A guerra não é uma partida de xadrez ou damas calma e
bucolicamente disputada à sombra dum imbondeiro, dum coqueiro ou duma
azinheira.
Entre os mortos e outras vítimas há os «profissionais» da guerra e
aqueles que lhe sofreram as consequências, por estarem livre ou conscientemente
ou não dum dos lados em confronto, quaisquer que sejam as razões que assistam a
cada um deles.
Não tenho e não sei se existe o balanço das vítimas do
«corporativismo» português de Salazar e Caetano, designadamente dos civis ditos
«portugueses» negros (sem direitos de cidadania no Portugal do Minho a Timor)
que foram mortos pela polícia política (leia-se PIDE/DGS, Flechas e similares)
e pelas Forças Armadas Portuguesas nos teatros de guerra ou não a partir de
1960.
Quantas vítimas de chacinas como a de Wiriamu (Moçambique -
Dezembro de 1972 - cerca de 400 mortos segundo a revista Time de Jul.
30, 1973) houve em Angola, Moçambique e na Guiné? Chacina equiparada à de My
Lai, perpetrada pelos EUA no Vietname? Para além das vítimas das
deslocações forçadas de civis «negros» para aldeamentos (supostamente para
«protegê-las» dos ataques dos chamados «terroristas» e traidores, para uns,
«guerrilheiros» e patriotas, para outros)?
Duas notas:
Em 9
de Junho de 1961 o Conselho de Segurança do ONU aprovou uma «resolução
deplorando profundamente os massacres e demais medidas de repressão da
população angolana, podendo comprometer a persistência desta situação a
manutenção da paz e segurança internacionais» Em 31 de Julho de 1963 o Conselho
de Segurança da ONU aprova uma Resolução «que rejeita o
conceito português de «províncias ultramarinas», decidindo que a situação
perturbava seriamente a paz e a segurança em África, apelando a Portugal para
reconhecer o direito de autodeterminação e independência»
Prosseguindo:
Falando em sangue», quantos «refugiados» que combateram pela
legítima República Espanhola foram entregues pelo Governo de Salazar às tropas
insurrectas de Franco, que os fuzilaram sem julgamento? Quantos «judeus»
POBRES que pretendiam fugir da Alemanha Hitleriana e dos países por
ela ocupados foram impedidos de entrar em Portugal pelo católico Governo de
Salazar, sendo deste modo condenados aos campos de extermínio?
Convém recordar o sucedido ao cônsul Aristides de Sousa
Mendes que, desobedecendo a Salazar, concedeu por «razões humanitárias»
vistos a milhares de refugiados judeus, sendo demitido por este, morrendo na
miséria, e só foi reabilitado depois do 25 de Abril? Note-se que em
1967 Yad Vashem, autoridade
estatal israelita para a recordação dos mártires e heróis do Holocausto,
homenageou Aristides de Sousa Mendes com a sua mais alta distinção: uma medalha
com a inscrição do Talmude «Quem salva uma vida humana é como se salvasse um
mundo inteiro».
Mas salvar vidas humanas não era o objectivo prioritário do
Governo de Salazar e dos interesses económicos que o apoiavam e que ele
consequentemente defendia. Já aqui no PortugalClub** foi publicado um texto no
qual se refere que o Governo de Salazar fora avisado dos massacres que iriam
ocorrer em Angola a 15 de Março de 1961, desencadeados pela UPA com o apoio dos
EUA, nada tendo feito para evitá-los, a fim de arranjar um pretexto para a
intervenção das Forças Armadas Portuguesas com a finalidade de tentar
contrariar os chamados «ventos da história» soprados desde os EUA à URSS
passando pelos países nórdicos, França e Reino Unido, que defendiam a
«independência» de todas as colónias.
