Pacheco nega envolvimento no contrabando de madeiras
“Distancio-me das intrigas que estão a ser propaladas”
… Primeiro-ministro exige provas à agência britânica que produziu o relatório
Alberto Vaquina, Primeiro-ministro
Maputo (Canalmoz) – Depois de ter “escapado” na última quinta-feira, graças à intervenção da presidente do Parlamento, o ministro da Agricultura, José Pacheco, viu-se sem saída na última sexta-feira, porque os deputados da Renamo voltaram a questionar o seu envolvimento como “facilitador” no corte e exportação ilegal de madeira em conluio com operadores florestais chineses que operam em Cabo Delgado. Pacheco disse, porém, que tem mãos limpas face a este assunto.
Segundo a agência britânica de investigação ambiental (EIA), José Pacheco e o antigo ministro da Agricultura são “padrinhos” dos chineses na delapidação dos recursos florestais de Moçambique.
Em resposta à insistência dos deputados da Renamo, José Pacheco acabou mesmo por responder, tendo desmentido o seu envolvimento no tráfico de madeira com operadores florestais chineses. Aliás, Pacheco disse no parlamento estar à disposição de qualquer investigação para se apurar a verdade sobre o caso. “As notícias que circulam à volta de qualquer relacionamento com algum operador florestal no nosso País são mentiras, porque eu não tenho nenhum negócio. Disponho-me à investigação que for recomendada para este efeito”, disse Pacheco distanciando-se das graves acusações que sobre ele pesam, apelidando-as de “intrigas que estão a ser propaladas”.
Pacheco disse: “eu nunca tive negócios, não tenciono fazer negócios relacionados com a actividade florestal. Distancio-me das intrigas que estão a ser propaladas à volta do meu envolvimento em negócio de exploração florestal de qualquer ordem”. Mas o relatório britânico cita Liu, um dos operadores chineses que aparece nas fotos com o ex-ministro da agricultura que diz claramente que Pacheco é como seu irmão e quando tem falta de dinheiro “vem buscar a mim”, em referência ao actual ministro da Agricultura, que desde a publicação do relatório anda com a imagem muito chamuscada.
Vaquina sai em defesa do seu colega
Em defesa de Pacheco saiu o primeiro-ministro, Alberto Vaquina. O primeiro-ministro e companheiro de José Pacheco na comissão política do partido Frelimo disse que de acordo com os princípios plasmados na legislação moçambicana, não tem qualquer valor a declaração, acusação ou confissão, quando esteja desacompanhada de qualquer prova material.
“Não basta que alguém diga fulano cometeu este ou aquele acto ilícito, para facilmente se concluir que se trata de uma verdade. É preciso que se juntem provas que sustentem a declaração ou acusação. É assim que funciona ou deve funcionar um Estado de direito como o nosso”, disse Vaquina na assembleia da República quando respondia às insistências das perguntas formuladas pela bancada parlamentar da Renamo nesta matéria.
Há ou não investigação a José Pacheco
Com as declarações quer do próprio Pacheco assim como da defesa do primeiro-ministro fica dúvidas se de facto há ou não uma investigação a José Pacheco, tal como a opaca Procuradoria-Geral da República quer fazer crer. Refira-se que a Procuradoria-Geral da República prometeu criar uma comissão de inquérito sobre este assunto. Mas até aqui nada se sabe. O ministro das Finanças e membro do Governo, Manuel Chang, disse que o Governo ia se inteirar melhor do relatório e que no momento oportuno os moçambicanos saberiam o que aconteceu. Até aqui ficou só a promessa. Resultados não existem e pelo andar da carruagem muito provavelmente a culpa vai morrer solteira para o gáudio da impunidade. (Matias Guente e Cláudio Saúte)
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