Odirector-geral do Secretariado
Técnico de Administração
Eleitoral (STAE), Felisberto
Naife, disse em entrevista
ao SAVANA, que o processo eleitoral
moçambicano é dispendioso e complexo.
Segundo Naife, enquanto a média
mundial ou regional é de três dólares
americanos por eleitor, em Moçambique
são nove dólares. Naife continua a
sua explanação referindo que é por um
STAE profissional e que a integração dos
partidos políticos embaraçou em algum
momento.
Nas linhas abaixo, segue a entrevista
onde o director-geral do STAE, abre o
livro sobre processo eleitoral recém terminado,
comenta a reação dos partidos
políticos da oposição e disse que terminou
o processo com um sentimento de
missão cumprida.
Sob direcção do senhor Felisberto
Naife, o STAE terminou, em coordenação
com a Comissão Nacional
de Eleições (CNE), mais um longo e
complexo processo eleitoral que culminou
com a eleição do novo Presidente
da República, do Parlamento
nacional, para além das Assembleias
provinciais. Qual é o seu sentimento?
O meu sentimento é de missão cumprida.
No meio de alguma turbulência
conseguimos dirigir todo processo
eleitoral, desde o recenseamento, realização
de eleições autárquicas em 2013,
recenseamento geral em todo território
nacional, incluindo as zonas ora em
tensão político militar, realizaram-se
eleições e foram proclamados vencedores.
Do nosso lado é um espírito de
alívio porque conseguimos cumprir e
materializar todas as acções descritas
como sendo da nossa competência
como STAE.
Outra situação que nos deixou ainda
muito mais satisfeitos, é que iniciamos
o presente processo eleitoral no meio
de tensão político militar, grande parte
da etapas do mesmo foi feita no meio
do conflito, haviam zonas inseguras e
a incerteza era enorme. Porém, para o
agrado de todos, tudo teve um desfecho
satisfatório.
O senhor director diz que devido a situação
em que o país vivia, na altura,
houve incertezas em torno do processo
eleitoral. Pode nos explicar até que
nível a tensão política terá influenciado
nestas eleições.
Como disse antes, o processo teve
um desfecho agradável. Contudo, antes
disso houve de facto incertezas. O
primeiro grande impacto da tensão é o
estado de espírito dos cidadãos em relação
ao processo eleitoral. As eleições
têm relevância quando há eleitores,
partidos políticos, sociedade civil, órgãos
eleitorais e um ambiente próprio
para tal.
Também não podemos esquecer que
a Renamo não participou nas eleições
autárquica de 2013 e isso teve suas
consequências que até foram reconhecidos
pelo Conselho Constitucional na
validação das eleições autárquicas.
Outro grande constrangimento é que
O nosso processo eleitoral é complexo e oneroso
Por Raul Senda (texto) e Naita Ussene (foto)
para as eleições gerais e das assembleias
provinciais, o recenseamento devia ser
em todo território nacional. Acontece
que algumas partes do país estavam em
conflito e nós tínhamos que registar as
pessoas que lá estavam.
Como todos viram, houve necessidade
de se fazer alguns arranjos ao nível
político para que as nossas brigadas
entrassem nesses lugares. Até tivemos
que prorrogar o censo a fim de permitir
que as comunidades que se encontravam
em zonas de conflito, incluindo
o presidente da Renamo pudessem se
recensear.
São alguns dos impactos originados
pela tensão. Porém, tivemos outros
constrangimentos. Por força do nosso
calendário eleitoral, parte das nossas
actividades são realizadas no tempo
chuvoso. É o caso do censo. Por essas
alturas, a transitabilidade em alguns
pontos do país é bastante precária. Esse
factor também criou grandes dificuldades
as nossas brigadas para chegarem a
certas comunidades.
O senhor director diz que leva consigo
um sentimento de missão cumprida.
Como se o processo eleitoral teve
muitas assombrações.
Estou de consciência tranquila porque
sinto que como dirigente do STAE,
junto da máquina que compõe a instituição,
houve um esforço enorme no
sentido de se cumprir com todo plano
de actividades.
Sinto-me tranquilo porque, tudo que
tínhamos que fazer como órgão do
apoio, conseguimos.
Existem opiniões, existem pontos de
vista diferentes que é preciso respeitar.
Também não estamos a dizer que
somos infalíveis. Temos erros sim, mas
esses erros só aparecem onde há trabalho.
