Por Elisio Macamo
Mais um texto longo para quem não tem mais nada a fazer na vida. Não haverá palmas para quem ler até ao fim (e perceber). Afinal, lê-se por gosto.
Gosto e não gosto de Simango
Já disse que sou fã de Guebuza. Afirmei vivamente que ele é muito melhor do que a sua reputação. Mantenho a minha preferência e mantenho o meu posicionamento em relação a esse grande político tão pouco entendido. Afirmei t...ambém que admiro Dhlakama. Não sou seu fã, mas admiro-o. Disse isso também por conveniência, pois até às próximas eleições ainda posso receber benefícios de Guebuza. Espero que ele esteja a ler. É uma aposta arriscada que estou a fazer. Como ele chega ao fim do seu mandato a Frelimo vai ter um outro candidato que, possivelmente, não me vai perdoar estas declarações de amor. Daí a distribuição do risco com a manifestação de admiração por Dhlakama. Nunca se sabe. Mas porquê Dhlakama e não Simango, o da Beira? Boa pergunta. É jovem, dinâmico, corajoso e trabalhador. Moçambique é um país de jovens, tem uma certa dinâmica, os corajosos estão fora da Frelimo e os trabalhadores não têm tempo de trabalhar porque têm que colocar mais um “like” em mais uma opinião cansada sobre o “país do pandza”. Se calhar não é aconselhável ficar de costas cruzadas com Simango.
Gosto e não gosto de Simango
Já disse que sou fã de Guebuza. Afirmei vivamente que ele é muito melhor do que a sua reputação. Mantenho a minha preferência e mantenho o meu posicionamento em relação a esse grande político tão pouco entendido. Afirmei t...ambém que admiro Dhlakama. Não sou seu fã, mas admiro-o. Disse isso também por conveniência, pois até às próximas eleições ainda posso receber benefícios de Guebuza. Espero que ele esteja a ler. É uma aposta arriscada que estou a fazer. Como ele chega ao fim do seu mandato a Frelimo vai ter um outro candidato que, possivelmente, não me vai perdoar estas declarações de amor. Daí a distribuição do risco com a manifestação de admiração por Dhlakama. Nunca se sabe. Mas porquê Dhlakama e não Simango, o da Beira? Boa pergunta. É jovem, dinâmico, corajoso e trabalhador. Moçambique é um país de jovens, tem uma certa dinâmica, os corajosos estão fora da Frelimo e os trabalhadores não têm tempo de trabalhar porque têm que colocar mais um “like” em mais uma opinião cansada sobre o “país do pandza”. Se calhar não é aconselhável ficar de costas cruzadas com Simango.
Então, aí vai mais uma confissão: gosto dele. Gosto dele por várias razões. Gosto dele porque é um homem forte. O tipo de biografia que ele tem, marcada pela extrema injustiça que foi cometida aos seus pais – e que para o bem da consciência deste país devia ser esclarecida duma vez por todas – teria quebrado qualquer outra pessoa. Uma pessoa que não extrai o rancor duma biografia tão trágica, mas sim a força de lutar por algo – seja qual for que seja – é uma pessoa forte. Mas não só isso. Simango teve a coragem que falta a muitos jovens da Frelimo que preferem viver à sombra dos feitos das outras gerações e não se sublevam. É claro que estando do lado da equipa que ganha não têm nenhuma necessidade de se sublevarem. Simango foi iconoclasta; “cuspiu”, por assim dizer, na mão que o alimentou e encenou uma “revolução” – acho curioso o uso deste vocábulo quando vem de pessoas que estão sempre a falar mal do comunismo – que confinou a Renamo à insignificância política.
Repito: Guebuza não é o principal problema da Renamo. Simango e MDM, sim. Simango e MDM é que são os autores morais de Muxúngué. Antes que me caia por cima um “shit-storm” (não vou traduzir isto, há crianças que lêem os meus textos) apresso-me a esclarecer. É claro que Muxúngué é obra dos homens armados em torno da Renamo. Mas quem precipitou a Renamo para um discurso belicista e intransigente foi Simango e o seu MDM. Naturalmente que nem Simango, nem o seu MDM se deviam preocupar com a sorte da Renamo, pois os primeiros têm objectivos por alcançar enquanto formação política e os últimos sâo suficientemente crescidos para lutarem por si próprios. É como esperar que a Frelimo perca propositadamente as eleições em prol da democracia. Não faz sentido. Gostei da iconoclastia de Simango. Impressionou-me.
