Recebida como uma das propostas
mais interessantes do
discurso de tomada de posse
do chefe de Estado, a redução do tamanho do Governo ficou
aquém das expectativas, como reconheceu
o próprio Filipe Nyusi, na
última segunda-feira, durante um
encontro com representantes da chamada
“Geração 08 de Março”.
“A redução do Governo não foi significativa,
para 22 ou 23 ministérios,
entramos com essa ideia, se calhar
poderíamos ter reduzido mais, mas
não foi possível”, disse Nyusi, explicando
o facto de a sua promessa de
formar um executivo mais leve não
ter sido concretizado na escala em
que deu a entender quando foi investido
no cargo este ano.
O Presidente da República explicou
depois a decisão de criar novos ministérios,
apontando o caso do Ministério
da Terra, como uma decisão
derivada da necessidade de ter um
pelouro que apenas gerisse a terra.
“Pensámos num ministério que se
ocupasse da terra para os recursos naturais,
da terra necessária para a agricultura
e para outros fins”, assinalou
Redução do número de ministérios
Nyusi admite que podia ter sido mais ousado
Por Ricardo Mudaukana
Filipe Nyusi, argumentando ainda
a tese que esteve por trás da criação
do pelouro da Segurança Alimentar
anexado ao Ministério da Agricultura.
De acordo com Nyusi, a grave carência
alimentar que parte substancial
da população moçambicana enfrenta,
justifica uma atenção redobrada por
parte do Governo, contexto que pesou
para a criação do Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar.
“Precisávamos de um ministério
que se ocupasse apenas da produção
de comida, porque a nossa popula-
ção precisa de alimentação, devido
à situação de carência alimentar que
enfrenta”, afirmou o chefe de Estado
moçambicano.
O Presidente da República apontou
ainda o novo Ministério da Educação
e Desenvolvimento Humano, como
uma opção que mostra a sua aposta
no provisão de direitos essenciais às
futuras gerações.
Em relação ao Ministério do Mar,
a ideia é permitir a capitalização do
potencial da economia marítima de
que Moçambique dispõe, nomeadamente
ao nível dos recursos piscató-
rios, acrescentou Filipe Nyusi.
Manutenção da paz
No encontro com os “oitomarcistas”,
como os membros do grupo se auto-
-intitulam, Filipe Nyusi frisou que a
sua aposta é a manutenção da paz,
considerando que sente que pode
ter feito mais para a estabilização do
país.
Colocar o desenvolvimento do país
ao serviço do combate à pobreza, é
outra das prioridades da governação,
assinalou o chefe de Estado moçambicano.
Com idades entre os 45 e os 65 anos,
alguns já reformados ou à beira disso,
os “oitomarcistas” fazem parte do
grupo de então jovens que em 1977,
foram obrigados a interromper os estudos
para ocupar as posições abandonadas
pelos técnicos portugueses
na administração pública, principalmente
na educação, como forma de
garantir a continuação dos serviços.
A decisão foi explicada pelo falecido
Presidente Samora Machel como
uma necessidade patriótica. “Não é o
que tu queres, não é o que eu quero,
é o que nós queremos, o que o povo
quer”, sintetizou, dessa forma, Machel,
a urgência da decisão, numa
reunião realizada a 07 de Março de
1977.
Sem comentários:
Enviar um comentário