As guerras e a violência interna são responsáveis
por cerca de 60 Milhões de Refugiados e de
populações deslocadas pelo mundo fora. A pior crise
humanitária desde a 2ª Guerra Mundial. Revelam
fontes. Médio-Oriente, Ásia Central, África e Amé-
rica Latina, as regiões mais afectadas globalmente
com milhões de refugiados de guerra que não são
migrantes, ainda que possa haver alguma causa e efeito
pela proximidade regional dos conflitos violentos
aos países de origem dos migrantes. É paradigmático
o caso dos paquistaneses em relação à instabilidade
no Afeganistão.
Nesse contexto, o actual fluxo de refugiados
de guerra em direcção à Europa, é o resultado das
últimas décadas de desastrosas políticas de interven-
ções militares de alguns países europeus e de seu aliado
norte-americano, no Médio-Oriente e no norte
de África. Esse fenómeno agudiza-se sobretudo,
desde 16 de Janeiro de 1991, com a «Operação
Tempestade do Deserto» contra o Iraque do ditador
Saddam (1936-2006) anunciada pelo Presidente dos
EUA, George H. Bush (pai). O pretexto dessa “1ª
Guerra do Golfo” foi a invasão iraquiana do Kuwait.
Envolvimento de dezenas de países e cerca de 1 milhão
de soldados atacam o Iraque, dirigidos pelos
EUA. Da ‘guerra fria,’ ao estilo de filmes à James
Bond, inicia-se a ‘guerra quente’ global. A União
Soviética desmoronava-se desequilibrando a ‘détente’
ou o “statu quo.”
Interesses geo-estratégicos e pseudo-ideoló-
gicos se entrechocam com os da alta-finança petrolí-
fera de Wall Street de Nova Iorque a Riade e Dubai,
passando por Londres e Paris. Prioridades nacionais
e internacionais se contradizem tentando prosseguir
nas políticas de invasão militar como panaceia em
nome de uma hipotética democracia a ser imposta
pela União Europeia e EUA. Há ainda a intervenção
militar russa, directa ou indirecta, na Europa do Leste
e na Síria, sem esquecermos o papel do Irão. A
China, atenta, acompanha o evoluir das situações.
Mas, contraditoriamente, ainda no xadrez internacional
posicionam-se os maiores aliados do ocidente
como a Turquia com a sua agenda dúbia de
prioridade anti-curda; a Arábia Saudita na manuten-
ção de hegemonia teocrática num mundo sem democracia;
e Israel na cruzada anti-palestina descarada,
esquecendo o holocausto de seus avós judeus europeus,
na Alemanha nazi.
Por outro lado, o Paquistão debate-se há dé-
cadas com o reflexo da interminável guerra no Afeganistão.
Desde a queda da URSS em 1991 e da primeira
invasão do Iraque também em 1991, que escrevemos
sobre o efeito da abertura da “Caixa de
Pandora” que viria daí aumentando os males do
mundo.
No século XXI, a destruição da Líbia e de
Kadhafi (20.10. 2011, em Sirte), e da Síria de al-Assad,
deram o xeque-mate. Pior a emenda que o soneto
como soe dizer-se. O resultado, infelizmente, está
à vista, pois toda a acção tem a sua reacção, tarde ou
cedo. É a lei da física imutável e eterna.
Em relação à questão dos refugiados na Europa,
e parafraseando o Marquês de Pombal (1699-
1782), diríamos que “agora é preciso enterrar os
mortos e cuidar dos vivos” – da melhor maneira solidária
e possível, acrescentamos.
Isso, sem esquecer os que entremuros europeus
continuam penando com a crise de austeridade,
reflexo dos mercados da impiedosa alta-finança
mundial. O resto poderá soar a hipocrisia de quem
de direito. ■ Mphumo JC. (Segue na página seguinte)
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