sexta-feira, 17 de abril de 2015

Xenofobia: esquecidos de estudar a floresta

17 ABRIL 2015

Xenofobia: esquecidos de estudar a floresta

A xenofobia na África do Sul tem provocado um enorme caudal de condenações. Por regra essas condenações assentam na psicologização comportamental e na atribuição de um fundo de maldade generalizado aos sul-africanos. Acresce que, aqui e acolá, fazem-se esforçadas digressões teóricas no sentido, por exemplo, de saber se estamos perante xenofobia ou afrofobia. É muito raro encontrar um esforço analítico e decisional que, firmemente, caminhe não apenas pelas pessoas mas também e especialmente pelos sistemas e grupos nos quais essas pessoas vivem e pelos quais são condicionadas; não apenas pelas acções de multidões enfurecidas mas também e especialmente pelas relações de produção e distribuição nos quais vivem os actores dessas multidões; não apenas pelos instantes mas também e especialmente pela história. Agarramo-nos às árvores esquecidos de estudar a floresta.

Fungulamaso!

Com regularidade, tenho chamado a atenção para os rumores, espontâneos e intencionais, que surgem em situações dramáticas como no caso da xenofobia. Mas importa, também, chamar a atenção para a utilização de imagens chocantes que, com sensacionalismo descarado, são colocadas a eito nas redes sociais digitais sem indicação de autor, contexto e período histórico.
Nota: "fungulamaso" significa está atentoabre o olho.

Quatro livros no prelo de uma coleção mundial (4)

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Quatro livros no prelo de uma coleção mundial (3)

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Quatro livros no prelo de uma coleção mundial (2)

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Quatro livros no prelo de uma coleção mundial (1)

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Xenofobia: recordando um texto de 2008 neste diário

Tendo em conta as consequências da xenofobia na África do Sul e numa série de 2008 intitulada Os riscos do efeito borboleta social na África Austral, terminei o número 7 da seguinte maneira:
"A África do Sul está a deportar em massa os imigrantes zimbabweanos, numa medida destinada, certamente, a evitar o recrudescer da xenofobia. O nosso país recebeu mais de 40 mil compatriotas fugidos da violência. Em ambos casos, Zimbabwe e Moçambique receberam e recebem pessoas feridas, potencialmente geradoras de micro-climas sociais de insatisfação.
Tenho para mim que todos os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) devem colocar o Estado social na linha de frente, sob pena de um bater de asas social em Alexandra, na periferia de Joanesburgo, poder imediatamente repercutir em Maputo, em Harare ou em Dar es Salaam. E em muitos mais sítios." Aqui.

Racismo sem raça?

Racismo sem raça? Sim, é possível. Lá onde se disputam recursos de vida e/ou de poder, não importa onde nem quando, surge de imediato a intolerância, a construção negativa e diabolizada do Outro. As causas não são reais, causas de facto, causas objectivas, mas causas estratégicas, subjectivas, causas de compensação na luta pelos recursos vitais. Isso não carece de uma cor específica, de características somáticas. Nem de uma etnia. O racismo está na alma social em luta. Lutar contra ele exige múltiplas e profundas medidas de vários tipos.

16 ABRIL 2015

Trabalhadores sul-africanos deixam Tete

120 trabalhadores sul-africanos abandonaram hoje a província de Tete temendo retaliações devido aos ataques xenófobos no seu país - "Rádio Moçambique" no noticiário das 19 horas.
Adenda às 19:14: saiba o que se passa também em Inhambane,aqui.

Atenção aos boatos

Os ataques xenófobos em curso na África do Sul são propícios aos boatos, espontâneos ou intencionalmente, politicamente provocados com o sentido de gerar pânico, desorientação, hostilidade e agressões. Um boato é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações" (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd, p.6).

Macuiane resumido

Treze linhas de um texto do jornal "O País" digital a propósito de uma posição da Renamo expressa pelo seu chefe nas conversações Estado/Renamo, Saimone Macuiane [aqui], podem ser resumidas assim: se não fizerem o que queremos o nosso exército manter-se-á activo.