Em 15 de Março de 1961 foram mortos pela UPA no Norte de Angola
cerca de sete mil civis brancos e negros do Bailundo, enquanto a Guerra naquele
território até à independência provocou cerca de trezentos mil mortos
civis «negros» «portugueses»
Para que o PortugalClub não registe apenas os mortos dum dos lados,
transcrevo o texto:
Numa altura em que nos querem fazer crer que o fascismo
nunca existiu, e que Salazar era apenas "autoritário", numa altura em
que querem apagar os poucos vestígios físicos que ainda existem, convém relembrar
que o seu braço mais sinistro, a [PVDE]/PIDE-DGS, bem como outros braços
armados do fascismo, perseguiram, torturaram e assassinaram muitos portugueses
e patriotas africanos, e que os seus responsáveis e agentes nunca foram punidos
nem sequer julgados. Para reavivar a memória, voltamos a publicar excertos de
um texto da Comissão "Abril Revolucionário e Popular" em 2002, o qual
inclui uma lista de mortos pelo fascismo.
9 de Dezembro de 2005
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1931, o estudante
Branco é morto pela PSP, durante uma manifestação no Porto;
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1932, Armando Ramos,
jovem, é morto em consequência de espancamentos; Aurélio Dias, fragateiro, é
morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é assassinado a tiro durante uma
manifestação em Lisboa;
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1934, Américo Gomes,
operário, morre em Peniche após dois meses de tortura; Manuel Vieira Tomé,
sindicalista ferroviário morre durante a tortura em consequência da repressão
da greve de 18 de Janeiro; Júlio Pinto, operário vidreiro, morto à pancada
durante a repressão da greve de 18 de Janeiro; a PSP mata um operário
conserveiro durante a repressão de uma greve em Setúbal
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1935, Ferreira de
Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no hospital após ter sido
espancado na sede da PIDE (então PVDE);
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1936, Francisco Cruz,
operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de Angra do Heroísmo, vítima de
maus tratos, é deportado do 18 de Janeiro; Manuel Pestana Garcez, trabalhador,
é morto durante a tortura;
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1937, Ernesto
Faustino, operário; José Lopes, operário anarquista, morre durante a tortura,
sendo um dos presos da onda de repressão que se seguiu ao atentado a Salazar;
Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições suspeitas no
forte de Caxias; Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael Tobias Pinto
da Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia, Francisco Manuel
Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e Cândido Alves
Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço de quatro dias no
Tarrafal, vítimas das febres e dos maus tratos; Augusto Almeida Martins,
operário, é assassinado na sede da PIDE (PVDE) durante a tortura ; Abílio
Augusto Belchior, operário do Porto, morre no Tarrafal, vítima das febres e dos
maus tratos;
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1938, António Mano
Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de Peniche, por lhe ter sido
recusada assistência médica, sofria de doença cardíaca; Rui Ricardo da Silva,
operário do Arsenal, morre no Aljube, devido a tuberculose contraída em
consequência de espancamento perpetrado por seis agentes da Pide durante oito
horas; Arnaldo Simões Januário, dirigente anarco-sindicalista, morre no campo
do Tarrafal, vítima de maus tratos; Francisco Esteves, operário torneiro de
Lisboa, morre na tortura na sede da PIDE; Alfredo Caldeira, pintor, dirigente
do PCP, morre no Tarrafal após lenta agonia sem assistência médica;
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1939, Fernando
Alcobia, morre no Tarrafal, vítima de doença e de maus tratos;
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1940, Jaime Fonseca de
Sousa, morre no Tarrafal, vítima de maus tratos; Albino Coelho, morre também no
Tarrafal; Mário Castelhano, dirigente anarco-sindicalista, morre sem
assistência médica no Tarrafal;
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1941, Jacinto Faria
Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho; António Guedes Oliveira e Silva;
Ernesto José Ribeiro, operário, e José Lopes Dinis morrem no Tarrafal;
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1942, Henrique
Domingues Fernandes morre no Tarrafal; Carlos Ferreira Soares, médico, é
assassinado no seu consultório com rajadas de metralhadora, os agentes
assassinos alegam legítima defesa (?!); Bento António Gonçalves,
secretário-geral do P. C. P. Morre no Tarrafal; Damásio Martins Pereira,
fragateiro, morre no Tarrafal; Fernando Óscar Gaspar, morre tuberculoso no
regresso da deportação; António de Jesus Branco morre no Tarrafal;
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1943, Rosa Morgado,
camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António, Júlio e Constantina,
são mortos a tiro pela GNR; Paulo José Dias morre tuberculoso no Tarrafal;
Joaquim Montes morre no Tarrafal com febre biliosa; José Manuel Alves dos Reis
morre no Tarrafal; Américo Lourenço Nunes, operário, morre em consequência de espancamento
perpetrado durante a repressão da greve de Agosto na região de Lisboa;
Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre no Tarrafal; Francisco dos Reis
Gomes, operário da Carris do Porto, é morto durante a tortura;
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1944, general José
Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado internamento
hospitalar; Francisco Ferreira Marques, de Lisboa, militante do PCP, em
consequência de espancamento e após mês e meio de incomunicabilidade; Edmundo
Gonçalves morre tuberculoso no Tarrafal; assassinados a tiro de metralhadora
uma mulher e uma criança, durante a repressão da GNR sobre os camponeses
rendeiros da herdade da Goucha (Benavente), mais 40 camponeses são feridos a
tiro.
