Não é nosso hábito discutir pessoas, muito menos trazer à ribalta gafes que seres pensantes como nós cometem. Mas, quando há pessoas com uma capacidade de reflexão invejável a fazerem-se de loucos para confundir a opinião pública, o papo é outro. Este mini texto de opinião surgiu a partir do debate de tonalidades lançado no último domingo (19 -03) no mural do professor Chacate Thinker, que questionava a forma como Calton dirigia a sua crítica ao professor João Mosca, tendo o acusado de proferir uma ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA COM PROBLEMAS SEMÂNTICOS E DESPROVIDO DE CONTEÚDO, na Universidade a Politécnica.
Quando o assunto é Calton, é preciso recordar que não há um estudante atento que não sabe quem é este analista que dominou as análises da política doméstica ou internacional. Carinhosamente tratado por professor Calton, esta figura é exemplo dos poucos académicos moçambicanos que respeitam os parâmetros científicos na análise dos fenómenos políticos.
Em contrapartida, as analises deste académico confundem o público, sobretudo aos seus estudantes.
EIS AS RAZÕES:
PRIMEIRO: Existem duas personalidades encarnadas numa única pessoa, nomeadamente: Um Calton professor, que ensina, com uma pujança científica e pedagógica invejáveis, a discutir e analisar os fenómenos sócio-políticos. Este mostra aos seus pupilos que uma análise nunca deve tomar partidos, muito menos abrir espaço para conotações danosas como: lambe bota, frentista, rentista etc.
Alias, o Professor Calton mostra, em plenas aulas, que os moçambicanos são governados por gentes sem noção da política governamental. Este perfil pedagógico lembra-nos do pensamento socrático do século IV, quando o filósofo (Sócrates) apelava aos discípulos uma educação baseada na concepção aristocrática da areté, isto é, da virtude ou da excelência intelectual e moral, acessível somente aos que possuíam sangue divino. Portanto, com este método do ensino acreditamos que Calton forma estudantes com uma visão crítica necessária para a produção científica aceitável.
SEGUNDO: Paralelamente ao primeiro, existe um outro Calton amigo da imprensa estatal: Este é tido nos órgãos de comunicação social “Partidários” como um Deus que corrige todos os erros cometidos pela elite governamental. Esta figura faz o esforço de usar artimanhas científicas e não cientificas para defender um mal desnecessário e visível a olho nù. Devemos reconhecer que, sim senhor, esta figura consegue trabalhar um discurso parcial de modo a torna-lo imparcial para os menos esclarecidos. Portanto, pensamos que é possível associar a ele a um escorpião. Alias, a critica desnecessária que fez ao professor Mosca pelo facto de ter beliscado o governo do dia através do seu partido mexeu com o espírito do professor Calton enqauanto um ser dominado pela segunda personalidade que descrevemos acima.
Trecho da oração de sapiência do professor Mosca:
“Hoje, em Moçambique, não sei se existem universidades, públicas ou privadas, que não sejam alinhadas com o sistema político dominante. Há reitores não-membros da Frelimo? Quantos não-membros da Frelimo ocupam postos de directores de faculdade e de departamentos nas universidades públicas? Quantos proprietários/donos/sócios de universidades sabem o que é uma universidade e impõem aos reitores lógicas capitalistas como se fosse uma empresa de produção de um qualquer bem ou serviço? Sugiro-vos para que vejam patrão por patrão de universidade e concluam sobre o seu percurso académico, profissional, político e ético. Quantos docentes nas universidades públicas assumem posicionamentos críticos fundamentados? Realizam-se reuniões partidárias dentro das universidade com a presença de dirigentes universitários. E existem células do partido, neste caso da Frelimo. Sobretudo nas universidades públicas, os docentes são pressionados a serem membros da Frelimo. Isto é um abuso do poder, autoritarismo e espírito de todo poderoso. Isto é falta de vergonha misturada com despotismo”.(…).
