Era tao bom que o Meu Candidato pudesse participar num Debate Televisivo.
Os debates televisivos entre os principais candidatos presidenciais têm sido um dos principais atractivos das campanhas presidenciais em muitos países do mundo. Normalmente, os candidatos são indivíduos com elevado sentido de Estado que, divergindo embora radicalmente do outro concorrente, tratam-no no entanto com a dignidade e deferência que um semelhante merece.
Daqui de Mabote onde me encontro, tenho muito mais tempo para ver televisão à noite. Assisto quase que na íntegra os Diários de Campanha da TVM e tenho constatado um facto curioso. Um dos candidatos presidenciais nunca se refere aos seus concorrentes, nem aos seus Partidos. Com sentido de Estado invulgar, expõe com serenidade, com honestidade, as suas opções de governação. Fa-lo sem demagogias, sem populismos e sem promessas irrealizáveis.
Porém, o outro candidato, os militantes do seu e do outro Partido chamam ao primeiro candidato e seus correligionários nomes abaixo de ladrão. Pensando, quiçá, que o termo "comunista" seja um insulto, repetem essa palavra com caras e aspecto de quem pronunciou a mais abjecta invectiva. Esse candidato e os outros adversários não têm sequer qualquer pudor em faltar à verdade (ouvimos, atônitos, o membro sênior do MDM, o doutor Rongoane, a ensinar-nos que Kamba Simango, o conhecido proto-nacionalista moçambicano falecido em Accra, era bisavô de Daviz Simango!!!! Uma enormissima mentira). O tempo que dedicam a expor os seus programas de governação é mínimo, se comparado com aquele que desperdiçam e vilipendiar o primeiro candidato e os seus correligionários.
Será que poderia ser considerado um acto responsável que o Partido do primeiro candidato o deixasse ir a um debate televisivo com tais adversários político? E permitir que, depois de ele haver exposto com equanimidade, com serenidade, o seu pensamento político, receba dos outros participantes do "debate" respostas esclarecidas como "basta, seu corrupto!"' "Essa barriga grande é dinheiro roubado" (como se eles fossem magros), "estamos cansados de ser roubados", podendo acontecer que quem faz esta última interjeccao tenha, no seu parque, um número invulgar de viaturas? Nao seria de esperar que, para proteger a dignidade ameaçada do primeiro candidato, o seu Partido vetasse a sua participação num tão (previsivelmente) esclarecido, inteligente e barulhento debate?
Veja-se que há um candidato que nao entrou ainda na liça! Mas, conhecendo o seu rico vocabulário político de campanha anteriores, teríamos poucas duvidas de sugerir que, com a sua participação, o tal ambicionado debate ganharia muito em substância e em qualidade!
Era tão bom que o meu Candidato pudesse participar num debate normal!
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