As quatro perguntas dos combonianos

Em documento com data de 10 dio corrente mês, 30 missionárias e missionários combonianos alertam para o risco de mais de quatro milhões de moçambicanos poderem vir a sofrer com a concessão de 102 mil quilómetros quadrados de terras férteis no Norte do país ao consórcio privado ProSAVANA. Mas não só, pois foram feitas quatro perguntas, a saber: "Assim, perguntamo-nos aonde irá toda aquela população que será obrigada a abandonar as suas terras? E, depois, qual será o impacto ambiental de um tal megaprojecto? Que consequências terá sobre as águas subterrâneas? E, finalmente, quais efeitos políticos terá sobre o já frágil equilíbrio por que se rege hoje a paz em Moçambique?" Aqui.

Omissões na cobertura do tráfico de pessoas

A nossa imprensa tem mostrado preocupar-se com o tráfico de pessoas. Porém, essa preocupação parece assentar exclusivamente sobre uma das modalidades do tráfico, o do comércio de mulheres com destino à África do Sul. Ora, o tráfico de pessoas tem muitas modalidades. Por exemplo, o assassinato de pessoas para extração de órgãos destinados a fins feiticistas não aparece designado como crime de tráfico na imprensa. Sugiro tentem ler o livro com a capa abaixo, editado em 2006 pela Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane, com 527 páginas:

Sobre feitiçaria

Multiplicam-se no país as notícias sobre casos de feitiçaria culminando em assassinatos. Este é um fenómeno dramático, tão mais dramático quanto muitos casos não chegam ao conhecimento público, quedando-se no anonimato por serem considerados "naturais". Uma das veredas fundamentais para enfrentar o problema consiste em fazer esta pergunta: como educar as crianças por forma a evitar os prejuízos e os crimes da maturidade? Enquadre o sentido da pergunta e das imagens abaixo conferindo aqui e aqui. [amplie as imagens clicando sobre elas com o lado esquerdo do rato]

15 ABRIL 2015

Consequências da xenofobia na África do Sul

De acordo com a "Lusa" citada pelo "SapoNotícias": "Segundo as autoridades de Moçambique na África do Sul, mais de 500 cidadãos estrangeiros, na maioria moçambicanos, perderam os seus bens devido à violência xenófoba, encontrando-se refugiados em centros de acolhimento temporário em Durban." Aqui.
Adenda: procure ler este livro, publicado em 2010 pela Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane:
Adenda às 09:54: vídeo aqui (referência encontrada aqui).
Adenda 2 às 18:01Há séculos que a xenofobia tem curso no mundo. Mas hoje as pessoas estão mais próximas e as desigualdades sociais são imediatamente visíveis. A xenofobia intensifica-se. O que neste momento se passa em Durban é a substituição, por compensação, do protesto vertical de pobre contra um Estado sentido como absorvido pelos ares do anterior apartheid pelo protesto horizontal de pobre contra "pobre" estrangeiro. Melhor: de Africano contra Africano, Africanos locais vingam-se sobre Africanos estrangeiros que não estão armados. A pilhagem de bens é a bandeira do protesto. Espécie de catarse, de mecanismo de compensação. É horrível, mas acontece. Medidas terão de ser tomadas de imediato contra o rio que periga a vida dos estrangeiros, mas a médio prazo ter-se-á de ter em conta as margens que tornam esse rio insuportável, que o comprimem. E aqui entra a história, em toda a sua nudez.

A principal arma colonial

Sempre que lutou contra um Estado ou um Império no nosso país, o colonizador pôde tirar partido da cooptação de múltiplos actores, ambições e ressentimentos - muitas vezes de natureza etno-política - jamais anulados pela força militar e administrativa da facção aristocrática dirigente. Por exemplo, a colaboração entre facções descontentes da aristocracia local e o comando militar-administrativo português surgiu, em toda a sua nudez, no caso particular de Gaza. Mais do que as espingardas e os canhões, a secessão foi, na realidade, a principal arma colonial.