RESPOSTA DO PRFESSOR CALTON CADEADO
Essa aula de sapiência, só tem nome. Vamos por partes. Primeiro, o texto tem problemas de escrita, por exemplo, de pontuação. Mas, esse problema é menor, pois poderia ter passado por um revisor. Segundo, o texto tem problemas graves de conteúdo. O conteúdo constitui uma descarga de ataques indirectos contra o governo/contra a FRELIMO e, em alguns casos, contra pessoas. Em vez de discutir ideias, pensamentos, o texto focaliza na destilação de raiva, de frustração. O texto é pobre em evidências, em exemplos, inclusive para sustentar a sua raiva. Eu não consigo encontrar nenhum valor acadêmico nesse texto que foi construído para ser uma aula de sapiência. Eu estou a pensar quantas pessoas vão procurar essa aula para citar nos seus trabalhos de pesquisa, amanhã! Hoje a tecnologia proporciona a facilidade de ver exemplos online. Podemos fazer um exercício comparativo com texto e com vídeos e vamos ver grandes aulas de sapiência, sobretudo quando são feitas por académicos/cientistas.
Portanto, para mim, esse texto está muito longe de ser uma aula de sapiência. Esse texto estaria muito bem enquadrado num muro de lamentações e numa reunião política!
DISSONÂNCIA:
A dissonância cognitva é uma das áreas que tem sido aprofundada na psicologia e na comunicação. Alias, Leon Festinger define dissonância cognitiva como um estado mental causado pela inconsistência entre a acção e o pensamento. O psicólogo alemão Dieter Frey acrescenta ainda que a exposição selectiva é despertada pela forma como encaramos a informação dissonante como uma ameaça. Portanto, a quantidade de dissonância é também directamente proporcional ao esforço que o indivíduo investe no seu comportamento. As atitudes seguem o comportamento devido aos esforço a que nos submetemos numa determinada acção. Quando o professor Calton abandona os parâmetros científicos para criticar a sapiência do Cátedra João Mosca, usando o populismo, está no gozo da dissonância cognitiva.
Por outro lado, entendemos que este ensina uma coisa na sala de aulas e no terreno, neste caso, nas redes sociais e comunicação social, faz o contrário. Para nós, um académico deve estar comprometido com a verdade científica e não partidária. Pois, a ciência não se compadece com as ideologias.
PS: Há muitos académicos que hoje encontram-se na mesma situação que o professor Calton. Não estamos a por em causa as escolhas profissionais de qualquer que seja mas sim a forma como estes posicionam-se em meios públicos. Portanto, a jornada não termina por aqui, iremos usar essas plataformas acessíveis a todas para denunciar qualquer irregularidade cognitiva.
Jeremias Chilaw Acompanho
o Calton ha muito tempo e eh dos melhores academicos que ha no Pais.
Porque cargas cargas de agua um Catedratico vai proferir uma aula de
sapiencia, numa instituicao de ensino, recorrendo a documentos cheios de
erros? Eh comum PHDs, catedraticos e
pseudoacdemicos cometerem erros infantis que deixam muito a desejar. Ha
dias acompanhei uma entrevista de um economista de renome a dar
espectaculo de incongruencia na RDP, sobre as dividas. O mesmo defendia,
num momento, que o Estado nao podia pagar a divida, porque a mesma era
ilegal. Noutro, o mesmo defendia que o Governo de Mocambique tinha que
negociar com os pareceiros, ou seja, se nao se reconhece a divida, o que
se vai negociar? Ademais, custou-me constatar que um economista daquela
craveia (PHD) nao soubesse os minimos conceitos que norteiam o Direito
Internacional, no qual a economia eh uma das areas fundamentais.
Joao Cabrita Bom dia, Jeremias Chilaw. Em que data foi tansmitida a entrevista da RDP e qual o nome do entrevistado? Obrigado.
José de Matos Posso estar errado, mas penso que o Jeremias Chilaw esta a falar de uma entrevista concedida pelo Professor Carlos Nuno Castel-Branco recentemente a RDP Africa!
Nao vejo incongruencia, dividas ilegais nao devem ser pagas mas isso nao impede negociaçao!
