Renamo “opôe-se” à ideia do desarmamento
Segundo José Pacheco
- “Agora estamos a resolver a questão prévia relacionada com o cessar-fogo e isso não anula a discussão do ponto dois da agenda que é sobre a defesa e segurança”, Saimone Macuiana, Chefe da delegação da Renamo
- “...nós queremos que haja cessação das hostilidades, mas também queremos que haja desarmamento e reinserção dos seus homens, e a Renamo parece opôr-se a ideia do desarmamento”, José Pacheco, Chefe da delegação do Governo
Por: Dionildo Tamele
As delegações do Governo e da Renamo, no diálogo político em curso no Centro Internacional de Conferências Jaoquim Chissano, fixaram, na última ronda negocial, o período de 135 dias, prorrogáveis, para a estadia dos observadores internacionais no país, que vão supervisionar e observar a cessão das hostilidades e verificar e acompanhar a implementação das decisões que serão tomadas em relação ao ponto da agenda que tem a ver com as Forças de Defesa e Segurança (FDS).
As duas delegações acordaram ainda que 10 dias após o encerramento da discussão sobre os termos de referência, os observadores poderão estar em Moçambique.
Todavia, as delegações não encerraram a discussão referente aos termos de referência sobre a participação dos observadores internacionais, visto que a Renamo entende que a função deste grupo será também de verificar e acompanhar a implementação das decisões que forem tomadas em relação as FDS.
A missão de observadores, que será lidera por Botswana, é composta pelo Zimbabwe, a África do Sul, Cabo-Verde, Quénia, Itália, Portugal, Grã-Bretanha e Estados Unidos de América. Este grupo será composto por 70 observadores nacionais e 23 internacionais.
As partes mostraram-se confiantes que dentro dos 135 dias, período fixado para a estadia dos observadores internacionais no país, será resolvida a questão de cessação das hostilidades.
Entretanto, a Renamo parece não estar interessada em discutir, em sede do diálogo político, que vai na sua 50ª ronda, a questão relativa à sua desmilitarização e, consequente, reinserção dos seus guerrilheiros.
Falando em conferência de imprensa momentos após o término de mais uma ronda negocial, o Chefe da delegação do Governo e Ministro da Agricultura, José Pacheco, disse que o “desafio agora é de que os nossos colegas não resistam à desmilitarização e à reinserção social”.
“A Renamo parece que quer, e nós também queremos que haja cessação das hostilidades. Mas também nós queremos que haja desarmamento e reinserção dos seus homens. Os moçambicanos querem uma paz duradoira, mas isso passa por um partido não deter forças militarizadas e que eles possam, realmente, desarmar”, lamentou José Pacheco.
Questionado sobre a alegada falta de interesse de desarmamento da Renamo, o Chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, respondeu nos seguintes termos, “agora se está a resolver a questão relacionada com o cessar-fogo e não como desarmamento”.
“Estamos a resolver uma questão prévia que tem a ver com o cessar-fogo e isso não anula a discussão do ponto dois da agenda que é sobre a defesa e segurança”.
Saimone Macuiana manifestou-se optimista que dentro dos dias estabelecidos será resolvida a questão de cessão de hostilidades entre as Forças de Defesa e Segurança e os homens armados da Renamo, com maior incidência no centro do país, concretamente, na Província de Sofala.
Macuiana frisou que a sua delegação considera que é um período que se pode resolver o problema sublinhando, porém, que se não chegou a um acordo em relação a função e as tarefas dos observadores internacionais, porque, no entendimento das partes, os observadores, para além de supervisionar e observar o cessar-fogo também têm a função de verificar e acompanhar a implementação das decisões que formos a tomar em relação ao ponto da agenda que tem a ver com as forças de defesa e segurança.
O também deputado da Assembleia da República, assinalou que se as duas partes tivessem terminado o assunto relacionado com a função dos observadores, naquela sexta-feira dariam por encerrado os pontos que tem a ver com os termos de referência e passariam, próxima semana, a discutir as garantias do cessar-fogo, ou seja, as garantias da cessação dos ataques militares.
DIÁRIO DO PAÍS – 08.04.2014
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