Nuria Waddington Negrao · UGA
O Jornal @Verdade é uma fonte de grande orgulho para mim e, acredito, de inspiração para muitos. É a prova viva de que as elites estão criticas e que se preocupam com as condições de vida do resto do país, e é também um testamento para a liberdade de imprensa que mesmo apedrejada ainda consegue existir em Moçambique. Este jornal é para mim como uma luz no fundo do túnel, uma esperança. Assim, sinto que é minha responsabilidade e direito chamar a atenção quando os editores põem o pé na lama, como é o caso do editorial intitulado “A nossa cobardia”.
O texto começa por denunciar a cobardia do povo moçambicano, diz: “O nosso povo, por norma, sempre pautou pela imbecilidade e por uma moral de plástico. Sempre fomos incapazes de lutar pelos nossos direitos.” Palavras fortes… Um pouco mais de leitura mostra que a equipe de edição não ...está propriamente a criticar o povo moçambicano todo (como as primeiras frases parecem mostrar) mas sim a elite, a minoria das cidades de cimento do grande Maputo. Tendo em conta que o grande Maputo tem uma população estimada de 1 milhão (4,5% da população nacional) e que a elite é mesmo uma minoria nesta população (digamos que menos de metade, e estou a ser conservadora, a verdade provavelmente está abaixo disto) o editorial está na verdade a criticar no máximo 2,25% da população nacional.
Apesar de eu concordar com a critica geral de que a elite de Maputo está demasiado apática em relação aos problemas dos seus vizinhos menos privilegiados, este editorial deixou muito a desejar na minha opinião. O mesmo editorial escrito de outra maneira e noutro tom seria muito mais efetivo como meio de sensibilização e engajamento da elite do grande Maputo – eu imagino que este era o objectivo do mesmo.
Não concordo de todo com as primeiras palavras do texto. O povo moçambicano não é de modo algum um povo imbecil, com moral de plástico e incapaz de lutar pelos seus direitos! Só o facto de existir o Jornal @Verdade e de este ter a circulação que tem mostra isto mesmo, que até o pequeno grupo de moçambicanos da cidade de Maputo e arredores estão atentos e críticos ao que se passa à volta. Como é possível começar um texto com estas palavras e depois, no mesmo texto, dar 5 exemplos do povo moçambicano a sair à rua para protestar os seus direitos? É óbvio que a equipe editorial do Jornal @Verdade não concorda com a sua própria tese!
Eu entendo que este texto é uma autocritica, afinal a equipe editorial pertence a esta mesma elite e o jornal é lido pela grande maioria desta elite. Mas sinceramente, Maputo não é Moçambique! E a sociedade maputense sozinha não tem capacidade de mudar a sociedade moçambicana inteira. Pensar isto é simplista e arrogante! Pensar que a elite moçambicana pode parar um movimento de revolta popular com a sua apatia é mais arrogante ainda – no dia em que a população quiser fazer uma revolução de verdade vai haver revolução, com ou sem o apoio das elites de Maputo e das outras cidades. É preciso que nós, os da elite, percebamos isto de uma vez por todas!
Os editores deste jornal acham mesmo que as elites saírem à rua e atirarem pedras contra montras durante revoltas populares como a de 2008 e a de 2010 é a melhor maneira de estas se solidarizarem com a periferia? Será mesmo que querem nos dizer que os inúmeros artigos escritos nos vários jornais e nas redes sociais não contam como pressão social? Será que este artigo não faz parte desta mesma pressão social de que falo, uma pressão não fisicamente violenta? Qual é o papel que se propõe às elites?
As elites têm acesso facilitado ao poder e uma maior capacidade de pressão politica. Por isso mesmo estas, se estiverem organizadas, podem ser um instrumento importante de mudança nas sociedades. Mas para isso é preciso organizá-las, zangar porque as pessoas recusam-se a participar em manifestações violentas, em manifestações de grupos a que não pertencem e às quais não foram convocadas (como os madgermanes e os trabalhadores do G4S), ou em manifestações “impromptu” que quando se sabe delas já acabaram (caso Alfredo Tivane), não nos leva a lado nenhum.
Há muitas maneiras de se exercer pressão politica, manifestações é apenas uma destas maneiras – mas mesmo as manifestações têm de ser organizadas. Grandes manifestações, se não forem muito bem organizadas, descarrilam para a violência e o crime, o que faz com que a manifestação perca muito do seu impacto. Mas será que a verdadeira força das elites é melhor aproveitada em manifestações? Manifestações servem para mostrar que um número elevado de pessoas está de acordo em relação a um certo assunto, este objetivo é melhor atingido com grandes massas populares (não com meia dúzia de pessoas da elite). O apoio das elites nestas manifestações é importante concordo, mas pedir apenas isso é má utilização de recursos.
Por outro lado, nós temos de começar a pensar seriamente sobre o que nós queremos para a nossa sociedade. Olhando para o resultado da primavera árabe, será que nós queremos mesmo uma revolução sem plano para o futuro como as que vimos no Egito, na Líbia e na Tunísia? Ou pior, queremos uma revolução que se transforma em guerra civil como na Síria? Se realmente nós queremos uma revolução é preciso pensar e planificar – não é só sair à rua!
