Wednesday, August 14, 2013

Sobre o Zimbabwe, um interessante texto do jornalista João de Sousa sobre Morgan Tsivangirai e o shortcuts para o Poder


  • Sobre o Zimbabwe, um interessante texto do jornalista João de Sousa sobre Morgan Tsivangirai e o shortcuts para o Poder.

    "A queda de Tsvangirai

    Muitos dizem que o líder da oposição no Zimbabué, Morgan Tsvangirai, perdeu as eleições há duas semanas.
    Todavia, uma análise mais atenta à situação políti- ca naquele país permite afirmar que o MDC perdeu as eleições em Setembro de 2008.
    Quem me recordou este facto, a partir duma ob- servação que ele colocou na internet, foi o meu amigo e colega Paul Fauvet, jornalista da Agência de Infor- mação de Moçambique. Há cinco anos os sonhos dos zimbabueanos que votaram em Tsvangirai foram-se por água abaixo. Foi nesse dia que o líder da oposição no Zimbabué, provavelmente sem se aperceber disso, escolheu o caminho que iria percorrer.
    Em 2008, eu estava em Pretória exercendo a fun- ção de correspondente da Rádio Moçambique na África do Sul. E recordo-me, como se fosse hoje,do acordo assinado, sob os auspícios do moderador do processo político no Zimbabué, o então presidente sul-africano Thabo Mbeky, que acabou por colocar Morgan Tsvan- girai na esfera política. Este passo abriu caminho para a criação dum Governo de Unidade Nacional, considerado por muitos analistas políticos da região austral do nosso continente como sendo “um acto histórico”.
    Os estrategas políticos sabiam que um regime desacre- ditado como era o de Robert Mugabe em 2008 não po- deria sobreviver por muito tempo. O que ainda sustentava Mugabe no poder era o apoio da ala militar da ZANU-FP. Eram os seus generais que mantinham o velho Mugabe no cadeirão principal da State House em Harare.
    Cont. da pág. 4
    A paz entre o discurso e a prática
    sa da sua passividade ou acção, procura reconciliar-se consigo e com aquele que tiver ofendido;
    Eduque-se a não repetir os mesmos erros ou seguir os mesmos caminhos prejudiciais, propondo-se novas atitudes, novos caminhos para conseguir experimentar sentimentos agradáveis e proporcionar alegria a si e aqueles que cruzam os seus caminhos;
    Sonhe, sonhe e não deixa o medo do futuro fundar-lhe e fazer do seu presente uma ferida crónica;
    Dê-se oportunidade de aprender com erros das suas atitudes, confiando em si e nos que consigo se cruzam;
    Por fim, saiba que ninguém é perfeito na humanidade, a perfeição é um estado eterno de quem já venceu a morte.
    Os números da primeira ronda eleitoral de 2008 deram a vitória a Morgan Tsvangirai com 47,9% dos votos, contra os 43,2% de Robert Mugabe. Nascia a esperança nos zimbabueanos, cansados de se refugia- rem na África do Sul, Botsuana ou Namíbia à procura de melhor condição de vida.
    Os números poderiam representar o ressurgir da economia. Mas, infelizmente, isso foi sol de pouca dura.
    A violência encarregou-se de fazer o resto. Es- palhar o terror e matar. Em Setembro de 2008 Ts- vangirai, se estão recordados, refugiou-se na África do Sul. Tentou regressar a Harare e acabou por ser preso. Seguiu-se o refúgio na Embaixada Holandesa. Era um compasso de espera na perspectiva de que as sanções internacionais pudessem resultar em algo de positivo.
    Nada mais se conseguiu que não fosse um acordo para a formação dum Governo de Unidade Nacional e onde o líder da oposição acabaria por não ter intervenção nenhuma, independentemente do facto de lhe ter sido atribuída a função de “Primeiro-ministro”. Escolheu a via mais fácil para chegar ao poder. Um poder que não era nem nunca foi real. Alimentou querelas políticas com a outra ala do MDC liderada por Arthur Mutambara, em vez de fortalecer a sua luta no sentido de impedir o crescendo político da ZANU-FP. Envolveu-se em es- cândalos com mulheres, o que em nada favoreceu a sua imagem.
    Agora e face aos resultados eleitorais, o “volte- face” de Tsvangirai foi visto nos círculos do MDC como traição. Com fraude ou sem ela, Morgan Tsvangirai vai ter de procurar outros caminhos para se (re)afirmar politicamente.
    Está a pagar a factura dos erros acumulados ao longo do tempo. E disso se aproveitou Robert Mugabe".
    listening to elidjah Madzikatire & Ocean City Band.
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