Joao Cabrita Mas esta tese, José de Matos,
que de original nada tem – tem vindo a ser defendida por conhecido
squatter anglo-americano – seria como que passar um cheque em branco à
impunidade. Qualquer cantineiro sabe de antemão que caso tentasse
sacudir a água do capote, atribuindo a
outrem a responsabilidade por trafulhices de sua lavra, seria
simplesmente votado ao ostracismo na esfera empresarial. Concretamente,
Moçambique passaria a constar da lista negra da finança internacional e
nunca mais teria acesso a balões de oxigénio. No fundo, a velho chavão
«as despesas? os ricos que as paguem!», só faltando culpar o Norte
explorador e a Merkel – os “usual suspects”. É significativo que em
Maputo ninguém do regime teve ainda a leviandade de recorrer ao mesmo
ardil.
O que é caricato, é pretender assacar ao
“outro governo" a responsabilidade por um estado de coisas que não tem
origem, nem em Guebuza, nem em Chissano, mas que decorre do regime
totalitário que começou por ser estabelecido em 1974-75 e que claramente
traçou as regras com as inevitáveis consequências e fáceis de prever:
nós – ou seja, a Junta Militar que nos governa desde então – é que
ditamos as regras, dirigimos o Estado e todas as suas instituições
funcionam à nossa imagem e semelhança. Afinal, não foram eles a
cozinhar em estância turística a Constituição que impuseram aos cidadãos
e que claramente dizia que a Junta era “a força dirigente do Estado e
da sociedade”? Em Estados totalitários o aparelho judicial não é nem
pode ser independente. Esperar que este aparelho tome medidas contra
quem violou a Constituição é o mesmo que acreditar no Pai Natal. Seria
como que transmitir a ideia de que Moçambique é um Estado normal, com
nítida separação de poderes. A realidade é outra bem difernete e à vista
de todos, tanto assim é que a comunidade internacional rejeitou a PGR
como entidade credível para a realização da auditoria. Essa instituição
até hoje nada fez perante a tão badalada violação da Lei Fundamental do
país pelos que contraíram a dívida.
Não apenas
caricato, mas também uma afronta: os que agora pretendem responsabilizar
gente do regime contam-se entre aqueles que deram aval ao sistema
totalitário, que o defenderam e promoveram, sendo o caso mais recente o
famoso julgamento da carta aberta no decurso do qual se enalteceu e
elogiou as duas grandes figuras que personificaram o regime totalitário,
raiz do actual desastre económico. Na prática, foram eles que também
legitimaram o poder pelo cano das armas, sob a alegação de terem lutado
pela independência. Agora dão o dito por não dito, e para adicionar à
salada os maus de sempre – os bandos armados – a quem, num clara
demonstração de ignorância das raízes do conflito político-militar que
se arrasta desde 1974, pretendem colocar o mesmo rótulo, com a diferença
de que em vez a da independência, seria a luta pela democracia.
Caricato
também o squatter, que sistematicamente tem vindo a avalizar perante a
comunidade internacional as burlas eleitorais que ajudaram a tornar a
Junta como governo de jure, fazendo dela, efectivamente, representante
legal do Estado moçambicano, com poderes para negociar em nome dele seja
o que for – incluindo créditos bancários – , pretender agora, ao abrigo
do referido chavão, lançar as culpas a quem emprestou e não a quem
pediu o empréstimo, ilibando assim o Estado moçambicano de uma operação
bancária praticada por quem, ao abrigo da lei, age e tem autoridade e
poderes para vincular esse mesmo Estado.
Como se diz na língua do squatter: “you cannot have both ways, my man”.
José de Matos Joao Cabrita , pois é, para alem da ilegalidade tentam por todos os meios ilibar os culpados , confiam muito na impunidade!
Jeremias Chilaw Se
as dividas nao devem ser pagas por serem ilegais, entao o que se
pretende negociar com os credores? Mas mais do que isso, quem disse que
as dividas sao ilegais? As dividas foram contraidas por entidades
governamentais com legitimidade para o efeito.
