a viver na Carolina do Norte com o marido, seguia, em abril de 2006, numa carrinha com nove colegas e funcionários da universidade quando colidiram com um trator.
Quando as autoridades chegaram, Whitney era uma das quatro sobreviventes. O embate causou-lhe ferimentos gravíssimos e as autoridades, ao fazerem a recolha das vítimas e dos seus pertences, confundiram-na com uma das vítimas mortais, Laura Van Ryn.
“No meio daquele caos, assumiram que eu era ela: tínhamos a mesma altura, o mesmo peso e cabelo igual”, escreveu.
“A minha família e o meu namorado, Matt, decidiram não ver o meu corpo, não queriam que fosse aquela a última memória de mim. Fizeram o funeral quatro dias depois. (…) A família de Laura também não fazia ideia do engano. Éramos tão parecidas e eu estava muito inchada e irreconhecível”, continuou.
Nas cinco semanas que se seguiram, em que Whitney esteve em coma, eram os familiares de Laura Van Ryn que aguardavam ao pé da sua cama de hospital que melhorasse, enquanto a sua família enterrou Laura.
“Estava inconsciente numa cama de hospital depois de um acidente horrível e havia familiares junto a mim a rezar. Só que não rezavam por mim – estavam ali por Laura, que infelizmente tinha morrido no local.”
Cinco semanas depois do acidente, quando Whitney já estava semiconsciente, a irmã de Laura estranhou os seus dentes, que eram diferentes. Numa sessão de fisioterapia, os médicos pediram-lhe para escrever o seu nome num papel e, no espaço de umas horas, a família de Van Ryn ficou a saber que a filha já estava enterrada e a família de Whitney, que achava já ter enterrado a jovem, soube que, afinal, esta estava viva.
“Com alguma dificuldade para agarrar na caneta, escrevi Whitney. A família de Laura entrou em desespero ao perceber que a filha estava morta”, recordou.
O namorado e a família de Whitney receberam a notícia por telefone e acharam que alguém lhes estava a pregar uma partida cruel. Mas foram ao hospital e verificaram que realmente Whitney estava viva. O corpo de Laura foi, entretanto, exumado e levado para casa para um novo funeral e enterro.
A mulher, agora com 29 anos, esteve em abril deste ano na Universidade de Taylor para discursar numa cerimónia de homenagem às cinco vítimas mortais do acidente e diz que ainda tem alguma dificuldade em lidar com as memórias.
“A melhor forma que encontro para descrever isto é como quando se é o primeiro a adormecer numa noite em casa de amigos. Aconteceu tanta coisa numa noite que quando acordas de manhã pensas: ‘Eu vivi isto?’”, disse Whitney durante o discurso, sublinhando que deixou de ser ela própria para ser “a rapariga que sobreviveu”.
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