Inspectores no país precisamde mais diaspara concluir investigação ao alegado recurso a armas químicas por Damasco
Norte-americanos e britânicos foram ontem pressionados para retardar uma intervenção militar na Síria, após o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, ter dito que era preciso mais tempo para investigar o recurso a armas químicas por parte do governo de Bashar al-Assad. Segundo o "Guardian", apesar de fontes em Washington e Londres terem afirmado que um ataque "limitado" poderia ocorrer já esta semana, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, já mostrou que não iria ignorar o desejo da ONU.
"Eles [os inspectores] estão a trabalhar arduamente, em circunstâncias muito, muito perigosas", afirmou ontem Ban numa conferência de imprensa em Haia. "Deixem-nos concluir o seu trabalho em quatro dias e depois teremos de analisar as provas cientificamente e, em seguida, reportar a situação ao Conselho de Segurança para que este decida as acções que julgue necessárias", sublinhou.
Quanto à legalidade de uma eventual intervenção militar, uma questão que separa a Rússia dos países ocidentais, Ban Ki-moon respondeu que é "a carta das Nações Unidas que determina o quadro de acções que podem ser adoptadas para preservar a paz e a segurança internacionais". Os embaixadores dos cinco países membros do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China - estiveram ontem reunidos na sede da ONU, em Nova Iorque, para examinar um projecto de resolução britânico sobre a Síria.
Após o encontro, David Cameron escreveu na sua conta de Twitter que os cinco membros tinham acordado de forma "unânime" que o recurso de Assad a armas químicas é "inaceitável" e que o mundo não pode ficar parado a assistir.
Caso a resolução seja de facto aprovada, haverá uma maior legitimidade internacional para uma eventual ofensiva militar contra o regime sírio. A Rússia, aliada de Assad, já afirmou que é preciso esperar pelo regresso dos inspectores da ONU antes de discutir a resolução. Anteriormente, Moscovo vetou (com Pequim) três projectos de resolução ocidentais que tinham como objectivo pressionar Damasco.
Ontem à tarde, a Interfax anunciou que a Rússia, por questões de segurança, tinha retirado os funcionários da sua base naval em Tartous, na costa mediterrânica da Síria. Citando uma fonte anónima da Marinha do país, a agência estatal avançou que o pessoal no local tinha embarcado num navio de reparação ali atracado que foi escoltado por barcos de guerra russos.
Por seu turno, na Síria a retórica contra o Ocidente mantém-se, com o primeiro-ministro, Wael al-Halqi, a dizer que estão a fabricar pretextos para justificar uma intervenção militar. "O primeiro-ministro assegura que os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, inventam cenários falsos e preparam pretextos fictícios para intervir militarmente na Síria", lia-se num comunicado governamental citado ontem pela televisão estatal síria.
Wael al-Halqi advertiu ainda os países ocidentais de que a Síria será o "cemitério dos agressores" no caso de uma intervenção militar. "A Síria vai surpreender os agressores como surpreendeu durante a guerra [israelo-árabe] de Outubro [de 1973] e será um cemitério dos agressores. As suas ameaças colonialistas não nos aterrorizam. Temos por trás a vontade e a determinação do povo sírio, que não aceita ser humilhado", reforçou.
A 6 de Outubro de 1973, dia do feriado judaico Yom Kippur, uma coligação de estados árabes liderada pelo Egipto e pela Síria lançou um ataque inesperado contra Israel. Apesar do efeito surpresa, o conflito, que terminou 20 dias mais tarde, acabou por ser dominado pelas forças israelitas, que bombardearam de forma intensa a capital síria, Damasco.
eua e al-qaeda de mãos dadas O jornalista Robert Fisk chamou ontem a atenção para o facto de os Estados Unidos estarem a unir-se à Al-Qaeda caso se venha a concretizar uma intervenção militar na Síria. "Os homens que destruíram tantas vidas no 11 de Setembro estarão então a lutar ao lado da nação cujos inocentes tão cruelmente assassinaram há exactamente 12 anos. Uma grande conquista para Obama, Cameron, Hollande e o resto dos senhores da guerra em miniatura", escreveu no "Independent".
"Isto, certamente, não será apregoado pelo Pentágono ou pela Casa Branca - nem, suponho, pela Al-Qaeda -, embora ambos estejam a tentar destruir Bashar. O mesmo se passa com a frente Nursa, uma das afiliadas da Al-Qaeda. Mas isso levanta algumas hipóteses interessantes", prosseguiu Fisk.