Se internamente nao foram observadas as leis ou os procedimentos, nao
eh assunto dos credores. Alias, as relacoes entre os Estados e actores
internacionais sao regulados por Protocolos, sendo o Protocolo mae a
Convencao de Viena sobre o Direito dos Tratados. Ora, de acordo com esta
Convencao, os Estados nao podem alegar situacoes internas para nao
cumprirem as suas obrigacoes internacionais. Consideram-se validas as
obrigacoes internacionais contraidas por autoridade reconhecida.
Portanto, acho que eh h absurdo sugerir que Mocambique nao deve pagar as
dividas por serem ilegais, pois estas podem ser ilegais para nos
internamente, mas nunca serao ilegais do ponto de vista do direito
internacional, que eh o que prevalece
Carlos Nuno Castel-Branco Primeiro,
o governo não tem autoridade para aquele nível de garantias ao sector
privado. Segundo, existe uma categoria formalmente aceite por
instituições financeiras internacionais, por exemplo, o FMI, que é a
dívida odiosa, que dá campo para negociar
não pagamento. Terceiro, para beneficiar desse mecanismo é preciso
auditoria que comprove que a dívida reúne as condições para ser
considerada odiosa. Quarto, de todo o modo a dívida existe e há credores
comerciais privados. Então é necessário negociar com eles. Quinto, para
essa negociação ter mais possibiidades de sucesso - porque acontece com
credores comerciais privados - é preciso demonstrar o problema com a
divida: por um lado, é odiosa; por outro, os bancos e credores
individuais concederam créditos sem a devida avaliação, violando
princípios éticos e financeiros. Há banqueiros que foram presos por
fazerem actos idênticos com outros países. Além de provarmos os
problemas, é preciso ter apoio internacional credível e independente
para os nossos argumentos. A maneira de fazer isso e clarificar as
coisas com instituições como o FMI, que podem ajudar a renegociação.
Significa, isto, que mesmo que tenha razão o governo não pode agir
unilateralmente. Então, talvez esse tal economista incongruente que nada
sabe de direito económico internacional não seja tão incongruente
assim. E, para todos saberem o que de facto esse tal tipo disse, vou por
aqui o link para a entrevista para todos poderem ouvir e julgarem por
si próprios.
Entendo
que o senhor Jeremias Chilaw tenha muita vontade patriótica de pagar a
dívida odiosa do seu bolso. Aplausos. Mas não obrigue todos os cidadãos a
pagarem por aquilo que não pediram, não querem e de que não
beneficiaram.
Antonio A. S. Kawaria Jeremias Chilaw,
venha rebater os pontos aqui ou contra-argumentar. O que dizes até eu
concordo, mas já noto que muito simples do que pensei. Para mim, o
grande problema em todo o caso da DÍVIDA ILEGAL, tudo o que é
ANTI-CONSTITUCIONAL é ilegal Jeremias Chilaw, é que não vejo os autores a serem severamente punidos.
Jeremias Chilaw Antonio
Kawaria, vi o comentario do Castel-Branco, mas preferi nao comentar
porque ha coisas basicas que nao deviam ser ditas, por exemplo: o
Governo nao tinha autoridade para aquele nivel de garantias. Sera? De
acordo com que leis? De acordo com a legislacao
mocambicana. Ate aqui tudo bem, mas o problema eh que nao eh o direito
mocambicano que se aplica neste caso, pois tratando-se de uma transacao
internacional a lei aplicavel eh o direito internacional. Mais, o
direito internacional ja diz os Estados nao podem recorrer a situacoes
internas para nao honrarem os seus compromissos internacionais. Os dados
tornados publicos indicam que o Ministro das Financas, devidamente
credenciado, assumiu os emprestimos em nome do Estado, o que significa
que a transacao reuniu os requisitos internacionais previstos na
Convencao de Viena sobre o Direito dos Tratados. Mesmo que internamente
tenha havido atropelos, esse eh problema interno, que nunca deve ser
aemputado aos credores e estes nao tem obrigacao nem poder de impor que o
Governo de Mocambique que internamente proceda de uma determinada
forma. Por isso eh nula a tentativa de dizer que eles agiram de ma fe ou
de forma irresponsavel.