É bom lembrar que este foi o primeiro
processo eleitoral totalmente digitalizado.
Em 2008 e 2009 tivemos um
sistema misto. Manual e digital. Essa
experiência não prosseguiu porque foi
criticada por vários intervenientes incluindo
o Conselho Constitucional.
Levamos em conta as críticas e as sugestões
e o processo foi todo ele digital.
Era uma experiência nova, mas conseguimos
os nossos intentos.
É preciso lembrar que uma das grandes
queixas das partes interessadas nos
processos eleitorais era o nosso alegado
distanciamento do resto dos intervenientes.
Ouvimos a preocupação e nestas elei-
ções, trabalhamos de forma aberta,
garantimos a participação permanente
dessas organizações, esclarecemos dú-
vidas e desbloqueamos alguns entraves.
Que vantagens trouxe a digitalização
do processo eleitoral?
Muitas. Permitiu mais rigor no controlo
de duplas inscrições, acabámos
com aquelas situações em que o nome
e o número do cartão do eleitoral não
coincidisse com o dos cadernos entre
outros.
...mas tivemos situações em que os
eleitores não votaram porque os seus
nomes não constavam nos cadernos
eleitorais. O que aconteceu?
Foram situações identificadas e em
pequena escala e que tiveram nossa
intervenção imediata. O mesmo não
acontecia no passado.
Já vamos nas quintas eleições gerais,
segundas das assembleias provinciais
e quartas autárquicas. Porém os erros
são os mesmos. São eleitores que
não votam porque os cadernos foram
trocados ou os nomes não constam,
as assembleias de voto não abriram
entre outros. Porquê? Não será isso
intencional?
É preciso entender uma coisa. Para as
eleições gerais e das assembleias provinciais
de 2014 tínhamos que colocar
17.194 mesas de voto em todo o país.
Conseguimos abrir 17.190 mesas. Tivemos
a infelicidade de não abrir quatro
mesas numa zona do interior do
distrito de Lago, província de Niassa.
Agora, se nos avaliarem a partir das
quatro mesas que não abrimos no distrito
de Lago podem dizer que não
fomos perfeitos, mas se nos avaliarem
a partir das 17.190 mesas que abrimos
em todo território nacional e no estrangeiro
a avaliação deverá ser outra.
Entendemos que são dificuldades que
superam o nosso nível. O nosso país é
vasto, não tem acessos em condições e
há zonas recônditas e de acesso difícil.
Mesmo assim, accionámos toda logística
e conseguimos levar os eleitores as
urnas.
Também é preciso lembrar que como
resultado dos entendimentos políticos
entre o Governo e a Renamo, tivemos
um novo pacote eleitoral que nos obrigou
a reformular o nosso plano de actividades.
Esta lei, obrigou a todos níveis do
STAE, a inclusão de novos elementos
dos partidos políticos com representação
parlamentar, assim como para
compor as mesas de voto. Foi uma experiência
nova quer para os partidos
políticos, assim como para o STAE.
A entrada de membros dos
partidos políticos embara-
çou-nos em algum momento
Aparentemente saímos duma instituição
profissional para um organismo
partidarizado. Como é foi a
integração e a posterior convivência
dos membros dos partidos políticos
dentro do STAE?
A integração foi um pouco difícil porque
entraram no meio do processo. Tiveram
que fazer um esforço redobrado
para se poderem enquadrar e integrar.
Apesar de tudo não foi impossível. Do
nosso lado também, houve um enorme
esforço no sentido de ajudar esses colegas
a se integrarem.
O grande problema é que tendo em
conta a natureza desses elementos, havia
muita afinidade com os partidos que
representavam, o convívio era na base
da proveniência partidária, o mesmo se
verificava no capítulo referente a prestação
de contas. Tivemos que fazer um
trabalho no sentido de sensibiliza-los e
informar que o que nos diferencia é o
tempo e via de entrada nesta casa. Uns
do das primeiras eleições, em que a
desconfiança era enorme, a participa-
ção dos partidos políticos não foi tão
expressivo como no presente pleito.
Desta vez, houve uma integração muito
mais expressiva, até a mesa de assembleia
de voto, tudo no sentido de
garantir maior transparência possível.
O processo realizou-se, houve votação
e apuramento, os delegados assinaram
e receberam as actas editais e não recebemos
reclamações. As reclamações
começam quando o apuramento chega
ao nível distrital e na província.
