quarta-feira, 9 de março de 2016

Marinha francesa não tem, nem teve, nenhum tipo de cooperação com Moçambique na compra dos barcos de guerra via EMATUM


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Destaques - Nacional
Escrito por Adérito Caldeira  em 09 Março 2016
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Foto de Adérito CaldeiraO navio-patrulha oceânico de bandeira francesa “L’Adroit”, integrado na missão Atalanta da União Europeia, de combate a pirataria no ocêano Índico, está na capital moçambicana para reabastecimento. A marinha da França, embora coopere militarmente com o nosso país há mais de uma década, revela que não teve, nem tem, nenhum tipo de envolvimento na compra dos seis barcos de guerra que Moçambique adquiriu, através da operação financeira ilegal da EMATUM, a um estaleiro naval privado daquele país europeu.
Atracado no porto de Maputo, desde esta terça-feira(08), o “L’Adroit” é uma das embarcações da frota europeia que patrulham o Sul do Mar Vermelho, o Golfo de Aden e uma grande parte do Oceano Índico no âmbito de uma missão de combate à pirataria marítima.
Além dessa missão o navio-patrulha realiza “vigilância marítima, luta contra a imigração clandestina, policiamento da pesca, luta contra os tráficos ilícitos e contra a pirataria, emprego de forças especiais (locais específicos disponíveis até 27 passageiros), e remoção de cidadão”, indica um comunicado da embaixada francesa em Moçambique.
O “L’Adroit”, embora estimule semelhanças com navio-patrulha HSI 32, que o nosso país adquiriu ao estaleiro francês Construções Mecânicas da Normandia (CMN), tem cerca do dobro do tamanho: 87 metros de comprimento, boca com 11,7 metros, pesa 1500 toneladas, tem um calado de 3,2 metros e mede 32 metros de altura.
Para garantir a vigilância este navio-patrulha tem capacidade de accionar veículos aéreos não tripulados (drone), está equipado com um sistema de lançamento rápido de embarcações tripuladas por comando e ainda tem uma plataforma para a aterragem de helicóptores até 10 toneladas.
De acordo com o capitão da fragata, Nicolas Guiraud, este navio-patrulha foi construído por uma empresa privada francesa voltada por exportação das embarcações similares, a DCNS, que a cedeu sem custos à Marinha do seu país para que os testasse e usasse como vitrine para potenciais compradores, “contractos já foram efectivados com o Egipto e em particular com a Malásia, após a visita do navio-patrulha”, refere o comunicado que estamos a citar.
A cooperação militar entre a França e Moçambique existe desde 2004 e está centrada “no ensino do francês no seio militar (na Academia Samora Machel de Nampula), no apoio à marinha de guerra moçambicana, na formação compreendendo o domínio das operações conjuntas de manutenção da Paz e na participação nos exercícios dos diversos ramos das Forças Armadas da Zona Sul do Oceano Indico”, indica a embaixada gaulesa no seu sítio na internet.
Foto de Adérito CaldeiraQuestionado pelo @Verdade, se a presença deste navio-patrulha estaria relacionada com a chegada ao porto de Pemba dos três HSI 32 que Moçambique adquiriu, Arnault Lacoste, Adido Militar do país europeu para o nosso país, disse que não há nenhum exercício previsto e que a Marinha Nacional francesa não está envolvida nesse processo com a Marinha moçambicana mas manifestou a disponibilidade do seu país numa futura colaboração, na área de formação de marinheiros, caso seja solicitado.
Em 2013, Moçambique adquiriu seis embarcações de guerra ao estaleiro privado CMN, na França, num negócio que incluiu 24 embarcações de pesca de Atum, através de uma operação financeira no valor de 850 milhões de dólares norte-americanos ilegalmente avalizada pelo Governo de Armando Guebuza.
Após o reabastecimento o “L’Adroit”, que “cumpriu com êxito todas as suas missões, ao longo de mais de 530 dias no mar Mediterrâneo, no mar da China, no estreito de Malaca e no Golfo de Guiné”, segue na sua missão de patrulha que inclui uma vasta zona económica exclusiva no Canal de Moçambique, em torno das Ilhas dispersas que fazem parte das terras Austrais e Antárctida francesas.

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