Jeremias Chilaw Quanto
a divida odiosa de que se fala, nao se trata de uma lei internacional,
mas sim de uma corrente internacional segundo a qual dividas contraidas
de forma ilicita ou que nao tenham beneficiado o Estado devem ser
consideradas nulas. Esta doutrina nao
pode ser usada em tribunal (internacional) para anular as dividas,
porque nao existe simplesmente. Mais, sugere-se que o Governo deveria
interagir com o FMI ou procurar apoios para anular as dividas. A questao
eh a seguinte: tem o FMI o poder para tal? Se sim que deriva de que
lei? No meu entender este tipo de pensamento so servira para isolar o
pais e coloca-lo numa situacao economicamente dificil, pois nenhum outro
credor ou investigador querera colocar o seu dinheiro no Pais. O sector
financeiro guia-se pelo conceito de seguranca juridica e de boa fe e
odeia especulacoes e incertezas
Jeremias Chilaw Para
terminar, dizer que o que Mocambique deve fazer eh regonegociar as
modalidades de pagamento, ao mesmo tempo que faz o trabalho interno para
apurar o paradeiro do dinheiro, saber onde e como foi usado e
recuperar o que for possivel recuperar, responsabilizando
quem violou a legislacao nacional, mas isso nao deve ser visto como
garantia da nulidade do compromisso internacional. Finalmente, muitos
parece ignorarem, mas o compromisso que um governo assume
internacionalmente passa para o Estado e a mudanca de regime, Governo ou
de dirigentes nao muda esta condicao. Por isso, o maior disparate que
ja ouvi eh que o Governo, por ser novo, tem razao neste caso. Really?
Carlos Nuno Castel-Branco Admira-me
que o senhor Jeremias seja tão assertivo e agressivo sobre as suas
posições e contra as dos outros mas desconhece a lei. Se não
desconhecesse, não perguntaria por que lei é a dívida ilícita. Também me
surpreende que não tenha acompanhado os relatórios
do tribunal. Administrativo e dos debates no parlamento, em que o
ilícito ficou claramente identificado nos termos da legislação, a
começar pela constituição. Talvez usar uma linguagem mais educada e
estudar a lei um pouco antes de agredir. Além disso, não rejeite o
existência da "odious debt" nem das regras básicas de due diligence.
Preste um pouco de atenção a estudar estas questões em vez de agredir
com palavras quem debate aqui. De todo o modo, o senhor é livre de pagar
a dívida. Mas não imponha isso a Moçambique sem que se experimente a
negociação com base nas possibilidades existentes.
Jeremias Chilaw Oh,
Castel-Branco, continuas no erro crasso de analisares o problema de
acordo com a legislacao mocambicana. Ninguem tem duvidas de que o
Governo procedeu mal ao nao cumprir, por exemplo, a obrigacao de
consultar o Parlamento (pedir autorizacao para ser
mais preciso), mas nao podes usar isso como justificacao para anular um
compromisso internacional do Estado. Ja agora, em que instrumento
internacional esta prevista a doutrina da divida odiosa?. Pergunto isso
porque, seguramente se o Estado cometer o erro de recorrer a mesma tera
de fundamentar juridicamente num tribunal internacional, porque, como
disse antes, este litigio nao cabe nos tribunais nacionais. Repito, eh
um erro crasso pensar que se pode anular as dividas recorrendo a
argumentos de que a legislacao mocambicana foi violada ou que o Governo,
legitimamente eleito, nao tinha competencias para contrair as dividas.
Seja como for, vamos acompanhar o caso e, no final, veremos quem vai
usar os argumentos da divida odiosa para nao pagar. Isso quero ver.
Carlos Nuno Castel-Branco Desculpe,
Jeremias. Primeiro, não estou APENAS a analisar com base na legislação
moçambicana. Segundo, estou TAMBEM a analisar tanto com base na
legislação moçambicana como em regras internacionais. Terceiro, contacte
o FMI e apanhei informação sobre aquilo
que se pode chamar dívida odiosa. Quarto, com base nos pontos 1-3,
Moçambique pode fazer o seu caso para não pagar as dívidas ilícitas.
Para isso, precisará de apoio doméstico e internacional. O FMI tem um
quadro em que está discussão pode acontecer. Mas esse quadro requer
clareza sobre a informação e argumentos.
