A Hora das Decisoes
Ja nao ha mais duvidas. Chegou o momento das decisoes. No inicio, era apenas uma questao de dois lideres desavindos, mas agora, percebe-se, e um assunto muito mais fracturante.
Guebuza, como empresario que e, esta habituado a arriscar. Dhlakama, como ex-guerrilheiro que foi, mesmo nao querendo, teve de faze-lo tambem, porque percebeu que tinha chegado a hora mais importante da sua vida. Iludam-se aqueles que contabilizam as mortes civis e extrapolam nelas as emocoes contidas de todos nos. Nao ha guerra sem mortes. Julgar o modo como se mata ou se morre e cinismo politico. O militar, o policia, o ex-guerrilheiro, despidos de armas e farda, sao tao civis como todos nos. A sua morte e tambem uma familia enlutada. E um encargo adicional para toda sociedade pacificar as mentes. Isso e o que chamo de BIG PICTURE.
Guebuza arriscou o seu cavalo. E decidiu responder para dentro e fora da FRELIMO. Porque acredita no seu projecto politico. A sua determinacao, enquanto lider, ate lhe pode colocar como a "pessoa certa, no momento certo" para a FRELIMO ou para os cultores do sacralizado "Estado de Direito" que hoje faz parte da cartilha dos neo-liberais mocambicanos, nao importa a sua cor politica. O seu metodo e que e incompativel com os canones democraticos. Porque se faz com base no messianismo politico. E porque tem como consequencia um novo e perigoso destino para os que nao estao com ele. Iludem-se aqueles que acreditam que com o ocaso fisico e politico da RENAMO, o seu espaco sera tomado pelo MDM. Porque confiam na comunidade internacional. Porque confiam no Facebook. Nada mais ilusorio. Vao ter de tomar partido agora. Ou estarao com Guebuza. Ou estarao contra ele. E no seu modelo de sociedade, so contam os que estao com ele. Os indecisos, que hoje sao a maioria da populacao, tambem nao contam. Como elemento neutro da contenda actual, virao estar - a contragosto - com ele. Ja vimos este filme no passado. Onde vigorosos criticos do regime se converteram, qual cristaos-novos, nos seus mais acerrimos defensores, para sobreviverem.
Guebuza tem, ate ao inicio das chuvas, o tempo concedido pelas "mais-valias", pelo OGE e pela "indiferenca" da comunidade doadora, que cumprir a promessa feita ao Capital de estabelecer um clima propicio para a continuacao dos investimentos. Se ate la, os assuntos estiverem pendentes, entrara numa governacao de recurso com todos os riscos que isso lhe podera acarretar quer do ponto vista politico. Quer do ponto de vista pessoal. Mas, mais importante, pela primeira vez, o eleitorado vai associar a FRELIMO a actuacao do seu lider. Nao e por acaso que a "velha" guarda vem antecipadamente marcar posicao, a espera do que der e vir. E e justamente isso que justifica a ida relampago de Vaquina a Luanda. Nao e a primeira vez que o regime angolano salva a FRELIMO do KO tecnico. Fe-lo sucessivamente nos anos 70-80, pagando os salarios de toda a Funcao Publica, fornecendo combustivel refinado, que era racionado com cartoes ou mesmo, colocando armamento na provincia de Tete para protege-la de Ian Smith que poderia ter sabotado Cahora-Bassa, com o contra-almirante "Toka" na batuta. Nao foi por acaso que esta personagem que se "exilou" em Cuba, se tornou no primeiro embaixador angolano em Mocambique corria o ano de 1993, onde, uma vez mais, foi responsavel pela operacao financeira que permitiu a vinda dos "magicos" VOX POPULI, e com eles, a IURD como moeda de troca. Todos os observadores dos acontecimentos da epoca sabem muito bem que se nao fosse esta injeccao de apoio de Luanda, a FRELIMO poderia ter sido levada a um empate tecnico, pese embora, consensualmente, Chissano sempre tivesse sido o favorito.