"Eles aspiram ao poder"

"Eles aspiram ao poder" - eis uma frase que surge frequentemente na nossa imprensa escrita, nas rádios, nas televisões, nos blogues e nas redes sociais digitais. Nos casos mais extremos, diz-se "Eles aspiram ao poder a todo o custo". Regra geral essa acusação - porque é efectivamente uma acusação - é feita a quem não está em posição de ter, relacionalmente, o poder de gerir e de manter o Estado. Não poucas vezes a acusação tem um valor moral muito forte, um valor moral negativo, no sentido de que B não deve aspirar ao poder que já pertence a A - típica acusação de pecado. Assim se oculta o facto de quem tem o poder de poder gerir o Estado tem tanta ou mais apetência pelo "poder político de poder". Por isso o mantém e por isso o defende a todo o custo. Só que o transfigura, o camufla, dotando-o de características meramente técnicas, de características neutralmente assistenciais, como se fosse algo estrangeiro a uma entidade política concreta.

14 ABRIL 2015

Água e saneamento

Dados extraídos do portal de Solidarités International: 3,5 bilhões de pessoas bebem diariamente água perigosa para a saúde; 2,6 bilhões carecem de saneamento adequado; 2,6 milhões, incluindo 1,8 milhões de crianças com menos de 15 anos de idade, morrem anualmente de doenças relacionadas com água suja e falta de saneamento; 90% de todos os acidentes naturais estão relacionados com a água; 76% das mulheres e crianças em países em desenvolvimento gastam 140 milhões de horas por dia à busca de água; 272 milhões de dias lectivos perdem-se por falta de casas de banho. Aqui. Confira também aqui.

Luta política e controlo de cargos

"Toda e qualquer luta entre partidos visa, não só um fim objectivo, mas ainda e acima de tudo o controlo sobre a distribuição de cargos" [1919] (Max WeberO político e o cientista. Editorial Presença, s/d, p.64).

Cinco condições de paz política em Moçambique (10)

"Em 1970, quando os três astronautas da Apollo 13 estavam tentando descobrir como levar sua nave danificada de volta para a terra, eles estavam envolvidos em um jogo claramente de soma não zero, porque o resultado seria igualmente bom para todos eles ou ruim para todos eles." [aqui]
Décimo número da série. Permaneço no terceiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 3. Cinco condições de paz política em Moçambique, terminando o subponto 3.3. Integração dos partidos da oposição na gestão do bem comum. Nos países onde é ainda jovem a gestão da democracia multipartidária, os ciúmes políticos são vastos, as suspeitas de vária índole fazem a ordem do dia. Não está assegurado que reine a paz política seja nos Estados de partido único, seja nos raros Estados de coabitação bi ou multipartidária. Todavia, parece ser sensato admitir que se for possível enquadrar os reais partidos políticos da oposição nas muitas tarefas de gestão pública - estatais e privadas -, pode suceder que, a pouco pouco, experimentalmente, tenha curso o processo de gestão e de adaptação do conflito saudável de que falou Filipe Nyusi há dias. Parece ser necessário aprender a evitar as alegrias do soma zero e a ensaiar as alegrias de soma não zeroTenhamos consciência de que (1) quanto mais recentes forem as gestões eleitorais, (2) quanto mais prisioneiros os Estados forem dos reinados prolongados de certas forças políticas e (3) quanto mais prementes forem as aspirações de ascensão social de elites marginalizadas na distribuição de recursos de prestígio e poder, mais difícil é aceitar indefinidamente a fórmulasoma zero.
Nota: fico grato a todas aquelas e a todos aqueles que queiram contribuir para o tema, criticando e melhorando as linhas de visão e análise que irão surgindo aqui.

13 ABRIL 2015

De Eduardo Galeano, hoje falecido

Postagem de 18 de Agosto de 2013, neste diário, com um texto deEduardo Galeanohoje falecido aos 74 anos:
"Os ninguém
Que não são seres humanos, mas recursos humanos.
Que não têm cara, mas braços.
Que não têm nome, mas número.
Que não aparecem na história universal, mas nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguém, que custam menos que a bala que os mata." [aqui]

Tudo deve mudar para que tudo fique como está

Segundo o "O País" digital, após mais um encontro das delegação do Estado e da Renamo: "Volvidas 100 rondas e quase dois anos de diálogo, houve resultados totais apenas na reforma da Lei Eleitoral, que voltou a defender a partidarização dos órgãos eleitorais, numa distribuição de cargos entre os três maiores partidos políticos nacionais." Aqui.
Comentário: vale a pena recordar a frase do príncipe de Falconeri noO Leopardo de Giussepe Tomasi di Lampedusa: Tudo deve mudar para que tudo fique como está.