Antonio A. S. Kawaria Cá
por mim, tenho dúvidas sobre dívidas que o Estado Mocambicano contraiu
quando já tinha atingido o nível insustentável. Esses bancos não são
coniventes? A exemplo é o Banco VTB (russo).
Jeremias Chilaw Antonio A. S. Kawaria
nesta altura em que as dividas ja foram contraidas, a sua anulacao so
pode ser por via litigiosa. Aqui o Estado teria de encontrar argumentos
legais para provar que os bancos foram coniventes. Mais, quando insisto
na questao do direito internacional eh
que os tais bancos, sendo estrangeiros, nao sao regulados pelas leis de
Mocambique. Ha que contar tambem com o facto destes credores se
comportarem como uma equipe solidaria, no sentido de que um conflito
contra um eh conflito contra todos. Finalmente, a ideia de que a divida
serviu interesses privados tambem eh problematica, porque, por exemplo, a
EMATUM foi constituida por instituicoes do Estado, incluindo o IGEPE.
Portanto, eh preciso ter muito cuidado ao considerar a via da
confrontacao (negacao da divida), pois as consequencias podem ser
desastrosas.
Antonio A. S. Kawaria Jeremias Chilaw.
1) Sei que o Estado via este governo em que Filipe Nyusi foi ministro
da Defesa Nacional e um dos actores na ilegalidade/inconstitucionalidade
é difícil ir aos bancos com os quais fizeram os negócios obscuros.
2) Será que os bancos em referência não usam o Sistema de Informacão sobre Créditos dos Estados?
Aziza Throne Concordo
João Cabrita. é claro que a culpa não é do " governo anterior" ou seja
do Guebuza. É de uma gang que opera desde 1974 e que se apoderou do
estado e de forma leviana levaram o país a condiçao que se encontra. Não
há atenuantes como "no tempo de Samora"
era melhor. Foi aí que tudo começou. Com Chissano foram as artimanhas
que a gente presenciou. O modus operandi suavizou um pouco, mas a
corrupção, o roubo a repressao e a mentira lá estiveram presente.
Infelizmente estamos sujeitos a squaters que ajudam a perpetuar a
condiçao servil dos moçambicanos face a um regime que defrauda o país ha
decadas
Joao Cabrita De afronta em afronta: a Aziza Throne
deve certamente estar recordada da proposta sui generis de se corromper
a oposição moçambicana mediante o estabelecimento de uma fundação com
recurso a USD50 milhões. Por alta recreação do proponente, o fundo de
maneio da dita fundação subiria depois para USD100 milhões.
Eusébio A. P. Gwembe Lamento duplamente os colegas Aziza Throne e Joao Cabrita
que não têm coragem moral para indicar os factos bons que temos
desenvolvido ao longo dos ultimos anos e tocam escrevendo ironias,
desrespeitando em simultaneo as treguas que era suposto nortearem os
debates e ao periodo pascal. Por vezes chego a pensar que entanto nos
saimos do socialismo ha quem permanece la. Irmaos, vamos caminhar juntos
Joao Cabrita Lamento que o colega Eusébio A. P. Gwembe
ao longo de todos estes anos continue equivocado, alegando termos saído
do socialismo, o que pressupõe que teríamos alguma vez enveredado por
essa via. De facto, não entrámos – transitámos apenas de um sistema totalitário,
que a própria Frelimo identificava de fascista e que dizia combater,
para outro, de índole stalinista, portanto identicamente totalitário,
mas que pretendeu mascarar de socialista. Eusébio Gwembe é historiador
pelo que se afigura fútil a caracterização do sistema.
Um
lamento duplo como o de Eusébio Gwembe: é que se na óptica dele
contam-se os que “não têm coragem moral para indicar os factos” (sic),
sou forçado, perante as evidências disponíveis, contá-lo entre os que
não tiveram um minuto sequer de solidariedade para com as vítimas do
stalinismo que a formação política a que pertence impôs ao país.
