Na vanguarda da corrida ao parlamento estão participantes de combates no Sudeste do país e ativistas do movimento Maidan. O parlamento promete tornar-se de direita e extremamente nacionalista.
Mas a campanha eleitoral já conseguiu opor correligionários apoiantes do Maidan. Eles não apenas se recusaram a criar blocos unidos, mas conseguiram brigar com seus ex-aliados e agora estão dispostos a esmagar os oponentes por todos os meios possíveis.
Dada a vida turbulenta da Ucrânia nos últimos meses, a campanha, logicamente, deveria, no mínimo, estar trovejando por todo o país. Mas em vez disso, os campos de batalha eleitorais estão em silêncio, como se o resultado fosse conhecido de antemão. A batalha transferiu-se para os campos das agências de classificação.
O mais recente Bloco de Piotr Poroshenko, o presidencial, classifica-se consistentemente em primeiro lugar nas sondagens. Atribuem-lhe (dependendo do dono da empresa que realizou o estudo) entre 25 e 37 por cento dos votos. O próprio Poroshenko é dono de uma grande parte da mídia eletrônica ucraniana e de uma estação de televisão.
Em princípio, nas próximas eleições se repetirá o cenário da eleição de Poroshenko a presidência do país, quando não havia nenhuma concorrência real nem mesmo campanha eleitoral, houve apenas classificações, acredita o deputado da Suprema Rada da Ucrânia Alexander Golub:
“Esta campanha não tem nada a ver com eleições livres e democráticas. As regiões de Donetsk e Lugansk, com uma população de cerca de 7 milhões de pessoas, cerca de 2,5 milhões de eleitores, um sexto da Ucrânia, não irão votar. Em 40 regiões é impossível realizar eleições de todo. E naquelas partes do Sudeste que estão ocupadas pelas tropas de Kiev, as eleições serão falsificadas”.
No novo parlamento, o número de deputados verdadeiramente independentes será tão insignificante que simplesmente não os vão deixar trabalhar. E dado o gosto bem conhecido do atual parlamento por brigas e quezílias, acredita Alexander Golub, o novo parlamento não vai durar mais de um ano.
Quem mais precisa da vitória do bloco pró-presidencial é o próprio Poroshenko, que não tem nenhum apoio real no parlamento, e também aqueles que ainda acreditam na possibilidade de alcançar a paz e a tranquilidade na Ucrânia. Pois foi justamente Poroshenko que concordou com o plano de resolução pacífica em Donbass e está disposto a começar negociações com a Novorossiya.
Isso pode explicar a popularidade de seu bloco: os ucranianos estão cansados de guerra, supõe o diretor-geral do Conselho russo de Assuntos Internacionais Andrei Kortunov:
“Independentemente de como correrem as eleições para a Rada e de que partido ficará no poder, haverá a obrigação de implementar o plano que Poroshenko propôs. E se o conflito for prolongado, o tempo vai jogar contra Kiev. No leste vai continuar o processo de consolidação da soberania. Independentemente da vontade ou relutância de Moscou. Serão fixadas posições de negociação cada vez mais renhidas. Para preservar a Ucrânia o diálogo deve começar agora”.
Em segundo e terceiro lugares, segundo pesquisas de opinião, estão o Partido Radical de Oleg Lyashko e o Pátria (Batkivschina) da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko. A eles atribuem 14-20 por cento dos votos. Por enquanto, a Frente Popular dos antigos “cavaleiros de Tymoshenko” que abandonaram sua “princesa do gás” (o premiê Yatsenyuk, o presidente do parlamento Alexander Turchinov, e o ministro do Interior Arsen Avakov) está um pouco atrás deles.
Pelo quarto-quinto lugar está lutando o partido nacionalista Svoboda (Liberdade) de Oleg Tyagnibok. A seguir, estão aqueles que esperam apenas superar a barreira de 5 por cento. A Ucrânia Forte do empresário Serguei Tigipko, de entre uma meia dúzia de partidos moderados.
As chances da oposição de ganhar lugares no parlamento são bem pequenas, acredita o editor-chefe do jornal Kievsky Telegraf, o analista político ucraniano Vladimir Skachko:
“Talvez, em alguns distritos, apesar da pressão, sejam eleitos deputados que representam forças de esquerda não nacionalistas. Mas em geral, na Ucrânia já foi concluída a limpeza dos segmentos pró-russo e de esquerda. Há uma grande probabilidade de que o cisma político interno na Ucrânia se venha a aprofundar”.
Segundo as previsões de analistas ucranianos, o novo parlamento vai se deparar com uma diarquia de partidos no poder: a Frente Popular de Yatsenyuk e o Bloco de Piotr Poroshenko. A base real da “frente” não são nem de perto os “comandantes” de batalhões de voluntários da operação antiterrorista, mas uma camada ministerial-governadora encabeçada por Yatsenyuk. Com tais recursos administrativos o premiê dificilmente perderá. Tudo vai depender das forças com quem os “veteranos de guerra” e Poroshenko conseguirem formar uma coalizão. Em qualquer caso, o novo parlamento não vai trazer estabilidade à Ucrânia.
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