Esta intervencao militar na Gorongosa obriga a esforco extra da nossa economia. E nos ja vimos como, ao lermos as proclamacoes do Banco Central. E como toda guerra, e tambem um projecto "economico" de recurso. O seu sucesso depende da manutencao das fontes de financiamento, seja por estes "aliados naturais", seja por promessas de outra indole. Por exemplo, renegociar permanentemente a questao das mais-valias num "quem da mais, quem da mais" diabolico. E evidente que se a isto associarmos o risco politico que acarreta qualquer mega investimento nos tempos que correm, mal ficara o pais que precisa desesperadamente de recursos para fazer a guerra. Pois ira vender o que tem ao desbarato e por muitas decadas. A Maldicao dos Recursos dos condenados da Terra de Fanon e isto.
Ha pois que despir as analises emotivas na nossa imprensa, com fotos e imagens a condizer, que ate vendem muito papel ou fazem um ruido enorme. O que esta em causa neste momento e saber se Guebuza triunfa ou nao na tactica que ensaiou contra a sua "Oposicao". E que nao haja duvidas, o messianismo do seu projecto impede de separa-los por ideologias, credos, racas ou mesmo partidos politicos. Ou seja, nesse grupo estao os seus colegas de partido que com ele nao privam; a sociedade civil que nao lhe reverencia; os agentes economicos que ao seu projecto nao se associam; os partidos politicos que nao concordam com a sua governacao; e, como e obvio, o seu maior contendor a um possivel mandato presidencial via parlamento. O sr. Afonso Dhlakama, que com um punhado de homens armados ainda se arrisca a ser coroado como "Martir" da democracia mocambicana. Inedito numa formacao politica de Direita. Mas em Mocambique, como diz um dos testas-de-ferro dos business de Guebuza: - E possivel!
E e nesse contexto que surge o G-40. Nao como uma vanguarda eleitoral, mas como um balao de ensaio para continuidade do projecto messianico de Guebuza, que nos conduzira ao Ministerio da Informacao, no qual, destes jovens militantes se escolherao os futuros burocratas ministeriais. O modelo angolano e muito inspirador neste aspecto. Mas ha aqui questoes eticas que devem residir nas mentes dos que amam a liberdade de expressao e pensamento. E picuinhas o intelectual do Governo que veio um dia a terreiro reclamar do maniqueismo que se instalou em nos, ao rebocarmos todo exercicio de livre expressao como pro ou contra G-40. So ele nao ve a incompatibilidade entre os canones da democracia e o projecto politico de Guebuza que cegamente defendem. Por isso, sao cumplices de um exercicio totalitario e neo-stalinista, transvestido de Mobutu. E nao nos venham com palavras mansas, bolodorios filosoficos. Ditadura e ditadura. E ela nao e compativel com Democracia. Quem defende actos ditatoriais, nao pode depois falar em nome do DEMOS (povo). Isso e um contra-senso.
E por ultimo, esclarecer os esperancosos crentes numa intervencao paternalista da Europa e dos EUA que nao percam mais tempo. Ha muito que o modelo de relacoes bilaterais tinha evoluido da simples doacao ao OGE e cooperantes, para a transformacao da divida da ajuda ao desenvolvimento em HIPIC, e assim, num Fundo ao dispor de pequenas e medias empresas a beira da falencia que procuram o mercado "vazio" de Mocambique. Hoje, a unica inovacao, e o grande investimento das multinacionais, mas a matriz financeira e a mesma. E o modelo bilateral tambem. Em suma, se os seus investimentos estiverem assegurados. Seus expatriados protegidos com seguranca privada contra sequestros e terroristas em condominios fechados, ou em edificios multi-usos na Sommerschield ou Ponta Vermelha, que se danem os locais, desde que estes nao interfiram com os seus negocios. Por isso, meus senhores, e tempo de tomar uma posicao perante o "status-quo" actual. E tomar uma posicao inequivoca, mas que seja para sempre! Nao importa qual. E sem lamechices telenovelescas adicionais.