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1945, Manuel Augusto
da Costa morre no Tarrafal; Germano Vidigal, operário, assassinado com
esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de
Montemor-o-Novo; Alfredo Dinis (Alex), operário e dirigente do PCP, é
assassinado a tiro na estrada de Bucelas; José António Companheiro, operário, de
Borba, morre de tuberculose em consequência dos maus tratos na prisão;
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1946, Manuel Simões
Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após doze anos de prisão e de
deportação; Joaquim Correia, operário litógrafo do Porto, é morto por
espancamento após quinze meses de prisão;
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1947, José Patuleia,
assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na sede da PIDE;
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1948, António Lopes de
Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante a tortura; Artur de
Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Marreiros, marinheiro da Armada, morre no
Tarrafal após doze anos de deportação; António Guerra, operário da
Marinha Grande, preso desde 18 de Janeiro de 1934, morre quase cego e após
doença prolongada;
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1950, Militão Bessa
Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na Penitenciária de Lisboa, durante
uma greve de fome e após nove meses de incomunicabilidade; José Moreira,
operário, assassinado na tortura na sede da PIDE, dois dias após a prisão, o
corpo é lançado por uma janela do quarto andar para simular suicídio; Venceslau
Ferreira morre em Lisboa após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado rural, é
assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;
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1951, Gervásio da
Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus tratos na prisão;
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1954, Catarina
Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante uma greve,
grávida e com uma filha nos braços;
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1957, Joaquim Lemos
Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no Porto após quinze dias de
tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, é morto durante a tortura
na sede da PIDE no Porto, sendo o corpo, irreconhecível, enterrado às
escondidas num cemitério do Porto; José Centeio, assalariado rural de Alpiarça,
é assassinado pela PIDE;
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1958, José Adelino dos
Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR, durante uma
manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são feridos a
tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa Iria, após quinze dias de tortura,
é lançado por uma janela do quarto andar da sede da PIDE, à sua morte assiste a
esposa do embaixador do Brasil;
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1961, Cândido Martins
Capilé, operário corticeiro, é assassinado a tiro pela GNR durante uma
manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e militante do PCP, é
assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;
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1962, António Graciano
Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são assassinados a tiro
pela GNR; Estêvão Giro, operário de Alcochete, é assassinado a tiro pela PSP
durante a manifestação do 1º de Maio em Lisboa;
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1963, Agostinho
Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela PSP, sob a indicação
da PIDE, durante uma manifestação em Lisboa;
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1964, Francisco Brito,
desertor da guerra colonial, é assassinado em Loulé pela GNR; David Almeida
Reis, trabalhador, é assassinado por agentes da PIDE durante uma manifestação
em Lisboa;
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1965, general Humberto
Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a tiro em Vila
Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e
o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;
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1967, Manuel Agostinho
Góis, trabalhador agrícola de Cuba, morre vítima de tortura na PIDE;
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1968, Luís António
Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus tratos; Herculano
Augusto, trabalhador rural, é morto à pancada no posto da PSP de Lamego por
condenar publicamente a guerra colonial; Daniel Teixeira, estudante, morre no
Forte de Caxias, em situação de incomunicabilidade, depois de agonizar durante
uma noite sem assistência;
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1969, Eduardo
Mondlane, dirigente da Frelimo, é assassinado através de um atentado organizado
pela PIDE;
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1972, José António
Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e militante do MRPP, é
assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à luta do povo vietnamita e
contra a repressão, o seu assassino, o agente da PIDE Coelha da Rocha, viria a
escapar-se na "fuga-libertação" de Alcoentre, em Junho de 1975;
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1973, Amilcar Cabral,
dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, é assassinado por um
bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por Alpoim Galvão;
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1974, (dia 25 de
Abril), Fernando Carvalho Gesteira, de Montalegre, José James Barneto, de
Vendas Novas, Fernando Barreiros dos Reis, soldado de Lisboa, e José Guilherme
Rego Arruda, estudante dos Açores, são assassinados a tiro pelos pides
acoitados na sua sede na Rua António Maria Cardoso, são ainda feridas duas
dezenas de pessoas.