Mas como se diz por aí, não há bela sem senão. E é por isso que também não gosto dele. Posso dizer isto à vontade porque – embora não possa garantir nada, a sociologia não ajuda em vaticínios desta natureza – não é tão já que ele vai ser Chefe de Estado, logo, não posso apostar nele o meu sonho de um dia vir a ser governador de Gaza, embora até possa imaginar que acontecendo o improvável ele queira punir as gentes de Gaza colocando um sociólogo que da vida nada entende – só escreve textos longos – a dirigir os destinos da sua província. Mas isso são apenas lucubrações. E o responsável por essa improbabilidade é ele mesmo. A sua “revolução” foi um golpe baixo na oposição e comprometeu seriamente a reconstrucção dum espaço político alternativo à Frelimo. Neste ponto estou a inclinar-me muito para fora do parapeito, mas vamos ver – e é melhor vermos, pois o “shit-storm” não vai tardar. Houve, em minha opinião, dois equívocos fundamentais nessa tal revolução.
O primeiro, tipicamente moçambicano, foi de confundir competência técnica com maturidade política. Eneas Comiche foi vítima deste equívoco em Maputo, não foi, como se costuma falar por aí, vítima dos “camaradas”. Isto não significa que um técnico não possa ganhar eleições, ainda mais no contexto da cidade da Beira que tem uma sociologia típica de “segunda maior cidade”. A pirraça desempenha um papel muito importante nesse tipo de sociologia, estilo teimosia do irmão mais novo. Sem o escudo protector de Dhlakama, animal político por excelência, Simango teve que ir à contenda e logo vimos as tribulações do MDM com cisões, acusações e costas viradas. Algumas das pessoas mais hábeis – tipo Ismael Mussá – afastaram-se agastadas. Não vale chamar-lhes de “ambiciosos” ou “confusos”. O problema foi simplesmente político, precisava duma gestão política dum indivíduo cujos créditos andavam mais para o lado técnico.
O segundo equívoco, também muito moçambicano, mas muito mesmo, foi o de pensar que ser contra alguma coisa constitui por si só um programa político. E aqui vejo-me mesmo a chafurdar no “shit storm” porque vou entrar em rota de colisão com gente que domina a arte do insulto. Refiro-me ao jornal Canal de Moçambique que tem representado o lado, digamos, pensante do MDM que muito provavelmente vai retorquir com um texto intitulado “não gosto de E. Macmao” ou coisa parecida. Já nas últimas eleições peguei nos manifestos dos diferentes partidos, incluíndo o do MDM, e não encontrei em nenhum deles algo que apontasse para um programa político bem articulado e, já agora, alternativo. Mesmo hoje quando se pega nos escritos dessa gente, quando se escuta os seus pronunciamentos públicos não existe a sombra duma maneira fresca de pensar o país. O que dá substância ao posicionamento político dessa gente é a crítica à Frelimo, crítica essa que é muito fácil de fazer, pois só não erra quem não trabalha.
Nunca vi nenhuma posição de fundo em relação ao combate à pobreza, porque ele deve ser feito, com que tipo de Moçambique na mira, nada. Nem mesmo na questão quente que diz respeito aos recursos se ouvem coisas frescas e refrescantes. O discurso é sempre o da crítica ao enriquecimento das elites – das quais alguns deles também fazem parte – e de deplorar que a riqueza não esteja a chegar ao povo. É tudo previsível e extremamente cansativo. Claro que há dois argumentos que eles podem usar em sua defesa. Um pode ser de dizer que essa é a função da oposição. Sim, mas noutros países civilizados a oposição critica o governo a partir dum projecto político claro. Esse projecto é que enforma a crítica. Alguém sabe me dizer qual é o projecto político do MDM? O outro argumento pode ser da falta de quadros para esse efeito. Sim, com o apetite voraz da Frelimo sobram poucas mentes esclarecidas para a oposição, mas nem isso é verdade. Alguém alguma vez já ouviu que um partido da oposição encomendou ao IESE, por exemplo, um estudo sobre protecção social para poder formular uma política sobre o assunto?