No "Savana" 1109 de 10/04/2015, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do ratoNota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.
Adenda: também na rubrica Crónicas da minha página na "Academia.edu", aqui.

Uma coleção mundial que cresce

A coleção "Cadernos de Ciências Sociais", da "Escolar Editora", conta agora com 86 membros oriundos de doze países, a saber: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor-Leste, Portugal, Brasil, França, Suécia, Canadá, Japão e China.
Eis novos sete membros: Sara Laisse de Moçambique, Francisco Santos Silva de Portugal e, do Brasil, Janara Sousa, Margareth Anne Leister, Desidério Murcho, Sérgio Francisco Carlos Graziano Sobrinho e Marcela Tavares de Melo.
Logo abaixo, acompanhados das fotos dos autores, estão os índices dos livros intitulados "O que é futebol?" (autoria de Salomé Marivoet de Portugal e, do Brasil, Marcelo Bittencourt, Victor Andrade de Melo e Marcel Tonini)"O que é feminismo?" (autoria de Debora Diniz do Brasil, Maria Helena Santos de Portugal, Rosália Diogo do Brasil e Patrícia Gomes da Guiné-Bissau) e "Existe imprensa independente?" (autoria de Tomás Vieira Mário de Moçambique, Ethel Corrêa do Brasil e Nuno Ramos de Almeida de Portugal), cujas correções finais foram efectuadas ontem e hoje serão entregues à editora:
No prelo está o livro "O que é filosofia africana?" (autoria de Víctor Kajibanga de Angola e, do Brasil, Euclides Mance e Reinaldo de Oliveira), com fotos dos autores e índice abaixo:
Livros a entregar brevemente à editora: "Qual o papel da imagem na história?" (autoria de João Spacca de Oliveira do Brasil, Rui Assubuji de Moçambique, Osvaldo Macedo de Sousa de Portugal e Lailson de Holanda Cavalcanti do Brasil) e "O que são pobreza e pobres?" (autoria de Kajsa Johasson da Suécia, Narciso Mahumana de Moçambique e Marcelo Medeiros do Brasil).  Fotos abaixo:
Vários outros temas estão em preparação. Se quiser ampliar as imagens clique sobre elas com o lado esquerdo do rato.

12 ABRIL 2015

Duplo poder em curso no país

- "Dhlakama afirmou que 15 mil manifestantes travaram uma ditadura no Egito, um Governo, disse, com um exército mais forte que a FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique) e uma polícia bem alimentada, avisando que as multidões que aderem aos seus comícios seriam capazes de assaltar o país em poucos minutos, não havendo homens e balas para parar a sua fúria." Aqui.
- "Imaginem que eu convoco um comício na Beira, com milhares de pessoas, e marchamos para o palácio da governadora [Helena Taipo] para dizer 'vai-te embora'. A polícia pode tentar disparar, os meus guardas também vão responder e, então, voltaríamos à guerra", afirmou Afonso Dhlakama, que se referiu à dirigente provincial de Sofala, nomeada pela Frelimo, como "aquela macua" (originária de Nampula, norte)." Aqui.
Escreveu um dia - já passaram várias décadas - Léon Trotsky o seguinte: "A unidade de poder, condição absoluta da estabilidade de um regime, subsiste enquanto a classe dominante consegue impor a toda a sociedade as suas formas económicas e política como as únicas possíveis." Esta posição pode não ser decisiva hoje para países como o nosso, mas não deixa de ser interessante e, até, analiticamente motivante.
Enquanto o presidente da República e presidente do Partido Frelimo, Filipe Nyusi, está na província de Gaza na sua primeira presidência aberta, o presidente do Partido Renamo, Afonso Dhlakama, na oposição, prossegue, de província em província, a sua campanha de contrapoder, desta vez na província de Manica (recorde neste diárioaqui).
É uma autêntica e dura luta de poder entre dois partidos e dois líderes, de combate pela preeminência política, tão mais forte quanto a Renamo e Dhlakama ameaçam usar a força para fazer valer o seu projecto de autarquias provinciais.