Daquilo que me compete como dirigente
do STAE, acho que o trabalho
foi feito e houve muito esforço dos
membros da Assembleia de voto, incluindo
os membros dos partidos políticos,
no sentido de garantir maior
transparência.
Então qual é a razão de tanto barulho...
Essa é que a pergunta de todos nós.
Afinal o que está a falhar? mas é preciso
decifrar esse mito. Veja que para
além dos membros das mesas das assembleias
de voto, tivemos elementos
indicados pelos partidos políticos e
delegado de lista, também indicados
pelos partidos políticos, jornalistas e
observadores que acompanharam todo
processo de votação. Agora, a minha
questão é: como é que aparecem essas
anomalias? Temos sentar e estudar o
problema.
A oposição bem como parte dos observadores
nacionais concluíram que
as eleições não foram livres, nem justa
e nem transparentes. A Frelimo disse
que foram as mais justas e transparentes
da história democrática moçambicana.
Qual é o posição do STAE?
O STAE não se auto-avalia. Portanto,
deixo ao critérios de outros actores.
...E na óptica do director geral do
STAE
Os de fora é que devem fazer essa reparação.
A nós cabe-nos cumprir a missão
estabelecida na lei, procurar erros e
tentar corrigi-los.
O que posso dizer é envidamos todos
esforços no sentido cumprir a lei.
Eleições dispendiosas e complexas
Ao contrário doutros países da região,
onde um ou dois dias depois
da votação há resultados, o nosso
processo eleitoral é moroso. Depois
da votação fica-se meses a espera da
validação dos resultados facto que até
certo ponto cria desconfianças entre
os protagonistas. A que se deve?
Concordo plenamente contigo. O que
está acontecer na realidade é que a lei
determina que seja assim. A lei eleitoral
do Botswana, da Namíbia ou da
Zâmbia é muito mais flexível comparativamente
com a nossa. Permite a
proclamação dos resultados finais em
um ou dois dias.
A nossa lei tem pormenores bastantes
que vão da mesa de votação até a divulgação
dos resultados. Muitas dessas
etapas não acontecem noutros países.
Por exemplo, a nossa legislação eleitomuitos
problemas porque recebemos
quadros competentes e a altura do
processo. A nível provincial, a situação
também esteve razoavelmente bem, na
medida em que os partidos conseguiram
encontrar pessoas com mais facilidade
de adaptação. Agora, onde se
verificou mais o défice em termos das
habilidades do pessoal foi ao nível do
distrito. Os partidos tiveram dificuldades
de encontrar pessoas a altura de tal
forma que tivemos que fazer arranjos
em termos de integração e muitas pessoas
nem possuíam os requisitos mínimos
exigidos.
Isso dificultou a integração porque as
pessoas precisavam de ser preparadas.
A oposição exigiu a integração dos
seus membros para melhor fiscalizar.
Contudo, mesmo com os elementos
dos partidos políticos o barulho continuou
e a oposição não reconheceu
os resultados alegando fraude. A final
de contas o que aconteceu.
Em bom recordar que em 1994, aquanchegaram
através do concurso público
e outros por confiança político partidária.
Porem, uma vez aqui somos todos
iguais e devemos obediência a lei.
Felizmente, o nosso apelo foi acatado
e terminamos o processo eleitoral no
meio da convivência pacífica.
A entrada de representantes dos partidos
políticos no STAE trouxe vantagens
ou desvantagens... É
me difícil falar de vantagens e desvantagens.
O que posso dizer é que a pro-
fissionalização duma instituição é uma
coisa e a partidarização é outra.
Numa instituição profissionalizada, as
pessoas entram sabendo o que vão fazer.
A sua actividade é fazer aquilo que
é o seu dever. Na indicação partidária
as pessoas devem se ambientar, se livrar
dos encostos partidários e daí engrenar.
Isso leva o seu tempo. Trata-se dum
tempo que podia servir para fazer outras
coisas.
Vou fazer a questão de outra forma.
O senhor director trabalhou durante
algum tempo com uma instituição
profissional e depois partidarizada.
Para si qual é o modelo ideal?
Profissionalização significa que há um
órgão, há uma instituição com profissionais
e o objecto de trabalho concreto.
