Reflexão de Adelino Buque
Existe a percepção pública de que há um dono de “cachorros” que em algum momento os terá deixado descontrolados e, em consequência, criaram estragos que o dono é obrigado a reparar. Facto curioso é que em nenhum momento alguém assumiu que é proprietário desses “cachorros”.
Nestas circunstâncias não se deve assumir que os mesmos são de “rua” e sem nenhum comando?
Sim, porque ainda que por alguma razão esses “cachorros” tenham aproximação a alguém, por alguma razão, isso por si só não vincula os “cachorros” àquele, sabido que em outras circunstâncias esses “cachorros” foram rotulados de “G40”, um grupo a “abater”, porque de ideologia contra os interesses da pátria. É interessante que algumas personalidades, algumas no topo da hierarquia do presumível dono dos “cachorros”, que se sentiram servidas e de alguma forma beneficiado da sua fidelidade “canina” hoje se posicionem como o fazem. Esta atitude, infelizmente, pode levar à percepção pública de que esse tal dono usa e deita fora esses “cachorros”. Que são elementos descartáveis, o que pode ser perigoso ao próprio presumível dono.
Os “cachorros” podem molestá-lo. Como se sabe, um “cachorro” não devidamente tratado, com vacinas em dia, por exemplo, pode criar graves problemas de saúde ao próprio dono. A aparente não assunção de propriedade por parte do presumível dono também pode encaixar bem na expressão “preso por ter cão preso por não ter cão”. No caso, seriam “cachorros”. O debate sobre a existência de “cachorros” pode servir PARA o dono desfazer-se deles e os ladrões, de uma forma mais simples e à vontade, apropriarem-se do que os “cachorros” guardam. Aliás, aprendi uma expressão revolucionário da Frelimo segundo a qual “quando o inimigo nos elogia devemos rever as nossas posições”. Na verdade, tirando a nova terminologia de “cachorros”, o denominado “G40” nunca teve simpatias de algumas organizações políticas por contrariar a ideia de uma governação “desastrosa” de Armando Guebuza nos últimos dez anos.
Esses “inimigos da pátria”, ou “famigerados G40”, igualmente tiveram algum papel na divulgação da imagem e programa do actual Chefe de Estado e, nessa altura, foram criticados por personalidades que hoje elogiam o Presidente Filipe Nyusi. Será tudo isto um acaso? Esta reflexão pretende chamar à atenção para que, existindo alguém responsável ou dono dos “cachorros”, saiba assumir-se como tal, que os serviços públicos de veterinária, a bem da saúde pública, os recolha e incinere para que a sociedade viva fora deste perigo.
Afinal de quem são os “cachorros”?
CORREIO DA MANHÃ – 23.03.2015
Amicíssimo de Nyusi
A VERDADE chegou a hora do dono dos cachorros recolhe-los.