O Governo da província de Nampula, no norte de Moçambique, admite que não tem como saldar 700 milhões de meticais de dívidas que foram contraídas desde 2015 junto do empresariado local.
Devido à falta de pagamento algumas empresas estão em risco de falência. As dívidas avaliadas em cerca de 700 milhões de meticais (mais de nove milhões e meio de euros) foram contraídas desde 2015 junto do empresariado local.
Segundo o governador da província de Nampula, Vítor Borges, as dívidas estão relacionadas com o fornecimento de produtos, serviços e bens ao Estado, incluindo a execução de várias obras.
"Nós fizemos um levantamento das dívidas totais tanto ao nível dos setores provinciais como dos governos distritais. Um primeiro valor indicava 1.3 mil milhões de meticais [até 2016]. Depois de uma auditoria e fiscalização às próprias dívidas, este valor ficou em cerca de 700 milhões de meticais [neste ano]'', disse Vítor Borges.
O chefe do Executivo da província mais populosa de Moçambique já informou os empresários credores da dívida que, devido a constrangimentos de natureza orçamental, não será possível saldar este ano.
Vítor Borges pediu paciência aos empresários no decurso do sexto fórum empresarial provincial, que aconteceu na semana passada, na cidade de Nampula.
"Não poderemos pagar até o final de ano, porque não conseguiremos inscrever uma verba este ano ainda; isso supera grandemente a nossa capacidade'', justificou o governante.
Vítor Borges, governador da província de Nampula, tem esperança de começar a pagar em 2018, já que este ano o Governo, com escassos recursos, dera prioridade a outras necessidades.
"Vamos ver como é que o Governo [central] vai conseguir inscrever algum valor para próximo ano e desse valor vamos tentar ter uma parte para Nampula poder cumprir com os seus compromissos, pagando as dívidas que tem até agora'', garantiu Vítor Borges.
Neste momento, segundo Vítor Borges, "é necessário que o CEP [Conselho Empresarial da Província] confirme junto da direção provincial da Economia e Finanças se as empresas credoras têm as suas dívidas refletidas nesses 700 milhões de meticais'', aconselhou.
Empresas credoras
Os empresários dizem estar esperançosos com as promessas do Governo. Mas algumas empresas estão em vias de falência, em consequência das dívidas e da crise financeira que afeta o país. "É triste, mas está-se a tentar equilibrar minimamente [as contas] para que as empresas não entrem em absoluta decadência'', afirmou Yonuss Gafar, presidente do Conselho Empresarial da província de Nampula.
Apesar das dificuldades, os empresários garantem continuar a trabalhar para contribuir, através das contribuições fiscais, para o Estado. "A província precisa de ganhar celeridade. É a província com maior população e essa consome muito [produtos e serviços]. Eu penso que a província de Nampula tem como obrigação trabalhar muito e fazer valer a capacidade de que dispõe'', referiu Yonuss Gafar.
O governador de Nampula não quer ver os empresários locais irem à falência. Mas Vítor Borges diz que quase só por milagre conseguiria regularizar as contas ainda em 2017. "Como nenhum de nós é dono de destino [...], se acontecer algo extraordinário que permita pagar, nós pagaremos antes [do final do ano]'', prometeu.
DW - 06.12.2017
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