Luanda - Anunciada que está, oficialmente, a saída da vida política activa do Presidente da República e do MPLA, José Eduardo dos Santos, o País reflecte, profundamente, não somente sobre o referido anúncio, mas também, sobre o que será Angola após o consumo dos 365 dias do ano 2018. Ou seja, que Angola teremos e que MPLA teremos? Certamente, as respostas diferirão de mentalidade para mentalidade.
Fonte: Club-k.net
Mas, uma questão chama nossa atenção! A reacção dos militantes do MPLA face ao anúncio…
Do que conhecemos do maioritário, podemos afirmar que do ponto de vista de comunicação o “glorioso” MPLA é dos mais, senão, o mais organizado. Dito de outro modo, o MPLA é o Partido que melhor funciona em termos de comunicação, pois, possui uma hierarquia que respeita, efectivamente, as funções de cada um e ainda mais quando se trata de questões mediáticas.
Aliás, não é novidade que naquele Partido fala quem for e/ou estiver superiormente ou estatutariamente autorizado para tal, o que por si só, revela a coesão interna e por conseguinte evita deturpação de posições partidárias. (a este respeito os “camaradas, em nosso entender, merecem felicitações).
No entanto, é esta coesão na comunicação que hoje levanta dúvidas e suspeições, na questão do anúncio de José Eduardo dos Santos. Dúvidas porque logo após ao referido anúncio, surgiram, um pouco pelo País, pronunciamentos de militantes, muitos deles de proa, opondo-se, repetimos, opondo-se aos intentos do seu Presidente. Ou seja, surgiram grupos, bem identificados, que passaram a defender a continuidade de “JES”, com o lema “Presidente Continua Só”.
Ora, ao mesmo tempo que alguns defendem tal propósito, outros dizem ser normal que o Chefe de Estado tome tal decisão. A demais, os Secretariados Provinciais do MPLA, mormente, Lunda-Norte, Luanda, Kuanza-Sul e outros, passaram a emitir moções de apoio a continuidade de Eduardo dos Santos afrente do Partido o que o transformaria como cabeça de lista no pleito eleitoral subsequente.
Esta dissonância de posições, anormal nos Camaradas, levanta, como é óbvio, as nossas dúvidas e suspeições quanto ao peso que a decisão de abandonar a vida política activa tem no seio dos camaradas e se, realmente, está-se diante de uma posição firme ou trata-se, como se defende aqui e acolá, de uma manobra política com objectivos eleitorais ainda não dominados pelo público alvo.
Não é menos importante que nos seus trinta e seis anos de poder, Eduardo dos Santos não cultivou a ideia de ser contrariado, fundamentalmente quando se trata de posições que ultrapassam os meandros partidários. Ou seja, nestes anos todos, o Presidente da República e do MPLA, mostrou-nos que aquilo que ele defende deve ser cumprido, quer se aceite quer não, o que, neste momento está a ser, no bom sentido, violado pelos seus principais seguidores, pois ele defende saída e estes defende manutenção.
O que estará a passar, de concreto? São os ventos de mudança interna consubstanciados com anúncio de múltiplas candidaturas? Ou o anúncio serviu apenas para medir alguma temperatura? De resto, são questões que pioram ainda mais as dúvidas, porquanto a prática ensinou outra realidade. Mesmo assim, e sem resposta imediata, há que esperar para ver se há, definitivamente, um alterar das regras de jogo no seio dos Camaradas ou está-se, como dissemos acima, diante de uma jogada de mestre e que no futuro terá resultados preconizados. Mas, e já para terminar, não é normal a dispersão de opiniões no seio dos Camaradas que nos habituaram a apoiar tudo que vem do chefe.
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