Parafraseando um clérigo, “o silêncio foi ensurdecedor”. Não deixa,
porém, de ser uma opção. Mas uma vez que Eusébio Gwembe coloca a
questão em termos de moralidade, lógico é, pois, concluir que nasceu
divorciado dela, não tendo tido até hoje nem a sorte nem o privilégio de
com ela se reencontrar, se é que alguma vez tivesse ocorrido um
encontro, mesmo que fortuito.
Eusébio A. P. Gwembe Ilustre Joao Cabrita,
a moral sempre esteve ao nosso lado. Foi graças a ela que conseguimos
discernir o bem do mal. É claro que alguns “usos e costumes” não foram
bem encaminhados. Muito por culpa da bicefalia do poder em que alguns se
tinham tornado mais papas do que o
próprio papa. Agora nos tenta aproxımar ao Stalin. Sinceramente,
companheiro. Foi longe demais. Protesto! Esta linguagem arrepiada de
termos demasiado... familiares, afigura-se-nos pouco palaciana, e
haverá até quem a considere menos respeitosa.
O
companheiro deve reconhecer que se alguma vez houvera essa aproximação e
a suposta não condenação foi-o por motivos alheios aos espíritos
frelimistas de então. Os padrinhos da guerra de libertação tinham
nascido no reinado do Stalin. Os frelimistas dotados de um grande tino
prudencial e cheios de uma perspicaz diplomacia, tendo pesado na balança
das suas consciências os motivos do contlicto da Guerra Fria, e
prevendo os resultados, e acceitanclo as explicações dadas, e ... tal
etc., chegaram á conclusão que transmitiram ao papel, que a transmitiram
aos gladiadores, que a fizeram transmitir aos jornais, que a
transmitiram aos assinantes, de que tudo seria feito sem condenar a
Russia e o seu passado triunfal.
Joao Cabrita Ilustre Eusébio A. P. Gwembe,
em livro de memórias publicado pelo Instituto de Estudos Africanos da
Academia de Ciências Russa, em Moscovo (“Memórias sobre o trabalho em
Moçambique”), Petr Yevsyukov, primeiro embaixador da União Soviética em
Moçambique, considerou que Samora Machel se havia “comportado de forma semelhante à do ditador soviético, Joseph Stalin”.
Petr
Yevsyukov referiu-se à admiração que Samora Machel nutria por Stalin,
revelando que nos momentos finais de uma visita à União Soviética, o
então presidente moçambicano dera instruções a Sérgio Vieira para
arranjar um retrato do ditador que governou a União Soviética a ferro e
fogo de 1928 a 1953.
Miguel Delacasa Joao Cabrita já me tinha referindo indirectamente a isto noutra publicacao...
Aziza Throne O IDH de Moçambique é dos piores do mundo apesar das esmolas e de 41 anos de governaçao corrupta. Minto Eusébio A. P. Gwembe?
Eusébio A. P. Gwembe Aziza Throne,
é-lhe muito fácil falar de/em 41 anos de uma administração que não fez
nada. Uma nação que logo a nascença foi sendo pressionada a gerir-se às
mínguas. Esquece, a ilustre membro, que dentro deste tempo o que
soubemos fazer mais foi como sobreviver
de uma quadrilha francesa que nos apunhalava e nos tentava estrangular.
Dito isto, penso que o seu suculentos questionamento carece de justiça
porque cheios de bílis, de esgares epilépticos, de espuma aos cantos da
boca, tentando exprobrar o naturalíssimo e lógico procedimento do
governo da Frelimo em fase adequada ás altas questões politicas e de
sobrevivencia. Espanto meu quando noto que a coragem democrática da
nossa companheira leva-a a perguntar porque motivo estamos na cauda do
mundo? Sabemo-lo: por uma torpíssima especulação de interesses sórdidos
do Apartheid e do Smith (regimes defuntos), chegamos onde chegamos. Não
fosse a mão amiga da Rússia e de Cuba, especialmente, o nosso destino já
estava traçado e com ele o do povo. Eu gostaria de recordar a colega e a
todas essas vozes de desgosto e de irritação contra a governação do
glorioso: fomos gerindo o país dentro das nossas possibilidades.