Bombas artesanais num bairro de Nampula

Segundo a "Lusa", citada pelo "SapoNotícias", a polícia matou a tiro um motociclista que desobedeceu a uma ordem de paragem num bairro da cidade de Nampula: "De seguida, os ânimos exaltaram-se e a população local manifestou-se contra a atitude da polícia e lançou bombas artesanais, feitas de garrafas de vidro e gasolina, contra a viatura de patrulha. A polícia respondeu com gás lacrimogéneo e balas." Aqui.
Comentário: tanto quanto julgo saber talvez esta seja a primeira vez na história do país desde 1975 que se dá a conhecer na imprensa o uso popular de bombas artesanais em confrontos com a polícia.

Últimas da política e dos negócios em Moçambique

Cabeçalhos das últimas notícias sobre política e negócios em Moçambique, insertas aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.

Cinco condições de paz política em Moçambique (9)

Nono número da série. Permaneço no terceiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 3. Cinco condições de paz política em Moçambique, mantendo-me no subponto 3.3. Integração dos partidos da oposição na gestão do bem comum. Perguntei no número anterior o seguinte: de que maneira os partidos políticos da oposição podem estar de acordo na gestão estatal do país sem deixarem de estar em desacordo na gestão política? O presidente Nyusi criou uma expressão política curiosa: conflito saudável, conflito que, segundo ele, pode evitar a mediocridade. Desafio nada fácil de seguir. Por quê? Num dos seus livros, Michel de Certeau escreveu que o conflito é inerente à vida social e que toda a sociedade se define pelo que exclui, que toda a sociedade se forma diferenciando-se. Formar um grupo é criar, ao mesmo tempo, estrangeiros. Uma estrutura bipolar, essencial a toda a sociedade, cria um "fora" para que exista um "entre nós"; fronteiras, para que possa existir um país interior; "outros" para que o "nós" possa tomar forma. Temos assim uma lei, a lei do grupo - asseverou Michel - que é, também, um princípio de eliminação e de intolerância. União e diferenciação crescem e marcham de par. Com a vossa permissão, prossigo mais tarde.
Nota: fico grato a todas aquelas e a todos aqueles que queiram contribuir para o tema, criticando e melhorando as linhas de visão e análise que irão surgindo aqui.

"Conflito saudável": uma expressão de Nyusi

O Presidente da República e do Partido Frelimo, Filipe Nyusi, criou uma nova expressão política: conflito saudável. Segundo ele, a ausência desse tipo de conflito cria mediocridade. Confira o último parágrafo deste texto aqui. Leia também aqui.

11 ABRIL 2015

Nove anos no próximo sábado

No próximo sábado, dia 18 de Abril, às 13:26 horas locais, este diário completa nove anos de vida ininterrupta.

Dois tipos de políticos

Podemos considerar dois tipos de políticos: o aspirina e o antibiótico.
O político aspirina é aquele que não tem qualquer intenção de alterar o coração e as regras de funcionamento de um país, propondo, apenas, medidas destinadas a remendar ou a melhorar o que já existe, aspirinas para suavizar a febre social, acalmar pequenas dores.
O político antibiótico é aquele cuja intenção primordial é a de alterar o coração e as regras de funcionamento de um país no sentido genuíno de melhorar a condição social dos seus habitantes, especialmente dos mais carenciados, o que significa também melhorar o meio-ambiente. Em lugar de ser pensado, o candidato-antibiótico pensa; em lugar de ser o peão vegetativo de um partido, é uma mais-valia pensante para esse partido; em lugar de favorecer colegas, amigos, companheiros de jornada e parentes, favorece os que não têm quem os favoreça e defenda; em lugar de ser a voz dos poderosos, torna-se a voz dos deserdados e esquecidos.

"À hora do fecho" no "Savana"


Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Seguem-se dois extractos reproduzidos da edição 1109, de 10/04/2015, disponível na íntegra aqui:
Nota: de vez em quando perguntam-me por que razão o ficheiro está protegido com senha e marca de água. Resposta: para evitar que os ávidos parasitas do copy/paste/mexerica o copiem, colocando-o depois no seu blogue ou na sua página de rede social digital com uma indicação malandra do género "Fonte: Savana". Mas, claro, um ou outro é persistente e consegue transcrever para o word certos textos, colocando-os depois no blogue ou na rede social, mas sem mostrar o verdadeiro elo. Mediocridade, artimanha e alma de plagiador são infinitas.



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