editorial
O assassinato bárbaro, na manhã de ontem, do constitucionalista Gilles Cistac volta a colocar a nú a podridão do Estado e do Governo moçambicano. Uma podridão que continua a ser apadrinhada por gente que quer continuar a semear um Estado em que reina o terror e a insegurança.
Terror e insegurança, se calhar, para continuar a assegurar business para as várias empresas de segurança e protecção que alimentam as contas e bolsos de um grupo de “moçambicanos de primeira” e seus parceiros.
Ninguém, neste momento, consegue dissociar o assassinato de Gilles Cistac com os pronunciamentos e opiniões que vem defendendo nos últimos dias em torno da perda de mandato dos deputados da Renamo e ainda a polémica questão das regiões ou províncias autónomas.
É uma morte encomendada, tal como aconteceu com Cardoso, Siba Siba e outros.
Por estar claro que alguém mandou matar, a pergunta que nunca se irá calar é: quem mandou matar? De onde vem a ordem?
Só os homens de Basílio Monteiro e de Jorge Khalau poderão dar essa resposta. Porque este é um assunto que põem em causa todo um Estado, a resposta em relação a essa pergunta deve vir particularmente do próprio Presidente da República, isso se Filipe Nyusi quiser provar aos moçambicanos que efectivamente, no seu coração, cabem todos os moçambicanos, de igual forma.
Filipe Nyusi jurou defender a Constituição da República. Logo, jurou defender os moçambicanos e todos os cidadãos que, por qualquer razão, passam por este país. É momento de Filipe Nyusi accionar todas as instituições no sentido de estas trazerem a resposta o mais urgente possível. Se quiser efectivamente provar aos moçambicanos que o seu juramento foi verdadeiro (não apenas discurso politico), Filipe Nyusi pode conseguir esclarecer as circunstâncias do macabro crime. Filipe Nyusi tem Os Serviços de Informação e Segurança de Estado, tem a Procuradoria-GeraldaRepública,temaPolícia de Investigação Criminal, entre outras entidades que, querendo e havendo vontade pode sim dizer aos moçambicanos, quem mandou matar o Professor Gilles Cistac.
Se o Presidente da República não agir, o mal vai se enraizando e Filipe Nyusi torna-se cúmplice do crime organizado e da promoção de um Estado de arbitrariedades, um Estado onde vai reinar apenas a lei da selva, um Estado em que só quem tem arma em punho vive.
Precisamos urgentemente de frear este andamento, pois, não estamos na época da revolução, onde era normal mandar fuzilar.
(fernando.mbanze@mediacoop.co.mz )
MEDIAFAX – 04.03.2015
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