Disse.
Ja nao ha mais duvidas. Chegou o momento das decisoes. No inicio, era apenas uma questao de dois lideres desavindos, mas agora, percebe-se, e um assunto muito mais fracturante.
Guebuza, como empresario que e, esta habituado a arriscar. Dhlakama, como ex-guerrilheiro que foi, mesmo nao querendo, teve de faze-lo tambem, porque percebeu que tinha chegado a hora mais importante da sua vida. Iludam-se aqueles que contabilizam as mortes civis e extrapolam nelas as emocoes contidas de todos nos. Nao ha guerra sem mortes. Julgar o modo como se mata ou se morre e cinismo politico. O militar, o policia, o ex-guerrilheiro, despidos de armas e farda, sao tao civis como todos nos. A sua morte e tambem uma familia enlutada. E um encargo adicional para toda sociedade pacificar as mentes. Isso e o que chamo de BIG PICTURE.
Guebuza arriscou o seu cavalo. E decidiu responder para dentro e fora da FRELIMO. Porque acredita no seu projecto politico. A sua determinacao, enquanto lider, ate lhe pode colocar como a "pessoa certa, no momento certo" para a FRELIMO ou para os cultores do sacralizado "Estado de Direito" que hoje faz parte da cartilha dos neo-liberais mocambicanos, nao importa a sua cor politica. O seu metodo e que e incompativel com os canones democraticos. Porque se faz com base no messianismo politico. E porque tem como consequencia um novo e perigoso destino para os que nao estao com ele. Iludem-se aqueles que acreditam que com o ocaso fisico e politico da RENAMO, o seu espaco sera tomado pelo MDM. Porque confiam na comunidade internacional. Porque confiam no Facebook. Nada mais ilusorio. Vao ter de tomar partido agora. Ou estarao com Guebuza. Ou estarao contra ele. E no seu modelo de sociedade, so contam os que estao com ele. Os indecisos, que hoje sao a maioria da populacao, tambem nao contam. Como elemento neutro da contenda actual, virao estar - a contragosto - com ele. Ja vimos este filme no passado. Onde vigorosos criticos do regime se converteram, qual cristaos-novos, nos seus mais acerrimos defensores, para sobreviverem.
Guebuza tem, ate ao inicio das chuvas, o tempo concedido pelas "mais-valias", pelo OGE e pela "indiferenca" da comunidade doadora, que cumprir a promessa feita ao Capital de estabelecer um clima propicio para a continuacao dos investimentos. Se ate la, os assuntos estiverem pendentes, entrara numa governacao de recurso com todos os riscos que isso lhe podera acarretar quer do ponto vista politico. Quer do ponto de vista pessoal. Mas, mais importante, pela primeira vez, o eleitorado vai associar a FRELIMO a actuacao do seu lider. Nao e por acaso que a "velha" guarda vem antecipadamente marcar posicao, a espera do que der e vir. E e justamente isso que justifica a ida relampago de Vaquina a Luanda. Nao e a primeira vez que o regime angolano salva a FRELIMO do KO tecnico. Fe-lo sucessivamente nos anos 70-80, pagando os salarios de toda a Funcao Publica, fornecendo combustivel refinado, que era racionado com cartoes ou mesmo, colocando armamento na provincia de Tete para protege-la de Ian Smith que poderia ter sabotado Cahora-Bassa, com o contra-almirante "Toka" na batuta. Nao foi por acaso que esta personagem que se "exilou" em Cuba, se tornou no primeiro embaixador angolano em Mocambique corria o ano de 1993, onde, uma vez mais, foi responsavel pela operacao financeira que permitiu a vinda dos "magicos" VOX POPULI, e com eles, a IURD como moeda de troca. Todos os observadores dos acontecimentos da epoca sabem muito bem que se nao fosse esta injeccao de apoio de Luanda, a FRELIMO poderia ter sido levada a um empate tecnico, pese embora, consensualmente, Chissano sempre tivesse sido o favorito.
