Tenho ouvido, através das redes sociais, vários outros orgãos de comunicaçao, assim como, em conversas do dia-a-dia, alguns indivíduos apelarem para que o governo actual responsabilize os dirigentes que delapidaram o erário publico moçambicano, naquilo que é o maior escandalo financeiro do país desde 1975. Nesta senda, Sérgio Viera disse num dos orgãos de comunicacao social: coitado de Nyusi e Malehane que herdaram os cofres vasios do governo anterior. Na minha opiniao, o coitado desta história é o Ministro da Economia e Finanças (Adriano Malehane), e não o Presidente Nyusi. A minha posição pode ser sustentada pelas seguintes razões:
1ª. O Presidente Filipe Jacinto Nyusi deve conhecer muito bem os contornos de EMATUM, assim como da dívida que foi revelada algumas semanas, de cerca de 787 mil milhões de dolares. Digo isto porque ele era o Ministro da Defesa, e esta burla foi feita através deste ministério. É bem provável que ele tenha participado na assinatura de alguns acordos secretos relacionados com a fraude, sobre tudo nesta última dívida que alegou-se que visava comprar barcos para protenção costeira. Parece impossível fazer-se um emprestimo em nome da defesa sem que o Ministro deste pelouiro tenha conhecimento.
2ª. O actual Presidente Moçambicano foi proposto como candidato pelo anterior chefe do governo. E é importante lembrar que o Presidente Armando Emílio Guebuza (AEG) e os seus acolitos, tudo fizeram para impedir que um outro candidato, que não fosse do Grupo dos 3 (Filipe Nyusi, Alberto Vaquina e José Pacheco) passasse como o provável timoneiro da Ponta Vermelha. Dai que, o actual Presidente pode estar extremamente compromentido com o governo anterior.
3ª As instituições que zelam pela justiça em Moçambique são fracas, pelas seguintes razões: Os Magestrados são nomeados pelo Chefe do Estado (que é o Alto Magestrado da Nação), não tendo independência suficiente para agir com vista a responsabilizar algumas figuras ligadas ao poder executivo. Não conhecemos nenhum caso em que a justiça moçambicana tenha levado a barra do tribunal figuaras ligadas ao poder executivo, tirando algumas excepções, como foi o caso de Nhipine Chissano e Almerino Manhenge.
O primeiro caso teve a ver com a pressão dos doadores, que queriam ver esclarecido o caso Carlos Cardoso. Apesar do “teatro” que se fez em volta deste julgamento, Nhipine não foi condenado. Os que assistiram a este julgamento devem lembrar que quando Manuel Escurinho, durante o seu depoimento, mencionou o nome de Nhipine, o Juiz Paulino mandou cortar a transmissão em direta do julgamento, que decorria na cadeia da maxima segurança e a ser transmitido pela Televisão de Moçambique.
Em relação ao caso Manhenje, a quem muito respeito, por ter sido meu professor de Geopolítica, dos 47 crimes que inicialmente era acusado, apenas 1 é que veio a ser confirmado. Também há expeculação de que o seu julgamento não passou de ajuste de contas com alguém que o havia ofendido, e que procurava oportunidade apropriada para se vingar. Este também foi absolvido.
4ª. A esmagadora maioria da população moçambicana, nem se quer, percebe o significado desta dívida mal explicada, de aproximadamente 1.6 mil milhões de dolares. Não sabem que serão eles, os seus filhos, netos e talvez bis-netos, que directa ou indirectamente, irão fazer enormes sacrifícios para pagarem-na. Enquanto os que contraíram a dívida, poderão continuar a viver de uma forma faustosa, juntamente com as suas famílias, como se de reis e príncipes se tratasse. A maioria dos moçambicanos estão preocupados com a queda da chuva para plantar as suas culturas. Não estão nem ai para exigir que o Estado cumpra com os seus deveres ( de garantir o bem estar, a segurança e a justiça) para o seu povo. Não possuem o entendimento do actual Chefe do Estado, de que eles são os verdadeiros patrões, e os governantes são os seus servidores, e devem trata-los como tal.
Nestes termos, o cena'rio do actual Chefe do Estado Mocambicano responsabilizar o anterior governo como alguns vaticinam, é muito improva'vel. Talvez, se a ala do Presidente Joaquim Alberto Chissano (Luisa Diogo, Eduardo Mulembwe, e outros) tivessem chegado ao poder, se podesse vislumbrar essa possibilidade. Importa lembrar que quando AEG chegou ao poder hostilizou o seu antecessor, chamando-o de deixa andarista, e que ele tudo faria para combater o espirito de deixa andar, burocracia e corrupcao. Infelizmente, ele institucionalizou a corrupcao, sendo ele, hoje, a face mais visivel da mesma e considerado o maior curruptos deste país e que desgraçou os cerca de 25 milhões de Moçambicanos.
Se a ala de Chissano chegasse ao poder, a possibilidade de retalhar, tendo em conta a humilhacao que Guebuza lhe fez passar, era provavel. Deve ter sido por esta razão, que AEG tudo fez para afastar os concorrentes, que eram vistos como de outra ala, e garantir que um dos seus candidatos avancasse rumo à Ponta Vermelha. Olbjectivo este que consiguiu alcançar com sucesso.
Mocambique esta' gangsterizado, as pessoas ja' nao acreditam nas instituicoes. Para as proximas eleicoes preve-se um cenário de muitas abstencoes. Visto que por vários anos, as expectativas do povo tem sido desiludidas pelos governantes. Não obstante esses factos, ainda existe esperança de que um dia esta realidade se poderá inverter. Na frança e Reino Unido, houve momentos de tirania, mas os dias chegaram em que os seus povos deram um basta. E hoje vimos o povo como patrão nestes Estados.
In Chacateando as Minhas Lamúrias
1 comentário:
Obrigado meu caro
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