Até hoje, as escaramuças de Sócrates com a Justiça tinham sido apenas para aquecer.
Mesmo a rejeição do habeas corpus ocorrida ontem não adiantava nada quanto à substância do processo, pois o que estava em causa eram questões de forma.
Hoje, porém, foram pela primeira vez analisadas questões de substância. E não foram analisadas nem pelo Ministério Público nem pelo odiado juiz Carlos Alexandre – mas sim por um colectivo de juízes que não conhecia o processo e estava também a consultá-lo pela primeira vez.
Ora esse colectivo, por unanimidade, considerou haver "fortes indícios" de Sócrates ter praticado os crimes de que é suspeito. Ou seja, os crimes de evasão fiscal, branqueamento de capitais e corrupção passiva.
Esta decisão da Relação também desmente tudo o que Sócrates vinha a dizer: que não havia provas, que todas as suspeitas sobre ele assentavam em presunções, que este era um processo político.
Pela primeira vez, a substância do processo saiu do circuito Ministério Público – juiz Carlos Alexandre e o resultado foi o que se viu: uma confirmação por unanimidade do trabalho da investigação.
Foi a primeira condenação de José Sócrates. A partir daqui, o ex-primeiro-ministro não pode voltar a fazer as mesmas críticas à Justiça, nem pode voltar a apontar o dedo a Rosário Teixeira e Carlos Alexandre. É que, agora, há muito mais juízes responsáveis pela sua prisão.
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