Antonio A. S. Kawaria Eusébio A. P. Gwembe, quem sobrevive duma quadrilha francesa é claramente é o povo.
Eusébio A. P. Gwembe Pois, foi o povo, defendido pelo Governo, Antonio A. S. Kawaria.
A situaçao tinha chegado a tal ponto que ja se matava em nome do outro.
Graças a atitude corajosa de Bonifacio Gruveta, embora levado por um
sentimento de vingança pela morte do amigo Jose Lobo, o rumo das coisas
foi outro.
Jeremias Chilaw Meus caros, Eusébio A. P. Gwembe, Antonio A. S. Kawaria
e Jose de Matos, sem querer prolongar o debate sobre as dividas,
terminou agora o Programa Debate Africano, da RTP AFRICA e o assunto foi
tocado, peco a vossa atencao ao que se diz a partir de 1h15 minutos no
video abaixo:
Antonio A. S. Kawaria Ainda que é fim de semana vou acompanhar e depois digo algo
Antonio A. S. Kawaria Mano Jeremias Chilaw, estou escutando e até que gosto de ouvir a conversa, mas ainda não descobri o que tem ser a minha atencão
Jeremias Chilaw Este
programa debate basicamente a CPLP. Nao tens que ouvir todo programa,
inicie de 01h16min. Esta eh a parte que explica a situacao das dividas,
se temos (devemos) que pagar ou nao.
Carlos Nuno Castel-Branco Acho
que esse debate difere substancialmente do que aqui estamos a dizer.
Primeiro, o nosso argumento é que a dívida ilícita não deve ser paga e
que isso deve ser negociado. Portanto, estamos a falar de envolver todas
as partes e não em agir unilateralmente.
Isso está claro desde o primeiro post. Não é esta abordagem que está
sendo discutida no painel. Segundo, Moçambique não é o primeiro país
nesta situação a beneficiar do argumento sobre dívida odiosa. O nosso
argumento não é de criar um precedente mas de aproveitar um quadro
institucionalizado até pelo FMI. Terceiro, o FMI declarou recentemente
que forçar LDCs ou quaisquer países a pagar dívida impagável não só não
permite pagar a dívida como arruína ainda mais esses países e aumenta a
pobreza. Portanto, o FMI está a sugerir quadros de renegociação das
dívidas. Nada disto é discutido no tal painel, que parece mais
interessado em formulações polémicas do que na discussão dos assuntos
economicos. Moçambique já beneficiou de vários perdões e reacalonamentos
de dívida, o último dos quais em 2006. Portanto, renegociar a dívida,
incluindo o completo write off da dívida ilícita, é possível. Em que
condições é possível? É preciso provar que cabe no quadro da dívida
odiosa - ilicitamente contraída, sem benefício para o país e com
empréstimos irresponsáveis pelos bancos comerciais que não seguiram as
regras de due diligence. A auditoria pode provar isso. Depois é preciso
garantir apoio doméstico e internacional para a negociação - o FMI, o
Banco Mundial, vários doadores e seus parlamentos, podem ajudar a fazer o
caso de Moçambique. A "chancela" do FMI na auditoria e na estratégia de
negociação é meio caminho andado. A seguir, é preciso responsabilizar
quem cometeu tais ilícitos, mudar os procedimentos de forma a evitar
estas situações e melhorar a qualidade da planificação e controlo. O
argumento de que a dívida não pode ser renegociada e que a ilícita não
pode ser cancelada é falso. Não será fácil mas é possível. O ponto é que
as autoridades não querem que responsabilização seja feita porque
querem proteger os autores dos ilícitos, que sabemos quem são. Por isso,
preferem que seja o país a pagar cerca de US$ 6 biliões (capital e
juros) por uma dívida que em nada beneficiou o país em vez de renegociar
e assumir que temos de responsabilizar os responsáveis. É para proteger
os autores do ilícito que recusamos a ideia de poder renegociar o
processo todo. Ninguém diz para agir unilateralmente. Ninguém diz que
será fácil. Só dizemos que é possível, que existe um quadro regulatorio
aceite internacionalmente que permite essa renegociação e que passos
reais podem ser dados.
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