"Talvez os americanos devam pedir ajuda à Al-Qaeda para a recolha de informações - afinal, este é o grupo com as 'botas no chão', algo que os americanos não têm interesse em fazer. E talvez a Al-Qaeda possa oferecer alguns serviços de informações para o país que habitualmente afirma que os apoiantes da Al-Qaeda, em vez dos sírios, são os homens mais procurados do mundo", conclui.
"Eles [os inspectores] estão a trabalhar arduamente, em circunstâncias muito, muito perigosas", afirmou ontem Ban numa conferência de imprensa em Haia. "Deixem-nos concluir o seu trabalho em quatro dias e depois teremos de analisar as provas cientificamente e, em seguida, reportar a situação ao Conselho de Segurança para que este decida as acções que julgue necessárias", sublinhou.
Quanto à legalidade de uma eventual intervenção militar, uma questão que separa a Rússia dos países ocidentais, Ban Ki-moon respondeu que é "a carta das Nações Unidas que determina o quadro de acções que podem ser adoptadas para preservar a paz e a segurança internacionais". Os embaixadores dos cinco países membros do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China - estiveram ontem reunidos na sede da ONU, em Nova Iorque, para examinar um projecto de resolução britânico sobre a Síria.
Após o encontro, David Cameron escreveu na sua conta de Twitter que os cinco membros tinham acordado de forma "unânime" que o recurso de Assad a armas químicas é "inaceitável" e que o mundo não pode ficar parado a assistir.
Caso a resolução seja de facto aprovada, haverá uma maior legitimidade internacional para uma eventual ofensiva militar contra o regime sírio. A Rússia, aliada de Assad, já afirmou que é preciso esperar pelo regresso dos inspectores da ONU antes de discutir a resolução. Anteriormente, Moscovo vetou (com Pequim) três projectos de resolução ocidentais que tinham como objectivo pressionar Damasco.
Ontem à tarde, a Interfax anunciou que a Rússia, por questões de segurança, tinha retirado os funcionários da sua base naval em Tartous, na costa mediterrânica da Síria. Citando uma fonte anónima da Marinha do país, a agência estatal avançou que o pessoal no local tinha embarcado num navio de reparação ali atracado que foi escoltado por barcos de guerra russos.
Por seu turno, na Síria a retórica contra o Ocidente mantém-se, com o primeiro-ministro, Wael al-Halqi, a dizer que estão a fabricar pretextos para justificar uma intervenção militar. "O primeiro-ministro assegura que os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, inventam cenários falsos e preparam pretextos fictícios para intervir militarmente na Síria", lia-se num comunicado governamental citado ontem pela televisão estatal síria.
Wael al-Halqi advertiu ainda os países ocidentais de que a Síria será o "cemitério dos agressores" no caso de uma intervenção militar. "A Síria vai surpreender os agressores como surpreendeu durante a guerra [israelo-árabe] de Outubro [de 1973] e será um cemitério dos agressores. As suas ameaças colonialistas não nos aterrorizam. Temos por trás a vontade e a determinação do povo sírio, que não aceita ser humilhado", reforçou.
A 6 de Outubro de 1973, dia do feriado judaico Yom Kippur, uma coligação de estados árabes liderada pelo Egipto e pela Síria lançou um ataque inesperado contra Israel. Apesar do efeito surpresa, o conflito, que terminou 20 dias mais tarde, acabou por ser dominado pelas forças israelitas, que bombardearam de forma intensa a capital síria, Damasco.
eua e al-qaeda de mãos dadas O jornalista Robert Fisk chamou ontem a atenção para o facto de os Estados Unidos estarem a unir-se à Al-Qaeda caso se venha a concretizar uma intervenção militar na Síria. "Os homens que destruíram tantas vidas no 11 de Setembro estarão então a lutar ao lado da nação cujos inocentes tão cruelmente assassinaram há exactamente 12 anos. Uma grande conquista para Obama, Cameron, Hollande e o resto dos senhores da guerra em miniatura", escreveu no "Independent".
"Isto, certamente, não será apregoado pelo Pentágono ou pela Casa Branca - nem, suponho, pela Al-Qaeda -, embora ambos estejam a tentar destruir Bashar. O mesmo se passa com a frente Nursa, uma das afiliadas da Al-Qaeda. Mas isso levanta algumas hipóteses interessantes", prosseguiu Fisk.
"Talvez os americanos devam pedir ajuda à Al-Qaeda para a recolha de informações - afinal, este é o grupo com as 'botas no chão', algo que os americanos não têm interesse em fazer. E talvez a Al-Qaeda possa oferecer alguns serviços de informações para o país que habitualmente afirma que os apoiantes da Al-Qaeda, em vez dos sírios, são os homens mais procurados do mundo", conclui.
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