Então, na verdade, Simango não criou o MDM. O que ele fez foi comprometer a emergência duma alternativa à Frelimo por muitos anos. É claro que a Frelimo, pela sua própria actuação, pode acabar criando espaço para que os “déficits” evidentes da nossa oposição não se constituam como grande obstáculo para si própria (refiro-me à oposição). Lançou-se impetuosamente numa aventura que não tinha pernas para andar por ausência de competência política e, acima de tudo, por ausência de projecto político que não fosse apenas o discurso do “contra”. Contra Dhlakama, contra a Frelimo, contra tudo que não é Beira. O estilo agressivo adoptado pelos orgãos do MDM – refiro-me ao Canal de Moçambique, o qual, contudo, tem assumido por vezes uma postura crítica em relação ao que ocorre no interior do MDM – vai disfarçando estas insuficiências, sobretudo para quem olha com pouco cuidado, o que, infelizmente, também é característico da nossa esfera pública.
O lado intelectual do MDM – que falhou redondamente, do ponto de vista político, na domesticação de Dhlakama – é uma mistura incongruente de radicais, cristãos de ânimo carismático, pessoas que acreditam que não gostam do comunismo, mas acima de tudo, de gente visceralmente oposta à Frelimo que aparentemente nunca teve tempo de sobra para formular um projecto político próprio e coerente. Quando digo que não gosto de Simango quero dizer que não gosto do facto de ele não ter dado tempo ao tempo e, num projecto de longo prazo, tentar transformar a Renamo por dentro através da elaboração paciente dum projecto político. Ele viu a sua oportunidade na Beira, deu ouvidos a gente impetuosa – a tal massa amorfa que faz muito barulho na nossa esfera pública, incluíndo aqui no Facebook – e mergulhou de joelhos dobrados na piscina sem se preocupar com a sorte da alternativa à Frelimo.
Sou capaz de estar a ser injusto para com ele. Os seus adeptos que façam uma nota mental agora para se lembrarem de mim – para aplicação de devidas medidas – quando, contra todas as probabilidades, ocuparem a Ponta Vermelha. Eu se fosse da Frelimo nem havia de querer imaginar o que seriam as próximas eleições se Simango, depois dum árduo trabalho de reorganização da Renamo, com o endorso de Afonso Dhlakama fosse o candidato principal da oposição para uma contenda com uma Frelimo em crise de sucessão. Os meus joelhos, de tanto chocalharem, haviam de fazer tanto barulho que agentes da PIC, excepcionalmente, pegavam em mim para interrogatório com tortura psicológica por perturbar a postura contra a poluição sonora e deixavam em paz quem mais necessidade política tem desse tipo de interrogatório. A oposição em Moçambique morreu no dia em que se criou o MDM. Vai ressuscitar, só que até lá passarão anos enquanto transformamos o espaço político num campo de treino de bombeiros apagando fogos em Muxúngué, entretendo-nos com acusações (reais, diga-se de passagem) de impedimento de acção de partidos políticos lá, como costuma dizer Ivone Soares, onde Judas esqueceu os seus sapatos, e, claro e sem falta, transformando a indisciplina natural e a falta de respeito da nossa polícia e da nossa função pública (que somos nós mesmos) num conluio gigantesco da Frelimo contra quem não se cala perante tanta injustiça...
Não vou resumir, mas oportunamente terei um teste americano para quem se queira certificar do que quero dizer. Inbox, please. Vou apenas dizer que aqui também proponho uma sociologia política que olhe para a estruturação do campo político e como ele pode ser radicalmente transformado – para o bem e para o mal – pelo sentido de oportunidade de certos actores políticos. É na ignorância dessa sociologia política que surge um espaço de actuação míope radicado na insistência sobre assuntos interessantes, mas supérfluos para o devir do nosso país. Trata-se duma miopia que, acima de tudo, faz vista grossa à ausência duma concepção política própria e exagera um desempenho técnico de valor estatístico dúbio. Refiro-me especificamente aos municípios da Beira e de Quelimane que no debate público são usados como exemplo do melhor desempenho da oposição, olvidando-se o facto de que se compara, provávelmente, os melhores jogadores da oposição com os suplentes (as minhas desculpas aos edis da Frelimo...) do governo. Mas isto é início de nova discussão... só que é mesmo para isso que estamos aqui.
1 comment:
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Ӏllneѕs іs а ѕtate of constant tensіοn.
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