Esta intervencao militar na Gorongosa obriga a esforco extra da nossa economia. E nos ja vimos como, ao lermos as proclamacoes do Banco Central. E como toda guerra, e tambem um projecto "economico" de recurso. O seu sucesso depende da manutencao das fontes de financiamento, seja por estes "aliados naturais", seja por promessas de outra indole. Por exemplo, renegociar permanentemente a questao das mais-valias num "quem da mais, quem da mais" diabolico. E evidente que se a isto associarmos o risco politico que acarreta qualquer mega investimento nos tempos que correm, mal ficara o pais que precisa desesperadamente de recursos para fazer a guerra. Pois ira vender o que tem ao desbarato e por muitas decadas. A Maldicao dos Recursos dos condenados da Terra de Fanon e isto.
Ha pois que despir as analises emotivas na nossa imprensa, com fotos e imagens a condizer, que ate vendem muito papel ou fazem um ruido enorme. O que esta em causa neste momento e saber se Guebuza triunfa ou nao na tactica que ensaiou contra a sua "Oposicao". E que nao haja duvidas, o messianismo do seu projecto impede de separa-los por ideologias, credos, racas ou mesmo partidos politicos. Ou seja, nesse grupo estao os seus colegas de partido que com ele nao privam; a sociedade civil que nao lhe reverencia; os agentes economicos que ao seu projecto nao se associam; os partidos politicos que nao concordam com a sua governacao; e, como e obvio, o seu maior contendor a um possivel mandato presidencial via parlamento. O sr. Afonso Dhlakama, que com um punhado de homens armados ainda se arrisca a ser coroado como "Martir" da democracia mocambicana. Inedito numa formacao politica de Direita. Mas em Mocambique, como diz um dos testas-de-ferro dos business de Guebuza: - E possivel!
E e nesse contexto que surge o G-40. Nao como uma vanguarda eleitoral, mas como um balao de ensaio para continuidade do projecto messianico de Guebuza, que nos conduzira ao Ministerio da Informacao, no qual, destes jovens militantes se escolherao os futuros burocratas ministeriais. O modelo angolano e muito inspirador neste aspecto. Mas ha aqui questoes eticas que devem residir nas mentes dos que amam a liberdade de expressao e pensamento. E picuinhas o intelectual do Governo que veio um dia a terreiro reclamar do maniqueismo que se instalou em nos, ao rebocarmos todo exercicio de livre expressao como pro ou contra G-40. So ele nao ve a incompatibilidade entre os canones da democracia e o projecto politico de Guebuza que cegamente defendem. Por isso, sao cumplices de um exercicio totalitario e neo-stalinista, transvestido de Mobutu. E nao nos venham com palavras mansas, bolodorios filosoficos. Ditadura e ditadura. E ela nao e compativel com Democracia. Quem defende actos ditatoriais, nao pode depois falar em nome do DEMOS (povo). Isso e um contra-senso.
E por ultimo, esclarecer os esperancosos crentes numa intervencao paternalista da Europa e dos EUA que nao percam mais tempo. Ha muito que o modelo de relacoes bilaterais tinha evoluido da simples doacao ao OGE e cooperantes, para a transformacao da divida da ajuda ao desenvolvimento em HIPIC, e assim, num Fundo ao dispor de pequenas e medias empresas a beira da falencia que procuram o mercado "vazio" de Mocambique. Hoje, a unica inovacao, e o grande investimento das multinacionais, mas a matriz financeira e a mesma. E o modelo bilateral tambem. Em suma, se os seus investimentos estiverem assegurados. Seus expatriados protegidos com seguranca privada contra sequestros e terroristas em condominios fechados, ou em edificios multi-usos na Sommerschield ou Ponta Vermelha, que se danem os locais, desde que estes nao interfiram com os seus negocios. Por isso, meus senhores, e tempo de tomar uma posicao perante o "status-quo" actual. E tomar uma posicao inequivoca, mas que seja para sempre! Nao importa qual. E sem lamechices telenovelescas adicionais.
Disse.
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