image“Juro pela alma da minha mãe”: foi assim que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama garantiu recentemente que não vai recuar na intenção de nomear, em março, governadores e administradores nas províncias de Sofala, Tete, Zambézia e Manica (centro) e Niassa e Nampula (norte). O movimento reivindica vitória nestas províncias, nas eleições gerais de 2014. As fraudes têm de facto sido múltiplas, e têm vindo a aumentar, mas as estatísticas parecem contrariar a convicção do líder da Renamo, de ter ganho as últimas 5 eleições.
Joseph Hanlon e Johan Ahlback, que têm promovido um sistema de monitorização eleitoral em Moçambique, e usado modelos estatísticos para calcular a dimensão da fraude, defendem que as eleições no país são “bastante transparentes”, e a imprensa “livre”. Acreditam que “as estatísticas demonstram que a Frelimo teria ganho justamente as eleições, de modo convincente”.
“É possível que Dhlakama tenha ganho? Não acreditamos (…) Identificamos fraude, mas não fraude massiva”, afirmam os dois investigadores num texto para o site da London School of Economics, onde no próximo dia 16 de março irão apresentar o seu modelo de monitorização eleitoral em Moçambique.
Dhlakama nunca teve mais de 37% dos votos nas eleições de 2004, 2009 e 2014. Se na realidade tivesse sido mesmo o mais votado, teria sido necessária uma fraude de mais de meio milhão de votos até chegar aos resultados finais, apontam.
Em 1994 e 1999, as eleições parecem “limpas”. Em 2004 e 2009 houve invalidação de votos da oposição e violação de urnas de voto. Sobretudo, afirmam os investigadores, em 2009.
A fraude eleitoral está em alta, o que sugere aos investigadores que “alguns na Frelimo estão cada vez mais preocupados” com a capacidade de o partido ganhar eleições justas. Os responsáveis por fraudes, segundo relatos de jornalistas no terreno, estão a ser promovidos, em vez de punidos. Os abusos incluem uso de meios do Estado em campanhas da Frelimo e intimidação da oposição, além de falsificação de resultados eleitorais.
Dhlakama “está convencido de que ganhou as cinco eleições, e as óbvias prevaricações contribuem para essa crença”. “Com a Renamo a regressar à violência, Frelimo e todos os moçambicanos verão que a desnecessária batota terá um preço mais alto do que o esperado”, afirmam.
A reivindicação do movimento é agora de governar nas seis províncias onde diz ter sido o partido mais votado. Os governos provinciais têm vindo a reforçar medidas de segurança e temem-se episódios de violência ao longo deste mês.
“Vamos governar em março e ninguém nos vai impedir”, disse Dhlakama em entrevista ao Canal de Moçambique, a partir de Gorongosa., e diz que “será tudo pacificamente”. “Como se estivéssemos a manifestar-nos”, disse.
Fonte: África Monitor