A PIDE acaba como começou, assassinando. Aqui não ficam
contabilizadas as inúmeras vítimas anónimas da PIDE, GNR e PSP em outros locais
de repressão. Mas ainda podemos referir, duas centenas de homens, mulheres e
crianças massacradas a tiro de canhão durante o bombardeamento da cidade do
Porto, ordenada pelo coronel Passos e Sousa, na repressão da revolta de 3 de
Fevereiro de 1927. Dezenas de mortos na repressão da revolta de 7 de Fevereiro
de 1927 em Lisboa, vários deles assassinados por um pelotão de fuzilamento, à
ordens do capitão Jorge Botelho Moniz, no Jardim Zoológico. Dezenas de mortos
na repressão da revolta da Madeira, em Abril de 1931, ou outras tantas dezenas
na repressão da revolta de 26 de Agosto de 1931. Um número indeterminado de
mortos na deportação na Guiné, Timor, Angra e no Cunene. Um número
indeterminado de mortos devido à intervenção da força fascista dos
"Viriatos" na guerra civil de Espanha e a entrega de fugitivos aos
pelotões de fuzilamento franquistas. Dezenas de mortos em São Tomé, na
repressão ordenada pelo governador Carlos Gorgulho sobre os trabalhadores que recusaram
o trabalho forçado, em fevereiro de 1953. Muitos milhares de mortos durante as
guerras coloniais, vítimas do Exército, da PIDE, da OPVDC, dos
"Flechas", etc. »(*)
25 de Abril de 2002
(A lista de mortes do
fascismo, bem como a parte final do artigo são adaptados de um texto da autoria
da Comissão "Abril Revolucionário e Popular")
(*) Algumas destas mortes
maciças foram referidas por mim em artigo publicado no PortugalClub, embora
faltem outras. Por isso, desse texto transcrevo «Portugal e o Governo de Salazar
foram incapazes de aceitar a independência das suas colónias e as propostas de
um reconhecimento pacífico da sua autodeterminação.
Ao diálogo responderam de
novo com as prisões e à força das armas como sucedeu com o assassinato de
cerca de mil camponeses em S. Tomé, que se recusavam ao trabalho escravo (Batepá - 3 Fevereiro 1953), o fuzilamento de algumas dezenas de estivadores em greve na
Guiné (Pidjiguiti – 1959), o massacre de 600 camponeses em Moçambique (Mueda -
16 de Junho de 1960), o bombardeamento com napalm de aldeias com o assassínio
de milhares de camponeses [Homens, mulheres e crianças] revoltados com a
imposição do regime de monocultura pela Cotonang (Angola - Baixa do Cassange, 4
Janeiro 1961)».
Quanto a Marcelo Caetano, ideólogo do «corporativismo» que
defendia a existência dum Portugal uno do Minho a Timor, havia escrito que "os
indígenas são súbditos portugueses mas sem fazerem parte da Nação";
"os cruzamentos ocasionais ou familiares são fonte de perturbações graves
na vida social de europeus e indígenas"; "os pretos têm de ser
dirigidos e enquadrados por europeus, e olhados como elemento produtivo
enquadrado ou a enquadrar numa economia dirigida por brancos".
A talhe de foice e segundo
o jornal «Público» de 4 de Fevereiro de 2004 «O Papa Paulo VI
solidariza-se com os missionários que revelaram a chacina de Wiriamu, o então
secretário-geral da ONU, Kurt Waldheim, recebe o padre Hastings, Willy Brandt
[Alemanha Federal] reconhece a FRELIMO e a Suécia duplica o seu financiamento a
este movimento».
Victor Nogueira
** Fórum de discussão na internet
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