As pessoas dedicam o seu dia-a-dia
ao trabalho em que estão vocacionados
e interpretam devidamente a lei. Na
partidarização o cenário é totalmente
diferente. A inclinação e a confiança
partidária soam mais alto. A interpretação
da lei é de acordo com a proveniência
política partidária. Em algum
momento isso deturpa o sentido daquilo
que é o trabalho técnico.
Para dizer que a integração dos partidos
no STAE, em algum momento,
embaraçou o vosso trabalho.
Embaraçou. Veja que em vez de nos
concentrar apenas no trabalho, tivemos
que virar as nossas intenções para a
formação e enquadramento dos novos
colegas.
Até que ao nível central, não tivemos
ral preceitua que o apuramento comece
na mesa, passe pelo distrito, província,
nível central e por fim a validação. Isso
leva muito tempo, o que não acontece
noutros países.
Porquê é que Moçambique não adopta
mecanismos similares a dos países
da região
Isso não depende de nós. A nossa missão
é de executar. Os políticos, através
do órgão legislativo é que aprovam essas
leis. Se as coisas estão nestes moldes
é porque os partidos políticos se sentem
confortável com o sistema.
... Para dizer que os órgãos eleitorais
estão preparados para divulgar resultados
definitivos em dois ou três dias
depois da votação.
Exactamente. Se for a ver, nos últimos
processos eleitorais, os resultados provisórios
são divulgados dois ou três dias
depois da votação. Muitas vezes esses
resultados não fogem dos resultados
final.
Os imperativos legais tornam o nosso
processo eleitoral complexo e dispendioso?
Acho que é preciso encontrar mecanismos
que tornem o nosso processo
eleitoral mais simplificado e menos
oneroso. O nosso processo eleitoral é
complexo e oneroso.
Infelizmente, em prol da transparência
somos obrigados a produzir uma série
de documentos para distribuir pelos
delegados de mesa de todos partidos
políticos que participam no processo.
Isso é trabalhoso e oneroso.
A nossa máquina é pesada, tem custos
elevadíssimos para o erário público.
Veja que o nosso universo permanente
de funcionários era de cerca de dois mil
e dum momento para o outro, por causa
dos entendimentos políticos tivemos
que passar para oito mil funcionários.
Comparativamente com o mundo e
a região em que posição estamos em
termos de gastos? Estou a falar da
média daquilo que o Estado despende
por cada eleitor.
Não tenho dados recentes mas os nú-
meros dispararam tanto. Pior com o
novo pacote eleitoral. Já em 2008/2009
o nosso processo eleitoral era dos mais
caros da região e do mundo. Enquanto
que a media mundial e regional era de
três dólares por cada eleitor, em Mo-
çambique cada eleitor custava nove
dólares.
Contudo, temos que perceber que cada
país é um caso. A democracia de cada
país tem sua história. Na vertente mo-
çambicana é preciso entender que a
democracia é resultado dum conflito
armado e o nível de desconfiança é
enorme entre as partes. Veja que depois
de se ter optado pela profissionalização
dos órgãos eleitorais, dum momento
para o outro, foram incluídos membros
de partidos políticos. Aquilo aconteceu
porque tínhamos que fazer algo para
atingir um nível em que houvesse con-
fiança entre as partes.
Noutros países, as eleições são motivo
de festa e da consolidação da democracia.
Em Moçambique são causa
de incerteza. Por quê senhor director?
Penso que a incerteza surge do contexto
em que se realizam as eleições.
Por exemplo, entrámos neste processo
eleitoral sob aspecto de tensão político
militar. Isso não deixa as pessoas sossegadas
mas acho que isso não será permanente.
É uma situação passageira.
A desconfiança existe porque algumas
partes, no passado estiveram em con-
flito armado e, até hoje, ainda não se
desanuviaram. Cada momento é uma
história e tem seus protagonistas. No
futuro, teremos gerações que não tem
nada a ver com as armas e a confiança
será enorme.
Há bastante tempo que se fala do voto
electrónico, mas nunca se implementa.
Para quanto o votação electrónica?
Podemos remeter isso para a aprecia-
ção junto aos órgãos competentes e a
outros actores do processo eleitoral.
É preciso compreender que toda alteração
deve ser bem estudada, bem coordenada
e ter anuência dos seus actores
principais.
Não é algo que pode ser pensado apenas
pelo STAE ou CNE, mas por outros
actores do processo.