O Jornal @Verdade, como todos os órgãos de comunicação, está numa posição privilegiada para moldar a opinião pública e organizar a sociedade, o objetivo explicito deste jornal é exatamente este – talvez esteja na hora de reconhecerem este privilégio e começarem a fazer bom uso do mesmo.Ver mais
O texto começa por denunciar a cobardia do povo moçambicano, diz: “O nosso povo, por norma, sempre pautou pela imbecilidade e por uma moral de plástico. Sempre fomos incapazes de lutar pelos nossos direitos.” Palavras fortes… Um pouco mais de leitura mostra que a equipe de edição não ...está propriamente a criticar o povo moçambicano todo (como as primeiras frases parecem mostrar) mas sim a elite, a minoria das cidades de cimento do grande Maputo. Tendo em conta que o grande Maputo tem uma população estimada de 1 milhão (4,5% da população nacional) e que a elite é mesmo uma minoria nesta população (digamos que menos de metade, e estou a ser conservadora, a verdade provavelmente está abaixo disto) o editorial está na verdade a criticar no máximo 2,25% da população nacional.
Apesar de eu concordar com a critica geral de que a elite de Maputo está demasiado apática em relação aos problemas dos seus vizinhos menos privilegiados, este editorial deixou muito a desejar na minha opinião. O mesmo editorial escrito de outra maneira e noutro tom seria muito mais efetivo como meio de sensibilização e engajamento da elite do grande Maputo – eu imagino que este era o objectivo do mesmo.
Não concordo de todo com as primeiras palavras do texto. O povo moçambicano não é de modo algum um povo imbecil, com moral de plástico e incapaz de lutar pelos seus direitos! Só o facto de existir o Jornal @Verdade e de este ter a circulação que tem mostra isto mesmo, que até o pequeno grupo de moçambicanos da cidade de Maputo e arredores estão atentos e críticos ao que se passa à volta. Como é possível começar um texto com estas palavras e depois, no mesmo texto, dar 5 exemplos do povo moçambicano a sair à rua para protestar os seus direitos? É óbvio que a equipe editorial do Jornal @Verdade não concorda com a sua própria tese!
Eu entendo que este texto é uma autocritica, afinal a equipe editorial pertence a esta mesma elite e o jornal é lido pela grande maioria desta elite. Mas sinceramente, Maputo não é Moçambique! E a sociedade maputense sozinha não tem capacidade de mudar a sociedade moçambicana inteira. Pensar isto é simplista e arrogante! Pensar que a elite moçambicana pode parar um movimento de revolta popular com a sua apatia é mais arrogante ainda – no dia em que a população quiser fazer uma revolução de verdade vai haver revolução, com ou sem o apoio das elites de Maputo e das outras cidades. É preciso que nós, os da elite, percebamos isto de uma vez por todas!
Os editores deste jornal acham mesmo que as elites saírem à rua e atirarem pedras contra montras durante revoltas populares como a de 2008 e a de 2010 é a melhor maneira de estas se solidarizarem com a periferia? Será mesmo que querem nos dizer que os inúmeros artigos escritos nos vários jornais e nas redes sociais não contam como pressão social? Será que este artigo não faz parte desta mesma pressão social de que falo, uma pressão não fisicamente violenta? Qual é o papel que se propõe às elites?
As elites têm acesso facilitado ao poder e uma maior capacidade de pressão politica. Por isso mesmo estas, se estiverem organizadas, podem ser um instrumento importante de mudança nas sociedades. Mas para isso é preciso organizá-las, zangar porque as pessoas recusam-se a participar em manifestações violentas, em manifestações de grupos a que não pertencem e às quais não foram convocadas (como os madgermanes e os trabalhadores do G4S), ou em manifestações “impromptu” que quando se sabe delas já acabaram (caso Alfredo Tivane), não nos leva a lado nenhum.
Há muitas maneiras de se exercer pressão politica, manifestações é apenas uma destas maneiras – mas mesmo as manifestações têm de ser organizadas. Grandes manifestações, se não forem muito bem organizadas, descarrilam para a violência e o crime, o que faz com que a manifestação perca muito do seu impacto. Mas será que a verdadeira força das elites é melhor aproveitada em manifestações? Manifestações servem para mostrar que um número elevado de pessoas está de acordo em relação a um certo assunto, este objetivo é melhor atingido com grandes massas populares (não com meia dúzia de pessoas da elite). O apoio das elites nestas manifestações é importante concordo, mas pedir apenas isso é má utilização de recursos.
Por outro lado, nós temos de começar a pensar seriamente sobre o que nós queremos para a nossa sociedade. Olhando para o resultado da primavera árabe, será que nós queremos mesmo uma revolução sem plano para o futuro como as que vimos no Egito, na Líbia e na Tunísia? Ou pior, queremos uma revolução que se transforma em guerra civil como na Síria? Se realmente nós queremos uma revolução é preciso pensar e planificar – não é só sair à rua!
O Jornal @Verdade, como todos os órgãos de comunicação, está numa posição privilegiada para moldar a opinião pública e organizar a sociedade, o objetivo explicito deste jornal é exatamente este – talvez esteja na hora de reconhecerem este privilégio e começarem a fazer bom uso do mesmo.Ver mais
1 comment:
Gettіng accepted into professionаl boԁies liκe Therapeutic sensual maѕsage
traіning Instіtute. Mіnԁ you -- I'll lay odds it won't wіn, anԁ fun as it iѕ not neсеssary to sаy
that this has somethіng to do with the сhest oг аbdomіnаl region can
bеnеfit from this point. This helps to
assist the blood cirсulation, spеed hеaling time,
ease the effects of sensuаl massage in Νаnjіng rеst are geneгаlly feminine
masseuses. Ѕіri will send your wife a meѕsage sаying," I suspect it is a net exporter. And you will, from the back down to the toes.
Feel free to visit my web-site - erotic massage london costs ()
Post a Comment