O país possui condições logísticas
para a introdução do voto electrónico?
A logística cria-se. É preciso fazer estudos
que podem apurar com exatidão
quais é que podem ser os reais custos
dessa modernização.
Um dos factos que marcou pela negativa
o presente processo eleitoral, foi
o roubo de boletins de voto, em circunstâncias
estranhas quando estavam
à caminho da província da Zambézia.
Como é que ficou o processo?
Os autores foram identificados, já
foram condenados?
O assunto está com as autoridades
judiciais. Neste momento, não tenho
detalhes sobre o estágio da tramitação
processual.
Quando se fala do processo eleitoral
equivale falar duma situação em que
está em jogo a soberania de um Estado.
Como é que o material dum processo
híper sensível como é o caso de
eleitoral fica assim tão vulnerável?
Isso não é verdade. O cuidado em termos
de segurança foi total. Os órgãos
eleitorais observaram todos requisitos
para o transporte do material daquela
natureza, incluindo a segurança. Agora,
as pessoas que foram confiadas a segurança
em algum momento se descuidaram.
Não sabemos quais é que foram
as motivações. Deixamos o procedimento
disciplinar e o apuramento das
causas do incidente com as autoridades
competentes. Nós fizemos a nossa parte
que consistiu na destruição de todo
aquele lote e pedir novo material.
Para dizer que ao nível do STAE ninguém
foi penalizado. Da nossa parte
observou-se todos requisitos. Os agentes
da polícia é que desobedeceram. Ao
nível da polícia houve penalização dos
agentes. Lembrar que aquilo foi um
caso insólito e isolado. Mas nós como
STAE conseguimos evitar que o facto
tivesse consequências no processo e
conseguimos.
A produção do material eleitoral
é muito sensível que até mexe com
questões da soberania. No entanto,
no nosso país essa actividade é adjudicada
a empresas nacionais que
por falta de capacidade juntam as
estrangeiras. Por que é que os órgãos
eleitorais não tratam o assunto directamente.
Vontade não nos falta mas temos que
cumprir aquilo que é a legislação vigente
em Moçambique. A lei obriga
que haja concurso público e não podemos
fugir disso. A lei nos impede de
comprar material sem concurso.
STAE politicamente
independente?
Senhor director, o STAE é politicamente
independente ?
O STAE é independente sim porque
cumpre plenamente com lei. No seio
dos nossos funcionários, há convicções
politicas o que é normal e faz parte dos
direitos dos cidadãos, mas o importante
é o cumprimento da lei.
O que conta é o dever do funcioná-
rio de trabalhar com imparcialidade.
Mesmo com a chegada do pessoal dos
partidos políticos, fizemos questão de
incutir a mentalidade que se deviam livrar
das conivências politicas e cumprir
escrupulosamente com a lei.
...É que algumas correntes defendem
que as falhas do STAE abundam mais
nas regiões onde a oposição domina.
Desafio essas correntes a provar que
viu tantos casos na zona X sob domí-
nio deste partido e tantos na zona Y
sob domínio de outro partido porque,
sem isso, é difícil aferir a veracidade dos
factos.
Sei que tivemos falhas. Mas isso aconteceu
por todo país. Tivemos falhas
em Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala,
Zambézia, Nampula e noutros círculos
e na medida do possível procuramos
todas formas de rectificar.
Entendo isso como aproveitamento
político e nós como órgão eleitoral não
podemos cair nessas malhas. Devemos
continuar a fazer o nosso trabalho com
serenidade, isenção, imparcialidade e
profissionalismo.
E quanto a contratação de empresas
ligados a membros da Frelimo para
produzir material eleitoral?
O STAE apenas lança concurso. Nesse
anuncio há requisitos. Uma vez cumpridos
os requisitos nada podemos
fazer. A avaliação não é feita segundo
os nomes dos donos. Isso nem nos interessa.
O que queremos são qualifica-
ções estabelecidas na lei.
O director do STAE é membro de que
partido?
Em qualquer profissão o mais importante
é o profissionalismo. Podemos ter
simpatias partidárias, mas se formos
profissionais, nada irá pôr em causa o
nosso trabalho. Porém, como é normal,
neste tipo de actividades é natural que
o perdedor nos relacione com o vencedor.
Mas qual é o partido do senhor director..
Isso é pessoal e o voto é secreto
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